Capítulo 11
Três meses depois...
-Senhorita, eu tenho notícias urgentes. –Jarvis declarou.
-O que foi? –Toni perguntou desinteressada, enquanto soldava mais um pedaço do seu novo robô assistente inútil de laboratório.
-Diretor Fury está morto. –ele informou.
A solda caiu da mão de Toni.
-O que? –ela perguntou em choque.
-O Diretor Nicholas Fury acaba de ser declarado morto num hospital em DC. –Jarvis informou.
-Aquele filho da puta não pode estar morto. –Toni falou –Eu não acredito até eu ver o corpo.
-O Capitão Rogers e a Agente Romanoff estavam presentes quando o óbito foi declarado. –Jarvis informou –A Agente Hill ja levou o corpo para ser devidamente velado e enterrado.
Toni tentou respirar fundo.
-Onde estão os dois agora? E desde quando Natasha está em DC?
-Ja faz duas semanas. –Jarvis falou –E quanto ao paradeiro dos dois, eles estão desaparecidos. A SHIELD ordenou uma caçada ao Capitão, por suspeitarem que ele está escondendo informações sobre a morte de Fury.
-Como desaparecidos? –Toni estourou –Jarvis, você é melhor que qualquer satélite do governo. Onde estão os dois?
Uma pausa, como se Jarvis estivesse hesitando. E ele provavelmente estava.
-Eu não sei, senhorita. –ele falou por fim.
Toni tentou, de novo, respirar fundo e acalmar-se. Agir como uma mulher histérica não ia ajudar em nada. Surtar não ia ajudar em nada.
-Me ponha em contato com o Phil. –ela ordenou.
-O avião do Agente Coulson e time sumiu.
-Meu Deus, Jarvis! O que está acontecendo na SHIELD? –ela exigiu.
-Eu ainda não sei, senhorita Stark, mas eu vou descobrir. –Jarvis garantiu.
-E Clint? Onde ele está?
-Agente Barton está infiltrado na Somália, sem contato nenhum.
-Com todo respeito, foda-se a Somália. –ela explodiu –Você me traz o Clint de volta pra cá, o mais rápido possível.
-Sim, senhorita.
-Manda a Cora descer aqui agora e não deixa a Pepper ouvir do Coulson. –ela ordenou por fim –Onde está aquele maldito Picolé?
XxX
-Ta, eu tenho uma pergunta para você. –Natasha declarou –A qual você não precisa responder. Se bem que... Se você não quiser responder, ja vai ser resposta o bastante. (1)
-O que? –Steve retrucou levemente impaciente.
Tudo bem que eles estavam a caminho de Nova Jersey, preparando-se para encontrar sabe Deus o que, mas tinham mesmo que perder tempo com joguinhos?
Ainda não acreditava que a SHIELD o estava caçando! Aliás, ainda não acreditava em quão filho da puta Fury era, mesmo morto!
Toni estava certa cortando relações com todos eles.
E ele não devia estar pensando em Toni.
-Eu fui o seu primeiro beijo desde 1945? –Natasha finalmente perguntou, obviamente se divertindo com a coisa toda.
-Ruim assim? –ele retrucou, um pouco mais seco do que gostaria.
-Eu não disse isso. –mas ela nem tentou disfarçar a risada.
-Mas soa como se fosse isso.
-Não. Eu só estou me perguntando quanta prática você tem.
-Eu não preciso de prática. –ele retrucou.
-Todo mundo precisa de prática.
-Não foi meu primeiro beijo desde 1945. –ele concluiu firme, porque não queria tocar nesse assunto, nesse beijo -Eu tenho 95 anos, não estou morto.
-Ninguém especial, Capitão? –Natasha insistiu e havia algo no tom de voz, no sorriso dela... Como se ela soubesse.
Mas ninguém sabia. Porque Steve certamente não contou pra ninguém. E ele esperava que Toni também tivesse ficado quieta.
XxX
Toni viu, pelo noticiário, um helicarrier chocar-se contra o Triskelion, o prédio da SHIELD. Ouviu os repórteres especularem a participação do Capitão América no que estava acontecendo, tentando entender o que viam na tela.
Darcy estava ao seu lado, comendo suas unhas. Pepper estava do seu outro lado, lágrimas escorrendo de seus olhos, porque Phil ainda não tinha aparecido. Thor queria voar para lá agora, mas Jane estava pedindo que ele ficasse.
Clint não tinha voltado da Somália, porque a missão estava no meio e era algo que ele não queria largar. Prometeu a Toni que explicaria quando voltasse e que tinha plena fé em Natasha e Steve.
Toni já nem sabia mais o que pensar. Sua garganta queimava pela necessidade de beber. Queria se afogar no doce esquecimento que só o álcool podia trazer.
Devia ter feito isso.
