segunda-feira, 18 de abril de 2016

A Senhora de Nárnia - Capítulo 21


Capítulo 21

Susan estava enfrentando dois orcs quando um exército de... Céus, o que era aquilo? Se eles fossem reforços de Sauron estavam todos perdidos!

Pareciam fantasmas e estavam varrendo o campo! Foi quando ela percebeu: eles estavam atacando os orcs.

Aragorn! Ele conseguira!

Viu Gimli a distância, mas não havia tempo para procurar os demais. A batalha ainda estava feroz ao seu redor.

-Majestade! –Reepicheep pulou em seu ombros –Eles conseguiram!

-Finalmente uma boa notícia para nós. –ela concordou, despachando mais três orcs com suas flechas.

-Mestre Gimli! –Reep chamou ao ver o anão aproximar-se –Bom ve-lo vivo.

-Eu digo o mesmo. –o anão falou animado, derrubando mais um orc com seu machado. Então algo pareceu chamar sua atenção –Elfo exibido.

Susan virou-se para ver o que ele olhava e encontrou Legolas escalando uma das criaturas. Sozinho ele derrubou o ninho sobre as costas do animal e, com repetidas flechadas, fez a criatura cair, antes de deslizar graciosamente por sua tromba e pousar no chão.

-Ainda assim, só conta como um! –Gimli protestou.

-Elfo! –Susan bradou, algo irado em sua presença.

Legolas ficou parado em choque, enquanto ela avançou até ele em passos decididos, derrubando sem hesitar ou parar os loucos que tentaram entrar em seu caminho. Quando ela finalmente alcançou-o Susan agarrou Legolas pela gola de sua camisa.

-Eu quero o que você roubou de volta. –ela declarou antes de puxa-lo mais e colar seus lábios aos dele.

Foi como se todo o barulho de batalha ao redor deles parasse de repente e sós os dois estivessem ali agora.

Então os dois se separaram e ficaram se encarando em silêncio. Sem quebrar o olhar mataram os dois orcs que vieram na direção deles.

-Agora está tudo certo? –ela desafiou, arqueando a sobrancelha.

-Acho que eu vou roubar mais um para dar sorte. –ele declarou antes de inclinar-se e beija-la rapidamente.

Legolas saiu dali antes que Susan conseguisse acerta-lo com seu arco. A Rainha respirou fundo.

-Hora de voltar a batalha. –ela declarou para ninguem em particular.

xXx

Susan viu ao longe Eowyn matar o Nazgul. Ela tinha certeza de que a mulher estaria ali, enfiada no meio da batalha. Théoden (como a maioria dos homens no poder) fora muito tolo ao achar que a mulher simplesmente voltaria para casa.

As forças deles tinham sobrepujado as forças de Mordor e a maioria dos orcs se preparava para bater em retirada, mas alguns ainda insistiam em lutar. Fora isso eles estavam decididos a destruir todos os orcs, porque se eles corressem livres, cedo ou tarde trariam mais problemas.

Susan estava enfrentando um quando olhou e viu Aragorn lutando contra outro. Ele estava saindo-se melhor, mas um segundo apareceu atrás dele, espada preparada para um golpe.

Susan empurrou o orc que a enfrentava com toda sua força.

-Aragorn! –ela gritou, mas ja tinha uma flecha voando pelo ar.

Aragorn virou ao mesmo tempo em que a flecha atingiu o orc. Ele lançou um olhar agradecido a Susan, mas de repente seus olhos se arregalaram.

O orc que Susan empurrara voltou para ataca-la. Ela mal teve tempo de levantar seu arco para bloquear o golpe quando um segundo orc apareceu, espada em mãos. Ela nunca ia conseguir defender os dois dessa forma.

Ela ouviu a voz de Aragorn gritar ao fundo, ao mesmo tempo que sentiu a lâmina afundar-se em sua barriga. Quando Boromir apareceu e matou os dois, ela ja tinha caído no chão.

-SUSAN! NÃO! –o capitão gritou, mãos indo para o ferimento, tentando estancar o sangue –Susan! –ele levou uma mão ao colar em volta do pescoço dela –Sua mágica!

-Só tinha uma gota e ele era sua. –ela sorriu suavemente, então levantou a mão e tocou o rosto dele –Acalme-se, Boromir.

-Majestade! –Reep apareceu correndo –Rainha Lucy está na cidade! –ele lembrou de repente –Ela poderá salva-la. Mas temos que leva-la antes que...

Susan sentiu sua cabeça começar a flutuar e estava ficando frio. Sabia que não eram bons sinais, mas ater-se as coisas a sua volta ficava cada vez mais díficil. Sabia que Aragorn estava ali também, mas não entendia mais que isso.

-SUSAN! –Peter chegou correndo –Precisamos leva-la até Lucy.

