Setembro
Darcy queria morrer agora
mesmo! Já!
Onde estava o apocalipse
zumbi quando precisava dele? Se bem que, com a sorte que tinha, ao invés de
Brad Pitt ou Norman Reedus salvando-a, ia terminar com Devin-zumbi num vestido
de noiva perseguindo-a.
Tinha que existir um jeito
de fugir! Não conseguia acreditar que estava sem opções! Pelo amor de Deus,
trabalhava numa agência que lidava com o impossível. Alguém tinha que ter uma
solução.
Ela estava ferrada. Um pouco
mais que o normal.
Darcy deixou sua testa cair
contra a mesa sem um pingo de dó. Quem sabe a batida a colocava em um coma.
Isso seria uma boa desculpa para faltar ao casamento.
A culpa era dela, isso sim.
Ficou evitando pensar no casamento, deixando pra depois e depois, como se isso
fosse fazer o evento sumir. No fim só adiou o inevitável. Sua mãe ligara ontem,
exigindo saber quando ela chegaria.
-Darcy?
A morena levantou a cabeça,
os óculos tortos em seu rosto e deu de cara com Phil olhando-a como se fosse
uma bomba relógio.
Ótimo.
-Eu esqueci seu café, chefe?
–ela perguntou, porque não queria ter essa conversa.
-Não. –Phil respondeu com
cuidado –Mas eu gostaria de falar com você na minha sala.
Darcy lançou um olhar
desconfiado a ele, mas levantou-se. Phil fez um gesto para ela ir na frente e,
quando ela entrou na sala, ouviu-o trancar a porta.
Darcy teve que parar um
minuto e pensar: estava dormindo? Porque muitos sonhos dela começavam desse
jeito e avançavam em várias direções alternativas (de “Agente Coulson é mau”,
até “senta no meu colo enquanto eu dito uma carta”).
O que? Ela era uma jovem
saudável e sexualmente ativa (Ta, não tão ativa assim nos últimos tempos).
-Sente-se, Darcy. –Phil
pediu, indicando a cadeira em frente a sua mesa.
Darcy sentou, mordiscando o
lábio inferior e perguntou-se o que tinha feito dessa vez.
-Eu sou inocente. –ela
declarou tão logo Phil tomou seu lugar do outro lado da mesa.
Phil arqueou a sobrancelha.
-Inocente de que? –ele quis
saber.
Darcy sentiu seu rosto
começar a queimar.
-Hum...Nada. O que você
queria, chefe?
Phil estreitou os olhos, mas
decidiu ignorar o deslize e focar no problema.
-O que está acontecendo,
Darcy? –ele quis saber.
-Minha irmã caçula vai casar
esse fim de semana. –Darcy admitiu num muxoxo.
-Esse fim de semana? –Phil
perguntou chocado –Por que você não pediu licença, Darcy? Eu teria te
liberado...
-Esse é o problema, chefe.
Não tem nada que eu queira mais do que NÃO comparecer a esse casamento.
Isso fez Phil parar.
-Eu acho que não entendi.
–ele falou por fim.
Darcy bufou, apoiou os
braços na mesa e deixou a testa cair sobre eles. Se tinha uma coisa que ela
queria discutir menos do que o casamento era o seu motivo para não querer ir.
Seus pais sempre a fizeram parecer dramática e egoísta quando ela falava dessas
coisas, então aprendeu a não falar.
-Darcy... –Phil tocou o
braço dela suavemente –Pode me falar. Eu não vou te julgar.
E o pior era que ela
acreditava nele. E queria falar com ele.
-A Devin é minha irmã
caçula. –ela começou com cuidado, sem levantar a cabeça –Fora ela tem o Dylan,
o meu irmão mais velho.
Phil sorriu diante dos
nomes.
-Meus pais tem uma coisa por
nomes que são unissex e com D. –ela comentou revirando os olhos –Eles são pais
normais, eu acho, sempre se dedicaram para dar tudo o que a gente precisava.
