quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A Dama Vingadora - Capítulo 10

Capítulo 10

Toni ia matar Clint e Natasha!

Ok, talvez só Clint, porque da Natasha ela tinha medo.

Os dois tinham tido a ideia brilhante de treinar Toni para se defender sozinha. Quando ela voltou de viagem não teve escapatória: Nat encurralou-a e arrastou para a academia.

Uma semana depois e ela estava querendo morrer. Depois que matasse os dois. Não tinha sido feita para essa vida.

Então ela fugiu deles (com muito orgulho) e foi fazer algo que não fazia há séculos: andar na rua. Colocou uma peruca loira (mais pelo divertimento do que pelo disfarce) e foi passear na Lexington Avenue, que era perto da Torre e tinha uma Victoria’s Secret.

Sim, Toni comprava calcinhas na Victoria’s Secret, não na Perla ou na Agent Provocateur ou alguma outra loja ridiculamente cara. Ela gostava de calcinhas confortáveis. E ela comprava da coleção Pink! Chorem de decepção.

Comprou suas calcinhas (e alguns sutiãs e até uma cinta-liga!), comprou um café ridiculamente doce na Starbucks e estava considerando entrar numa loja de livros quando ouviu a primeira explosão.

Sua mão foi automaticamente para sua orelha direita, porque Jarvis devia estar gritando alerta. E qual a surpresa? Ela tinha deixado o comunicador em casa.

Enfiou a mão no bolso da calça e tirou seu StarkPhone.

-Jarvis!

-Senhorita. –a voz calma respondeu –Bom saber que você continua viva em meio ao caos.

-Que caos, Jarvis? –ela gritou no telefone.

-Um vilão ainda não identificado acabou de lançar um ataque a Nova York. Pensando bem... Os robôs que ele usa se parecem muito com os que o Dr Von Doom usou na última vez. –ele informou calmamente.

-Você ta com a tocha hoje, hein, Jarvis? –Toni revirou os olhos –Me faz um favor e manda a Mark 57 na minha direção? Se não for te incomodar muito.

-A caminho, senhorita. Ah, mais uma coisa. O Capitão, Thor e a Agente Romanoff já está enfrentando os ditos robôs com a ajuda do Quarteto Fantástico.

-Que alegria. –Toni resmungou –Acelera a coisa então, Jarvis!

-Sim, senhorita.

As explosões pareciam estar ficando mais próximas a cada segundo. Toni ia fazer Jarvis baixar filme pornô por um ano se essa armadura não chegasse logo! (Por algum motivo o IA não gostava de baixar esse tipo de filme. Toni achava que ele andava assistindo alguns, isso sim.)

Ela conseguiu avistar o primeiro dos robôs descendo a rua e disparando tiros contra as pessoas. O bicho não era extamente grande (devia ter por volta de 1,30 de altura) e meio que lembrava uma aranha, embora só tivesse quatro pernas.

-Senhorita, Mark 57 chegando a sua direita. –Jarvis declarou no celular.

Toni virou a cabeça e viu o pontinho se aproximando.

-Valeu, Jarv! –ela agradeceu guardando o aparelho.

Largou as sacolas e o café na rua e atirou a peruca para o lado.

-Vamos, bebê, vamos... –murmurou preocupada.

Conseguia ver mais das máquinas chegando e as explosões estavam cada vez mais próximas. Também viu o rastro de luz que era aquele babaca do Storm voando. Tomara que atingisse um prédio.

A armadura estava cada vez mais próxima e Toni ja se preparava para entrar em combate, quando um robo disparou uma bomba contra a armadura.

Toni não tinha ideia de que bomba era aquela, mas a Mark 57 explodiu e a bilionária, que estava perto demais, foi arremassada longe.

Ela sentiu sua cabeça conectar-se com a calçada e pontos negros dançaram em sua visão. De repente tudo ficou desfocado e era como se o barulho de gritos, tiros e caos estivessem muito longe.

Tinha que levantar e sair dali, ou seria um alvo fácil, mas suas pernas não funcionavam.

Que inferno! Tinha sobrevivido um sequestro no Afeganistão, um exército de robôs, uma invasão alienígena! Toni não ia morrer num ataque chinfrim desses!

Um dos robôs quase-aranhas virou-se na direção dela e apontou o canhão. Que merda...

De repente uma sombra cobriu-a e a explosão aconteceu como se tivsse sido longe, bem longe...

-Toni! Toni!

Steve (em traje total de Capitão América) sacudiu Toni mais uma vez, mas ela não parecia estar escutando muito bem.

-Toni, você está bem? –ele perguntou.

-Picolé? –o olhar dela pareceu finalmente focar nele –Eu acho que bati a cabeça.

Steve colocou a mão na parte de trás da cabeça dela e sentiu os dedos ficarem molhados. Sangue. Podia não ser nada, ferimentos na cabeça tendiam a sangrar muito, mesmo quando eram pequenos, mas não podia deixa-la ali.

-Romanoff. –chamou pelo comunicador –Eu acabo de encontrar a Stark na rua, ferida. Eu vou leva-la de volta para a Torre, depois eu retorno.

-Afirmativo, Capitão. –Natasha respondeu –Nós temos as coisas sob controle aqui.

Steve pegou Toni no colo (o peso dela era quase irrelevante) e correu (literalmente) em direção a Torre. Ainda teve que se defender e desviar de alguns robôs, mas chegaram intactos ao destino.

-Jarvis, você poderia chamar a senhorita Myers e um médico para o andar da Toni? –ele pediu enquanto subiam o elevador.

-Infelizmente, eu não posso chamar o médico, Capitão. –o IA respondeu.

-Oi? –Steve soltou.

-A senhorita Stark me programou para não chamar médicos para ela nunca. –Jarvis explicou –Nem em caso de vida ou morte.

Steve lançou um olhar incrédulo a Toni, que continuava encolhida contra seu peito.

-Eu odeio médicos. –foi a única coisa que ela disse.

-Inacreditável. –Steve revirou os olhos –Então chame a Cora, o mais rápido possível.

-Sim, senhor.

-Você não tem noção das coisas que faz, não é Toni? –ele resmungou, entrando na suíte –Que tipo de ordem é...

-Se você me levar pro quarto eu vou gritar. –ela anunciou quando viu o caminho que ele estava tomando –E não vai ser de prazer, querido, então pode dar meia volta.

Steve parou, olhou para os céus e pediu forças.

-Onde você quer ficar, Toni? –ele perguntou, cheio de paciência.

