Capítulo 7
Eu sou uma mulher adulta,
independente e estudada. Por isso mesmo eu sei que não há nada de errado em
achar alguém atraente. Mesmo que essa pessoa tenha uma personalidade
insuportável. Beleza é uma coisa fácil de se ver, ta ali na cara.
Ser uma boa pessoa é outra
coisa.
Mas enfim... O fato de eu
achar Darcy razoavelmente bonito não quer dizer absolutamente nada. Ja tinha
sido até previamente discutido, com a história da estrutura facial dele. Que
era sim, incrível.
E os olhos verdes com cabelo
preto eram bem marcantes.
E ele se veste muito bem.
Mas mesmo assim. Não quer
dizer nada. Ele é um babaca dos grandes.
Outra coisa que não quer
dizer nada é o fato de eu não ter mais ido visitar a Jane na casa do Bingley.
Eu não queria ficar abusando da boa vontade dele.
Além do mais eu estava
saindo com George Wickham!
Sim, senhoras e senhores, eu
estou saindo com um rapaz. Um muito bonito, educado e simpático por sinal.
George realmente me ligou,
alguns dias depois da balada e nós marcamos de nos ver. Um café virou um
jantar, que virou um cinema... Agora ja fazia duas semanas que saíamos juntos,
embora tivéssemos nos visto apenas 3 vezes.
No final do terceiro
encontro ele me deu um beijo de boa noite. Um cavalheiro o tempo todo. Eu
estava agradavelmente surpresa.
A única coisa que eu achava
meio estranha era que George ainda estava fazendo faculdade, quando era mais
velho que eu. Nada contra começar a faculdade mais tarde, mas ele não quis me
contar exatamente porque demorara tanto.
Daí eu descobri a história
toda.
Foi na quarta vez que nós
nos vimos, num domingo a tarde. Nós tínhamos tomado café e decidimos andar pelo
Hyde Park. George tinha feito uma gracinha sobre um casal jovem ter que andar
em lugar público para preservar meu bom nome e me ofereceu o braço.
Ele era fantástico.
Nós estávamos andando e
rindo quando eu ouvi alguém gritar meu nome.
Eu me virei a tempo de ver
Charlie e Darcy correndo na nossa direção. No sentido que os dois estavam
realmente correndo e devem ter me visto por acaso.
-Oi, Charlie. –eu sorri para
ele –Darcy.
Mas os olhos de Darcy não
estavam em mim, estava em George. E se olhares pudessem matar George estaria
apodrecendo ja.
-Darcy. –George falou
nervosamente
O outro nem respondeu,
apenas saiu correndo de novo, deixando Bingley para trás, inclusive.
-Eu te vejo na minha festa,
Lizzie? –ele perguntou desconcertado.
-Não perderia por nada.
–respondi sorrindo.
Charlie soltou um sorriso de
desculpas para George e correu para tentar alcançar o amigo. Eu mal esperei os
dois terem saído de vista, antes de virar-me para Geogre.
-O que foi isso? –eu
perguntei.
-Você conhece Darcy? –George
perguntou ao invés de me responder, olhando por sobre o ombro, como se
esperasse que Darcy voltasse.
-Obviamente, do mesmo jeito
que você. –cutuquei.
George bufou.
-Desculpa, Lizzie. Não
queria que você tivesse visto essa cena.
-Ei, não foi culpa sua. –eu
coloquei a mão no ombro dele –O que aconteceu entre vocês?
-Eu não quero falar disso,
você é amiga dele...
-Ah espera ai. –eu cortei na
hora –Eu não sou amiga dele não. Minha amiga namora o Bingley. Isso é tudo.
George suspirou, parecendo
relutante em falar sobre o assunto.
-Você pode me contar.
–insisti de leve.
-É uma história bem chata.
–ele falou por fim –Meu pai trabalhou por muitos anos com o pai do Darcy no
escritório da família deles. Eu e Darcy crescemos juntos, brincando e nos
metendo em várias confusões. Nós fomos crescendo e nos separando meio
naturalmente. O Darcy começou a frequentar aquelas escolas frescas e ter os
amigos de lá. O Bingley é um deles, eu imagino. Naturalmente, conhecendo
pessoas com o mesmo “sangue azul” dele, Darcy não queria mais brincar com o
filho do empregado.
Eu sabia que esse homem era
um babaca, mas isso?
-Mas o pai dele gostava
muito de mim e tinha o desejo de me ver fazer Direito, para poder trabalhar na
firma. Por acaso a firma que Darcy comanda hoje em dia.
Eu não estava gostando de
onde essa história estava indo.
-Ele prometeu meu pai que
pagaria minha faculdade e eu teria um emprego garantido na firma quando tivesse
terminado. Meu pai morreu novo e o pai do Darcy também. –George suspirou
–Obviamente, com os dois mortos Darcy não se sentiu na obrigação de honrar esse
acordo.
-Você está brincando? –eu
perguntei passada.
