Capítulo 3
Legolas olhou a sua volta e
viu os diversos representantes dos homens, elfos e anões cochichando entre si.
A maioria ainda mal podia acreditar que os Narnianos não só existiam, como
estavam ali. Mas aparentemente o problema maior era a jovem Rainha, eles não
queriam uma mulher envolvida naquela conversa, “especialmente uma tão jovem e
bonita”, um homem declarara.
Legolas e Aragorn haviam
protestado contra isso, mas não receberam apoio algum. Elrond sequer se
manifestara e Gandalf, por algum motivo, também se mostrava contra. Então eles
optaram por uma coisa extremamente infantil, na opinião do príncipe elfo:
deixaram apenas duas cadeiras vagas.
Enquanto aguardavam a
chegada dos demais monarcas, Legolas deixou seu olhar cair no pequeno hobbit,
Frodo Baggins, que estava sentado a sua direita, algumas cadeiras para la. O
pequenino parecia querer desaparecer, enquanto olhares especulativos eram
lançados em sua direção. Legolas lançou um olhar preocupado na direção de
Aragorn, mas o guardião fez um gesto com a mão, indicando que estava tudo bem.
O elfo não acreditava muito nele.
Silêncio caiu entre todos
quando os Narnianos chegaram. Eles não pareceram surpresos com as cadeiras e
não fizeram comentário algum, os dois reis sentaram-se em silêncio e o príncipe
posicionou-se atrás da cadeira da Rainha.
Como estava bem ao lado do
Rei Edmund, Legolas não viu necessidade de esconder o sorriso. Perguntava-se
quem ia ser o primeiro a quebrar o silêncio e tentar tirar a Rainha do
Conselho.
Finalmente Elrond pareceu
perceber que todos esperavam que ele
fizesse isso.
-Minha Senhora. –ele
aproximou-se de Susan –Eu não creio que um Conselho que pretende discutir
guerra, destruição e politica seja o lugar para um jovenzinha. Você não
gostaria de retirar-se e aguardar seu irmão em seus aposentos?
Rei Edmund fez uma cara que
deixava bem claro que Elrond tinha dito a coisa errada, mas para a surpresa de
Legolas a Rainha não abriu a boca. Ela apenas arqueou a sobrancelha daquela
forma atrevida, ergueu o queixo com superioridade e encarou Elrond em silêncio.
O mestre elfo encarou-a de volta, mas foi o que cedeu primeiro.
-Você é jovem demais para
entender o que estamos a ponto de discutir.
-Minha senhora não é jovem
demais! –uma voz protestou.
Todos olharam em volta
procurando a fonte de tal proclamação. De repente um camundongo subiu a cadeira
da Rainha e colocou-se de pé no braço do móvel.
-Rainha Susan já lutou e
venceu três guerras no nome de Nárnia. –o rato falou –Ela não é jovem demais.
-Um rato!
-Ele fala!
-O que é isso?
Elrond em si olhava chocado
o animal diante de si. Sim, era um rato, mas era maior do que um rato normal. E
ele ficava ereto como uma pessoa. Além de ter... Uma espada e um chapéu?
-Você é um rato. –Legolas
não sabia se Elrond quisera que isso fosse uma pergunta ou uma afirmação. No
fim a frase soou como algo entre ambas.
O rato suspirou.
-Por que eu sempre acabo
ouvindo isso? –perguntou a rainha.
Ela lhe deu um sorriso
gentil.
-As pessoas fora de Nárnia
não esperam que você fale. –ela falou –Mestre Elrond, permita-me apresenta-lo
Sir Reepicheep, Capitão da nossa Guarda Pessoal.
-Mas ele de fato é...
-Um camundongo? –Edmund
cortou –Sim. Extremamente leal e cheio de honra. Você não pode ter um protetor
mais confiável.
-Se seu atacante não pisar
nele antes. –Legolas ouviu um anão cochichar para o outro.
-É um prazer conhece-lo,
Mestre Elrond. –o rato fez uma curvatura –A beleza da sua cidade só pode ser
comparada a beleza das estrelas do céu e ao sorriso de sua bela filha.
Aragorn arqueou a
sobrancelha.
