Capítulo 8
-Lizzie, nós temos que ir.
–Lydia falou impaciente.
Eu olhei para o meu celular
mais uma vez. George não tinha mandado uma mensagem sequer, ou lido a que eu
mandara dez minutos antes.
Onde ele estava? Ele ja
estava quase meia hora atrasado e Lydia e Kitty estavam quicando para ir a essa
festa.
Eu bufei. Tudo bem, não
tinha outro jeito. Eu enviei uma mensagem com o endereço da festa e pedindo
para ele me encontrar la ou me ligar.
Charlie tinha reservado o
terraço de um hotel para a festinha dele. E eu estou sendo bem irônica no
“festinha”. A coisa toda tinha ficado maior do que eu esperava: havia um dj,
bar, garçons, gente de terno... Ele convidara pessoas da sua empresa, amigos,
alguns familiares. Era gente para caramba.
-Opa, champagne. –Lydia
tirou uma taça da travessa assim que entramos na festa.
-Por favor, não dê vexame.
–eu implorei –Pela Jane.
-Eu nunca dou vexame,
colega. –Lydia revirou os olhos –Cola aqui, Kitty.
Eu estava rezando para as
duas se perderem na festa e nem beirarem Charlie e Jane. Mary também sumiu do
meu lado e eu resolvi procurar um rosto conhecido.
Avistei Charlotte com
Collins. Eu odeio aquele cara, mas fui falar com minha amiga mesmo assim.
-Oi, Charlotte. Collins.
-Elizabeth! –Collins falou
animado –Estávamos falando de você agora mesmo.
-Onde está o tal George?
–Charlotte perguntou curiosa.
-Ele ainda não apareceu. –eu
bufei –E sobre o que vocês estavam falando?
-O casamento, claro.
–Collins falou como se fosse óbvio –A última prova do vestido das madrinhas
será logo. Ja comprou sua passagem para Escócia?
Ah é, tinha mais essa. Eles
iam casar na Escócia, que era o buraco de onde ele tinha saído.
-Ja sim. –eu informei –Eu
devo agradecer a Senhora De Bourgh por me deixar ficar na casa dela.
-Com certeza. –Collins falou
na hora –A casa da senhora De Bourgh é um clássico de estilo e elegância.
Alguém como você ter a honra de ficar lá é algo sem precedentes.
Resolvi sair dali antes que
eu batasse nesse animal e o mandasse a pqp.
Eu ia procurar Jane. Ela ia
me fazer mais feliz.
Eu encontrei Jane e Charlie
numa roda de pessoas que eu nunca vira na vida. Felizmente ainda não tinha
topado com Caroline e esperava continuar assim.
Mas ao me aproximar deles
algo pareceu estranho. Charlie sorriu ao me ver, mas faltava algo, faltava um
certo calor no sorriso e nos olhos dele. Jane estava linda e reluzente como
sempre, então eu acabei deixando para la.
Talvez ele tivesse tido uma
semana difícil e estava cansado. Ele tinha todo o direito.
-Ei! –Jane me abraçou –Uau,
esse vestido ficou melhor do que eu lembrava. –ela me provocou.
-É a mágica das suas
sandálias. –eu brinquei.
-Eu duvido muito. –então ela
olhou em volta –Onde está o George?
Eu bufei frustrada.
-Não sei. Ele não apareceu e
não responde minhas mensagens. –admiti –Será que aconteceu alguma coisa?
-Por que você não tenta
ligar de novo? –Jane aconselhou –Nós podemos entrar. Tem uma área um pouco mais
quieta.
-Você não se importa? –eu
perguntei aliviada.
-Não. –ela virou-se para
Bingley –Nós já voltamos, Charlie. –depositou um beijo no rosto dele e saiu
comigo.
Nós tínhamos acabado de
entrar, eu estava com o celular na mão quando alguém trombou comigo. Aliás, eu
acho que uma muralha veio contra minha pessoa. A minha sorte era que Jane
estava logo atrás de mim e me segurou, porque com aquele salto eu teria caído
fácil.
