Janeiro
E
não é que Doom não tinha ido viajar no feriado?
O
babaca, que era mais diva que Loki, tinha preparado um mega ataque contra Nova
York, que devia acontecer a meia-noite na noite de Ano Novo. Só que ele e seu
novo aliado (um vilãozinho em começo de carreira) começaram a brigar as 11 e aí
a coisa toda desandou.
Phil
tinha sido chamado porque era uma suspeita de atividade suja, mas de repente
todos os Vingadores estavam sendo chamados. Caro não estava lá muito feliz.
Darcy
não sabia como se sentia.
Havia
decepção. E não era pouca. Tudo parecia estar indo tão bem e, de repente, nada.
Havia
um certo alívio, ela não ia mentir. Tinha certeza de que se as coisas tivessem
progredido algo teria dado errado. Era assim que a vida dela funcionava.
Mas,
acima de tudo, Darcy estava preocupada. Não sabia o que ia acontecer agora, o
que devia dizer para ele ou como devia agir. Sabia o que queria que
acontecesse: queria que ele terminasse o que tinha começado. Queria que ele a
beijasse de novo, dessa vez com mais vontade. Queria ficar sozinha com ele e
afundar-se no cheiro dele.
Estava
começando a duvidar que isso ia acontecer.
Tudo
bem. Dessa vez ia dar um jeito. E tudo começava falando pra ele algo que já
devia ter dito há muito tempo: que ia ser transferida.
A
confusão com Doom levou uma boa parte do dia primeiro de janeiro para ser
ajeitada. Darcy sabia que no dia seguinte teria quilos de papelada para
separar.
E
não é que estava certa?
Quando
chegou no escritório as sete da manhã do dia 02 de janeiro, Phil ja estava la,
com cara de quem não tinha dormido desde a festa. O que era bem possível.
Não
teve tempo de falar com ele, mas estava decidida. Ia almoçar com Caro e falar
com Phil.
Na
festa Caro viera falar com ela porque queria trabalhar na SHIELD. A ruiva admitira que não sabia se tinha
condições de ser agente, porque... Bom, não queria matar ou torturar pessoas.
Pepper tinha explicado a irmã que Darcy fazia trabalho administrativo na SHIELD
e que essa podia ser uma opção.
Essa
era a solução para o problema de Darcy: ela tinha uma substituta! Clint e
Natasha já tinham começado a ensina-la os básicos que Hill pedira (e Darcy
quase chorava cada vez que tinha que treinar com um deles), mas até então
faltava alguém para ficar no seu lugar.
Ela
explicou isso tudo para Caro durante o almoço, o que ela faria trabalhando para
Phil, as obrigações, as dificuldades e os benefícios (Sério, Darcy amava os
benefícios da SHIELD).
Caro
ouviu tudo em silêncio, fez algumas perguntas ao final e daí soltou a bomba:
-Você
está saindo dessa posição por causa do Coulson? –ela perguntou.
-Claro
que não. –Darcy mentiu na hora –Phil é um ótimo chefe...
-Não
foi isso que eu quis dizer e você sabe disso. –Caro falou gentilmente –Eu vi
vocês se beijarem na festa.
Bom,
provavelmente todo mundo tinha visto os dois se beijarem.
-Tem
a ver com isso, mas também não... –Darcy suspirou –Eu prefiro não falar disso,
se você não se importar.
-Sem
problemas, Darcy. Só que, se você precisar de alguém pra falar, eu to aqui, ta?
-Obrigada,
Caro.
O
resto do dia desandou.
Darcy
criou coragem e foi falar com Phil. Ela respirou fundo cinco vezes na sua mesa
antes de se levantar. Sabia que o chefe tinha conseguido dar uma pausa na
papelada e tinha que ser já, antes que perdesse a coragem.
Bateu
na porta dele e entrou.
-Posso
falar um minuto com você, Agente Coulson? –perguntou educadamente.
Phil
levantou a cabeça assustado e ficou olhando desconfiado para ela. Darcy nunca
fora tão formal com ele, nem quando começou a trabalhar ali.
-O
que foi, Darcy? –ele quis saber.