-Ela nunca vai conseguir chegar a tempo! –Aragorn falou frustrado.

Peter assobiou impossivelmente alto. Uma sombra passou por eles antes de um animal como eles nunca viram antes pousar bem ao lado deles.

-Sekhmet, leve Susan até Lucy imediatamente. –o Rei exigiu.

Boromir ja estava pegando Susan no colo.

-Suba, cavaleiro. –a fera praticamente rosnou para Boromir. O capitão montou no animal, segurando Susan em seus braços –Segure-se firme.

A criatura levantou vôo aparentemente sem esforço algum. O exército de fantasmas ja tinha varrido a cidade de orcs e os cavaleiros de Gondor começavam a aparecer. Boromir nem teve tempo de olhar para a destruição da cidade, antes de Sekhmet estar pousando.

Viu ao longe uma jovem de cabelos escuros, vestida em armadura dando algo para os soldados caídos no chão.

-Majestade! –Sekhmet chamou com urgência.

Lucy virou-se ao ser chamada, então seus olhos foram parar em Boromir e quem ele trazia em seus braços e se arregalaram.

-SUSAN! –gritou desesperada, correndo até a irmã.

-Ela não está abrindo os olhos. –Boromir falou em desespero, deitando-a no chão.

-Não, não, não! –Lucy abriu a boca da irmã e derrubou uma gota de sua poção ali.

-Boromir! –Faramir aproximou-se do irmão –O que...

Boromir abraçou o irmão caçula, apertando-o contra si.

-Você está vivo. –ele murmurou aliviado.

-Eu posso dizer o mesmo. –Faramir retribuiu o gesto –Essa é...

-Ela não está abrindo os olhos. –Lucy falou, lágrimas grossas escapando de seus olhos.

-É minha culpa. –Boromir falou, um peso em seu estômago –Se ela não tivesse usado o que tinha para me salvar...

-Quem ia cuidar de mim? –Susan murmorou de forma fraca, olhos ainda fechados.

-Susan! –Lucy debruçou-se sobre a irmã, abraçando-a de forma desajeitada –Louvado seja.

-Minha Rainha. –Boromir caiu de joelhos ao lado dela e pegou sua mão –Você está bem?

-Estou. –ela assegurou, finalmente abrindo seus olhos –E acho bom você parar de se culpar. Está tudo bem.

Boromir deixou um beijo reverente na mão da Rainha.

-Sim, Majestade.

Faramir estava olhando em choque para seu irmão. O jeito que Boromir estava tratando Susan não era como o de alguem que deseja uma mulher, mas sim como alguém que segue um líder.

Gondor perdera seu Regente para Mordor e estava para perder seu Capitão para Nárnia. Ele mal podia acreditar.

xXx

Lucy estava ajudando com os feridos e a ordem era levar todos os que não corriam risco imediato de morte para as Casas de Cura enquanto ela administrava sua poção primeiro para os casos graves. Pessoas não paravam de entrar na cidade e logo eles teriam que descer aos campos e ver como estava a situação la fora.

Susan, que já estava de pé e pronta para outra, estava ajudando a irmã, Faramir e Edmund a separar os casos. Era doloroso ver quantas pessoas foram perdidas, quantas vidas destruídas. Guerras eram terríveis.

Pippin tinha descido até o campo com Boromir para ver o que podia ser feito la e, logicamente, para procurar Merry.

Eles tinham improvisado um centro de atendimento no pátio da Árvore Branca, mas havia muitas pessoas ali.

Susan viu Aragorn chegar, cercado por cavaleiros de Rohan e os demais. Éomer estava carregando Éowyn nos braços, seu rosto torcido em desespero, molhado por lágrimas. O cavaleiro nem olhou para o lado, antes de carregar a irmã para ser cuidada.

-Aragorn! –Susan chamou.

O guardião seguiu a voz dela e seu rosto iluminou-se de alívio ao vê-la ali. Legolas saiu de trás dele e congelou ao ver Susan de pé.

Então o elfo caminhou na direção dela, passos decididos e Susan sentiu uma leve vontade de sair correndo, porque a expressão dele era séria como a Rainha nunca vira antes.

-Eu estou... –ela começou a dizer, apenas para ser interrompida quando ele laçou-a pela cintura.

A mão esquerda dele afundou-se no cabelo de Susan, puxando o rosto dela para o seu. Essa era a terceira vez que ele a beijava, mas isso era totalmente diferente das leves provocações de antes, da brincadeira.

Isso era sério, era um beijo com propósito, com intenção. Era a primeira vez que ela tinha o corpo colado contra o de alguem de forma tão íntima e, embora as mãos dele estivessem em lugares apropriados, havia algo totalmente excitante correndo pelo corpo dela.