Meu pai trabalhava muito, mas sempre deu um jeito de arrumar tempo pra gente e
minha mãe é dona de casa.
Darcy parou e tentou
organizar seus pensamentos. Então levantou um pouco a cabeça, apoiando o queixo
nos braços.
-Meu pai é um advogado bem
sucedido, sócio num escritório bom da Filadélfia. Eles não são cheios da nota,
mas vivem muito bem. Minha mãe foi criada para ser o que é, e aparentemente
adora. Quando eu vejo os dois juntos eu penso naqueles seriados de antigamente,
minha mãe segurando uma torta de maçã e parece que só falta a bandeira
americana tremeluzindo no fundo, sabe?
Phil riu, porque conseguia
imaginar a cena (embora não soubesse a cara dos pais de Darcy) e era meio o que
ele pensava de Steve.
-Eles são pé no chão,
sérios, calmos... Meus irmãos são assim. Dylan virou um cirurgião cardíaco e já
está virando estrela no hospital dele, casou com uma Barbie, que ironicamente
chama Susie, e os dois são a versão jovem dos meus pais. E agora tem a Devin,
casando com um promotor fodidão. –ela bufou –Ela estava fazendo Direito, mas
agora que agarrou um marido deve largar e virar minha mãe. Eu sou a única que
não se encaixa.
Phil arqueou a sobrancelha,
mas não disse nada.
-Eu sempre fui a que falava
alto, a que não ligava de se sujar de lama. Era eu quem queria ser bailarina,
astronauta, presidente, chef de cozinha... –ela suspirou e afundou a cabeça nos
braços mais uma vez, fazendo suas palavras saírem abafadas –Eu não sou como
eles.
-Darcy, isso não é uma coisa
ruim. –Phil falou com simplicidade.
-Quando eu era criança não
era. –ela concordou, agora sentando-se reta –Acho que eles esperavam que eu
“crescesse” ou coisa assim. Mas quando ficou claro que não era uma fase, que eu
era mesmo diferente... –ela suspirou de novo –Eu queria estudar arte, viajar o
mundo com uma mochila nas costas, ver todos os países e experimentar comidas e
bebidas. Quando eu pedi pra mochilar pela Europa minha mãe ficou horrorizada.
Foi tudo ladeira abaixo daí.
-Eu tentei estudar Ciências
Políticas, porque era a única coisa que eu achei que conseguia tolerar. –ela
continuou –E eu gostei do curso, de verdade, mas eu não sou como eles. Eu não
quero um trabalho chato e repetitivo, que eu vou largar eventualmente pra ser
dona de casa. Eu gosto daqui porque nenhum dia é igual ao outro, porque vocês
não ligam pros meios, mas sim pros resultados.
-E eu achando que era pela
permissão para carregar seu taser. –Phil provocou suavemente.
Darcy sorriu bem de leve,
nem de longe um sorriso normal para ela.
-Eu nunca me dei bem com a
Devin. Ela se sente a filha preferida, com suas amigas perfeitas e seu namorado
perfeito. Eu nunca liguei muito porque ela é fútil e vazia, eu não quero ser
como ela. –Darcy suspirou –Mas não vou negar que me deixa bem chateada ver que
ela está certa, que meus pais preferem ela, no mínimo porque conseguem se
entender com ela e não comigo. Ela nem me chamou para ser madrinha dela, porque
eu sou morena e vou destoar de todas elas que são loiras. –ela repetiu com uma
careta -E minha mãe acha isso um motivo justo.
-Meu pai as vezes tenta
entender, mas ele sempre acaba frustrado comigo e vice-versa. –ela deu de
ombros –É por isso que eu não quero ir no casamento. Vai ser mais uma celebração
de como Devin é perfeita, meus pais vão me cobrar, querendo saber quando eu vou
ter um “emprego de verdade”, minha família vai querer saber da minha vida
romântica e... Sério, eu não quero ir.