-No bar. Eu quero tomar alguma coisa.

-Você não vai beber nada. –ele informou sério –Mas eu posso por gelo na sua cabeça, então podemos ir pra la.

Steve sentou Toni no balcão e  olhou nos olhos dela.

-Você está sentindo alguma coisa? –ele quis saber –Naúsea, tontura extrema, formigamento, dificuldade de me entender?

Toni bufou.

-Saco cheio é considerado “sentir alguma coisa”? –ela perguntou.

Steve jogou as mãos para cima.

-Desisto. –ele disse, tirando a máscara e deixando do lado dela –Vou pegar o gelo. Tente não cair de cara no chão.

-Sim, senhor! –ela bateu uma cotinência para ele.

Steve tentou respirar fundo e não perder a paciência. Era tão... Tão... Tão Toni ficar agindo dessa forma depois de ter se machucado no meio de uma batalha.

Ele abriu a geladeira, encontrou o gelo, enrolou num pano e voltou a ficar de frente com Toni.

-Aqui, põe isso na cabeça. –ele falou, esticando o pano na direção dela.

Toni pegou o gelo sem dizer nada e pôs em sua cabeça, seu olhar ainda voltado para a janela.

-Você devia ir ajuda-los. –ela falou de repente –A Cora já deve estar chegando e a briga pode ficar pior.

-A Nat disse que estava sob controle. –Steve falou –Você bateu a cabeça com muita força, alguem precisa ficar de olho em você. Quando ela chegar eu vou.

-Nem ta sangrando mais. –Toni choramingou -Vai logo.

-Está querendo se livrar de mim, Stark? –Steve sorriu de leve.

-Eu não gosto que me vejam nesse tipo de condição. –ela resmungou.

Steve ficou surpreso.

-Eu já te vi caindo de bebâda, Toni. –ele lembrou.

-Isso eu não ligo. –ela falou –Não quero você vocês me vejam assim: fraca, machucada.

Steve colocou a mão na testa dela.

-Você está bem? Será que a batida na cabeça te afetou tanto assim?

Ela revirou os olhos, mas então pareceu pensar em algo.

-Quer dizer que eu posso agir de forma estranha e ser perdoada porque eu tenho uma concussão? –perguntou.

-Você sempre age de forma estranha. –Steve respondeu para não dar corda –Eu vou olhar seu machucado. –declarou, preparando-se para se afastar.

Toni, no entanto, foi mais rápida. Ela agarrou o braço de Steve e puxou-o para mais perto. O Capitão devia estar surpreso demais, porque deixou-se ir. E quando ele ficou perto o bastante, Toni abraçou a cintura dele com as pernas, pegou a gola do uniforme dele, puxou-o para baixo e colou sua boca na dele.

Ah! Sabia que ele não ia estar esperando por essa.

No primeiro momento Steve jogou as mãos para cima, como se não soubesse o que fazer com elas (empurrar Toni ou toca-la). Também não mexeu boca ou corpo para se afastar dela.

Toni não tinha beijado centenas de pessoas ao longo dos anos sem efeitos positivos para si mesma. Ela era uma ótima beijadora.

Então ela apertou o laço de suas pernas, encaixando seu quadril perfeitamente no dele (obrigada, balcão, sua altura é perfeita), deslizou as mãos pelos ombros dele e mordeu a boca maravilhosa de Steve.

Tão mais lindo quando estava quietinho...

Hesitantemente, Steve começou a beija-la de volta. Bem suave, cuidadoso, quase assustado. Toni recompensou-o com alguns beijos curtos, mas doces. Esse devia ser o estilo dele...

As mãos de Steve finalmente pousaram na cintura de Toni e ela decidiu que já estava bom de doçura, hora de ir ao que realmente interessava. A mão dela agarrou os fios curtos de cabelo de Steve e ela passou a língua suavemente entre os lábios dele. O corpo dele soltava calor como um aquecedor e Toni queria se afundar nele e passar horas ali.

Mas assim, de um jeito nada romântico. Só sexo mesmo.

Sério!

A língua de Toni roçou na de Steve e foi como se tudo explodisse. De repente as mãos dele estavam realmente segurando-a, puxando-a para mais perto e a boca dele estava insistente contra a dela, beijando-a mais profundamente, com mais força.

Toni nunca teria sonhado –nem em mil anos –que o Capitão conseguia beijar desse jeito! Tinha que rever seus conceitos, porque esse homem não devia ser tão virgem quanto achara antes.

Não que ela estivesse reclamando, porque... Uau!

Toni deixou as mãos correrem pelo corpo de Steve, procurando desesperandamente uma brecha na roupa dele. Aquele maldito colant não tinha uma!

Uma das mãos de Steve foi parar na coxa de Toni e a vontade dela era que ele começasse a desfazer botões, faz favor. Até ondulou o quadril contra o dele –e, meu Deus, super soldado mesmo! –pra ver se ele entrava no clima, mas Steve estava bem focado nos beijos.

O que ainda era uma delícia.

Só deu errado quando a outra mão dele subiu e foi parar na cabeça de Toni. O gemido de dor escapou sem querer, mas foi o suficiente para faze-lo parar na hora.

-Você ainda está machucada. –ele falou de repente –Eu não devia ter feito isso.

Toni estava bem mais interessada no jeito que os lábios dele estavam inchados, na respiração ofegante, no fato de que ele ainda estava entre as pernas dela, do que nas palavras dele.

-Eu sou grandinha, Steve. –ela informou –E eu acho que estou em ótimas condições. Agora sim, você pode me carregar pra cama.

Steve abriu a boca para falar alguma coisa, então parou e levou a mão ao comunicador.

-Nat? O que? Como assim mais robôs? De onde eles...

O Tocha Humano passou voando pela janela nesse instante, sendo perseguido por cinco robôs.

-Ta, eu entendi. –o Capitão falou.

-A senhorita Myers está subindo, senhorita. –Jarvis informou.

-E esse tanto de senhorita na frase está estranho. –Toni refletiu –Acho que você devia voltar a me chamar my lady, Jarvis.

-Como você quiser, my lady. –Jarvis respondeu na hora.

-Toni... –Steve começou sem jeito –Você poderia... –indicou as pernas dela, que ainda o estavam prendendo.

Até parece que ele não conseguiria sair se realmente quisesse.

-Olha, eu até te solto, Picolé, mas eu quero que fique bem claro: isso não terminou. –ela avisou.

Steve estreitou os olhos.

-Eu não acho que seja a hora pra discutir isso. –ele retrucou.