-Eu... Obrigado, Sir. –Elrond
falou, finalmente recuperando sua calma e graça.
-Mas, como eu dizia... –o
rato, Reepicheep, continuou –Minha Rainha foi coroada aos 12 anos, após vencer
sua primeira guerra! E depois disso ainda enfrentou com sucesso duas guerras!
Ela não é uma princesa de vidro, que deve ser escondida e protegida!
O olhar de Elrond voltou-se
para Susan, em surpresa.
-Três guerras?
-Sim. –ela confirmou –A
primeira foi para libertar Nárnia do controle da Bruxa Branca, que governava
num inverno que já durava cem anos. Logo depois disso fomos coroados. Eu tinha 12
anos e Edmund tinha 10, mas minha irmã caçula tinha apenas 8. Depois lutamos
contra os Telmarianos, que queriam governar Nárnia e tira-la de nós. Nossa
última guerra foi há dois invernos, quando conhecemos Cor. Essa foi contra os
Calormanos, mas essa batalha... –ela finalmente abaixou os olhos, parecendo
entristecer-se ao lembrar-se da luta.
-Foi vencida e agora vivemos
um tempo de paz. –Edmund cortou, então esticou a mão e segurou a da irmã –Susan
é uma guerreira, como todos nós aqui. O fato de sermos jovens, ou dela ser
mulher, não afeta o que já vivemos. Nós lutamos pelo nosso país porque
acreditávamos que podíamos fazer uma diferença. Essa é a razão de termos
viajado tão longe, para entrarmos numa luta que não é exatamente nossa.
-Nós acreditamos em lutar
pelo que é certo e justo. –Susan completou –Eu sei que o fato de eu ser mulher
incomoda muitos de vocês. Mas eu sou rainha por merecimento, como vocês estão
aqui representando suas raças por merecimento também.
Isso fez um silêncio cair
entre os homens.
-Eu acredito que os
Narnianos merecem nossa confiança por terem feito um caminho tão longo apenas
para vir ao nosso socorro. –Aragorn declarou levantando-se –Eles têm o direito
de participar desse Conselho tanto quanto os outros.
Alguns participantes
expressaram concordância, enquanto outros mantiveram-se em silêncio. Gandalf e
Elrond trocaram um olhar, ao que o mago sorriu levemente e acenou
positivamente.
-Pois bem. –Elrond declarou,
então ficou de pé em frente a sua cadeira -Forasteiros de terras distantes e
velhos amigos. Todos aqui foram convocados para responder á ameaça de Mordor. A
Terra-Média está a beira de destruição. Ninguém pode escapar. Ou se unem, ou
cairão. Cada raça está presa esse destino, a essa maldição singular. –ele
deixou suas palavras pesarem no silêncio, querendo que todos sentissem o perigo
que corriam -Mostre o Anel, Frodo.
O pequeno hobbit levantou-se
de sua cadeira, parecendo desconfortável com o número de pessoas que o olhava.
Tirou algo do bolos e colocou no centro do círculo. Algo pequeno, brilhante, um
anel. O Anel.
Frodo voltou para o seu
lugar, onde pareceu imensamente aliviado de não ter mais o Anel consigo.
-Então é verdade. –Boromir
falou e respirou fundo, levantou-se -Eu vi num sonho... –olhou para o Anel –O céu
do Oriente ficar negro. –andou em direção ao Anel –No Oeste uma luz pálida
resistia. Uma voz que clamava: “Seu fim está próximo. A perdição de Isildur foi
encontrada. A perdição de Isildur... –esticou a mão, como se fosse o Anel.
-BOROMIR! –Elrond
levantou-se num pulo.
Mas foi Gandalf quem tomou
uma atitude. O mago levantou-se e proclamou palavras negras, que pareceram
trazer as trevas para o círculo. Um dos anões gritou em protesto, enquanto
Mestre Elrond pareceu sentir dor. Boromir acabou recuando até sentar-se em seu
lugar novamente.
Então Gandalf calou-se e foi
como se a luz tivesse voltado. Elrond lançou um olhar ofendido ao mago.
-Nunca antes alguém ousou
proclamar palavras dessa língua aqui em Imladris! –ele falou por entre os
dentes.