Tinha a ver com o sabor dele, com o calor da pele dele, com a boca dele se abrindo contra a dela e a maciez dos cabelos dele nas mãos dela.

Susan empurrou-o gentilmente.

-Isso não está virando um hábito. -ela alertou.

Legolas abriu a boca, mas ela cobriu os lábios dele com seus dedos.

-Eu e você vamos ter uma longa conversa. –ela informou –Depois disso nós discutiremos essa história de beijos. Ainda há muito o que ser feito.

Legolas respirou fundo antes de solta-la e dar um passo para trás.

-Você tem razão. –ele assentiu por fim.

-Ótimo. –ela abriu um enorme sorriso –Aliás, meus irmãos estão logo atrás de você. Boa sorte.

Ela afastou-se rapidamente e Legolas virou-se, dando de cara com os dois Reis de Nárnia, que não pareciam nada impressionados com ele. E Reep estava ali, espada empunhada.

-Eu posso explicar. –ele falou na hora, totalmente calmo.

-Eu vou adorar ouvir você tentar. –Peter respondeu seco.

Homens têm costumes estranhos, o elfo decidiu-se.

xXx

-Aragorn. –Susan aproximou-se do homem.

Todas as pessoas que estavam em condições de se mover estavam ajudando a organizar a cidade, arrumar alimento e água, enterrar os mortos.

-Susan. –ele abraçou a rainha –Eu não tive chance de dizer mais cedo, você estava ocupada... –o sorriso dele era divertido –Mas vê-la viva é uma bênção.

Susan sentiu seu rosto corar.

-Não tem graça. –ela avisou, então seu rosto suavizou-se –Como você está?

-Exausto. Perdido. –ele admitiu –Não tenho certeza do que deveríamos fazer agora.

-O quer que tenha que ser feito, será feito por todos nós, Aragorn. –ela pegou o rosto dele entre suas mãos –Pare de tomar responsabilidade por tudo, você não está sozinho.

-Eu já devia ter aprendido a lição, hum? –ele provocou de leve.

-Sim, você devia. Essa só é a milésima vez que eu te digo isso.

Os dois compartilharam um sorriso.

-Susan! –Lucy entrou correndo no salão, seu rosto em pânico –Éowyn! Eu não sei o que ela tem, mas eu não consigo cura-la!

-O que? –Aragorn adiantou-se para a jovem Rainha.

-Ela tinha um braço quebrado, que eu ja curei, mas há uma mancha negra nele e ela continua se esvaindo. –Lucy estava quase a beira das lágrimas –Os curandeiros não sabem o que fazer!

Susan e Aragorn correram atrás dela até as Casas de Cura. Éomer estava ao lado da irmã, olhos fixos na forma dela.

Éowyn sempre foi pálida, mas agora parecia que a morte pairava sobre ela, a pele de seu braço negra.

-O que é isso? –Susan perguntou em choque.

-Sopro Negro. –Aragorn falou arregaçando as mangas –Alguem me traga Athelas! –ele gritou para os curandeiros –É comum em quem fica muito próximo de um Nâzgul. Frodo foi afetado pela mesma coisa.

-E agora? –Lucy perguntou preocupada.

-Eu posso ajuda-la. –Aragorn garantiu, molhando um pano e colocando-o contra a testa de Eowyn. Ele lançou um olhar a Susan –Tire Éomer daqui. Faça-o comer algo. Ele não saiu do lado dela para nada desde que a trouxeram.

-Deixe comigo. –a rainha falou acenando.

Ela pegou a mão de Éomer e o puxou. Por um minuto o cavaleiro a seguiu, até perceber que ela o levava para longe de sua irmã.

-Não, eu preciso ficar com Éowyn. –ele falou puxando sua mão.

-Aragorn precisa de espaço para trabalhar nela. –Susan mentiu descaradamente –E você precisa comer. –ela olhou em volta, até ver uma das curandeiras –Você poderia me trazer algo para ele comer?

A jovem de cabelos negros e olhos acinzentados acenou rapidamente com a cabeça.

-Éowyn...

-Aragorn vai ajuda-la. –Susan falou mais uma vez, empurrando-o delicadamente para sentar-se –Você não pode ajudar sua irmã ou seus homens se desabar de cansaço.

Éomer levantou-se num pulo.

-Eu exijo ficar ao lado da minha irmã! –ele bradou para ninguem em particular –Eu exijo...

-Pois eu exijo que você se cale agora mesmo! –a curandeira para quem Susan pedira a comida falou aproximando-se. O olhar dela era congelante. –Isso é um lugar de cura e as pessoas aqui precisam de silêncio para trabalhar e para se recuperarem. Você vai respeitar isso ou eu farei te jogarem para fora daqui, você sendo o temido Leão de Rohan ou não. Entedido? –ela colocou o prato na mão dele –Agora coma em silêncio até Lorde Aragorn chama-lo para ficar ao lado de sua irmã de novo.