-Fica avisado. –ela completou, então puxou-o pela nuca e o beijou de novo.

E ele topou de novo, então, sério, de quem era a culpa, né?

-Eu deveria ir embora?

Steve pulou para longe de Toni com a som da voz de Cora.

-Não, Cora querida, está tudo sob controle. –Toni falou com um sorriso enorme, então devolveu a máscara para Steve –Vai lá, querido. Volta inteiro pra gente terminar de conversar.

-Toni...

-Nananina não. –ela cortou –Eu sei que você está sendo todo nobre ou tonto, ou sei la o que. Nós não vamos ter essa conversa agora. Vai la salvar o dia e daí a gente conversa. E por “conversar” eu quero dizer que nós vamos fazer sexo, você sabe disso, né?

Cora parecia querer sumir.

-Eu vou, porque sinceramente... –Steve respirou fundo –Mas nós vamos conversar.

Toni apenas fez que sim com a cabeça.

-Chama um médico para ela. –Steve disse para Cora ao passar por ela.

-Pobre Capitão... –Cora murmurou quando a porta fechou-se atrás dele.

Toni não tinha um pingo de dó.

XxX

A confusão em Nova York aumentou em proporções ridículas e rápido demais. De repente o Sexteto Sinistro brotou, trazendo o Homem Aranha pra jogada.

E o pior era que ninguém queria deixar Toni entrar na briga. Até parece, né. Então ela vestiu sua armadura e mergulhou de cabeça na coisa toda. Que eles venceram, claro.

O duro foi o controle de danos. Como ninguém sabia quem era o Homem-Aranha, mas todo mundo sabia quem ela e o povo do Quarteto eram, sempre sobrava pra eles. Ela ainda ia jogar inseticida naquele inseto maldito.

Com tudo o que aconteceu foi difícil falar com Steve. E ele estava evitando-a obviamente. O duro é que quanto mais tempo passasse, mais Steve ia se convencer de que tudo fora um erro, ele devia ter sido um gentleman e blá blá blá.

Sério, o que uma mulher tinha que fazer para dar uma nessa Torre?

No terceiro dia depois do ocorrido, Toni entrou na cozinha e deu de cara com o time inteiro se preparando para tomar café.

-Ocasião especial e ninguém me chamou? –ela perguntou sentando-se ao lado de Jane.

-É uma ocasião de despedida, Lady Stark. –Thor informou –O bom Capitão e o Gavião foram transferidos para a cidade que chamam Washington.

Toni virou o olhar para Steve e arqueou a sobrancelha.

-Aumentaram a pressão por causa do incidente de ontem. –Steve explicou sem graça –Fury não nos deixou escolha.

-Hum... –Toni comentou.

Eles terminaram de comer, Steve ficou para trás para lavar a louça. Toni respirou fundo e desceu até seu laboratório.

-Jarvis! –chamou tão logo sentou-se em sua bancada.

-My lady? –a voz respondeu.

-Eu não estarei recebendo ligações do Capitão Rogers daqui em diante. Avise para a Cora também.

-Sim, my lady. –parecia haver uma certa satisfação na voz dele -Eu devo deduzir que o Capitão está de castigo?


-Ah sim. Ele está.

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N/A: Noooooooooooooooooooossa... Agora foi, hein Toni... hahaha

No próximo capítulo A Dama entra em Capitão América 2: O Soldado Invernal. E a coisa ta ficando séria!!!

Comentem!

B-jão

Um Ano Com Você - Fevereiro

Fevereiro

Pobre James... Teve que aguentar Darcy chorando em seu ombro por quase 40 minutos, antes que ela conseguisse parar tempo o bastante para tentar explicar o que estava acontecendo. E, mesmo assim, quando falou “Audrey” começou a chorar de novo. Mais uns 30 minutos.

Pobre James...

Quando ela finalmente conseguiu contar a história toda, James pareceu perdido e decepcionado consigo mesmo. Ele admitiu que não tinha ideia do que podia falar para faze-la sentir-se melhor (e ele queria muito ajudar), mas que, se Darcy quisesse, ele podia por Phil em um novo coma.

Darcy agradeceu a preocupação dele (tadinho, tão fofo), mas garantiu que ia ficar bem. Pegou o helicóptero de volta para Nova York e resolveu seguir em frente com seu trabalho.

Na manhã seguinte, Hill chamou-a na sua sala e informou, que justamente por causa do ataque em DC, a transfêrencia de Darcy tinha sido transferida para março. Só boas notícias...

Phil teria que ficar em recuperação em DC, mas tinha que continuar a trabalhar, então Darcy enviou Caro para lá. Sim, foi covarde, mas ela inventou as melhores desculpas possíveis e algumas eram até verdadeiras!

Ela pegou Bones (sim, esse era o nome do vira-lata que Phil tinha resgatado. Ele era tão nerd que quisera nomear o cachorro de Spock. Quando Darcy indicou que aquele cachorro não tinha nada de Spock, Bones foi a segunda opção) e levou para seu micro apartamento, porque alguém tinha que ficar de olho naquele cachorro.

Ela passou as três semanas seguintes afundada em trabalho e treinamento. Organizou papéis, transferiu reuniões, reorganizou prioridades, falou com Felicity, que era uma gracinha de menina e trabalhava com o vigilante super gostoso de Starling City (do qual Darcy teoricamente não sabia o nome)(1), treinou um pouco mais com Clint e teve uma das piores conversas da sua vida.

Com Clint.

-OK, chega. –ele declarou um dia, no meio de uma sessão com armas –Eu não aguento mais. Eu não ligo para o que a Nat diz.

Darcy lançou um olhar confuso para ele.

-Eu não sabia que estava indo tão mal. –ela falou preocupada –Desculpa...

-Não é isso. –ele falou rapidamente –Você tem um talento nato pra atirar em coisas. Levemente preocupante, pra ser sincero. Eu to falando de outra coisa.

-Quer que eu saia? –Darcy ofereceu ainda confusa, porque não estava entendendo nada.

-Também não é isso. –Clint respirou fundo –Nat me fez prometer ficar de fora da sua história com o Phil porque, de acordo com ela, vocês são idiotas e...

-Clint... –Darcy tentou cortar em vão.

- ...precisam se resolver sozinhos. Mas eu ja nem acredito mais que isso vai acontecer! –ele continuou, empolgado em seu discurso –Seja lá qual for o problema de vocês dois eu tenho certeza de que tudo pode ser resolvido se vocês conversarem.