Aí eu levantei minha cabeça
e dei de cara com Darcy me olhando, celular ainda contra a orelha.
-Me liga assim que puder,
Gina. –ele falou, desligando o telefone e guardando-o –Lizzie.
-Oi, Darcy. –eu falei de
forma seca.
Se eu ja não ia com a cara
dele antes, imagina agora sabendo que ele é um maldito que destruiu a vida do
pobre George?
O olhar de Darcy caiu por
mim rapidamente, antes de voltar para o meu rosto de forma decidida. É, eu
lembrava muito bem que ele ja tinha secado minha bunda. Cara de pau.
-Você está... –ele parou
–Você... O vestido... –respirou fundo –Essas são as sandálias que você queria?
-Oi? –perguntei confusa.
-As sandálias prata da Jane,
que você pediu no dia do almoço. –ele explicou.
Eu lancei um olhar desconfiado
a Darcy. Ele estava me zoando?
-Sim, são essas. –eu
estreitei os olhso.
-Que bom que você
reservou-as. –ele falou –Elas são... Boas.
Ele está bêbado? Drogado?
Bateu a cabeça, cheirou meia?
Eu abri a boca, esperando
falar sei la o que, quando Darcy pareceu finalmente recobrar um pouco de seu
bom senso.
-Tchau. –ele falou saindo
dali quase correndo.
Eu olhei para Jane.
-Sou eu ou esse cara tem
problemas sérios?
Ela também parecia bem
confusa.
-Acho que vocês dois
realmente não deviam ficar no mesmo ambiente.
-Me fala uma coisa que eu
não sei.
XxX
Eu acabei conseguindo falar
com George. Ele me garantiu que estava para me ligar, embora eu não tenha
ficado la muito convencida. Ele deu uma desculpa de trabalho, antes de admitir
que preferia não dar de cara com Darcy. Que achara que podia, mas mudara de
ideia.
Eu até entendia o problema,
mas ele bem que podia ter me avisado antes.
Aliás, agora estava tentando
não deixar isso azedar minha noite. Tipo, eu não preciso de um homem para me
fazer ficar feliz, mas tem respeito também, né. Ele podia muito bem ter me
avisado antes que não viria.
Mas eu não queria que minha
noite fosse estragada por algo desse tipo.
Felizmente eu vi Caroline só
de longe. Lydia e Kitty estavam fazendo o máximo possível para humilhar a todas
nós jogando-se no colo de todos os homens de terno da festa e Mary estava
discutindo política (e por “discutindo” eu quero dizer batendo boca) com
algumas outras pessoas.
Jesus amado, essa noite não
conseguiria ficar pior se nós tentássemos.
E pra que eu abro minha boca
mesmo?
Eu comecei a me divertir
depois de algum tempo, larguei de ser pentelha e fui dançar com o pessoal. Nós
estávamos na pista –e nós seríamos Charlotte, Collins, eu, Jane e Bingley –
dançando e rindo. Charles até parecia estar de bem com a vida de novo.
E daí o demônio apareceu.
Aliás, demônios.
Darcy se aproximou com
Caroline. Os dois ficaram parados ali enquanto nós dançávamos e não podia ter
sido mais estranho.
E eu tinha que abrir minha
boca!
O celular de Jane começou a
tocar e ela pegou para conferir quem era.
-É o Richard. –ela gritou
para mim –Eu vou atender. Com licença.
Assim que Jane saiu da roda
a música trocou para uma balada romântica mala. Collins e Charlotte se juntaram
na hora. Caroline estava se virando para Darcy e este estava lançando um olhar
de quase pânico para Charlie. Seria trágico se não fosse tão engraçado.
Charlie, que devia ser um
mestre em salvar o amigo da irmã, puxou Caroline para perto na hora, dizendo
que queria dançar com sua irmãzinha. E isso me deixou cara a cara com Darcy.