Bom, Phil não sabia o que
dizer, isso era óbvio. Darcy não queria a pena dele, também não queria ouvir
que esse problema com sua família era coisa da cabeça dela. Já escutara isso
milhares de vezes e nunca serviu de consolo. Não tinha ideia do que Phil
poderia fazer, ou o que ela queria que ele fizesse, mas, por algum motivo,
sentia-se feliz por ter contado para ele.
-Não tem como escapar mesmo?
–ele perguntou de forma prática.
-Não vai valer a pena todo o
drama que vai vir depois. Minha mãe já está enchendo meu saco porque eu não fui
no almoço de 4 de julho deles. –Darcy suspirou –Eu não devia ter ficado
empurrando isso pra depois. Eu já inventei uma desculpa para não passar o fim
de semana. Eu vou chegar para o casamento, talvez ficar para a festa e vir
embora na mesma noite.
-Por que você não leva
alguém com você? –Phil sugeriu.
-Eu pensei nisso. –ela
admitiu –Mas eu conheço poucas pessoas aqui e não tem chance de eu levar o
Stark. Clint e Natasha estão fora numa missão, Steve também. Bruce não iria nem
que eu pagasse com uma strip-tease. Eu sei, porque eu ofereci. Eu adoro o Thor,
mas ele vai mais ajudar do que atrapalhar. Pepper vai finalmente tirar o fim de
semana de folga, eu não posso atrapalhar isso. O James nem merece ser citado
como opção. E Jane tem planos com Thor, então... Não sobra ninguém.
Phil arqueou a sobrancelha.
-Eu sou invisível? –ele
perguntou.
Darcy olhou chocada para o
seu chefe.
-Phil, eu não posso te
pedir... Você é meu chefe e... Isso não é contra alguma regra da SHIELD? –ela
concluiu por fim.
-Não é contra regra alguma.
–então ele parou e pensou –Você não vai me fazer passar por seu namorado, como
naquelas comédias românticas, né?
Isso finalmente fez Darcy
sorrir.
-Não, chefe. Você só tem que
ficar do meu lado a noite toda. –ela advertiu –Nada de aproveitar o clima de
festa pra pegar as outras madrinhas.
-Eu tenho cara de quem faz
essas coisas? –ele perguntou arqueando a sobrancelha.
-Eu nunca te vi em ação,
chefe. –ela provocou –Até onde eu sei você pode ser o James Bond da SHIELD.
Phil revirou os olhos.
-Eu não vou fingir que sou
seu namorado. –ele reforçou sério.
-Relaxa, chefe. –Darcy falou
–Nem precisa. Minha família vai tirar as próprias conclusões e nada do que a
gente diga ou faça vai convence-los do contrário.
Phil pareceu pronto para
dizer mais alguma coisa, então mudou de ideia. Darcy agradecia. Não tinha nada
que gostasse menos do que pessoas que tentavam dar opinião na vida familiar
dela sem conhece-los antes. Se depois que Phil conhecesse os Lewis, achasse que
que Darcy era dramática (nunca tinha acontecido), daí ele podia dar palpite.
Antes não.
-OK. –ele falou por fim
–Quando vamos? Aliás... Pra onde nós vamos?
XxX
Out Door Country Club, York, Pensilvânia
Darcy não acreditava no que
estava fazendo. Ou que Phil tivesse topado.
Mas lá estavam os dois a caminho
do casamento em Lola, o Corvette 1962 vermelho paixão que Coulson tinha. Ah,
Lola era conversível. Como se Darcy precisasse de ainda mais um motivo para
achar Phil o máximo.
Ela tinha quase derretido ao
sentar no banco de couro da carro. Queria fechar os olhos e fingir que os dois
estavam indo pra qualquer lugar que não fosse o casamento. Mas cedo demais eles
chegaram ao Country Club.