-Eu não peço seu perdão,
Mestre Elrond, porque o Dialeto Negro de Mordor pode ainda ser ouvido em todos
os cantos do Oeste. –o mago declarou -O Anel é completamente Mau. –alertou a
todos, sentando-se.
-É uma dádiva. –Boromir
insistiu levantando-se –Uma dádiva aos inimigos de Mordor. Por que não usar
esse Anel? –dirigiu-se a todos -Já faz tempo que meu pai, o Regente de Gondor,
tem contido as forças de Mordor. Graças ao Sangue de nosso povo suas terras
permanecem seguras. Dê a arma do Inimigo a Gondor. Vamos usa-la contra ele.
-Você não pode controla-lo. –Aragorn
interferiu -Nenhum de nós pode. O Um Anel responde apenas a Sauron. Ele não tem
outro Mestre.
Boromir comprimiu os lábios
e virou-se para Aragorn.
-E o que um guardião saberia
sobre essa questão? –perguntou rudemente.
Legolas não pôde suportar a
arrogância do homem. Podia não ser problema dele, mas não ia deixar alguém
falar com tanto desrespeito ao seu amigo.
-Ele não é um mero guardião.
–disse levantando -Ele é Aragorn, filho de Arathorn. Você é vassalo dele.
Boromir olhou chocado para
Aragorn.
-Aragorn? –quase gaguejou -O
herdeiro de Isildur?
-E herdeiro do trono de
Gondor. –Legolas completou, apenas pela satisfação de coloca-lo em seu lugar.
-Havo dad, Legolas. –Aragorn pediu, parecendo desconfortável com o
assunto.
-Gondor não tem rei. –Boromir
falou para Legolas -Gondor não precisa de um rei. –completou, dessa vez para
Aragorn, mas mesmo assim sentou-se em silêncio.
-Aragorn está certo. Não
podemos usa-lo. –Gandalf falou, voltando ao problema inicial.
-Vocês tem apenas uma
escolha. –Elrond disse -O Anel deve ser destruído.
-Então o que estamos
esperando? –um anão perguntou.
E mostrando toda a falta de
delicadeza característica de sua raça, o anão levantou-se, pegou o machado do
outro ao seu lado e avançou para o Anel, atingindo-o em cheio com a arma. No
impacto o anão foi jogado para trás, o machado despedaçado e o Anel sequer foi
riscado.
-O Anel não pode ser
destruído, Gimli, filho de Glóin, com nenhum poder que temos aqui. –Elrond
informou ao anão, que estava sendo levantado por seus companheiros -O Anel foi
forjado nas chamas da Montanha da Perdição. Somente la pode ser destruído. Deve
ser levado as profundezas de Mordor e lançado de volta ao fogo de onde veio. –pausou
-Um de vocês precisa fazer isso.
A revelação foi recebida com
silêncio absoluto. O único som passou a ser o das folhas caindo.
-Ninguém vai simplesmente
entrando em Mordor. –Boromir falou num suspiro -Seus Portões Negros são
guardados por mais que apenas orcs. La existe um mal que nunca dorme. O Grande
Olho está sempre vigilante. É um descampado árido infestado por fogo, cinzas e
pó. O próprio ar que se respira é um gás venenoso. Nem com dez mil homens poderia
fazer isso. É loucura.
Legolas levantou-se,
indignado pelos constantes problemas que esse homem vinha trazendo a reunião.
-Não ouviu nada do que
Mestre Elrond disse? O Anel deve ser destruído!
-E suponho que você acredita
ser capaz de fazê-lo? –Gimli, o anão, provocou.
-E se fracassarmos? –Boromir
pressionou -E então? O que ocorrerá quando Sauron recuperar o que lhe pertence?
-Eu prefiro morrer a ver o
Anel nas mãos de um elfo! –Gimli continuou, o que fez os outros elfos de
Mirkwood levantarem-se em afronta. -Ninguém confia nos elfos!
Uma discussão começou, com
pessoas se levantando e palavras sendo trocadas de forma dura. Eles não estavam
indo a lugar algum.
Rainha Susan suspirou. Eles
não estavam indo a lugar algum daquela forma.