Dito isso ela virou as costas e saiu dali.

Éomer ficou parado em choque, o prato de comida em suas mãos. Lentamente ele sentou-se e começou a comer de forma mecânica, ainda surpreso.

Susan estava tentando não rir.

-Quem é essa? –ela perguntou a Lucy.

-Princesa Lothiriel de Dol Amroth. –a jovem respondeu –Ela é irmã de Amrothos.

-O princípe que não tira os olhos de você? –Susan arqueou a sobrancelha.

Lucy corou fortemente.

-Eu não sei do que você está falando. –ela falou rapidamente, antes de sair dali também.

Susan viu Éomer observando a tal princesa.

Hum...

xXx

Susan passou as mãos pelos cabelos e respirou fundo. Estava exausta.

Passara o dia ajudando Lucy, Lothiriel e as demais pessoas na Casa de Cura. Sua irmã finalmente conseguira administrar seu remédio a todos que precisavam e a única coisa que fizera-se necessária fora terminar de arrumar a Casa. Éowyn era agora a única ocupante do lugar, porque curar-se de Sopro Negro levava tempo e cuidado. Éomer voltara a postar-se ao lado da irmã.

Susan passou a mão pelo cabelo mais uma vez, soltando-os apenas para começar a trança-los mais uma vez.

-Rainha Susan.

Susan olhou para o rapaz que vinha em sua direção. Ele era extremamente bonito, beirando no rídiculo. Não fossem as orelhas Susan ia achar que se tratava de um elfo.

-Eu sou Princípe Amrothos, de Dol Amroth. –ele curvou-se diante dela –É uma honra conhece-la.

Sim, ela sabia muito bem quem ele era, porque Edmund o apontara mais cedo e resmungara que ele não parava de olhar para Lucy. Vendo-o de perto –olhos cinzas e cabelos negros –Susan podia entender porque sua irmã não estava la muito incomodada.

-A honra é minha, Alteza. –Susan sorriu para o rapaz.

-Nós estamos muito agradecidos pela ajuda que os Narnianos trouxeram. –ele falou –Vocês têm sido faróis de esperança nesses tempos escuros.

-Eu agradeço, embora você esteja nos atribuindo demais. –ela falou graciosamente –Nós estamos apenas defendendo um mundo que também nos pertence.

Armothos sorriu para ela.

-Vamos, Princípe. –ela riu levemente –Não precisa me amolecer com elogios. O que realmente está em sua mente?

-Você me pegou. –ele deu uma risada sem graça –É que seus irmãos são assustadores e você é conhecida como a Rainha Gentil.

Susan viu-se encantada, mas resolveu guardar para si mesma.

-O que você quer saber da minha irmã caçula?

-Óbvio assim, hein? –ele não parecia envergonhado, muito pelo contrário –Eu nunca vi uma mulher como ela.

Sim, havia algo nos olhos dele que era extramente encantador.

-Se você veio pedir minha bênção, você ja tem. –Susan falou gentilmente –Se você veio pedir permissão para alguma coisa... Bom, Lucy resolve as coisas sozinha. Boa sorte. Você provavelmente vai precisar.

O sorriso de Amrothos era confiante e levemente arrogante quando ele se despediu e se foi. Susan teria pena dele se... Não, na verdade não tinha pena nenhuma dele. Ia adorar ver Lucy colocar o princípe para correr círculos.

-Se sua irmã é como você... -a voz de Legolas soou logo atrás de Susan –Eu quase tenho pena dele.

-Eu não tenho nem um pingo de pena. –ela declarou virando-se para Legolas.

-Seus irmãos exigiram saber minhas intenções. –ele arqueou uma sobrancelha –E Reep apontou aquela espada para o meu nariz o tempo todo.

-Eu também não tenho um pingo de pena de você. –ela informou.

-Eu não esperava nada diferente. –ele provocou de leve –Mas a pergunta permanece... E agora, Majestade?

-Bom, meus irmãos ja perguntaram quais suas intenções. O   que você respondeu a eles?

-Que eu não era louco de falar de você, sobre você, em um assunto tão referente a você sem a sua presença. –ele respondeu como se fosse óbvio.

-Aprendeu bem, elfo. –Susan falou com um sorriso satisfeito.

-Eu vivo para agrada-la, Majestade.

Os dois compartilharam um sorriso, até Legolas suspirar.

-Beijos em momentos de crise a parte, Susan... –ele falou sério –Como estamos?

-Bem, eu estou aqui agora e eu quero saber. Quais suas intenções? –ela cruzou os braços e levantou o queixo em desafio.