Claro que tudo no casamento
de Devin seria grandioso. A Lewis mais nova provavelmente desmaiaria se alguem
sugerisse algo simples na vida dela. Ja na entrada do salão onde a cerimônia se
realizaria havia vasos e mais vasos de flores, velas, cristais e, obviamente,
um foto gigante do casal.
Eca.
Darcy tinha tentado enrolar
Phil, para que os dois chegassem pouco antes da cerimônia começar (com sorte
até depois do começo), mas o pentelho fizera questão de chegar vinte minutos e
foi assim que eles deram de cara com a mãe de Darcy.
-Darcy! –Patty Lewis parecia
realmente surpresa por ver a filha –Oh graças a deus você está aqui! O que
todos iam dizer se você não viesse ao casamento da sua irmã?
Darcy achou melhor nem
responder e abraçou sua mãe. Era incrível como toda vez que via sua mãe pensava
naquele filme “Mulheres Perfeitas” e, levando em conta a história do dito filme,
era até assustador.
-Você ganhou peso, Darcy?
–sua mãe perguntou tão logo terminaram o abraço.
-Não. –Darcy respondeu
–Mesmo peso desde a última vez que nos vimos.
-Hum... Você está parecendo
mais gordinha... Devem ser os seus seios, como sempre. Cirurgia de redução
seria a melhor escolha, querida.
-Certo. –Darcy revirou os
olhos –Mãe, deixa eu te apresentar, esse é Philip Coulson, ele trabalha comigo.
Phil, essa é minha mãe, Patty Lewis.
Os olhos de Patty
voltaram-se para Phil como uma mira laser. Ela o mediu de cima a baixo em uns
dois segundos. Um sorriso ofuscante tomou conta do rosto dela.
-Senhor Coulson! Que prazer
tê-lo conosco. –ela disse –E vindo de tão longe para o casamento...
-É um prazer estar aqui.
–Phil falou com um sorriso charmoso que Darcy desconhecia e já não estava
curtindo –E, por favor, me chame de Phil.
-Só se você me chamar de
Patty, querido. –a mãe de Darcy falou, rindo como uma adolescente desmiolada.
Era isso. Tinha acontecido!
Darcy caíra num universo alternativo.
-Vocês trabalham juntos
então... –Patty estava comentando, provavelmente avaliando a (super) qualidade
do terno de Phil –Darcy nunca explicou muito bem o que ela faz...
-Nós trabalhamos para o
governo. –Phil explicou rapidamente –Com segurança para ser mais preciso. Mas é
um monte de burocracia e chatice, eu não iria querer entedia-la, Patty.
Darcy ia matar Phil! De
verdade, se sua mãe desse mais uma risadinha, ele estava morto.
-Brendon, venha aqui! –Patty
estava sinalizando para o famoso senhor Lewis –Venha conhecer o novo namorado
da Darcy!
Phil olhou em pânico para
Darcy e olhar dela só dizia “Eu avisei”.
-Mãe, o Phil não é meu
namorado. Nós só trabalhamos juntos. –Darcy falou, embora soubesse que era
inútil.
-Brendon, venha. Ela
finalmente trouxe alguém decente. –Patty continuou acenando, ignorando os dois.
Darcy até pediria desculpas
para Phil pelo constrangimento, mas no momento ele bem que merecia.
Seu pai sempre parecia um
homem tão grande... Tudo bem que Darcy não era nenhuma top model na altura, mas
seu pai sempre parecia um colosso. E um político. Darcy conseguia imagina-lo
perfeitamente em cima de um palanque beijando bebês.
-Olha minha Darcy! –Brendon
comentou exuberante, abraçando-a –Você está muito linda, querida. Ter um
trabalho sério fez maravilhas por você.
Darcy adorava o pai, mesmo
porque não tinha nada em comum com a mãe, mas ele também não sabia a hora de
parar.
Brendon também mediu Phil de
cima a baixo, mas seu olhar era diferente do de Patty. Enquanto ela estivera
buscando sinais de dinheiro, checando por alianças, o pai procurava por motivos
para desaprovar Phil. Era o passatempo preferido dele: reprovar os namorados de
Darcy.