-Bom,
eu estou te pedindo... –ela respirou fundo –Na verdade, estou te avisando. Eu
pedi transferência e vou trabalhar para Hill a partir de fevereiro. Eu ja
arrumei uma substituta e vou começar a treina-la na segunda.
Phil
estava congelado.
-O
que? –ele perguntou confuso.
-Eu
pedi transferência. –ela falou de novo, a voz firme –Eu vou trabalhar para a
Agente Hill. Carolina, a irmã da Pepper, vai me substituir.
Phil
levantou num pulo.
-Por
que isso de repente, Darcy? –ele quis saber.
-Não
é de repente. –ela falou –Eu pedi transferência em novembro.
-Novembro?
–ele repetiu incrédulo –Você tem um acordo com a Hill desde novembro e só está
me contando agora?
Darcy
sentiu um solavânco no estômago.
-Eu
sei que demorei, mas eu precisava arrumar uma substituta, começar os
treinamentos...
-Era
por isso que você estava treinando com Clint e Natasha? –ele perguntou
irritado.
-Você
sabia disso?
-Claro
que eu sabia! Eu sei tudo o que acontece na SHIELD. –ele deu um riso de escárnio
–Bom, aparentemente não tudo.
-Phil,
por favor, eu não quis...
-Eu
entendo. –ele cortou –Você queria um cargo mais alto, mais ação.
-Não
é isso! –ela protestou –Você está sendo injusto! Eu tenho todo o direito de trocar
de cargo.
-Claro
que tem, Lewis. –ele retrucou –Ninguém vai te forçar a ficar num trabalho que
não te agrada ou trabalhando com quem não te agrada.
-Você
está levando para o lado errado, Coulson! Isso não é pessoal.
-Não
é pessoal? –ele bradou –Você pede transferência e esconde de mim por meses! Como não é pessoal?
Darcy
respirou fundo. Ela não ia chorar. Ele não merecia.
-Desculpe
se em algum momento eu dei a entender que isso
era pessoal, senhor. –ela falou de forma seca –Como eu disse, vim apenas avisar
que vou ser transferida em fevereiro. Eu me desculpo por qualquer
inconveniência, Agente Coulson. Boa tarde.
-Darcy...
Ela
deixou a sala e fechou a porta suavemente, embora quisesse bate-la. Phil não
veio atrás dela.
Darcy
não chorou. Por algumas coisas não valia nem a pena chorar.
XxX
E
não é que janeiro só piorou daí pra frente?
Darcy
queria esquecer que esse mês existia e voltar para o ano passado. Ele tinha
sido tão bom com ela...
Phil
decidiu dar um gelo nela. Ele passava por ela e Caro (que já estava sendo
treinada e obrigada a aguentar toda a hostilidade entre os dois) rosnava um bom
dia e ficava trancado na sala o dia inteiro.
A
coisa tinha desandado de forma tão fenomenal que Darcy não sabia mais como
consertar.
E
ela queria muito consertar a relação que tinha com Phil. Deixando os
sentimentos pra lá, ele ainda era um homem que ela respeitava e uma pessoa que
adimirava. Além disso, sim, os sentimentos ainda estava lá. Negar pra que?
Pouco mais de uma semana tinha passado, era óbvio que não tinha esquecido de
tudo que sentira de repente.
Bem
que queria.
Clint
e Nat tentaram falar com ela durante os treinamentos, mas Darcy não queria
saber. Por enquanto. Precisava ficar um pouco mais forte e escolher com cuidado
no ombro de quem ia querer chorar.
Caro
estava se esforçando muito. Fora isso, eficiência devia ser qualidade genética
da família Potts, porque a ruiva já estava mostrando que ia arrasar quando
estivesse sozinha. Darcy ficava com um pouco de pena, porque Phil estava sendo
ranzinza com a outra, só por causa dela. Caro não merecia essa cretinisse.
Mas
Phil ia ouvir. Darcy estava criando coragem, mas a hora que resolvesse falar o
homem estava ferrado!
E
daí chegou o dia 17 de janeiro.
Darcy
nem imaginava como tinha acontecido, como HYDRA tinha conseguido atacar o
Triskelion. O prédio em Washington foi atacado e bombardeado. Foi horrível. Ela viu a notícia pelo jornal.