-Clint, não há problema nenhum. –Darcy falou o mais firme que pôde.

-Até parece, Darcy. –ele retrucou na hora –Vocês dois se beijam no Ano Novo, brigam dois dias depois, ficam de mal, ele quase morre de novo, você corre pra DC e volta logo em seguida, parecendo que chutaram seu chihuahua.

-Todo mundo viu o beijo, né? –ela falou num muxoxo.

-Todo mundo viu? O Stark gravou e ficou passando em todas as telas da Torre de 15 em 15 minutos no dia seguinte.

Claro que ele tinha. Babaca.

-Esse não é o ponto, Darcy. –Clint se apressou –O que aconteceu entre vocês? Eu e a Natasha estamos tentando arrancar isso dele há dias, mas ele nunca conta nada.

Darcy respirou fundo.

-Ele não recebeu bem a notícia de que eu seria transferida. –ela falou por fim.

-Como assim? –Clint insistiu –Me conta direito.

Então Darcy contou tudo o que aconteceu no dia em que contou para Phil que ia trocar de posição.

Ao final da história, Clint suspirou.

-Darcy, eu não vou defender o Phil, porque sinceramente... Só que você sabe muito bem que a culpa não é só dele. Você omitiu muito, por tempo demais. Não acha?

Ela não ia nem responder essa. Porque era verdade e era uma das coisas que mais doíam. Darcy sempre achou idiota pessoas que falavam que só se arrepediam do que não tinham feito, nunca do que tinham feito. Agora ela meio que entendia o que isso realmente queria dizer.

Todo o tempo que ela enrolou, tudo o que podia ter acontecido...

-Eu sei de tudo isso, Clint. –ela falou frustrada –Você acha que eu não passei aqueles dias me culpando, me xingando e sentindo pena de mim mesma? Eu fiquei revendo cada momento do tempo que passamos juntos e pensando no que eu devia ter feito diferente, como se isso fosse resolver alguma coisa. Só que não vai resolver nada.

-Darcy, você ainda pode falar com ele...

-Não, eu não posso! –ela protestou –Eu não posso porque ele gosta de outra pessoa. –droga, a voz dela estava ficando carregada –Ele me chamou pelo nome da Audrey quando acordou.

Os olhos de Clint se arregalaram.

-Audrey?

-Você sabe quem ela é, obviamente. –Darcy resmungou.

-Todos nós sabemos. Ele era... –Clint hesitou -Louco por ela.

-E pelo jeito ainda é. –ela continuou –E eu quero que ele seja feliz, mais do que tudo nessa vida. Se ela fizer ele feliz, como eu posso interferir?

-Darcy, ela pensa que ele está morto. –Clint argumentou.

-Ele estava planejando contar a verdade para ela. –Darcy insistiu –A Jemma me contou. Ele a viu de novo numa missão...

-Eu sei. –Clint cortou –Quando os prisioneiros escaparam da Geladeira e um deles foi atrás dela de novo.

-Você sabe. –ela adivinhou –Ele te falou tudo.

-Ele falou. –Clint admitiu –Mas ele não falou mais dela nos últimos tempos, nem tocou mais no assunto. Darcy, ele superou.

-Ele te falou isso? –ela quis saber.

-Não. –ele falou baixo.

-Eu não sei qual o seu problema, Clint. –ela falou frustrada –Eu estou tentando ser madura. Eu quero que ele seja feliz.

-O que te faz ter tanta certeza de que você não o faria feliz? –Clint replicou irritado.

-Por que quando você acorda qual o primeiro nome que você chama? –ela praticamente gritou para ele.

Clint olhou para o chão e respirou fundo.

-O da Nat. –ele admitiu após um silêncio prolongado.

-Eu acho que isso responde sua pergunta.

XxX

E então chegou o dia dos namorados.

Sério, não tinha data pior no mundo para chegar do que essa. Pelo menos no momento.

Darcy não estava mesmo no clima para essa baboseira toda de romance e pessoas se amando. Coincidentemente, rolou uma confusão envolvendo mutantes, robôs e um esquilo gigante (e sim, ela estava falando sério) na madrugada do dia 13 para o 14, fazendo todos na SHIELD trabalharem no sábado.

Toda a turma encalhada do escritório combinou de sair para beber assim que fossem liberados. Dessa forma, Darcy se viu as sete da noite de um sábado, em pleno dia dos namorados, bebendo cerveja com vários outros funcionários da SHIELD.

Skye estava la com ela, porque Jemma tinha um encontro com Fitz! As duas estavam torcendo para que tudo desse certo. Conhecendo os dois eles iam falar de ciência a noite toda até Fitz criar coragem para finalmente beijar Jemma.

Darcy até estava se divertindo. Era bom falar com outros e rir, sem que eles ficassem perguntando de Phil. Era uma boa mudança.

Clint não tinha insistido no assunto depois da última conversa deles. Agora ele estava numa missão na Tailândia e devia voltar em algumas semanas.

Darcy também precisava falar com Bucky, porque ele continuava preocupado com ela. Fora isso, Carolina e Phil estavam para voltar de DC e estava na hora do super soldado e da ruiva darem uma.

É, Phil estava voltando. Segunda-feira ele estaria no escritório e Darcy não tinha certeza do que faria ou como agiria.

Estava odiando essa pessoa insegura que se tornara, estava na hora de tomar uma atitude. Né?

Tinha um mocinho do TI conversando com ela. Ele era bonitinho, mas Darcy ainda não estava no clima. Quem sabe dali um ano ou cem?

É, definitivamente não estava no clima.

Ela ia tomar só mais uma cerveja e daí ia embora. Era isso.

Devia ter ido sem a cerveja, porque pouco depois dessa decisão, Phil entrou no bar.

A presença dele ali não era estranha. Aquele lugar era bem popular entre o pessoal da SHIELD. E ve-lo... Uau. Graças a Deus ele estava bem, inteiro. Vivo.

Phil olhou em volta, como se procurasse alguém, então seu olhar encontrou Darcy e ele sorriu.

E daí começou a andar na direção dela.

Ah não! Hoje não! Por favor, ela ainda não estava pronta.

Skye interceptou Phil no meio do caminho e pulou no pescoço dele, abraçando-o. Skye tinha se apegado ao agente como uma figura paterna. Era mais que óbvio que Phil também adorava  a hacker.

Os dois conversaram rapidamente e Darcy resolveu dar um jeito de fugir. Se bem que não era muito maduro. E ela ia ser madura, não ia?