Legolas deu um passo para frente, seus olhos colados nos dela.

-Minhas intenções são: conhecer você cada vez melhor, porque eu tenho a impressão que ainda há muito a saber. –ele deu mais um passo para frente –Minhas intenções são conhecer a terra que você ama tanto e te mostrar o lugar de onde eu vim. –outro passo e poucos centímetros separavam os dois –Minhas inteções incluem ver o fim dessa guerra, porque eu quero te ver sorrindo mais. Eu quero tira-la para dançar em um salão cheio de pessoas ou sob um céu estrelado. Qualquer um dos dois é ideal para mim. –ele empurrou uma mecha de cabelo para trás da orelha dela –Eu quero ter mais chances de ouvir sua voz, nem que seja porque você está exasperada comigo. Eu quero estar mais perto de você, Susan... –ele inclinou-se na direção dela –Porque acima de tudo, eu tenho todas as intenções de te beijar agora.

-Você é mesmo muito atrevido, elfo. –Susan murmurou, a boca quase roçando na dele –E eu não disse que aceito suas intenções.

-Bem lembrado. Ela não concordou mesmo.

Susan revirou os olhos e virou o rosto o bastante para olhar para Lucy.

-Posso ajudar, Lucy? –ela perguntou.

-Não. –a jovem Rainha falou com um sorriso inocente –Eu só estava procurando minha querida irmã.

-Nós falamos de suas intenções depois, elfo. –Susan informou a Legolas –Assim eu posso te falar das minhas também.

Legolas arqueou a sobrancelha.

-E você tem intenções?

-Obviamente.

-E quando eu posso ouvi-las? –ele perguntou.

-Não vai ser agora, Princípe Encantado. –Lucy interferiu –Mas, só para você ficar sabendo, eu estou torcendo por você.

Legolas sorriu ao ver as duas irmãs se afastando, porém sua audição ainda pegou o último comentário de Lucy para Susan.

-O tal do Boromir, Reep falou de Éomer e agora o elfo, Susan? Sinceramente, você vai começar outra guerra aqui na Terra Média. Contenha-se.

O tom de Lucy não era acusatório, havia um pouco de exasperação e um pouco de divertimento, mas não foi o efeito que teve em Susan. Ela travou imediatamente.

Se Legolas tivesse que adivinhar ele diria que Susan nunca contou a irmã como as palavras dela a afetaram depois da guerra contra os Calormanos, então Lucy não sabia o que estava falando.

Bom, ele não queria ver Susan assim.

xXx

-Eu não gosto desse elfo. –foi a primeira coisa que Peter disse tão logo viu Susan.

-Que bom que não é você quem precisa gostar dele. –Susan cortou –Agora que isso está fora do caminho... –ela fez um gesto para Edmund continuar.

-Nós estamos pensando em enviar um pedido de mais tropas para Nárnia. –o irmão respondeu –Nós vamos ter um tempo agora, eu imagino e...

-Não, não teremos. –Aslan declarou entrando na sala onde os irmãos se encontravam.

-Aslan. –Peter levantou-se.

-Não haverá tempo para mandar chamar mais tropas. –Aslan falou sério –A tempestade chegou em seu ponto máximo, não há mais nada a fazer a não ser enfrenta-la.

-Mordor nos atacará logo? –Lucy quis saber.

-Não exatamente. –ele respondeu –Vocês devem ir a sala do trono. Os demais estão la para decidirem o próximo passo.

Os quatro irmãos assentiram e os dois mais novos saíram na frente, mas Peter e Susan pararam ao lado de Aslan.

-Eu odeio pedir isso de vocês, meus jovens. –Aslan suspirou.

-Não há nada errado com isso, Aslan, não é mais que bom senso. –Peeter falou sério –Não podemos todos estar na próxima batalha. Talvez não sejamos tão sortudos nela.

-Nós iremos e lutaremos. –Susan prometeu –Edmund e Lucy podem ficar para trás.

O Leão suspirou entristecido.

-É um fardo em meu coração que vocês tenham que reinar tão jovens por períodos tão difíceis. –ele falou.

-Nós não vemos assim, Aslan. –Susan falou com sinceridade –Nós estamos preparando um reino melhor, um mundo melhor para as gerações que virão, assim eles não terão que lutar como nós lutamos. Eles serão herdeiros de paz.

-Ah minha Rainha Gentil. –Aslan sorriu para ela –Que suas palavras ganhem forma e força.

-Claro que ganharão, Aslan. –Peter abriu um sorriso –Quando Susan fala, todos escutam.

-Que bom que vocês sabe.


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sábado, 9 de abril de 2016

Primeiras Impressões- Capítulo 13 / Capítulo 14



Capítulo 13

O sol mal tinha saído e eu já estava pronta para ir embora. Depois eu ia me desculpar com Charlote e explicar tudo, mas eu não posso ficar aqui, não depois de tudo o que aconteceu.

