N/A: Atenção!!!! Esse capítulo contém spoilers de "Vingadores" (que eu imagino que todos vocês já tenham visto se estão lendo essa fanfic) e de "Agents of SHIELD". Só pra ficar avisado.
***
Agosto
Tudo bem, descobrir-se
apaixonada por seu chefe (que era ninja) não era motivo de pânico. Nem um
pouco. Darcy era uma adulta e podia lidar com isso.
Mais ou menos.
Logo depois de ter se dado
conta do fato, Darcy levantou da espreguiçadeira onde estivera e correu para
seu quarto. Passou trinta minutos entrando em pânico, até Jane bater na porta e
perguntar se ela estava bem. Mentiu para a amiga, dizendo que tinha bebido de
estômago vazio e passado mal. Obviamente que Jane não acreditou, porque já
tinha visto Darcy virar um garrafa de tequila a seco sem passar mal, mas o que
importava é que deixou a garota em paz.
Darcy deitou em sua cama e
refletiu por um longo tempo, então respirou fundo. Phil ia embora amanhã e daí
ela teria mais tempo para sofrer com a coisa toda. Porque era assim que ela
processava estar apaixonada: se tinha possibilidade, corria atrás, se não
tinha... Bom, era o que ia fazer: ia deitar na cama, pensar a noite toda,
entender todas as razões pelas quais não ia rolar, comer mais chocolate do que
devia e seguir em frente. A vida era feita de pequenas decepções e essa seria
apenas mais uma delas.
Agora, mais de um mês depois,
Darcy estava começando a achar que tinha um problema...
Phil tinha ficado muito mais
legal com o tempo, mais compreensivo, mais simpático... Quanto mais tempo
passavam juntos, mais ele relaxava perto de Darcy. E quanto mais ele
relaxava... Bom, por que não admitir? Mais apaixonada ela ficava.
Quando agosto começou ela
estava pronta para bater a cabeça na parede. Phil fazia parte de grande parte
dos seus pensamentos (dos puros e românticos aos totalmente inapropriados) e
não a deixava se concentrar direito.
Ela estava tão distraída que
ele percebeu. Phil perguntou se ela
estava bem, se tinha algum problema. Meu Deus, que vergonha! Como você explica
pro seu chefe que seu único problema é estar apaixonada por ele como se fosse
uma adolescente? Você não explica, é claro.
Ela deu uma desculpa sobre
problemas familiares (e nem era tão desculpa assim, Darcy só estivera evitando
pensar no casamento de Devin) e Phil não pareceu acreditar muito. Ele terminou
dizendo que se ela precisasse de algo, para não hesitar em pedir ajuda.
Nunca ia rolar.
Darcy chegou a pensar em
contar para Jane, mas depois pensou: por quê? Sua amiga não ia dizer nada que
ela já não soubesse, por mais doce e gentil que fosse. Além do mais tinha
receio que Jane sugerisse trocar de emprego.
Darcy também tinha pensado
nisso, mas descartou a ideia rapidamente. Não ia trocar de emprego, gostava
muito do que fazia. Estava exagerando, ficando dramática. Tudo ia dar certo.
Até o karma resolver
interferir.
Darcy não tinha dormido bem
a noite passada. E não, não era porque ela ficara em casa sofrendo, pensando em
Phil e assistindo comédias românticas.
Ela tinha saído com Jane e
Pepper para uma noite das meninas. Elas foram parar numa baladinha mega
exclusiva, tomaram mais cosmopolitans do que deviam e quase vararam a noite.
Darcy estava trabalhando não só de ressaca, mas com apenas duas horas de sono.
Devia ter pensado nisso
antes de pegar uma caneca cheia de café para levar para Coulson. Estava tão
zumbi que tropeçou no ar e derrubou café no peito dele. O café super quente que
acabara de fazer.