Sim, ela ia.

Mas dava para esperar até segunda pra isso?

Phil alcançou-a sorrindo.

-Oi, Darcy.

-Phil. –ela murmurou –Que bom te ver... Uau. –respirou fundo e abraçou-o –Uau.

Ta, ele não merecia abraço, mas ela precisava de um desesperadamente. Nos dias em que não ficara sendo uma idiota e choramingando com a história da tal Audrey, estava preocupada com a saúde dele.

Ah, ser jovem, burra e apaixonada... Que maravilha.

-Eu achei que você só ia voltar na segunda. –ela falou afastando-se dele.

-Eu estava sentindo falta de Nova York. –ele falou com calma, ainda sorrindo para ela.

Darcy não sabia o que responder, porque tudo o que queria era bater nele por te-la chamado por outro nome.

Phil pareceu hesitar diante do silêncio dela, então limpou a garganta e coçou a nuca.

-Eu não acredito que você cuidou do Bones para mim. –falou sem graça –Se ele destruiu alguma coisa...

-Só uma cadeira. –Darcy informou –Mas tudo bem. Ela era feia e desconfortável e merecia a morte.

Phil riu suavemente, então fixou seu olhar em Darcy.

-Darcy... –suspirou –Desculpa.

-Pelo que? –ela quis saber.

Sério, ela tinha uma lista de coisas pelas quais queria que ele se desculpasse (e “Audrey” estava bem perto do topo), então queria saber exatamente por onde ele estava começando.

E ta, talvez também tivesse que pedir desculpas por algumas coisas. Mas ele ia ter que começar!

-Aquele dia no escritório... –ele começou –Quando você veio me contar da sua transferência, eu fui...

-Um babaca? –ela sugeriu –Porque você foi mesmo.

Phil bufou.

-Eu reagi mal e não tinha o direito. –ele completou –Não deixei você falar, gritei... Enfim. –respirou fundo –Me desculpa, Darcy. Você tem sido uma pessoa incrível para mim: generosa, cuidadosa, atenciosa e mais paciente do que eu mereço.

Hum, isso estava ficando interessante.

-Prossiga. –Darcy encorajou.

Phil tentou parecer bravo, mas não conseguiu.

-Eu não quero que você sinta como se eu nunca tivesse apreciado seu trabalho ou tudo que você fez por mim. Você tem sido, nesses últimos meses, mais que uma funcionária, mais do que uma amiga, Darcy.

Ela não ia chorar, sério. Não ia mesmo. Seja forte, porque ele tinha algumas explicações para dar e Darcy queria ouvi-las.

Não estava ajudando muito que ele resolvera falar com ela hoje.

E ele ainda estava falando.

-...e quando eu rolei escada a baixo e tudo começou a apagar, eu soube que ia ficar inconsciente... Eu sabia que estava perto demais de morrer de novo e só conseguia pensar...

-Na Audrey. –Darcy cortou.

Phil congelou, ficando completamente sem reação.

-Foi o primeiro nome que você disse quando acordou. –Darcy explicou -Bom, na verdade você me chamou de Audrey, mas tudo bem. –ela se forçou a dizer –Jemma me contou a história de vocês. Que é muito linda! –apressou-se em dizer –E bom... Já que ela ta tanto assim na sua cabeça eu acho que você devia ir atrás dela. Se fazer feliz, Phil. Você merece mais que qualquer um.

Phil ainda estava olhando para ela chocado.

-Você estava no hospital? –ele perguntou.

-Estava. Eu fui assim que pude. –ela deu de ombros, porque queria que não parecesse que era grande coisa, ao mesmo tempo que queria que ele entendesse que era –E daí você acordou, olhou para mim e... Bom, Você parecia muito feliz em ve-la, mesmo que fosse eu, não ela, na verdade. Então, para de perder tempo, Phil. Você ja deu para a SHIELD mais do que eles merecem. Ta na hora de você ser feliz.

Darcy forçou um sorriso e abraçou Phil de novo.

-Darcy... –ele apertou-a contra si –Obrigado.

Ela engoliu as lágrimas.

-De nada, Phil. Te vejo segunda.

Ela saiu dali na hora. No processo deixou seu casaco para trás. E não ligou para isso.

Não sabia para onde ir, então foi para o único lugar onde sentia-se cem por cento segura.

Clint não estava em casa. Disso ela sabia, mas mesmo foi na porta do apartamento dele onde foi bater.

Natasha abriu a porta usando um robe de seda preta, ridiculamente linda, como sempre.

-Eu não sabia para onde ir. –Darcy explicou num suspiro.

Natasha revirou os olhos e puxou a garota para um abraço.


Dia dos namorados era um saco...

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N/A: Meu deus, qto drama!!! Darcy, vira macho, criatura!!! hahahaha

Mais dois capítulos e tudo estará terminado! E agora, no que vai dar????

(1) Eu não resisti uma citadinha de Arrow... hahahahaha

COMENTEM!

B-jão

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A Dama Vingadora - Capítulo 09


Capítulo 09

Toni ficou apenas uma semana no Japão, mas demorou três semanas a mais para ela voltar para Nova York. Primeiro foi parar na Europa, então China, Coréia do Sul, Malibu e Washington DC até poder retornar.

Alguma coisa não estava certa.

O primeiro lugar que ela visitou foi o laboratório de Bruce. Quando passou pelo de Jane, viu a doutora e Lewis mexendo em uma daquelas máquinas esquisitissimas que tinham trazido e que Toni adoraria jogar fora.

Bruce estava conversando com Cora, ditando algo enquanto ela fazia anotações. Os dois tinham se aproximado de alguma forma e Toni sentia como se estivesse a ponto de destruir isso.

-Voltei. –ela falou simplesmente.

Os dois viraram-se assustados, como se tivessem sido pegos fazendo algo errado.

-Senhorita Stark. –Cora parecia chocada –Por que você não disse que voltava hoje?

Toni fez um gesto de dispensa com a mão.

-Cora, eu preciso falar com Bruce. –ela falou sem rodeios –Eu agradeceria se você nos desse uns minutos.

Cora lançou um olhar preocupado a Bruce, mas saiu mesmo assim.

-Você está bem? –Bruce perguntou preocupado.

-Sim, eu... –Toni passou a mão pelos cabelos –Você precisa ir embora.

Os olhos de Bruce se arregalaram e um flash de confusão e dor passaram pela face dele.

-Não, espera! –Toni pediu –Isso saiu muito errado. Desculpa. –ela quase implorou.