Eu preciso ir para casa, quero minhas amigas e muito sorvete.

Noite passada nem consegui dormir direito. Minha cabeça ficou girando e eu repassei mil vezes o que Darcy me disse e todo o tempo que passamos juntos.

Como eu não vi? Como nunca me toquei de que ele estava interessado em mim? Eu fiquei pensando em todas as vezes que nós nos vimos e continuava não vendo como. Ele não me tratava com tanto interesse assim.

Para ser sincera as únicas duas vezes que passaram pela minha cabeça foram no dia que eu almocei na casa Charlie porque Jane estava machucada e no dia que dançamos juntos. Não havia outro momento sequer que parecesse que..

Ta, ele me beijou. Mas aí ele disse que veio aqui atrás de mim querendo, então não conta.

E pra ser bem sincera, nada conta. Não importa se eu perdi os sinais ou não, porque... Enfim. Chega disso, eu vou embora.

Tinha ligado e pedido um táxi e recebi uma mensagem me avisando que ele ja estava chegando, então peguei minhas coisas e comecei a descer.

E o que me acontece na vida? Eu chego la embaixo, vou para porta e DARCY ESTÁ LA ESPERANDO POR MIM!

Juro por Deus, eu devo ter dançado a Macarena na frente da cruz, porque não tem outra explicação pro universo me odiar tanto.

-Lizzie. –ele falou.

Eu invejo a capacidade do Darcy de não expressar emoção nenhuma. Eu acabei com a raça dele ontem (e foi merecido!), mas quando ele me olha eu não veja nada: nem mágoa ou ressentimento, nem mesmo raiva.

Antes que eu pudesse abrir a boca ele estendeu um envelope na minha direção.

-Eu tenho dificuldades em me expressar na maior parte do tempo. –ele falou, embora não estivesse olhando para mim –Eu só peço a chance de me defender de suas acusações. Leia isso, por favor.

Eu peguei o envelope e olhei para ele.

-Ta. –eu falei.

-Desculpa se eu estraguei a festa para você. –ele falou, finalmente olhando para mim –Não era minha intenção. Boa viagem, Lizzie.

Ele foi embora e me deixou ali, olhando para o envelope. Meu celular vibrou, me lembrando que o taxi estava ali me esperando.

Eu não ia ler aquela carta. Nada que ele tivesse para falar poderia me interessar. Eu joguei o envelope dentro da bolsa. Chega disso.

Chegando no aeroporto eu tive uma má notícia: meu vôo original estava marcado para as 17 horas. Eles até podiam adiantar minha passagem para as 13! Não eram nem oito da manhã. Eu ia ter que ficar horas fazendo nada naquele aeroporto.

Eu me sentei em um café que tinha wi-fi e me preparei para passar longas horas ali. Eu estava revirando minha bolsa, procurando pelo meu carregador quando o envelope caiu dela.

Eu não vou ler.

Não me interessa.

Nada que Darcy diga pode começar a...

Merda.

OK. Eu vou ler. Não me julguem.

Cara Elizabeth,

Antes de mais nada eu quero deixar bem claro que não estou te escrevendo com a intenção de insistir ou reinforçar os meus sentimentos. Acho que será bom (para ambos) se pudermos esquecer disso o mais cedo possível.

Eu nem sei se você irá realmente ler essa carta, mas eu peço que (se você chegou até aqui) que  leia, porque eu acho que mereço a chance de me defender de suas acusações. Como eu disse, não espero sua simpatia ou que você mude de ideia ao meu respeito.

Na primeira noite em que Charles conheceu Jane ja ficou meio óbvio que ele ficara encantado com ela. Charles sempre se apaixonou fácil demais, eu mesmo vi acontecer várias vezes e perdi as contas de quantas vezes tive que vê-lo afogar as mágoas porque não deu certo.

Quanto mais tempo eles passavam juntos mais claro ficava para mim que dessa vez era diferente e que Charles podia estar gostando um pouco mais de Jane. Porém eu não via o mesmo nela, ela era atenciosa e gentil, mas não parecia particularmente interessada nele, não de verdade, não da maneira certa. Uma das coisas que me chamou muito a atenção foi o dia em que estávamos no NightCrawler e ela viu sua amiga dar em cima do Charles sem tomar atitude alguma ou sem parecer particularmente preocupada. Eu vi que o relacionamento dos dois parecia estagnado, sem estar realmente indo a lugar algum.

Então eu vi Jane andando com outro homem na rua. Os dois estavam abraçados e rindo como velhos amigos. Eu contei ao Charles e ele ficou chateado, ainda mais quando Jane deixou a festa para falar com um homem do qual ele nunca ouvira falar.