Phil
estava no Triskelion. Ele tinha sido chamado pelo Diretor Fury e ido passar
alguns dias em DC por algum motivo.
Quando
Darcy viu o noticiário correu para a Torre e implorou para Pepper ajuda-la a
chegar o mais rápido possível em DC. Ela não ligou para o que os outros iam
pensar ou para o fato de que estava brava com Phil. Só precisava ter certeza de
que ele estava bem.
Quando
Darcy conseguiu chegar la (sério, um ataque dessa escala dentro de DC brecava a
cidade toda, mesmo quando você tinha a influência e o dinheiro de Stark do seu
lado) Phil estava internado. Ele tinha tomado três tiros no ombro e caído um
lance de escadas, ficara em estado grave, mas foi operado e agora estava
estável. Darcy acreditaria nisso, se ele acordasse.
Era
horrível ver Phil deitado naquela cama de hospital, aquele maldito bip medindo
os batimentos cardíacos dele. Era pior ainda saber que ele já tinha morrido (e,
meu, essa frase era muito estranha) e ressucitar não foi fácil para ele.
Passou
cinco horas sentada ali, segurando a mão dele e esperando que ele acordasse.
Por
favor, só por um minuto. Se ela visse os olhos azuis dele poderia levantar e ir
pra casa de coração mais leve.
A
sexta hora da sua vigília estava pra começar quando ele se moveu na cama.
-Phil?
–ela apertou a mão dele –Você está me ouvindo?
O
rosto dele virou-se na direção da voz de Darcy, mas ele não abriu os olhos.
-Abre
esses olhos, seu maldito! –ela esbravejou –Você não pode fazer isso comigo! Nós
temos uma briga pra terminar e eu tenho argumentos épicos pra jogar na sua
cara. Então acho bom você parar de brincar de morto, porque eu preciso te
matar!
Mas
ele não abriu os olhos.
-Você
acha que vai brigar comigo daquele jeito e eu vou deixar? Ta bom que eu deixei
na hora... É que eu não estava esperando que você fosse ser tão cavalo! E eu
sei que eu enrolei. Eu sei que devia ter falado com você antes mesmo de falar
com a Hill. Você teria entendido. Bom, na verdade não porque eu não podia te
dizer a verdade. Eu não pudia dizer que queria trocar de cargo porque estou
apaixonada por você.
Darcy
suspirou e trouxe a mão de Phil para perto de sua bochecha. Ele estava gelado.
-Desculpa
por isso. –ela pediu –Mas a culpa é toda sua por ser tão apaixonante. Que
chance eu tinha? Eu estava fadada desde o começo. Olha que poético.
Phil
continuou de olhos fechados.
-Phil,
acorda. –Darcy pediu, uma lágrima escorrendo pelo seu rosto –Acorda e me diz
pra sumir, eu não ligo. Mas acorda, por favor. Eu não sei o que vou fazer se
você não voltar pra gente.
Não
queria chorar, porque chorar não ajudava ninguém, muito menos Phil. Só que
estava cada vez mais difícil segurar.
Então
os bips começaram a soar diferente. Darcy levantou os olhos assustada, mas não
entendia nada dessas máquinas. Será que estava tudo bem?
Seu
olhar foi parar rapidamente em Phil e a coisa mais maravilhosa do mundo
aconteceu: ele começou a abrir os olhos, com muito esforço, como se a menor
tarefa fosse cansativa, mas estava reagindo.
Pareceu
demorar uma eternidade, mas finalmente os olhos dele se abriram. Darcy nunca
amou mais a cor azul em toda a sua vida.
-Ei...
–ela murmurou, a voz engasgada de lágrimas.
Phil
pareceu finalmente vê-la. Um sorriso apareceu no rosto dele, um bem suave.
-Audrey.
–ele murmurou.
Darcy
largou a mão dele na hora.
-Audrey?
–Phil chamou confuso.
A
garota respirou fundo.
-Ei...
–ela sorriu –Por que você não espera um minuto? Eu vou chamar a enfermeira.
-Ok.