-Lizzie. –ele falou.
-Não. –eu falei na hora.
-Você vai mesmo deixar essa
situação estranha? –ele bufou.
-Mais? –eu retruquei.
Mas ele tinha razão. Ja tava
ficando uma cena meio estranha. Se eu não dançasse com ele, eu seria a grossa
ainda por cima.
-Só pra você saber, eu só
danço se tiver espaço para Jesus. –eu informei dando minha mão para ele.
Darcy colocou a outra mão
nas minhas costas e abriu um pequeno sorriso.
-É o que eu sempre falei
para minha irmã. –ele informou.
-Georgie?
-Gina. –ele corrigiu
automaticamente.
-Eu achei que Caroline
tivesse dito “Georgie”. –falei confusa.
-Georgiana odeia ser chamada
de Georgie. –ele falou –Caroline só presta atenção nela mesma, então nunca
percebeu.
-Faz sentido. –eu cedi.
Darcy estava conduzindo com
graça. Eu devia imaginar que ele saberia dançar bem. Idiota. Depois dessa eu
acabei ficando em silêncio e ele também, mas pelo menos nosso espaço para Jesus
ainda estava la.
Eventualmente ele sentiu a necessidade
de falar de novo. Sabe Deus porque.
-Você gosta de caminhar no
Hyde Park? –ele perguntou, tentando parecer desinteressado.
Aha.
-Adoro. O lugar é calmo,
bonito... –eu falei com cuidado –Sempre bom para uma caminhada e para
conversar. Aquele dia que você e Bingley me viram eu estava tendo uma ótima
conversa.
-Wickham sempre teve o dom
com as palavras. –ele falou de forma fria –Com as pessoas ja nem tanto.
-Eu imagino que o grande
crime dele foi ter incomodado você. –eu retruquei.
Darcy abriu a boca para
retrucar quando um casal um pouco mais entusiasmado me empurrou, fazendo com
que eu me colasse em Darcy. A mão dele se ajustou automaticamente a nova
posição e eu estava tão brava que nem percebi o que estava acontecendo.(É
sério!)
-Eu ainda estou tentando
entender quem você realmente é, Darcy, mas é impossível. –eu falei frustrada
–Cada pessoa que eu conheço me fala uma coisa.
-Eu preferiria que você
formasse uma opinião só sua. –ele falou.
-Bom, talvez você não
devesse. Porque minha opinião de você nunca foi favorável. –eu retruquei.
-E o que eu fiz para merecer
essa opinião? –ele quis saber.
-Nada que te tente, Darcy?
–eu joguei.
Ele pareceu perdido por um
momento, então foi como se ele lembrasse de onde viera aquela frase.
-Eu nem lembrava que tinha
dito aquilo. –ele falou por fim.
-Eu lembro muito bem.
-Talvez eu devesse ter
ficado quieto. –ele cedeu –Minha opinião nunca mudou tão rápido antes.
E ele estava olhando no
fundo dos meus olhos quando ele disse isso. Só aí que eu percebi que nós ainda
estávamos colados e nem estávamos dançando mais.
O que ele acha que...? Ok,
sair de perto, afastar. Agora mesmo!
Mas meus pés estavam colados
ao chão e eu não conseguia me afastar, mesmo sabendo que eu devia, porque
aquele animal estava olhando nos meus olhos e estava... Sei la, eu só sei que
não consegui me afastar.
Felizmente (e eu nem
acredito que estou falando isso!) Caroline veio me salvar.
-Darcy, essa você tem que dançar comigo!
Darcy virou-se para falar
com Caroline e eu fugi dali. Sem um pingo de vergonha.
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N/A: Nooooooooooooooooossa... Agora ta ficando intenso hein!
Lizzie, vc se livrou de uma boa, acredite.
Espero que tenham gostado!
A capa da vez é nossa adorada Falsiane Caroline Bingley.
COMENTEM!
B-jão
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