Sua única sorte é que ele
estava sem paletó (uma coisa a menos para ela ter que repor) e não virou a
caneca toda (sobraram dois dedos de café, mas melhor que nada).
-Darcy! –ele se levantou num
pulo.
-Agente Coulson, eu sinto
muito! –ela falou mortificada –Eu tropecei e... Ai, meu Deus.
-Não tem problema. –ele
falou calmamente, como se nada tivesse acontecido –Eu sempre tenho uma troca de
roupas aqui.
Isso não surpreendia Darcy.
Ela correu para sua mesa e
pegou uma caixa de lenços, enquanto ele caminhou até uma porta, que dava para
um pequeno armário (que sabe-se lá porque estava ali) e tirou uma daquelas
sacolas que lojas caras usavam para guardar ternos. Isso também não surpreendia
Darcy.
Felizmente (ou infelizmente,
dependia do seu ponto de vista) pouco café tinha caído na mesa e no chão, então
ela conseguiu secar rapidamente. Quando Darcy levantou-se Phil estava olhando
para ela como se esperasse por algo.
-O que?
-Você não vai sair? –ele
quis saber.
-Pra que? –ela perguntou
confusa –Tira a camisa logo, me dá e eu vou tentar tirar a mancha antes que ela
seque.
Phil não parecia
confortável.
-Você poderia esperar lá
fora? –ele pediu.
Darcy arqueou a sobrancelha.
-Eu não vou te atacar,
chefe.
Era impressão dela ou Phil
estava levemente corado?
-Não é isso, Darcy... –ele
suspirou –Eu só não quero... Eu tenha essa... Eu não quero que você veja a
minha cicatriz. –admitiu por fim.
-A cicatriz da sua trombada
com o Loki? –ela finalmente entendeu.
Phil apenas fez que sim com
a cabeça.
-Chefe... –Darcy começou com
cuidado –Eu nem vou fingir que entendo pelo que você passou, porque eu não
entendo. Não consigo nem imaginar. Mas o fato de você estar aqui... Você é um
homem fantástico, um sobrevivente. Essa cicatriz só prova que, embora você não
seja invencível, você é um lutador. Não tem motivo para você sentir vergonha.
Phil ficou parado alguns
segundos, olhando para ela em silêncio. Então tirou a gravata sem falar nada e
começou a soltar os botões da camisa. Ele era eficiente na tarefa, e Darcy
tinha a impressão de que ele conseguiria vestir um terno estando no escuro e
dopado.
Ela não queria olhar, mais
para não dar a impressão errada a ele, mas não conseguiu evitar. Phil Coulson
não tinha o físico perfeito de Steve, mas dava pra ver de longe que era uma
pessoa que se mantinha em forma. Nem daria para dizer que ele tinha mais de 50.
O peito dele era... Uau. E ponto positivo: não era um urso! Tinha só um pouco
de pelo espalhado pelo torso. Não que Darcy devesse estar reparando nisso.
A última coisa que ela viu
foi a cicatriz. E não ia mentir: era uma cicatriz horrível, maior do que
esperava. Mas não fazia diferença. Aliás, talvez a fizesse gostar ainda mais
dele. Como se precisasse desse reforço...
Phil não falou nada. Apenas
estendeu a camisa na direção dela.
-Eu já volto. –Darcy sorriu
para ele, pegou a camisa e saiu da sala.
Ela respirou fundo várias
vezes no caminho até o banheiro e tentou evitar pensar (ainda mais) em Coulson.
Não deu muito certo. Pelo menos não foi patética a ponto de cheirar a camisa
dele. Sério! Ela não fez isso!
Quando voltou para a sala
dele, camisa molhada, mas limpa, em mãos, achou Coulson (mais uma vez todo
vestido) com o quadril encostado contra a mesa, como se esperasse por ela.
-Feche a porta, Darcy. –ele
pediu quando ela entrou.
