***
Rose estava perto de ter um
colapso nervoso. Sempre fora um pouco estressada demais, mas esse ano as coisas
estavam atingindo um nível ridículo. A culpa era toda dele!
Professor Black. O babaca.
Desde aquele dia o homem não
a deixara em paz. Não de forma muito óbvia, porque não era burro, mas de um
jeito sutil que as vezes a fazia pensar se estava imaginando coisas ou não.
Eram olhares, as pequenas
frases com várias interpretações, os toques aparentemente inocentes. Ontem
mesmo, durante a aula dele estavam praticando um feitiço (e era vergonhoso ela
ter que admitir que nem lembrava qual era), quando ele parou atrás dela.
Estivera nervosa e ansiosa a aula inteira, então não era surpreendente que não
conseguisse fazer nada.
-Seu movimento de mão está
errado, senhorita Weasley. –ele declarou de forma simples.
Então, no meio de todos os
alunos, ele pegou o pulso dela para mostrar o movimento. O que deveria ser algo
muito inocente, virou uma coisa totalmente diferente quando ele tocou a ponta
dos dedos na cintura dela.
-Seu movimento tem que ser
mais circular. –ele explicou, enquanto sua mão esquerda ajudava a garota a
fazer o movimento e a direita fazia círculos na sua cintura.
Rose sentiu como se seu
coração fosse pular para fora da boca. A mão na cintura estava do lado da
parede, então ninguém ia ver a não ser que ela fizesse uma cena. E vamos ser
bem honestos, ela não queria fazer uma cena. Mas claro que com a
proximidade toda ela não ia conseguir fazer feitiço nenhum.
-Você está bem, senhorita
Weasley? –Sirius perguntou, com a voz carregada de preocupação, embora a mão em
sua cintura ainda estivesse se movendo de forma nada profissional.
-Eu estou ótima, professor
Black. –ela falou por entre os dentes.
-Bom saber. –ele falou,
apertando levemente a cintura dela antes de se afastar.
Rose estava tentando
respirar fundo e se controlar quando seu olhar cruzou com o das três megeras
com quem dividia o dormitório. E elas pareciam querer mata-la. Aliás, elas e
todo o resto feminino da sala. Pronto. Agora ainda rolava um ciúme, só porque
estivera falando com o professor.
Naquela noite quando voltou
para o dormitório encontrou suas coisas todas espalhadas pelo chão. Era
infantil, mas era um troco das malditas. O que a surpreendeu foi a caixa sobre
sua cama. Uma que não tinha recado algum.
Rose sentiu-se confusa,
perguntando-se se não seria mais uma brincadeira cretina das três megeras,
então sacou sua varinha e empurrou a tampa com ela, mantendo-se afastada.
Quando nada saltou pra fora da caixa arriscou olhar o seu conteúdo. Seu queixo
foi parar no chão quando viu o que tinha dentro.
Uma camiseta do Manchester
United. Oficial. Do Peddersen. Não precisava de recado, porque sabia exatamente
de quem era aquela camiseta.
Depois de passar a noite em
claro Rose chegou a uma conclusão muito simples: essa situação estava muito
acima de sua capacidade de reação e se não arrumasse ajuda logo teria um surto.
Então tomou a decisão mais difícil de sua juventude: foi pedir ajuda a Lily.
Não que não gostasse da
prima. Sentia falta de quando Lily agia como um ser humano decente, mas ainda
tinha carinho pela ruiva. O problema eram as amigas dela. Aliás, o duro seria pedir
conselhos amorosos para sua prima, que era mais nova.
Mas tempos difíceis pedem
por decisões duras. Ou algo do tipo.
Encontrou Lily conversando
com Maxine na biblioteca e se aproximou com cuidado. A outra morena podia ser
pior quando Anellise estava por perto, mas sozinha também era osso duro de
roer.
-Lily, posso falar com você?
–pediu ao se aproximar.
As duas Damas levantaram os
olhos para ela, então pareceram ter uma conversa telepática, que terminou com
Maxine levantando-se, um sorriso maldoso no rosto. Incrivelmente a morena saiu
sem falar um “a”.
-O que foi, Rose? –Lily
perguntou, arqueando a sobrancelha daquela forma expressiva que só ela
conseguia fazer.
-Eu preciso da sua ajuda.
–Rose declarou num suspiro.
Lily analisou-a mais um
pouco antes de cruzar os braços e suspirar.
-Ok. Não me diga que você
deixou o corpo largado em algum lugar, por favor. Se alguém achar o cadáver
vamos ter problemas.
Rose ficou olhando para a
outra em choque por alguns segundos, antes de finalmente reagir.
-Corpo? Lily, não é isso!
-Se você não quer esconder
um corpo o que você quer? –ela perguntou entediada -Camisinha?
-Meu Merlin, Lily! –Rose
estourou corando -Eu to falando sério! Será que dá pra gente conversar?
-Quem disse que eu estava
brincando? –de novo a tal sobrancelha -Ok, ok. –a ruiva falou ao ver a cara da
prima -Eu vou brincar junto... No que eu posso te ajudar, prima querida?
Rose respirou fundo,
tentando pensar em como seria o melhor jeito de começar essa história.
-Eu tenho um problema com um
homem. –ela falou com cuidado e Lily fez um gesto para ela continuar -Bom,
lembra a história das férias? A de eu ter passado a noite fora e... Bom, enfim.