-Toni, me explica com calma o que está acontecendo. –ele pediu.

Ela respirou fundo.

-Algumas semanas atrás o Rhodey me falou que alguma coisa estava rolando na SHIELD. –ela começou –Isso me deixou encanada. Quando eu fui para o Japão eu me vi seguida por agentes deles. A SHIELD supostamente me cortou da vida dela, não tem porque rolar esse interesse agora.

Bruce fez um sinal para ela prosseguir.

-Eu liguei para o Coulson. A SHIELD está lidando com um problema bem grande, um cara que se chama o Clarividente. –ela continuou –Até onde eles sabem, o cara pode ser um charlatão, mas ele sabe de coisas que ninguém mais sabe. Inclusive sobre nós.

-Por isso você demorou pra voltar? –Bruce adivinhou.

-Sim. Eu andei providenciando algumas coisas. –ela admitiu –Especialmente proteção para Pepper. Eu e o Agente Coulson concordamos que ela está correndo risco em dobro, por minha causa e agora por ele. E então eu pensei...

-Em mim. Eu sou o ponto fraco.

-Não! –Toni afirmou rapidamente –Não é por isso. Mas você tem que pensar, Bruce. Se algo maior estiver vindo, se eles forem nos atacar... O que faz mais sentido do que te pegar desprevinido? Não dar uma chance do outro cara aparecer. E se eles te amarrarem numa mesa, pegarem seu sangue e tentarem recriar seu experimento?

Bruce estava respirando fundo, como se tentasse se acalmar. Toni aproximou-se dele na hora, tomando-o pelos ombros.

-Não é que eu não te queira aqui. –ela falou –Deus sabe que ninguém mais me tolera do jeito que você tolera. –as mãos dela envolveram o rosto dele, percebendo o brilho verde que começava a surgir nos olhos normalmente castanhos –Eu não vou arriscar sua segurança, Bruce. Você precisa sumir do mapa, até nós termos uma ideia do que está acontecendo. E eu preciso que você acredite: não tem nada que eu queira menos do que me separar de você.

Bruce respirou fundo mais uma vez e, entre uma piscada e outra, o verde sumiu de seus olhos. O cientista tocou a mão de Toni que ainda estava em seu rosto.

-Eu já tentei sumir do mapa. A SHIELD me achou. –ele falou por fim.

-Com todo respeito, você não tinha meus recursos disponíveis. –ela informou –E dessa vez você vai sumir sem eles nem preverem. Você vai falar que está indo para a Coréia do Sul e seu avião nunca vai chegar la.

-Você ja tem um plano? –ele perguntou surpreso.

-Por que você acha que eu fiquei tanto tempo fora? –ela revirou os olhos –Eu e Jarvis planejamos tudo sozinhos, depois ele apagou tudo da sua memória. Ninguem mais além de nós dois pode saber para onde você está indo de verdade.

-E onde seria isso? –ele quis saber.

-Macau. –ela falou –Obadiah tinha uma base secreta de operações lá. Eu só descobri depois que tudo tinha terminado e o maldito tinha morrido. É quase impossível de ser rastreada, ninguém sabe que está la. Eu também vou manter meus olhos abertos aqui, desviando toda e qualquer atenção que possa se virar pra você.

Bruce suspirou.

-Tudo bem, eu vou. –ele concordou.

E que ele concordasse tão fácil em largar tudo e sumir do mapa quebrava o coração de Toni.

-Nós vamos desenvolver uma linha segura para comunicação. –ela garantiu –Vamos ser só eu e você trocando mensagem. –brincou suavemente.

-Eu já fiz coisas piores, eu imagino. –ele sorriu de leve.

-Bruce... –Toni suspirou.

-Está tudo bem, Toni. Eu entendo. –ele assegurou.

-Eu não quero que você entenda! –Toni estourou –Eu quero que você brigue comigo! Eu estou me sentindo a pior pessoa do mundo. Para de ser tão compreensivo, Bruce. Você pode exigir coisas também, sabe.

Bruce deu mais um sorriso triste.

-Não, eu não posso. –ele falou de forma firme.

-Não se atreva a ir sem falar algum tipo de “tchau” para a Cora. –Toni avisou –Eu sei que ela não pode saber a coisa toda, mas... Ela realmente gosta de você.

-Eu sei.

-Droga. –Toni abaixou a cabeça –Eu atrapalhei alguma coisa. –adivinhou.

-Eu ia chama-la para sair. Mas... –ele cortou quando Toni abriu a boca –Se está acontecendo alguma coisa, então não é um bom momento, Toni. Outros virão.

-Quando você vem com esse tipo de papo, eu não acredito. –ela falou –Eu sempre acho que você está tentando me enrolar.

-Porque eu estou e você sabe. –ele falou –Eu vou arrumar minha mala. O que estou indo fazer na Coréia?

-Conferência Mundial de alguma coisa a ver com radiação. –Toni fez um gesto de dispensa com a mão.

-Parece importante. –Bruce riu –Eu vou arrumar as malas. E eu parto...

-Amanhã. –ela completou.

-Amanhã. –ele aceitou.

Toni ficou olhando para ele em silêncio por um segundo.

-Ah que se foda. Eu preciso de um abraço. –declarou jogando o braço em volta do pescoço dele.

Bruce suspirou e apertou Toni contra si. É, foda-se, ele precisava de um abraço também.

XxX

Cora não ia dizer que Toni era a melhor chefe do mundo, essa tinha sido Pepper. Cora conseguia entender Pepper perfeitamente, as duas eram exatamente o mesmo tipo de mulher: focadas, ambiciosas (não do jeito extremo e perigoso) e organizadas.

Toni não era nada disso.

Pra ser bem sincera, depois de dois meses trabalhando para Toni pensara em pedir demissão e foi falar com Pepper. A ruiva foi muito compreensiva e dissera que aceitaria a demissão de Cora, se fosse o caso. Então explicou que, quando começou a trabalhar com Toni, ela chorara os três primeiros meses e quase desistiu do emprego várias vezes.

Aí estava algo que Cora nunca imaginara.

-A Toni não gosta muito de pessoas novas. –Pepper explicou –Mas quando você prova seu valor, ela é capaz de tudo por você. Eu ainda acho que você tem grandes chances de sucesso se ficar conosco. Mas, obviamente, eu não vou te obrigar.

Cora resolveu tentar mais um pouco.

Toni foi cedendo cada vez mais espaço para ela e, quando se deu conta, seu trabalho ficara mais fácil. Não muito, porque ainda tinha Toni lá e tal, mas bem mais simples.