Porque depois do desabamento do Triskelion a próxima coisa que lembrava era ter acordado com a tv ligada e Natasha dando algum tipo de depoimento. SHIELD tinha sido desfeita. Phil ainda estava sumido, Fury ainda estava morto.
Steve e Natasha ainda não tinham voltado para casa.
XxX
Aquele era o rosto dele. Não sabia o que estava fazendo ali, ou de onde vinha aquela foto, mas sabia que aquela face era sua.
O nome sob a foto também era desconhecido: Sargento James Buchanan Barnes.
Havia um outro nome... Bucky, ele achava que era. Aquele homem o tinha chamado por esse nome.
Mas quem era Bucky? Quem era James Barnes? Quem era o Soldado Invernal?
Não tinha mais para quem pudesse perguntar. Não tinha mais onde se apoiar.
Mas o Capitão... Talvez não devesse ir atrás desse homem. Eles tinham lutado em lados diferentes e o Soldado entendia suas ordens.
O Soldado não devia questionar nunca. Tudo o que fazia era o que lhe diziam para fazer.
Porém, o Soldado tinha falhado e o Capitão não.
O Soldado não tinha mais para onde ir. O último comandante estava morto, sua base tinha sido descoberta, seus contantos desaparecido. Não havia mais ninguém.
Imaginava que, se buscasse, iria encontrar outra base, mais HYDRA.
Ele não devia querer. O Soldado não tinha vontades, só seguia ordens.
Não queria esperar a próxima ordem. Queria respostas.
Agora... Onde ele conseguiria encontrar o Capitão?
XxX
-Pepper! Pepper!
Toni entrou correndo na sala de Pepper na Torre e deu de cara com a última pessoa que esperava ver.
-O que ela ta fazendo aqui? –perguntou apontando para Maria Hill, ao mesmo tempo que ignorava a existência dela.
-Toni, Maria vai trabalhar para nós. –Pepper falou.
-Não vai não. –Toni declarou.
-Toni... –Pepper bufou e massageou as têmporas –Ela vai sim. A SHIELD foi dissolvida, têm pessoas e agências que cortariam os braços para ter alguém do calibre da Hill em seu time.
-Então vamos ser generosos e dar ela pra um deles. –Toni declarou com um sorriso –Eu não quero uma cria do Fury dentro da minha empresa.
-Eu sou a CEO. –Pepper lembrou por entre os dentes.
-É, mas eu ainda posso mandar mais do que você imagina. –Toni cortou –Eu não confio nela.
-Eu estou sentada aqui. –Maria falou.
-Eu não ligo. –Toni rebateu –Eu não confio em você. Eu não acredito em nada que saia da sua boca.
-Você está sendo infantil. –Pepper falou, já ficando irritada.
-Não, você está sendo ingênua, Pepper. –Toni retrucou, então virou-se para Maria –Olha nos meus olhos e me diz: onde está o Fury?
-Diretor Fury está morto. –Maria falou.
-Não, ele não está! –Toni deu um tapa na mesa –Eu tenho vídeos do Triskelion e sei que ele estava lá no meio da zona toda. Então, a não ser que Nick tenha um gêmeo idêntico chamado Dick, você pode parar agora com essa palhaçada e sair do meu prédio!
Maria comprimiu os lábios, mas recusou-se a falar.
-Eu vou começar a contar, Hill. –Toni avisou –Quando eu chegar no três, eu vou mandar o Jarvis postar os vídeos de um Fury nada morto na internet. Um... Dois...
-É confidencial! –Maria falou de repente –Sim, ele está vivo. Mas isso é confidencial. –ela bufou –Só que não importa. A SHIELD que vocês conheceram acabou. Sim, ela vai ser reiniciada do zero, mas não vai ser agora, muito menos pelo Fury.
Toni arqueou a sobrancelha.
-Então por quem?
-Quem mais? –Hill rebateu –O Phil.
XxX
Natasha não era uma pessoa que gostava de pedir favores. Favores te deixavam expostos, te davam obrigações e as vezes vinham com preços altos demais.
Porém, Steve precisava de sua ajuda. As chances de ele encontrar o Soldado Invernal sozinho eram muito poucas. Então Natasha ia ajudar.
Ela ligou para a única pessoa que sabia praticamente tudo nesse mundo. E um homem com tão poucos escrúpulos, que certamente lhe daria o que queria por um favor.
-Aqui é Natasha.
-Natasha. –a voz dele, sempre tão maravilhosavemente rouca e forte, estava animada, mas a ligação estava péssima –Faz séculos que não nos vemos. Como você está? (2)
Natasha não gostava muito de rodeios, preferia ir direto aos negócios, mas ele tinha uma paixão por conversa fiada, como se gostasse de fingir que era um homem simples e não um criminoso sem consciência.