-Brendon Lewis. –ele falou
oferecendo a mão para Phil.
O olhar dele ainda era cheio
de desconfiança, mas Coulson apertou sua mão como se nada estivesse
acontecendo.
-Philip Coulson. –o agente
se apresentou.
-Você não é velho demais
para minha filha? –Brendo perguntou direto.
-Pai! –isso era demais,
Darcy estava passada –Número um, ele não é “velho demais” e dois, nós não
estamos juntos.
-Darcy, eu estou apenas
tomando conta de você. –Brendon declarou sem um pingo de culpa –Você é muito
ingênua e não sabe escolher namorados.
O que era um absurdo! Ta que
ela ja namorara dois ou três roqueiros tatuados e mais do que alguns
perdedores, mas quem tivera um namorado com mão pesada e um viciado em jogo
fora Devin, não ela. Mas eles tinham dinheiro, então pode né?
-Eu acho melhor a gente
sentar. –ela declarou –Nos falamos depois.
Sem pensar muito Darcy
agarrou Phil pela mão e o puxou para dentro do salão onde as cadeiras estavam
arrumadas para a cerimônia.
-Eu não queria dizer “eu
avisei”, mas... Eu avisei. –ela declarou se um pingo de bom humor.
-Está tudo bem, Darcy. –Phil
falou calmo –Eu já passei por situações piores.
Darcy tinha suas dúvidas.
Os dois sentaram-se na
segunda fileira do lado da noiva. Darcy respirou fundo e pediu força aos céus.
A cerimônia nem tinha começado ainda.
Phil estava olhando em
volta, provavelmente acessando o nível de ameaça (-2), procurando todas as
saídas e pensando em rotas de fuga. Darcy aprendera que, para pessoas como ele,
isso era normal. Eles viviam olhando para trás, esperando o próximo ataque.
Ninguém devia ter que viver
assim.
OK, quem ela queria enganar?
Não queria que Phil vivesse assim, mas não era só porque estava ridiculamente
apaixonada por ele. Phil era um homem fantástico: justo, inteligente, honesto e
corajoso. Ele era uma boa pessoa e um bom chefe. Phil merecia um pouco de paz.
-Ei. –ele chamou –Você está
bem? Você parece séria.
-Eu estou bem. –Darcy
garantiu rapidamente –Eu não sou chegada em casamentos. –o que era verdade,
embora não fosse o caso.
-Por que não? –Phil
perguntou confuso.
-Eu sempre associei
casamento com perda de individualidade. –ela admtiu –E com a taxa de divórcio
hoje em dia, é até obsceno gastar essa quantia de dinheiro em um dia só.
Phil ficou olhando como se
Darcy fosse um grande mistério. Ela não sabia se isso era uma coisa boa ou não.
-Você não para de me
surpreender, Darcy. –ele comentou –Eu sempre pensei que você fosse romântica.
-São os óculos. –ela
informou –Eles me fazem parecer uma daquelas bibliotecárias tímidas, que lêem
romances picantes e esperaram o princípe encantado.
Phil explodiu em risadas.
-É. Talvez seja isso. –falou
ainda rindo.
-Se serve de consolo, eu
adoro aqueles romances picantes. –ela ofereceu.
-Eu aposto que sim. -ele
provocou.
Foi a vez de Darcy rir.
-Seus pais são... Únicos.
–Phil falou de forma neutra.
-Esse é um jeito de ver as
coisas. –ela revirou os olhos –Desculpa por tudo. Você não precisava ouvir tudo
aquilo.
-Eu estou bem mais
preocupado com você do que comigo. –ele falou sincero –Se você quiser eu
invento uma emergência e nós vamos embora.
-Não me tente. –ela
suspirou.
Phil deu um sorriso reconfortante.