E, claro, havia o doutor Banner.

Não tinha certeza de quando tinha começado a reparar nele. Não que fosse difícil, porque se Toni era a tempestade, Bruce era a calmaria. Tudo com ele era fácil. O homem era um pouco desorganizado e esquecia coisas tipo comer e dormir, mas era uma boa pessoa. E era uma gracinha.

Foi assim que se viu interessada no cientista.

Também achava que não tinha chance nenhuma. Bruce era extremamente fechado e Cora não era exatamente uma femme fatale.

Mas quanto mais tempo passava, quanto mais firme os relacionamentos entre os próprios Vingadores ficavam, mais Bruce se abria com as outras pessoas. Então ela começou a ter um pouco mais de esperança.

Aliás, tudo parecia estar dando muito certo, principalmente depois da massagem no ombro. Tinha certeza de que Bruce estava se abrindo mais com ela e talvez...

Mas agora, parada do lado de fora da sala, vendo Toni e Bruce tão próximos e abraçados... Já não sabia mais.

Talvez estivesse sendo ridícula. Nunca tinha tido a impressão de que Toni queria Bruce desse jeito, ou vice-versa. Na verdade, tinha quase certeza de que Toni queria o Capitão, mas vai saber?

Cora tinha a impressão de que Toni sempre conseguia quem queria. E, se fosse o caso, que chance ela teria?

XxX

Toni encontrou Darcy na cozinha comunal, sentada perto do balcão com fones enormes e coloridos na orelha, mexendo num laptop. E ela estava usando regata, de novo.

Toni aproximou-se e cutucou Darcy no ombro. A garota virou-se para ela, então tirou os fones.

-Olha quem voltou... –ela sorriu –Fala, Toni.

-Oi, Lewis. Eu posso deduzir, pela regata, que seu plano pra re-seduzir o cérebro de passarinho ainda não deu certo?

Darcy suspirou.

-É. Eu to quase desistindo, pra ser bem sincera. –admitiu –E eu não posso continuar vestida assim pra sempre. O pobre Steve mal consegue falar comigo.

Toni revirou os olhos.

-Normalmente eu não dou conselho amoroso, porque... Bom. –ela limpou a garganta –Mas eu acho que, embora a técnica dos peitos seja ótima, você poderia tentar algo diferente.

-Se você souber de alguma coisa, me avisa. –Darcy falou.

Toni abriu a boca, mas então fechou.

-Bom, vou refletir sobre isso. –prometeu –Mas seu bom gosto no sexo oposto me choca, Darcy. Eu achei que você era do tipo que saía com os piores caras possíveis. Ele parece ser um cara decente.

-Por favor, não me diga que você transou com ele. –Darcy implorou -Não sei se minha auto estima sobrevive a isso.

-Eu nunca transei com o passarinho. –Toni informou -Só com a Nat.

O queixo de Darcy caiu.

-É estranho que eu ache isso quente? –perguntou preocupada.

-Nem um pouco. –Toni garantiu -Foi bem quente. Pensando bem... –ela pareceu reflexiva -Só pelos movimentos que ela sacou naquela noite eu devia ter desconfiado que ela era uma super-espiã-barra-assassina...

Darcy riu.

-Você é louca.

-Obrigada. Ah! Eu trouxe uma coisa pra você. –Toni começou a apalpar os bolsos de sua calça e jaqueta, até conseguir tirar a caixa azul de um deles –As meninas no Japão usam isso o tempo todo. Já que você tem o mal gosto de ter um iPhone eu pensei que você podia gostar.

Darcy estava com o olhar congelado na caixa.

-Swarovski? –ela falou incrédula –Você está me dando Swarovski?

-Por que? Você não gosta de cristais? –Toni perguntou confusa.

-Toni! Isso deve ter custado uma fortuna.

Toni revirou os olhos.

-Nem de longe. Agora larga a mão de ser grossa e abre meu presente.

Darcy pegou a caixa e abriu. Então começou a rir.

-Um pingente de pinguim? –ela riu –Adorei, Toni!

-Na verdade, isso é um plug. –Toni corrigiu –Não tem onde prender um pingente num iPhone. Então , você usa o plug.

Darcy revirou os olhos, mas continuou rindo. Era uma gracinha. Na ponto do plug havia uma pedra branca, então uma delicada corrente de onde o pinguim de cristal azul pendia.

-Muito obrigada. –Darcy agradeceu sincera -Por que um pinguim?

-Você não tem cara de quem gosta de gatinhos e coelhinhos. Você deve gostar daquelas bichos estranhos, tipo koala, ornitorrinco, preguiças... Mas eles só tinham pinguim.

-Sabe, Stark... Ninguem te dá o devido crédito. –Darcy observou –Todo mundo pensa em você como gênio, mas ninguém te vê como ser humano.

Toni bufou.

-Eles estão certos, Lewis. –ela avisou –Se você me ver de outra forma, cedo ou tarde vai se decepcionar. Muito.

XxX

Tinha alguma coisa acontecendo naquela Torre. Steve tinha certeza disso. Sua dúvida era o que.

Bruce tinha ido viajar para uma convenção na Coréia do Sul. Cora estava abatida e Toni tinha sumido. Na verdade, todos tinham sumido.

As coisas estavam fervendo na SHIELD e Fury estava pressionando Steve para ir para DC por uns tempos. Steve não tinha certeza de que queria ir. Fury não era confiável.

Além do mais... Tinha prometido a Toni que a SHIELD ficaria do lado de fora da Torre e, por algum motivo estranho, não queria decepciona-la agora. Tinha a impressão de que se fosse morar em DC por causa de Fury, Toni ia mata-lo.

E que estivesse preocupado com isso o irritava. Toni sumia para onde queria, por quanto tempo fosse e nem avisava ninguém! Por que ele devia se preocupar com os sentimentos dela? Toni nem devia ter sentimentos.

E toda aquela conversa de... De... Ele não ia transar com ela. No mínimo a bilionária tinha feito alguma aposta com alguém ou só estava querendo encher o saco dele.

Cansado de ficar sozinho foi buscar companhia no andar comunal da Torre. Toni estava lá, encostada contra o vidro, no escuro, tomando whisky.

Ela parecia estar a milhares de milhas dali, perdida em algum lugar do qual eles não conseguiriam tira-la.

-Toni? –chamou suavemente.

Ela virou-se para ele, surpresa que mais alguém estivesse ali.