–ele cedeu facilmente, ainda sorrindo para ela.
Darcy
levantou da cadeira onde estivera sentada todo esse tempo, saiu do quarto,
avisou uma enfermeira que Phil estava acordado e deixou o hospital.
XxX
Jemma
estava analisando com muito cuidado o que quer que estivesse no microscópio a
sua frente. Era a hora de falar com ela.
A
antiga equipe de Coulson estava no Triskelion (ou no que sobrara dele) ajudando
na limpeza e análise de evidência.
Quando
Jemma estava concentrada no trabalho era bem mais fácil arrancar as coisas
dela. Skye era perceptiva demais e May nem se fala...
-Oi,
Jemma. –Darcy falou, postando-se ao lado da garota.
-Olá,
Darcy. –a outra falou sem tirar os olhos do miscroscópio –Eu não sabia que você
estava por aqui.
-Eu
vim dar uma mão. –ela falou rapidamente –Cade o Fitz?
-Enlouquecendo
todos o recrutas novos enquanto eles buscam por evidências no que sobrou do
prédio. –ela falou com um sorriso carinhoso.
Fitz-Simmons
eram um casal tão fofo. Darcy esperava que um dos dois criasse a coragem de se declarar
no próximo século.
-E
o Agente Tripplet? Ele costuma ser sua sombra.
-Hum...
–Simmons fez uma anotação no papel ao seu lado, trocou as amostras e voltou a
olhar no microscópio –Acho que ele está com o Fitz.
OK,
barra limpa.
-Jemma,
em todo o tempo que você viajou com o Phil... Você chegou a ouvir sobre uma tal
de Audrey? –ela perguntou com cuidado.
-Claro
que sim. –Jemma estava sorrindo –Foi por acaso, por causa daquela confusão na
Geladeira e os prisioneiros que escaparam. Ela estava em perigo e nós fomos
atrás dela.
-Quem
é ela? –Darcy perguntou.
-Ela
toca na orquestra de Portland, uma celista. –Jemma falou com admiração –Ela e o
Agente Coulson se conheciam de um caso anterior, longa história... –fez um
gesto de dispensa com a mão –E os dois tiveram um romance. Muito lindo.
Infelizmente ele “morreu”, ela foi informada e ele não pôde mais entrar em
contato. Quando nós a encontramos deu pra perceber que ele ainda gostava muito
dela, mas não podia se mostrar. Ficou bem claro que ele queria uma chance pra
tentar de novo com ela.
Darcy
sentiu o ar travar em sua garganta e seu coração começou a bater mais rápido,
de forma quase dolorosa.
-Eu...
Me pareço com ela? –quis saber.
-Não
seja boba, Darcy. –Jemma deu uma leve risada –Bom, vocês têm o cabelo num tom
bem similar de castanho, mas nada além disso. Cor de olhos, estrutura óssea,
tipo físico... Vocês são completamente diferentes. Ela é uma mulher bem
delicada.
Darcy
sabia que Jemma não estava falando com maldade, mas...
-Obrigada,
Jemma. –ela falou rapidamente.
-Por
que você quer saber di...
Darcy
saiu do laboratório improvisado, ignorando a pergunta de Jemma.
Ela
entrou na primeira porta que encontrou, que acabou sendo um dos vários trailers
que estavam montados no perímetro do Triskelion.
-Darcy?
Ótimo.
Barnes estava ali.
-Darcy?
Você está bem?
Pobre
James... Lugar errado na hora errada e coisa e tal. Quando ele chegou perto o
bastante Darcy jogou os braços em volta do pescoço dele e começou a chorar em
seu ombro.
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N/A: Ai está!!!!
Quanto drama, ai ai ai! hahahaha Mas tudo bem, pelo menos a coisa está indo!
Estamos bem perto do final, então respirem fundo!
A Audrey é a celista citada nos "Vingadores"? (Lembra que a Pepper pergunta dela para o Phil, bem no comecinho do filme?) Ela tambem apareceu no episódio 19 da primeira temporada de Agents of SHIELD, bem do jeito que a Jemma explicou mesmo.
Comentários são sempre bem vindos!
B-jão
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