Daí que ela percebeu que,
esse tempo todo, desde que fugiram dos pais dela, os dois estiveram de mãos
dadas, dedos entrelaçados. E agora o polegar dele estava fazendo círculos na
mão dela de forma acolhedora.
OH-MEU-DEUS!
O que ela devia fazer? Será
que ele percebera o que estava fazendo?
Meu Deus! Ela devia soltar a
mão dele agora. Seria estranho ficar segurando né? Mas não seria mais estranho
soltar de repente? E se ele ficasse sem graça? Mesmo porque... A mão dele era
confortável em volta da dela, com seus calos e seu calor.
Ela era uma idiota.
Felizmente nessa hora (e
Darcy nem tinha visto o tempo passar) a marcha nupcial começou a tocar , dando
a ela a desculpa perfeita para soltar da mão de Phil.
Devin estava linda. Não que
Darcy esperasse o oposto. Ela parecia extremamente satisfeita consigo mesma,
como se isso fosse uma grande realização. Na cabecinha dela devia ser mesmo.
As duas não podiam ser mais
diferentes: Devin (como a mãe delas) optara por ser loira tão logo foi permitida
usar tinta, tinha olhos castanhos como o pai delas e um corpo bem menos
“volumoso” do que o de Darcy.
Naqueles anos infernais da
adolescência, Darcy invejara o corpo da irmã mais do que qualquer outra coisa.
Hoje em dia ela agradecia todos os dias por nunca ter aceitado fazer redução,
como sua mãe sempre insistira.
A cerimônia em si passou bem
rápido. Então veio a primeira parte do jantar, as puxações de saco entre
padrinhos, noivos e sogros, fotos e finalmente a pista de dança (e o álcool!)
foi liberadada.
O pai de Darcy, junto com
seu irmão Dylan e o novo marido de Devin, tinham cercado Phil e agora ele
estava numa rodinha de homens, falando sabe-se la do que.
Enquanto isso ela tinha ido
parar numa roda com Devin, Susie, sua mãe e duas das madrinhas loiras e
desmioladas das quais ela não lembrava o nome.
Darcy ja tinha se feito de
besta quando perguntaram de seu trabalho e do seu relacionamento com Phil,
fingido interesse na lua de mel de sua irmã, escutado uma conversa muito
maldosa sobre pessoas que ela nem imaginava quem eram. Até que...
-Darcy, você precisa arrumar
um bom vestido. –sua mãe estava falando.
-Oi? Pra que? –ela perguntou
confusa.
Susie e Devin reviraram os
olhos.
-O jantar do seu irmão dia
15 de novembro. –sua mãe explicou pacientemente –É para a promoção dele no
hospital e toda a família tem que estar lá. Você pode até levar Phil. Ele te
faz parecer mais madura.
Darcy ignorou tudo isso e se
focou na boa notícia: dessa vez nem precisava inventar uma desculpa para não
ir. Ela tinha um motivo!
-Eu não posso ir. –falou sem
esconder sua satisfação com a situação -Eu vou ser madrinha em um casamento.
-Darcy, francamente. –sua
mãe bufou, enquanto Devin e Susie trocavam risinhos -Você e suas desculpas para
não participar dos eventos em família.
-Não é uma... –ela parou,
porque tinha alguém ali que teria mais credibilidade do que ela –Phil! –acenou
para ele até ele olhar em sua direção -Phil, vem aqui. –ignorou sua mãe
mandando parar -O que vai acontecer dia 15 de novembro? –perguntou tão logo ele
parou ao seu lado.
Phil pensou um segundo.
-15 de novembro é o dia do
casamento. –ele lembrou -Você vai estar lá, né? Aquilo seria insuportável sem
sua presença. –então ele pensou um pouco mais -Espera aí! Você é uma das
madrinhas! Você tem que estar lá. A Pepper ficaria muito chateada se você não
estivesse.
-Eu vou estar. –ela
assegurou antes de virar-se para sua mãe -Viu? Casamento.
-Pepper? –Susie perguntou
curiosa.