-Ah, boa noite, Picolé. –sua atenção voltou-se para o vidro –Posso ajudar?

-Eu só queria saber se você está bem. –ele se aproximou com cuidado.

-Eu estou igual eu sempre estou. –ela respondeu dando de ombros –Quer beber comigo? –ela apontou a garrafa que estava numa mesinha ali perto.

-Seria um desperdício. –ele informou –Eu não fico bêbado. Nunca.

-Isso soa péssimo. –ela fez uma careta –As vezes não tem nada melhor do que esquecer de tudo por algumas horas, mesmo sabendo que amanhã tudo vai estar exatamente onde você deixou.

-Isso soa pessoal. –Steve observou –Qual o problema, Toni?

-Nada, eu estou sendo chata. –ela deu uma risada seca –To meio down.

-Por que o Bruce foi viajar? –ele chutou.

-Mais ou menos. –ela deu de ombros –Tem isso e tem a Pepper. E a Cora. E essa maldita SHIELD.

-Você ainda não fez as pazes com eles, eu suponho.

-Nem vou. Eu gosto da Nat, do Clint, até do Coulson, mas o Fury... –ela praticamente rosnou –Ele pode ir pro inferno.

-Ele está me pressionando para ir para DC. –Steve admitiu.

-Cretino. –Toni resmungou –Ele deve estar querendo te salvar da minha má influência. Ou ele gosta de saber que tem você na coleira.

-Eu não sou um cachorro para estar na coleira, Toni. –ele falou irritado.

-Como você acha que essas pessoas nos vêem, Steve? –ela virou-se para ele –O tal “Conselho”, que nós até hoje nem sabemos quem participa, uh? Nós somos peças, propaganda, armas. Eles não nos vêem como pessoas.

Steve suspirou com pesar. Era exatamente isso. O valor deles se resumia ao que podiam fazer pelos outros.

-As vezes eu acho que não entendo o que esse mundo virou. –seu olhar foi parar em Toni -E entendo você ainda menos. –admitiu.

Toni deu uma risada seca e virou seu copo, secando-o.

-Sabe... –ela começou, os olhos fixos na cidade -Quando eu era mais nova meu pai ficava me contando histórias sobre você, como você tinha sido um homem incrível. –ela contou -Eu não vou mentir, eu costumava ter ciúmes do jeito que ele falava de você. Só que... –mordiscou os lábios -Agora que eu te conheço... Bom, ele estava certo, você meio que é esse espécime humano incrível e perfeito. Voce é irritantemente bom.

Steve abriu a boca, mas som nenhum saiu dela. Era injusto, para qualquer criança, ser comparada a qualquer outra pessoa.

-Mas por um bom tempo eu só queria passar o tempo com ele. –Toni continuou, sem olhar para ele -Quando ele estava na oficina, mexendo em todas aquelas máquinas, eu só queria ficar ali, mas ele me falava: “Toni, você é uma menina, vá brincar com bonecas.” –ela fez uma voz afetada, como se fosse o pai -Então eu comecei a desmontar as coisas por conta, quando estava sozinha, o que era muito frequentemente.  E quando meu pai descobriu, eu finalmente ganhei um pouco do respeito dele e nós tivemos alguns bons momentos.

Toni pegou a garrafa e encheu se copo mais uma vez. Steve queria perguntar quantos ela já tinha tomado, mas que direito tinha de perguntar? Toni era adulta.

-Mas depois que ele morreu, havia a empresa para tomar conta, e mais uma vez eu tive que ouvir pessoas me dizendo: “ah, senhorita Stark, você é uma mulher, não precisa preocupar sua cabecinha com essas coisas.” Como se ser uma mulher fosse uma confirmação imediata da minha falta de capacidade administrativa. –ela explodiu -Então eu decidi mostrar a todos quão errados estavam. Eu construi uma empresa multibilionária, quase sozinha! E esse tipo de coisa sempre foi ofuscado pelas notícias de quem eu estava namorado, o que eu estava vestindo e o que eu estava fazendo. –ela parecia absolutamente furiosa com o mundo agora -Quando “descobriram” que eu era bi, uma pesquisa inteira de anos da Stark Industry foi ignorada como se não valhesse nada. Ninguém ligou para os avanços que nós estávamos fazendo. E foi aí que todo mundo resolveu me criticar por ter uma vida sexual. Mas ninguém critica Bruce Wayne ou Hugh Hefner por dormirem com qualquer uma. Eles são homens e pra eles tudo bem, mas porque eu sou uma mulher eu não posso gostar de sexo? –ela virou o copo mais uma vez -Bom, eles que se fodam. –completou -Eu faço o que eu quero.

Steve estava olhando para Toni chocado. Nunca tinha visto a mulher ser tão honesta com qualquer coisa, muito menos seus sentimentos.

-É por isso que eu sou do jeito que eu sou. –ela concluiu com uma risada seca.

-Você não tem mais nada a provar para ninguém, Toni. –ele falou –Você conquistou muito em pouco tempo.

-Para algumas pessoas eu vou ter que continuar me provando. Só por ser mulher, Steve. Olha nos meus olhos e diz que você nunca viu uma mulher ser tratada diferente, só por ser mulher.

E Steve pensou em Peggy, que era chamada de “docinho”, que muitos soldados não respeitavam, que alguns generais ignoravam, mesmo sendo uma das mulheres mais fortes e oficiais mais eficientes que já vira.

-Você tem razão. –ele cedeu –Mas o importante é você saber que para nós isso não faz diferente. Para as pessoas que realmente contam, você é Toni. E só.

Toni finalmente olhou para ele.

-Obrigada, Steve. Eu sei que eu não deixou transparecer muito, mas eu gosto de todos vocês. E eu gosto de ter vocês aqui.

Os dois ficaram se olhando em silêncio.

-Você vai pra DC? –ela quis saber.

-Eu ainda não decidi. –ele admitiu.

Toni pegou a garrafa (que já estava na metade) e colocou embaixo do braço.

-Espero que você não esteja fugindo de mim, Picolé. –ela falou enquanto saía –Porque cedo ou tarde eu vou te encurralar e a gente vai se acertar. Hasta la vista.

E justo quando Steve estava começando a acha-la um ser humano decente...


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N/A: Estamos caminhando de forma firme para "Capitão América 2: O Soldado Invernal".

Acho que vale lembrar que essa fanfic foi feita para ser puro amor, então não vamos ter grandes emoções do filme aqui... Mesmo assim, espero que vocês estejam gostando!

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B-jão