-Claro, era um acordo verbal
e eu não podia força-lo a nada. –George falou –Mas como meu pai tinha morrido
não havia dinheiro sobrando para muita coisa, então eu tive que que adiar a
faculdade por vários anos. –o sorriso dele continha um orgulho de si mesmo –Eu
finalmente consegui ter condições para fazer a faculdade sozinho, sem a ajuda
dele.
Eu abracei George, porque
ele precisava. Que homem maravilhoso.
-Me impressiona que você
possa falar dele sem ressentimento. –comentei apertando-o contra mim –Eu não
seria tão generosa assim. E a cara de pau dele! Te olhar como se você tivesse
chutado o cachorro dele!
-Darcy sempre foi certo de
sua superioridade. Não é tanto ele, mas um reflexo do jeito que ele foi criado.
–ele falou de forma simples.
-Sinceramente, George, você
é bom demais. Eu ainda não acredito nisso. –bufei –Eu sabia que o cara era um
babaca, mas a esse ponto!
-É passado, Lizzie. Guardar
rancor só faria mal para mim mesmo.
-Você tem razão. –eu bufei
–Mas ainda assim não é justo. -parei e pensei –Mas que droga. Eu queria que
você fosse na festa do Bingley comigo, mas agora...
-Ei, eu não vou deixar de
passar tempo com você por causa dele. –George revirou os olhos –Eu adoraria te
levar nessa festa.
Eu abri um enorme sorriso.
George era mesmo incrível.
XxX
Jane, como toda mulher
ridiculamente linda, tinha namorados ridiculamente lindos. Assim, Charlie
estava mais pra fofo com aquele sorriso e jeito doce (e eu não estou falando
que ele é feio, porque claro que não), mas ela ja namorou uns caras nível
modelo da Calvin Klein. Um deles era o irmão caçula de Charlotte.
Richard Lucas namorou Jane por
alguns meses. Charlotte é uma amiga muito querida, mas não dá para negar que
ela é absolutamente comum no quesito aparência. O que nos faz pensar que os
pais guardaram toda a boa genética deles para Richard, porque é ridículo o
quanto ele é bonito. Tipo, ridículo.
Ele também é gay. Tipo, mega
gay. Gay engajado, que luta por direitos e tudo mais. Claro, quando ele e Jane
namoraram ele não era assumido, mas foi a amizade dela que o ajudou a falar o
que realmente sentia. Os dois terminaram, mas eram grandes amigos.
Aliás Ricky era uma das
melhores companhias do mundo para compras. Então, na véspera da festa do
Charlie, era o que estávamos fazendo ele, Charlotte, Jane e eu.
-Eu não sei, Lizzie. –Jane
falou mordicando o lábio inferior –Darcy não parece ser uma pessoa desse tipo.
-Mas ele é sim cheio de
dinheiro. –Charlotte informou –E ele é sobrinho da chefe do Collins, a De Bourgh.
Aquela mulher é um terror.
-Só eu acho estranho você
chamar aquela coisa do seu noivo de Collins? –Ricky falou de trás de uma arara.
Charlotte ignorou o irmão.
-Ele sempre foi
desagradável, Jane. –eu insisti –Eu acho que isso só prova o quanto.
-Eu não acredito que Charlie
seria amigo de alguém assim. –ela falou.
Eu bufei. Obviamente eu
tinha colocado a história do George na roda, pelo menos com Jane e Charlotte.
Alguém mais tinha que saber o crápula que Darcy era.
-Lizzie, tesouro esse vai
ficar show com esse cabelo e esses olhos seus! –Richard gritou balançando um
vestido azul royal para mim.
-Eu vou experimentar.
–concordei.
Charlie tinha oferecido
convites extras para nós e eu acabei convidando a Charlotte, que ia levar
aquela coisa do Collins junto. Jane convidara Ricky, mas ele tinha um encontro
marcado para o dia e não podia ir.
Mesmo assim ele estava
empenhado em nos ajudar a fazer compras porque a noite da festa seria –de
acordo com ele –a noite de dar uma para Jane e eu.
Eu estava super nervosa com
a festa, já que ainda não tinha apresentado George as meninas. Jane o conhecia
brevemente, porque ele foi me buscar em casa um dia, mas nenhuma das outras o
vira ainda.
Para mim apresentar um cara
para as meninas era coisa séria. Primeiro porque era importante o cara que saía
gostar das minhas amigas, segundo porque se elas não gostassem dele nem
adiantava eu continuar gostando do ser.
O coitado que eu namorei no
primeiro ano de faculdade que o diga.
-Isso tem que ser um mau
entendido. –Jane insistiu.
-Eu não vejo mau entendido
nenhum. –eu falei com finalidade –George é um cara decente que teve o azar de
desagradar Darcy.
Jane ainda parecia incerta.
Eu nunca estive mais certa em toda minha vida.
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N/A: Ai ai Lizzie...
E agora, o que será que vai rolar?
Espero que tenham curtido!
COMENTEM!
B-jão
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