Capítulo 4
-Quer saber? Esquece essa
coisa toda e vamos voltar pra Nárnia. Eles estão nesse problema por serem
burros. Não merecem nossa ajuda. –Edmund declarou, cruzando os braços.
Susan riu.
-Você está exagerando,
Eddie. –ela falou com calma, guardando algo em sua bolsa –Sim, eles são
terríveis e nada educados, mas lembre-se de que, em primeiro lugar, eu tenho
que estar aqui. E segundo, essa guerra irá cruzar o mar se nós não tomarmos
cuidado.
-Você tem razão. –Edmund
suspirou –Melhor lutar aqui do que Nárnia.
-Edmund! –Susan bronqueou
–Esse pensamento não foi nada caridoso.
-Bom, você não me vê
preocupado, vê? –ele falou com um sorriso.
Susan revirou os olhos.
-Nós partimos amanhã. Você
vai ficar aqui? –ela perguntou ao irmão.
-Vou. –ele respondeu –Eu
imagino que Peter vá chegar aqui.
Os dois se olharam em
silêncio por um longo minuto.
-Sue...
-Não fique assim, Eddie.
–ela pediu tocando o rosto dele –Nós nos veremos de novo. Em breve.
-Promete?
-Por Nárnia.
XxX
-Eu não me sinto confortável
com a ideia de levar essa menina na jornada. –Gandalf estava falando para
Elrond.
-Normalmente eu concordaria
com você, Mithrandir, mas isso foi previsto. –Elrond falou balançando a cabeça
–Nárnia estará nessa guerra ao nosso lado. Sem eles nós vamos cair.
-Ela não precisa estar na
jornada para estar na guerra! –Gandalf exclamou –Ela pode muito bem ficar
aqui...
-Aqui? –Elrond replicou –Por
que aqui?
-Com licença.
Os dois homens pararam na
hora de discutir para olhar para Aragorn. O guardião parecia divertido pela
situação.
-Eu espero não estar
interrompendo nada. –ele falou com um sorriso educado.
-Eu estava falando para
Mestre Elrond que seria melhor que a Rainha Susan ficasse aqui. –Gandalf falou
–Não importa o que os narnianos digam. Ela é muito nova.
Aragorn suspirou.
-Eu achei que essa questão
ja tinha sido resolvida, Gandalf. –ele falou –Ela virá conosco. Se ela não
souber lutar... Bom, você não precisa tomar nenhuma flechada por ela.
Gandalf ainda não parecia
feliz.
-Os hobbits estão encantados
por ela. –Aragorn falou.
-Meus guardas estão
encantados por ela. –Elrond resmungou –Essa menina sorri e todos eles agem como
crianças.
-Ela é muito bonita.
–Aragorn comentou.
-Você não, Aragorn! –Gandalf
protestou –Alguém tem que pensar claramente nessa jornada toda. Ja vai ser
difícil com um elfo e um anão brigando o tempo todo, quatro hobbits sem
experiência e um rato!
-Você não tem que se
preocupar comigo, meu amigo. –Aragorn assegurou –Ela pode ser uma bela garota,
mas é só uma garota.
O mago pareceu assegurado,
mas agora era Elrond que estava olhando com desaprovação. Devia ser porque
sabia exatamente porque uma garota como a rainha não atrairia Aragorn e,
provavelmente, desejando que ele mudasse de ideia.
XxX
-Nós nos veremos em breve.
–Susan assegurou Jared.
-Eu não me sinto bem com
minha Rainha saindo por ai sem mim. –o cavalo retrucou.
-Reepichip vai cuidar de
mim. E quando Peter vier você pode se unir ao exército e vir me encontrar. –ela
assegurou.
-Como minha Rainha comandar.
–Jared falou por fim.
Susan abraçou seu irmão mais
uma vez. Era hora de partir.
Ela mal dera cinco passos
quando deu de cara com o elfo. Legolas.
-Majestade. –ele falou
inclinando a cabeça. Vindo dele, o título estava parecendo uma provacação.
-Elfo. –ela retrucou e fez
menção de continuar andando.
Ele a bloqueou mais uma vez.
-Muitos acham imprudente
deixar uma jovem como você nos acompanhar na jornada. –ele disse –Mas eu
conheço muitas mulheres que lutam melhor e mais ferozmente do que homens.
Ela não respondeu nada. Não
ia encoraja-lo mais.
-Eles só precisam ser
assegurados que você sabe se cuidar. –ele falou –Eu vejo que você prefere o
arco, como eu. –continuou, lançando um olhar para a arma presa as costas dela
–Que tal um aposta? Quem acertar aquela pinha... –apontou para uma árvore
distante –Vence.
Susan sabia que ele estava
provocando-a, primeiramente porque elfos enxergavam muito além dos humanos
comuns.