-Não tem como esquecer.
–Lily falou com um sorriso divertido.
-Bom, pois é... Acontece
que... –respirou fundou, não era uma covarde -O cara que me ajudou naquela
noite... –tinha que contar -É o professor Black.
Lily ficou olhando para ela
em choque.
-Sirius Black? O primo da
Anellise?
-Ele mesmo. –Rose confirmou.
-Você tem certeza?
Rose lançou um olhar a prima
que deixava claro que a pergunta era ridícula.
-E vocês não transaram?
–Lily insistiu.
-Não. Ele não quis. –admitiu
doída.
-Ok, espera. Eu acho que
você vai ter que contar essa história do começo. –Lily pediu.
Rose respirou fundo. Era o
que temia.
-Vamos para a Sala Precisa?
–pediu.
-É, boa ideia. –Lily
declarou pegando suas coisas.
Graças aos pais e tios os
jovens sabiam todos os segredos de Hogwarts: passagens, salas escondidas e
caminhos para Hogsmeade. O único ponto dolorido era o Mapa do Maroto, que todos
queriam, mas nenhum podia ter para evitar brigas. Eles brigavam pelo mapa mesmo
assim. Sorte a das meninas Roxanne era um gênio. E sorte a dos meninos Fred
também era.
As duas primas andaram em
silêncio até o sétimo andar e passaram pela parede lisa três vezes, antes de
uma porta surgir. Ao entrarem na sala depararam-se com uma sala comunal.
-Ok, senta e explica. –Lily
falou, indicando uma poltrona para a prima.
Rose respirou fundo e
começou a contar sua noite. No começo quis resumir, mas Lily queria os
detalhes. Onde encontrara Sirius? Para onde ele a levara? Estivera realmente
babada? Os dois tinham se beijado e ele tinha pulado fora?
Rose explicou tudo,
sentindo-se cada vez mais envergonhada. Duvidava que esse tipo de coisa
acontecesse com Lily, ser rejeitada do jeito que fora.
-Que imbecil! –Lily declarou
quando a história terminou –Eu não acredito que ele fez isso com você!
Rose se chocou ao ver a
prima defendendo-a de forma tão firme.
-Ah mas deixa esse cretino.
–Lily continuou esbravejando –Nós vamos dar um jeito nele, Rose. O que
aconteceu aqui em Hogwarts?
Rose explicou para Lily como
tinha dado de cara com ele na sala de aula, contou o que vinha acontecendo nos
últimos tempos, a camiseta no quarto. Ao final do relato Lily parecia
pensativa.
-Eu vou te falar, Rose...
Você conseguiu superar todas nós com essa daí. –a ruiva falou –Arrumando rolo
com um professor.
-Nem me fale. –Rose falou
suspirando –Eu nunca imaginei que sair da linha uma vez fosse me trazer tantos problemas.
Lily revirou os olhos.
-Menos drama aí, colega. Nós
vamos pensar em alguma coisa, porque ele obviamente é um babaca que está se
divertindo a suas custas e isso eu não vou deixar.
-Mas e a Anellise? Ela não
via ficar irritada se mexermos com o primo dela?
-A Anellise vai entender.
Antes de mais nada somos todas mulheres e ela estaria fazendo a mesma coisa no
seu lugar. –Lily deu de ombros.
-Interessante, mas... –Rose
engoliu em seco –Que coisa vamos fazer mesmo?
-Daí depende de você.
-Depende de mim o que?
-Do que você quer. –Lily
falou como se fosse óbvio –Você quer fazer ele pagar pelos seus pecados e comer
na sua mão, ou você quer que ele sofra na vontade?
Rose corou, o que fez Lily
abrir um sorriso maldoso.
-Eu acho que já sei o que você
quer... –provocou.
-Talvez não seja uma boa
ideia. –Rose falou por fim –As três megeras já estão fazendo da minha vida um
inferno agora, imagina se elas desconfiam de alguma coisa.
-Opa, para tudo. –Lily pediu
–Do que você está falando?
-Minhas colegas de quarto. A
Phillips, a Grouse e a Tetcher. Elas meio que fizeram do professor Black
propriedade delas na mente delas e desde que ele começou a me dar atenção elas
tem sido meio vacas.
-Essas três vagabundas
sempre foram assim? –Lily perguntou friamente.
-Desde o quarto anos elas me
tratam assim. -Rose deu de ombros –Espalhando minhas coisas pelo chão, sumindo
com meus livros, me fazendo perder hora.
-E você nunca fez nada?
–Lily perguntou inconformada.
-Fazer o que?
-Você é uma lerda, Rose. –a
ruiva suspirou -Eu cuido delas. Você pode ser uma pentelha metida a perfeita,
mas ainda é minha prima. E todos já deviam saber que ninguém mexe com nossa
família nessa escola.
Rose olhou surpresa para
Lily.
-Nossa... Isso foi quase
legal da sua parte. –ela falou admirada.
Lily bufou.
-Não espalha, eu tenho uma
reputação a zelar. Agora vamos planejar, porque
essa sempre é a parte mais divertida...
***
N/A: Ai está o post de hoje!
Lily tentando ser uma prima decente. Coitada da Rose... hahahha
A história da camiseta e tudo o que rolou entre a Rose e o Sirius vai ser contado em uma one shot chamada "Só por essa noite" que eu vou postar assim que esse capítulo terminar!
COMENTEM!
B-jão
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