-Eu estou bem. E você? –ela respondeu com calma.
-Glorioso, minha cara. Eu estou nessa pequena vila na Turquia...
Natasha revirou os olhos, mas deixou-o contar mais uma história sobre mais algum lugar que ele estava. Normalmente a espiã não ligava de fazer social com ele (era um dos poucos homens que ela realmente apreciava e respeitava, de forma totalmente profissional), mas hoje estava com um pouco de pressa.
-Eu gostaria de pedir um favor. –ela falou quando finalmente teve a chance.
-Um favor? –ele repetiu maravilhado –O que você quiser, minha cara. Eu estou curioso, admito. Você não é do tipo que pede favores.
Não, ela não era.
-Eu estou buscando o Soldado Invernal. –ela começou, então apressou-se quando percebeu que ele pretendia corta-la –Eu sei que há uma certa cortesia profssional entre você e a agência dele, mas HYDRA está baqueada no momento e ele deve estar largado. Eu me consideraria em débito com você, se você pudesse me ajudar com isso.
Ele ficou em silêncio e Natasha podia vê-lo claramente em sua mente, mordiscando o lábio e pensando em todas as maneiras em como poderia lucrar com um acordo desse.
Esse homem era muto focado em negócios. Esse não era o tipo de oferta que deixaria passar em branco.
-O que dizem por aí é que ele também está procurando por alguém. –ele começou com calma –Coincidentemente, alguém que você conhece: o Capítão América. Mas ninguém sabe onde achar o Capitão, principalmente agora que a SHIELD caiu. Mas... Todos sabem onde achar uma certa associada dele que adora atenção. Capitão América pode não ter uma casa, mas todos sabem onde achar a Dama de Ferro.
Natasha ficou muda do outro lado da linha. Por que não tinham pensando nisso antes? Toni era um alvo antes, continuava sendo um agora!
-Aí está sua resposta, Natasha querida. –ele falou, novamente um sorriso em sua voz –Eu posso precisar de uma ajudinha em breve, então mantenha seu telefone por perto.
E lá estava ela, mais uma vez fazendo acordos com o diabo...
XxX
Toni não estava feliz com a presença de Hill ali. Sim, sabia todos os motivos pelos quais a mulher seria uma grande aliada dentro da empresa e porque Pepper queria contrata-la, só que não confiava nela.
Principalmente agora que sabia que Fury estava vivo e a solta por ai. Porém, sabia que era uma boa ideia manter a mulher por perto. Queria ficar de olho nela.
Então estava fingindo prestar atenção na conversa de Hill e Pepper quando os alarmes na Torre começaram a tocar.
-Jarvis, o que está acontecendo? –ela exigiu.
-Um homem está atacando os seguranças no térreo. –Jarvis informou –Ainda sem registro de quem seria.
Jarvis abriu a imagem das camêras de segurança do lobby de entrada, onde um homem vestido de preto estava arremessando os seguranças como se fossem batatas.
-Esse é o Soldado Invernal! –Hill declarou levantando-se.
-Que beleza. –Toni resmungou –O que ele quer, Jarvis?
-Ele está exigindo falar com você.
Hum... Ai estava algo que ela não esperava.
-Ele machucou alguém?
-Tirando alguns ferimentos leves, nada mais sério aconteceu.
-Deixe a Mark 58 pronta para ação, mas na espera. –ordenou –Eu to descendo.
-Stark, você não pode fazer isso! –Hill levantou-se e seguiu a bilionária até o elevador –Esse homem é perigoso.
-Não me enche, Hill. –ela revirou so olhos –Pepper, fica aqui que é mais seguro.
Pepper apenas fez que sim com a cabeça, mas Maria se enfiou no elevador atrás de Toni.
Quando o elevador parou no lobby Hill foi a primeira a sair, arma em mãos, mirando para a cabeça do soldado.
-Ponha as mãos para cima e ajoelhe-se no chão! –ela ordenou.
O Soldado, que estava no processo de arremassar o pobre Happy para o canto, parou e virou-se na direção das duas.
Toni tinha lido sobre o Sargento James Barnes e lido um relatório bem básico sobre o Soldado Invernal. O que via na sua frente era uma casa, um homem vazio, alguém perdido. Viu uma pessoa perigosa, que podia estar a um minuto de explodir e levar todos eles juntos.
-Não, pode parar tudo! –ordenou para Hill -Ninguém vai ajoelhar no chão. Chega dessa merda. –falou séria, porque aquela situação já tinha potencial para ficar perigosa demais, não precisava de armas para ajudar -Abaixem as armas todos vocês! –ordenou mais uma vez, porque a segunda equipe de segurança estava ali, seguindo a ideia de Hill -Agora! Abaixem a porra das armas!
