***
As
quatro garotas conseguiram sair da estrada pouco antes da polícia chegar. Claro
que naquelas regiões a “polícia” consistia em um grupo de homens armados, mais
ou menos fardados e que tinham um caminhão. Embora a autoridade legal deles
fosse duvidosa não era bom cair na mira deles, por isso fugiram da cena.
Mas
a adrenalina estava esgotando e o choque vindo. Depois de meia hora andando as
quatro praticamente se arrastavam. Também havia um grande sentimento de culpa
dentro de todas elas por terem roubado os passaportes. Sim, tinham feito para
se protegerem, mas mesmo assim. Era triste pensarem que por causa delas quatro
famílias não saberiam o que realmente acontecera com suas filhas.
-Eu
não aguento mais. –Charlotte declarou, sentando-se numa pedra a beira da
estrada.
Marine
aproximou-se da amiga e verificou o corte na perna dela.
-Você
precisa de pontos nisso. –ela falou –Vai acabar infeccionando e dai eu não
quero nem ver.
-A
não ser que você tenha antisséptico e agulha escondidos em algum lugar ai,
colega, eu não sei como você pretende me remendar. –Charlotte falou.
Mary
Jane e Lily também tinham desmanchado contra as pedras, a chuva ainda caía
levemente e não havia sinal de vida num raio de quilômetros.
-Eu
tenho que admitir... –Mary Jane falou –Quando as coisas têm que dar errado,
elas vão pro inferno com estilo.
As
quatro se olharam em silêncio por alguns segundos e então explodiram em
risadas.
-É,
o fundo do poço sempre pode ser um pouco mais fundo. –Charlotte admitiu ainda
rindo –O que nós vamos fazer?
-Sabe
Deus. –Mary Jane suspirou –Eu acho que eu vou ficar aqui sentada esperando um
raio cair na minha cabeça.
-Eu
preferiria esperar com uma garrafa de whisky. –Lily admitiu –Ou qualquer coisa
alcoólica pra ser bem sincera.
Isso
fez todas elas rirem de novo.
-Provavelmente
é o que estaríamos fazendo agora em Londres. –Marine falou –Nós estamos o que?
Quatro horas atrás de Londres?
-Por
ai. –Lily cedeu –Hoje sendo sábado nós estaríamos no bar bebendo e dançando em
cima do balcão.
-Nunca
achei que eu fosse sentir falta daquele lugar. –Mary Jane comentou.
-Ta
zoando? Ser paga pra dançar e beber e ser objeto sexual? –Charlotte falou
–Aquele era meu emprego dos sonhos.
Isso
fez todas rirem ainda mais. A chuva tornou-se mais grossa.
-Acho
que finalmente nós surtamos. –Lily concluiu –Não há outra explicação para rir
numa situação dessa.
-Melhor
rir do que chorar. –Charlotte concluiu filosoficamente.
O
som de um carro vindo pela estrada chamou a atenção de todas. Elas
levantaram-se rapidamente e ficaram próximas umas das outras. Charlotte enfiou
a mão na bolsa e tirou a trava de segurança da arma que tinham conseguido
comprar de um bandidinho em Shangai.
Uma
caminhonete, que devia ter sido nova um dia nos anos 70, vinha na direção
oposta para a qual elas seguiam. O veículo tinha cor indefinida e, com a
quantidade de água que começara a cair, era impossível ver quem dirigia, mas
era com certeza apenas uma pessoa.
O
carro parou perto delas e a porta abriu. Um homem desceu, ignorando totalmente
a chuva. Ele era asiático, possivelmente japonês, usava uma regata e uma camisa
de estampa florida por cima. Observou as quatro de cima a baixo, então soltou
um suspiro.
-Eu
provavelmente vou me arrepender... –falou mais para si do que para elas –Subam
na caçamba, Spice Girls. –então entrou no carro e bateu a porta.
As
quatro trocaram olhares.
-Com
a nossa sorte ele é um serial killer. –Lily observou.
Elas
se olharam de novo e deram de ombros. Dali pra frente até pior era melhor.
***
Mary
Jane agradecia imensamente não ter que andar mais, mas ficar na chuva não era
muito melhor. Seus dentes estavam batendo com o frio e a viagem parecia não
terminar nunca. E ainda havia o detalhe de que elas nem imaginavam que seria o
cara que as resgatara. Ele parecera um ser humano decente, mas até ai os quatro
vizinhos também tinham parecido a principio, né?
Elas
tinham prometido não falar mais no caso, mas Mary perguntava-se se talvez fosse
melhor falar sobre isso. Era óbvio que nenhum delas estava bem e não conseguia
esquecer todo o ocorrido. Marine estava lamentando a família, Lily não
conseguia superar o tiro e Charlotte ainda se culpava. Claro, ela também tinha
problemas, mas a maioria deles era bem mais simples: não se ferira durante o
episódio todo e não tinha família para perder. A única coisa que realmente a
incomodava era Sirius Black. Deixara-se ser seduzida pelo cretino e o tempo
todo ele só estivera pensando em como matar todas elas.
Enfim,
águas passadas. Era melhor deixar para la, porque alguém naquele grupo tinha
que pensar claramente e, pela primeira vez na vida, seria ela. Os tempos
realmente mudavam.
Depois
de quase uma hora na estrada o carro finalmente entrou num caminho mais
estreito até sair num tipo de clareira onde um chalé de madeira estava. O motorista
parou perto da casa e desceu. As quatro fizeram o mesmo e foram se abrigar
embaixo da varanda.
-Esperem
aqui. –ele falou, antes de entrar na casa.
Elas
ficaram lá, esfregando os braços, tentando se aquecerem até ele voltar.
-Se
sequem antes de entrar. –ele falou, atirando toalhas para Lily –E nem pensem em
entrar com essas roupas ensopadas. –então voltou para dentro da casa e bateu a
porta.
Ela
trocaram olhares mais uma vez e então começaram a se enxugar. Lily estava
tirando os sapatos quando percebeu que Charlotte estava tirando a blusa.
-Charlotte!
–a ruiva bronqueou.
-Ele
falou que não é pra entrar ensopada. –a morena se defendeu –Eu talvez tenha
alguma coisa seca na mochila, mas não é garantido.
Todas
mexeram nas respectivas mochilas em busca de roupas secas. Felizmente todo
aquele tempo na estrada lhes ensinara a comprar mochilas a prova d’água e ainda
colocar as coisas dentro de sacos plásticos, então todas conseguiram puxar
alguma coisas secas.
Finalmente
secas entraram na casa. Por dentro o estilo lembrava ainda mais o de um chalé:
a parte de baixo era grande com uma sala que dava para a cozinha aberta, onde
ficava uma lareira que estava acesa. Um mezanino levava ao que devia ser o
quarto. Mais nada.
O
anfitrião misterioso delas estava mexendo na lareira, mas ao ouvi-las entrar
ele virou-se.
-Ah
bom. –falou ao ver que estavam secas.
-Obrigada
pela carona. –Lily começou com cuidado –Mas... Quem é você?
-Meu
nome é Lee. –ele falou com simplicidade –E o que quatro meninas estão fazendo
sozinhas no meio do nada? –ele exigiu cruzando os braços.
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N/A: Ai está!!! Desculpa a demora para postar aqui!
Alguem lembra do Lee? Ele ja foi citado hein!!!
COMENTEM!!!
B-jão
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