Darcy fez exatamente isso,
mas ao invés de ficar parada como uma aluna esperando bronca, pegou o cabide
que estivera com o outro terno e pendurou a camisa no armário. Não podia
esquecer aquilo ali ou era capaz de mofar...
-Darcy... –Phil começou e
ela virou-se para olha-lo –Eu não sobrevivi ao encontro com o Loki.
-Eu sei. –ela falou –Você
morreu por, tipo, 40 segundos.
-Não. Eu morri por alguns
dias. –ele falou sério.
Darcy ficou tão chocada com
o que ele disse que não conseguiu nem se mexer.
-Eles mentiram para mim por
um bom tempo. –ele continuou, olhando para ela –Eu descobri sozinho o que tinha
acontecido.
-Mas... Como? –ela
finalmente conseguiu perguntar.
-Fazendo todo tipo de
experimento possível. –ele falou –Coisas que eu prefiro nem... –respirou fundo
–Chegou a tal ponto que eu comecei a implorar para morrer. Eu não queria mais
aquilo. Claro que eles apagaram essa parte da minha memória, me fizeram pensar
que eu estive de férias no Taiti. Mas quando eu lembrei de tudo o que me
fizeram, daquela vontade de sumir e acabar com tudo...
Phil não completou aquela
frase, porque Darcy avançou a passos decididos e jogou os braços em volta do
pescoço dele. Com salto ela tinha a mesma altura de Phil, deixando o abraço ainda
mais fácil.
Phil congelou sem saber como
reagir. Quase por reflexo afastou as pernas, para ela poder ficar entre elas,
mais próxima, mais abraçável. Os braços dele subiram lentamente, envolveram a
cintura dela com cuidado, retribuindo o gesto.
-Nunca mais... –ela começou,
apertando-o contra si –Nunca mais você fale de “vontade de morrer”. Pode ter
sido difícil, mas você está aqui com a gente agora. Nós todos precisamos de
você, então... Por favor, não fala mais assim.
Coulson apoiou a testa no
ombro dela e apertou-a mais, como se Darcy fosse o único colete salva-vidas no
meio do oceano.
Todo mundo zoava de sua
carência de abraços. Mas Darcy sabia o quanto era bom ter alguém que te
segurasse quando parecia que você ia cair. E pelo jeito que Phil estava
segurando-a no momento ele estivera caindo por um bom tempo e precisava daquele
abraço tanto quanto ela.
Ela se afastou um pouco dele
(só o extritamente necessário para olha-lo nos olhos) e colocou as mãos no
ombro dele.
-Eu falei que eventualmente
ia rolar abraço. –provocou suavemente.
Phil riu daquele jeito tão
lindo e tão dele.
-Eu já aprendi que não devo
desafiar sua sabedoria, Darcy. –ele retribuiu.
-Que bom. Aprendeu rápido.
–ela deu um tapinha no braço dele –Você está melhor?
-Melhor? Sim. –ele respondeu
–“Bem” eu já não tenho certeza.
-Tudo bem. Eu aceito
“melhor” agora. A gente trabalha para o “bem” ser sincero. Mais pra frente.
-Parece razoável. –ele
concordou.
Os dois ainda estavam
abraçados.
-Certo. –ela falou mais para
si do que pra ele –Eu vou voltar pra minha cadeira e nada de café pelo resto do
dia.
-Você devia tomar café. –ele
comentou –Ou talvez ir pra casa dormir.
-Ah pode deixar, eu
sobrevivo até o fim do dia. –com um último tapinha do braço (quem diria que
Phil seria tão forte por baixo do terno!) ela se afastou dele –Se precisar de
mim é só chamar, Phil.
Ele abriu um sorriso.
-Então você sabe meu nome.
–ele provocou.
-Sei. Eu estava esperando a
hora de usar. –Darcy deu uma piscadela para ele –Acho que ela chegou.
Saiu do escritório ouvindo a
risada de Phil.
Estava ferrada.
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N/A: Ai está!!!
Comentem!
B-jão
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