Caroline, que ja vinha tentando fazer cabeça dele contra Jane, foi quem falou para ele deixar tudo e ir embora. Eu admito que não devia te-lo encorajado a agir daquela forma, principalmente porque sabia os motivos de Caroline, mas eu achava que seria melhor para todos os envolvidos. Assim o choque da separação passaria mais rápido para todos.

Talvez eu devesse ter dito para Charles conversar com Jane, mas como não acreditava que ela realmente gostava dele, considerei uma perda de tempo e um desgaste desnecessário para ele. O que eu disse a ele exatamente nessas palavras, sabendo que minha opinião vale muito para Charles.

Sobre esse assunto, eu não tenho mais nada a dizer. O que aconteceu, aconteceu. Acabou.

Agora sobre Wickham. (Aqui Darcy começou e riscou 4 linhas) Eu poderia passar o resto da minha vida sem ouvir falar o nome dele e ainda (mais frases riscadas).

Eu não sei que história ele contou para você, mas aqui vai a verdade, que Fitz pode confirmar.

O pai dele trabalhava para o meu pai. Os dois eram bons amigos, tanto que meu pai era o padrinho de Wickham. Meu pai concordou em ajuda-lo a fazer uma boa faculdade e, embora isso não estivesse no testamento, eu pretendia cumprir a promessa. Quando chegou a época da faculdade eu me ofereci para cuidar que o pagamento fosse feito diretamente a instituição que ele escolhesse, mas Wickham disse que preferia cuidar do próprio dinheiro. Eu sabia que era uma má ideia, mas dei o dinheiro a ele de qualquer forma.

Em um ano ele tinha acabado com o dinheiro que devia durar por toda a faculdade e até mais. Ele voltou exigindo mais dinheiro e eu me recusei. Nós brigamos, ele saiu batendo a porta e eu fui ingênuo a ponto de achar que era a última vez que o veria.

Mas não foi.

O que eu estou prestes a te contar é um assunto pessoal e que ainda causa muito desconforto na minha família, mas eu confio na sua discrição.

Dois anos atrás, quando Gina entrou na faculdade, ela “topou” com Wickham. Ela lembrava vagamente dele como um amigo do irmão mais velho que era gentil com ela, então foi fácil para ele conquista-la. Ele foi atencioso, carinhoso e o namorado perfeito por alguns meses.

Eu não sabia do relacionamento porque estava nos Estados Unidos na época e ele a convenceu a esconder de mim até eu voltar. Quando eu finalmente voltei Wickham tinha uma surpresa me esperando.

Ele filmou (mais várias palavras riscadas) Gina e ele. Então ele me mandou uma parte do arquivo, exigindo dinheiro para não vazar o video. Georgina ficou destruída, quase quis parar a faculdade com medo que ele tivesse mostrado o vídeo para alguém. Eu não fui a polícia porque ela me pediu, porque tinha vergonha e sentia-se burra. Então eu paguei Wickham pelo vídeo e ele supostamente destruiu as outras cópias. Isso quase acabou com Gina.

Claro, você não precisa acreditar em mim, mas Fitz não terá problemas em confirmar tudo o que eu disse.

Eu sinceramente não sei o que dizer agora. Essa é a verdade, as coisas como elas realmente aconteceram.

(Mais linhas riscadas)

Atenciosamente,

Darcy.

Eu respirei fundo. Li de novo. E de novo. Na quarta vez um pingo caiu no papel, manchando-o um pouco. Só aí eu me toquei de que tinha começado a chorar.

Eu não tenho certeza se estava chorando por causa da Jane, da Georgiana, pelo fato de ter acreditado em Wickham tão facilmente. Não sei se estava chorando pelo Darcy, porque ele também enfrentou bastante.

Em momento nenhum passou pela minha cabeça que ele estivesse mentindo. Darcy nunca falaria algo tão pessoal (principalmente sobre a própria irmã) se não fosse verdade. O que queria dizer que Wickham não só era um mentiroso, como um ser nojento e eu era uma idiota.

Mas, apesar disso, sabe o que eu não vi? Um pedido de desculpas pelo o que ele fez com a Jane! Um tiquinho de arrependimento que fosse!

Idiota.

Eu quero ir pra casa. Eu só quero ir pra casa.

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Capítulo 14

As meninas perceberam assim que eu cheguei que algo não estava certo. Lydia me encheu para contar o que tinha acontecido, mas eu decidi esperar até Jane chegar para contar a coisa toda. Ela chegava em dois dias e eu não estava a fim de repetir essa história.

As meninas ficaram me olhando como se eu fosse louca, então ficaram preocupadas. Eu garanti que estava tudo mais ou menos bem e que queria esperar a Jane.