-Ganha o que? –ela quis
saber.
-O vencedor escolhe.
Um pequeno sorriso apareceu no
rosto dela.
-Eu não preciso provar nada
para eles. –ela falou, então começou a andar e parou ao lado dele –Muito menos
para você. –e afastou-se.
-Mais sorte na próxima,
princípe encantado. –Reepicheep riu divertido, passando pelo elfo.
Sim, porque com certeza
haveria uma “próxima”.
XxX
Susan ouviu as palavras de
Elrond, embora seus olhos estivessem em Edmund. Seu irmão parecia tão
preocupado. Odiava as linhas na testa dele. Edmund era jovem demais. Todos eles
eram jovens demais...
Quando a Sociedade virou-se
para sair, ela viu Aragorn virar-se uma última vez. A curiosidade fez com que
ela seguisse o olhar do guardião. Ele estava olhando para Arwen.
Quando ele finalmente virou
o rosto e saiu, o olhar de Arwen encontrou o de Susan. A elfa deu um sorriso
triste para a garota. Susan apenas assentiu com a cabeça.
Ela ia cuidar de Aragorn por
Arwen. Por que aquele olhar? Era de alguém que amava muito e sem esperanças.
XxX
A maior parte do tempo eles
andavam em silêncio. Os hobbits falavam muito entre si, principalmente Merry e
Pippin, que adoravam contar a ela histórias sobre o Condado e as pessoas de la.
Legolas e Gimli as vezes
trocavam insultos, embora o elfo fosse bem mais sutil que o anão. Gandalf
continuava sendo um velho rabujento.
As vezes ela ficava olhando
Frodo. O hobbit parecia estar sofrendo, como se o Anel em volta de seu pescoço
pesasse mais que um cavalo. Queria muito poder fazer algo para aliviar o
sofrimento dele, mas não sabia o que.
-Continuaremos nessa trilha
a oeste das Montanhas Nebulosas por quarenta dias. Com sorte, o Desfiladeiro de
Rohan ainda estará aberto para nós. De la viraremos para o leste até Mordor.
–Gandalf estava explicando.
Ao longe Boromir estava
treinando Merry e Pippin, ensinando-os a manejar espadas, com encorajamentos e
conselhos de Aragorn e Reepicheep.
-Se alguém perguntasse a
minha opinião, o que eu sei que não farão, eu diria que estamos tomando o
caminho mais longo. –Gimli falou, fazendo o mago revirar os olhos -Gandalf,
podíamos passar pelas Minas de Moria. Meu primo Balin nos receberia como reis.
-Não, Gimli. –Gandalf foi
firme -Não tomarei o caminho para Moria enquanto eu puder evitar.
Susan não conhecia esses
lugares, então estava quieta. Mesmo porque, tinha a impressão de que se desse
uma opinião Gandalf faria o contrário.
Olhou para os hobbits bem a
tempo de ve-los derrubar Boromir e então Aragorn. Estava sorrindo, quando ouviu
a voz de Sam.
-O que é aquilo?
Ele estava olhando para uma
mancha preta no céu.
-Nada, é só uma nuvenzinha.
–Gimli retrucou.
-Está se movendo depressa.
–Boromir falou sério -E contra o vento.
-Crebain da Terra Parda!
–Legolas gritou, fazendo todos entrarem em ação,
-Escondam-se! –Aragorn
mandou.
Susan não estava entendendo
nada, mas a urgência dos demais a fez entrar em ação. Todos recolheram suas
coisas, alguem apagou o fogo.
Ela foi puxada para trás de
uma moita e deu de cara com Boromir.
-Majestade. –ele falou,
limpando a garganta.
-Capitão. –ela ofereceu no
mesmo tom.
Reepicheep surgiu entre os
dois.
-Não tão perto de minha
Rainha, humano! –ele exigiu, antes de Susan tapar a boca do rato.
Eles aguardaram em silêncio
carregado enquanto as aves sobrevoavam a área que estava. Mal ousavam respirar.
Quando os animais finalmente
se foram, Boromir ajudou-a a levantar-se.
-Espiões de Saruman.
–Gandalf falou levantando-se -A passagem ao sul está sendo vigiada. Precisamos
ir pela passagem das Caradhras.
Todos olharam para as
montanhas. Aquilo não ia ser agradável.
XxX
Não, não era nada agradável.
A neve não ajudava na
caminhada e ainda deixava a roupa deles molhada, o ar era difícil de respirar e
o vento cortava a pele.
Susan não estava indo muito
bem e sabia que os hobbits também não estavam. Reepicheep estava em seu ombro,
porque o pobre rato não podia com a neve. Ele ficava lhe pedindo desculpas e
murmurando encorajamentos.