-Sim. –Phil respondeu por
ela -Pepper Potts. Ela e Tony Stark vão estar casando dia 15. Darcy é uma das
madrinhas e o vestido dela é muito bonito. Combina com a cor dos olhos dela.
–sorriu carinhosamente para Darcy.
A vontade dela foi perguntar
se ele estava bebâdo ou atuando, porque tinha alguma coisa errada nessa cena.
Pelo menos as caras de sua
mãe e irmã estavam valendo cada segundo!
-Como a...
-Darcy, vamos dançar. –Phil
declarou puxando-a para a pista de dança, antes que Susie tivesse a chance de
abrir a boca.
Quando os dois ficaram
frente a frenta na pista (de saltos Darcy tinha exatamente a mesma altura dele)
ela caiu na risada.
-Essa foi brilhante! –ela
falou em meio as risadas.
-Que bom que você achou.
–Phil falou com um pequeno sorriso –Mão esquerda no meu ombro. –ele indicou.
Darcy fez o que ele disse
automaticamente, só para então perceber que ele tinha a mão direita dela na
sua.
-A gente não pode ir embora?
–ela perguntou, tentando esconder seu nervosismo.
-Sim, mas depois dessa
música. –ele falou pousando a outra mão na cintura dela –Eu adoro essa.
Darcy decidiu prestar
atenção em qual era a tal música. E um sorriso enfeitou seu rosto.
-“The way you look tonight”? Eu devia imaginar que você preferia os clássicos. –ela comentou deixando
Phil conduzi-la.
-Eu sou meio a moda antiga.
–ele falou.
-Ninguém disse que isso não
é bom. –ela respondeu –Principalmente quando você sabe dançar desse jeito. Eu
geralmente sou desajeitada.
-Você só tem que me deixar
tomar conta de você. Daí tudo vai dar certo. –ele sorriu para ela mais uma vez
e Darcy sentiu aquele solavanco no seu estômago que era tão familiar e mesmo
assim tão novo.
Ela deixou Phil conduzi-la
calmamente pela pista, tentando esquecer por alguns minutos onde estava e com
quem realmente dançava. Segunda-feira ia chegar logo logo e ele voltaria a ser
seu chefe. E ela ia ter que fazer alguma coisa.
A música estava quase
acabando quando o telefone de Phil tocou. Os dois pararam e ele atendeu.
-Coulson. –essa era a cara
de Agente dele. Nada de brincadeiras, agora era sério –Estaremos aí em dez
minutos. –ele desligou o aparelho –Nós temos uma emergência e precisamos ir.
Agente May está pilotando o avião e virá nos buscar em 11 minutos.
-Por isso temos que estar lá
em 10, saquei. –E ela sabia que se eles atrasassem May era capaz de ir embora
sem eles –Eu vou me despedir dos meus pais.
-Eu vou com você.
Felizmente Patty e Brendon
estavam na beira da pista, tendo uma intensa conversa em cochichos, que eles
brecaram tão logo viram os dois.
-Mãe, nós temos que ir.
–Darcy falou apressada –É uma emergência de trabalho e não podemos perder o
avião. Dá um beijo na Devin por mim e fala pro Dylan que eu vou ficar devendo o
jantar.
-Foi um prazer, senhor e
senhora Lewis. –Phil falou rapidamente apertando a mão dos dois (que pareciam
congelados) –Pode deixar que eu tomo conta dela.
Patty e Brendon apenas
fizeram que sim com a cabeça, enquanto Phil e Darcy se apressavam para fora.
-Isso foi armado, né? –ela
perguntou desconfiada.
-Não. Eu admito que tinha um
acordo com a Hill para ligar e nos tirar daqui, mas pelo jeito foi
desnecessário. Doom resolveu atacar Nova York.
Ela realmente tinha o melhor
chefe do mundo.
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N/A: Comentários, se possível ;)
A loira malvada é a Devin Lewis.
B-jão