Jane chegou radiante da França. O projeto tinha sido um sucesso e a chefe dela queria leva-la para mais um do tipo no norte da Inglaterra até outubro.

Eu dei uma olhada para a alegria de Jane e comecei a chorar. Mary perguntou se eu estava usando drogas.

Eu não queria desanima-la, mas senti que precisava explicar tudo, contar o que acontecera, principalmente porque eu ia explodir e precisava compartilhar com alguem.

Então eu sentei as meninas e contei tudo o que aconteceu no casamento. A única coisa que ficou de fora foi tudo referente ao George. As meninas não chegaram a conhece-lo (só a Jane, e bem brevemente) e essa parte era muito pessoal para o Darcy, então eu não queria espalhar.

Mas eu falei tudo. Desde o dia que cheguei, as pistas do Fitz (que agora eu me toco estava tentando me empurrar para Darcy), até o beijo, a confissão e a carta.

Foi péssimo.

-Meu deus. –Lydia falou levando as mãos a boca –A culpa é minha.

-Não. –eu falei na hora –A culpa não é de ninguem. Darcy não tinha o direito de julgar o que estava acontecendo. Ele não nos conhecia direito. Charles levou na brincadeira e a Jane também.

-Isso é verdade. –Mary ofereceu –Se os dois principais interessados não estavam incomodados, ele não tinha que meter o bedelho.

-Aliás, isso resume o problema inteiro. –Kitty palpitou –Ele e Caroline meteram o nariz no assunto dos outros.  E Charles é um bundão que...

Mary deu uma cotovelada em Kitty e todas ficamos em silêncio. Jane ainda não tinha dito nada. Eu ia deixa-la ler minha carta mais tarde, porque eu confiava na discrição dela.

-Jane? –eu chamei com cuidado.

Ela suspirou e virou-se para todas nós.

-Eu agradeço todo o apoio que vocês me ofereceram todo esse tempo. –ela começou –E obrigada por me contar o que aconteceu, Lizzie.

-E agora? –Kitty perguntou com cuidado.

-Agora... –ela suspirou –Acabou. Eu não vou negar que adoraria falar umas verdades para Darcy e Caroline, mas além de tudo... Charles foi o que mais me decepcionou. Ele escolheu ouvir os outros, ele escolheu não falar comigo, ele escolheu sumir. Por mais que tenha sido por influência dos outros, a decisão foi dele.

Nós todas ficamos em silêncio.

-Chega de Darcy, Caroline e Charles nessa casa. –Jane declarou resolvida –Acabou.

-Super positivo e coisa e tal... –Lydia começou com cuidado –Mas agora que essa parte da conversa acabou... –ela virou-se para mim –Explica direito essa coisa com o Darcy!

Todas se viraram para mim na hora, curiosidade em seus olhos.

-Eu achei que nós não íamos falar mais deles. –tentei.

-Nós não vamos. –Jane garantiu –Assim que você explicar direitinho essa história com o Darcy.

Eu bufei levemente frustrada.

-Eu não acredito até agora. –eu falei por fim –Eu nunca achei que ele tinha interesse em mim.

As quatro trocaram olhares.

-O que? –eu perguntei confusa.

-Era meio óbvio. –Lydia falou por fim.

-Óbvio? –eu perguntei chocada.

-Ele ficava te secando o tempo todo. –ela me informou.

-E ele sempre tentava estar perto de você. –Kitty indicou.

-Ele perguntava muito de você. –Jane falou por fim –Eu o vi muito no tempo que passei na casa do Charlie e ele sempre perguntava de você.

-Por que você nunca disse nada? –eu perguntei confusa.

-Porque você não ia com a cara dele de jeito nenhum. –ela deu de ombros –E depois que o Charlie foi embora eu não achei que ele ia brotar das trevas e dizer que te amava.

-Ele não disse que me amava! –falei sentindo meu rosto queimar.

-Tanto faz. –Mary revirou os olhos –Era meio óbvio.

-Bom, obrigada por terem me avisado. –eu falei seca –Eu podia ter me preparado psicologicamente, sabia?

-Colega, você agarrou o cara. –Lydia indicou.

-Eu não tenho certeza de quem agarrou quem. –eu cruzei os braços.

-Que seja. –Mary revirou os olhos –Você não estava gritando e exigindo ser largada.

Ponto para ela.

-Olha, não faz diferença. –eu falei por fim –Ja era. Sem chance de mais nada.

Eu nunca mais ia ve-lo mesmo.

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N/A: AI ESTÁ!!
Como eu demorei bastante, eu resolvi ser legal e ja postar dois capítulos de uma vez.

Wickham merece uma morte lenta ou dolorosa! Animal.

Espero que vocês gostem. Próximo capítulo terá a participação especial de outros personagens da Austen. Espero que vocês curtam.

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B-jão