Porque tinham que continuar.
Eles tinham que passar por la.
Então Frodo tropeçou e
começou a rolar pelo caminho, até ser parado por Aragorn. Quando ele
levantou-se passou a mão pelo pescoço e não encontrou o Anel
Este estava caído e Boromir
foi o primeiro a pega-lo. Todos ficaram tensos.
-Boromir. –Aragor chamou,
sua voz séria e firme.
Mas o homem não pareceu
ouvi-lo.
-É um destino estranho que
devamos sofrer tanto medo e aflição por uma coisa tão pequena. –Boromir
murmurou, seus olhos fixos no Anel -Uma coisa tão pequenina...
-Boromir! –Aragorn estava
bem mais sério agora.
-Boromir. –Susan se
aproximou e pôs a mão no braço do homem -Dê o Anel para Frodo. –ela pediu
suavemente.
Foi como se o Capitão
despertasse de um sonho. Ele balançou a cabeça e andou na direção dos dois.
Aragorn não parecia nada feliz e Frodo estava assustado.
-Como quiser. Não me
importo. –ele falou, esticando a corrente para o hobbit.
Frodo tomou o Anel de volta
e Boromir sorriu de forma forçada, bagunçando o cabelo do hobbit.
-Vamos. –Susan chamou
estendendo a mão para ele –Nós podemos andar juntos. –ela lançou um olhar a
Reepicheep, que pulou de seu ombro e foi pendurar-se no capacete de Gimli.
Boromir voltou para perto da
Rainha, aceitando a mão que lhe era oferecida. Susan sorriu para ele de forma
encorajadora e começou a andar.
Manter o passo do capitão
seria difícil para ela, mas tinha medo de soltar a mão dele e ve-lo se perder.
XxX
Uma tempestade de ventos e
neve tinha atingido a Sociedade em certo ponto e até agora não parara. Eles
estavam andando com neve até a cintura. Aragorn estava carregando Sam e Frodo,
enquanto Boromir carregava Merry e Pippin. Se não fosse por Gimli lhe dando
apoio e ajudando, Susan provavelmente teria ficado muito para trás.
Podia ter travado batalhas,
mas não lembrava-se de um frio tão desesperador desde o reinado da Feiticeira
Branca.
O maldito elfo, no entanto,
não estava tendo problemas algum. De algum jeito ele conseguia caminhar por
sobre da neve.
Ele tomou a frente do grupo.
-Há uma voz torpe no ar.
–Legolas avisou.
-É Saruman. –Gandalf gritou.
-Ele está tentando fazer a
montanha vir a baixo. –Aragorn gritou -Gandalf, precisamos voltar!
-Não! –Gandalf bradou.
Então ele levantou-se com a
ajuda de Legolas e começou a entoar palavras estranhas, provavelmente algum
feitiço para ir contra o do outro mago.
Porém seu esforço foi
inútil. Um raio atingiu o topo da montanha, fazendo mais neve cair sobre eles,
soterrando-os.
Susan lutou até conseguir
sentir o ar novamente, seus pulmões queimando.
-Você está bem, Majestade?
–Reepicheep, que estivera em volta do seu pescoço, dentro do seu gorro,
perguntou preocupado.
-Nós precisamos sair da
montanha! –Boromir estava falando para Gandalf -Vamos para os Desfiladeiros de
Rohan! Vamos até minha cidade pelo Folde Ocidental!
-O Desfiladeiro de Rohan nos
deixará perto demais de Isengard. –Aragorn contra-argumentou.
-Se não podemos passar por
cima da montanha, vamos por baixo dela! Vamos pelas Minas de Moria. –Gimli
jogou.
-Que o Portador do Anel
decida. –Gandalf decidiu -Frodo?
-Nós não podemos ficar aqui!
Isso será a morte dos hobbits! –Boromir estava protestando.
-Frodo? –Gandalf pressionou.
-Nós iremos pelas Minas. –o
hobbit decidiu.
-Que assim seja. –Gandalf
aceitou a decisão como quem escuta uma setença de morte.
XxX
Descer a montanha tinha sido
quase pior do que subir e quanto mais eles desciam mais depressivo ficava o
caminho.
Tudo era cinza e coberto por
uma bruma que parecia quase suja. Aquele lugar estava deixando Susan nervosa.
Viu Gandalf chamar Frodo
para perto de si e trocarem palavras.
A cena com Boromir tinha
deixado todos preocupados. O capitão estava fraquejando, o peso das
responsabilidades, o medo de desapontar o pai, as inseguranças da posição de
comando estavam começando a atingi-lo.
Medo era uma coisa perigosa.
De repente Gimli apontou
para algo.
-As muralhas de Moria. –ele
declarou maravilhado.
Eles tinham finalmente
chegado.
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