-O que fazemos, Vossas
Majestades? –Reepicheep perguntou, levemente preocupado.
-Por mim eles que se matem.
–Edmund resmungou.
-Eddie! –Susan bronqueou.
-Bom, eles estão brigando
quando deviam estar resolvendo o problema presente. –ele argumentou.
-E nós nunca fizemos isso.
–Susan sugeriu irônica.
Nesse momento, Gandalf levantou-se
para se unir aos outros, dando a Susan uma visão clara do hobbit Frodo.
Arwen tinha explicado a eles
a situação pela qual passavam e Susan ficara profundamente tocada pela coragem
do pequenino, principalmente por ser tão óbvio que ele preferia não estar ali.
Ela percebeu que seu olhar
parecia fixo no Anel e ele tremia.
-Senhor Frodo? –perguntou
delicadamente –Você está bem?
Ele quase pulou de sua
cadeira, não esperando que alguém fosse falar com ele.
-Sua Majestade. –ele falou
surpreso –Eu... Eu estou bem... –ele voltou os olhos para o Anel –Eu...
–engoliu em seco e fechou os olhos –Eu o levarei. –falou quase que para si
mesmo.
Susan trocou um olhar
preocupado com Edmund, mas o hobbit parecera ter tomado uma decisão.
-Eu o levarei. –ele falou
mais decidido, levantando-se –Eu o levarei!
Finalmente a voz dele subira
o bastante para parar os outros. Todas as outras se calaram e os homens
viraram-se para Frodo, incredulidade em suas faces.
–Eu levarei o Anel a Mordor.
Embora... –ele hesitou -Eu não saiba o caminho.
Gandalf sorriu para Frodo e
aproximou-se, colocando a mão em seu ombro em apoio.
-Eu o ajudarei a carregar
esse fardo, Frodo Baggins, enquanto couber a você carrega-lo. –prometeu.
Aragorn moveu-se para perto,
trazendo sua espada consigo.
-Se por minha vida ou morte
eu puder protegê-lo, eu o farei. –ajoelhou-se diante do pequeno Hobbit, podendo
olhar em seus olhos -Você tem a minha espada.
-E você tem meu arco. –Legolas
declarou aproximando-se.
-E o meu machado. –Gimli, o
anão que tentara destruir o Anel, declarou.
Boromir pareceu pensativo,
então hesitante, mas finalmente levantou-se.
-Você carrega o destino de
todos nós, pequenino. Se essa é a vontade do Conselho então Gondor também irá.
–prometeu.
-E Nárnia também. –Susan garantiu
levantando-se –Nós vamos lutar contra essa escuridão, lado a lado.
-Ei! –uma voz indignada
chamou –O Sr. Frodo não vai a lugar nenhum sem mim.
Um hobbit de rosto redondo
saiu correndo de trás de uma moita, colocando-se firmemente ao lado de Frodo.
-Não mesmo, já que é
praticamente impossível separar vocês dois, mesmo quando ele é convocado para
um Conselho secreto e você não. –Elrond falou, fazendo o rapaz corar.
-Ei! Nós também vamos! –mais
dois hobbits saíram de trás de pilastras e vieram parar no meio do Conselho. A
expressão dechoque de Elrond foi hilária –Precisaria nos amarrar num saco para
nos deter.
-De onde eles estão
brotando? –Edmund cochichou para Susan, que riu.
-De qualquer jeito, precisam
de gente inteligente nessa missão... Demanda... Coisa. –o segundo hobbit falou.
-Isso exclui você, Pip. –o
hobbit falou, revirando os olhos.
-Dez companheiros....
–Elrond começou, apenas para ser interrompido.
-Onze! –Reepicheep gritou do
ombro de Susan –Minha Rainha não vai a lugar algum sem mim!
Elrond parecia estar pedindo
paciência aos céus.
-Que assim seja. –ele
declarou -Vocês serão a Sociedade do Anel.
-Ótimo! –Pippin falou
sorrindo -Aonde vamos?
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N/A: Susan está colocando esse bando de homem burro no lugar deles! hahaha
E eme breve começa a verdadeira aventura!
COMENTEM!
Amanhã eu vou postar mais uma one-shot Genderbender de Lily/James.
B-jão
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