Pouco a pouco todos foram obedecendo. Hill foi a última a acatar a ordem e, mesmo assim, não guardou seu revólver. O Soldado ficou imóvel durante toda a cena.
Toni respirou fundo e virou-se para ele.
-E você? O que você está fazendo aqui? –exigiu.
-Eu estou procurando por Toni Stark. –ele falou sério, com aqueles olhos mortos, rosto sem expressão.
-Você está olhando para ela, bonitão. –Toni colocou as mãos na cintura -O que você quer?
-Eu preciso achar o homem que vocês chamam de Capitão América. –ele declarou. Sua postura era rígida, como se estivesse pronto para pular e lutar ou fugir a qualquer segundo -Eu não tenho mais acesso aos dados da minha agência, nem os recursos dela. Toni Stark é a única associada dele com um endereço conhecido e fácil de localizar.
-Verdade. –Toni cedeu -O que você quer com ele?
-Eu preciso saber se o que ele me disse é verdade. Se eu realmente sou ou fui um homem chamado James Barnes, se tudo o que me disseram até hoje foi uma grande mentira. Quem eu sou, de onde eu vim? Por que ele está tão certo que me conhece?
Agora sim, parecia haver algo dentro dele. Como se o vazio tivesse sido levemente preenchido por algo. Se ele estava buscando respostas, se queria entender essas coisas, então não estava totalmente morto por dentro. Ainda havia algo remotamente humano dentro do Soldado.
A questão era saber quanto. A questão era saber se era verdadeiro e se estavam seguros perto dele.
-Ta, ta bom... OK... –Toni respirou fundo, tinha que haver alguma solução, algo que pudesse fazer -Certo, me escuta. Eu estou disposta a te ajudar. Eu quero te ajudar. –reforçou, embora nem soubesse porque -Só que eu não posso deixar você simplesmente entrar na minha Torre se você não estiver sedado.
Num segundo os olhos dele estavam brilhando em fúria e ele parecia estar a um passo de partir para o ataque de novo.
-Eu não vou ser sedado! –ele falou na hora -Eu não vou permitir que você faça experimentos comigo.
-Opa, para tudo! Não foi isso o que eu disse. –Toni falou na hora.
O que tinham feito para esse homem? Pelo que tinha passado para assumir que era para isso que Toni queria seda-lo?
-Stark, você não pode deixar... –Hill começou.
-Hill, cala a boca. –ela jogou irritada, aquela situação já era estressante o bastante -Esse prédio ainda é meu e eu faço o que eu quiser. E, só pra lembrar, você trabalha pra mim agora e tem que fazer o que eu mando. Então... Calada.
Voltou-se mais uma vez para o Soldado. Tinha que ir com calma, não podia por tudo a perder. Derrubaria ele se fosse preciso, mesmo porque não podia deixa-lo a solta por ai. Mas tudo seria mais fácil se ele aceitasse ficar sem lutar.
-Não foi o que eu disse. –ela reforçou mais uma vez -Eu não vou arriscar a vida de todas as pessoas desse prédio por sua causa. A segurança deles é minha responsabilidade, você precisa entender isso. Então eu não vou deixar você entrar aqui se não estiver tranquilizado. –tentou mostrar-se honesta, porque precisava que ele confiasse nela -Fora isso, nós vamos sim ter que te colocar em uma cela que possa te segurar até o Capitão chegar aqui. Esse é o único jeito que você vai conseguir entrar nesse prédio sem ser a força. –era um aviso sério -Eu sei que não há razão para isso, você não me conhece, mas você vai ter que confiar em mim.
Veja se essa não era uma grande ironia. Toni Stark tentando convencer alguém de que era uma pessoa confiável. Mas isso era importante. Muita coisa podia dar errado dali pra frente e machucar várias pessoas.
-Então... Por favor. –pediu aproxoimando-se lentamente, palmas da mão para cima, para mostrar que não queria machuca-lo -Por favor, me deixa te dar um tranquilizante. Por favor, não vamos brigar agora, não vamos por as pessoas aqui em risco. Por favor, confia em mim.
Chegou o mais perto que ousava e ofereceu a mão para o Soldado.
Todos pareceram segurar o folêgo ao mesmo tempo. Ele olhou da mão dela para o rosto pelo que pareceu uma eternidade.
-OK. –foi a resposta dele, depositando a mão na dela.
Toni precisava de alguma coisa pra beber.
N/A: Ai está! Amanhã ja tem mais!
Comentários, please!
(1) Ceninha roubado do filme, na cara dura! Rs
(2) Bom, essa participação especial não ficou nada clara... hahaha Para quem está se perguntando, Natasha deu uma ligadinha para um criminoso que é puro amor: Raymond "Red" Reddington, de "The Blacklist". Sim, mais um crossover louco de tudo XD
B-jão
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