sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Primeiras Impressões - Capítulo 7



Capítulo 7

Eu sou uma mulher adulta, independente e estudada. Por isso mesmo eu sei que não há nada de errado em achar alguém atraente. Mesmo que essa pessoa tenha uma personalidade insuportável. Beleza é uma coisa fácil de se ver, ta ali na cara.

Ser uma boa pessoa é outra coisa.

Mas enfim... O fato de eu achar Darcy razoavelmente bonito não quer dizer absolutamente nada. Ja tinha sido até previamente discutido, com a história da estrutura facial dele. Que era sim, incrível.

E os olhos verdes com cabelo preto eram bem marcantes.

E ele se veste muito bem.

Mas mesmo assim. Não quer dizer nada. Ele é um babaca dos grandes.

Outra coisa que não quer dizer nada é o fato de eu não ter mais ido visitar a Jane na casa do Bingley. Eu não queria ficar abusando da boa vontade dele.

Além do mais eu estava saindo com George Wickham!

Sim, senhoras e senhores, eu estou saindo com um rapaz. Um muito bonito, educado e simpático por sinal.

George realmente me ligou, alguns dias depois da balada e nós marcamos de nos ver. Um café virou um jantar, que virou um cinema... Agora ja fazia duas semanas que saíamos juntos, embora tivéssemos nos visto apenas 3 vezes.

No final do terceiro encontro ele me deu um beijo de boa noite. Um cavalheiro o tempo todo. Eu estava agradavelmente surpresa.

A única coisa que eu achava meio estranha era que George ainda estava fazendo faculdade, quando era mais velho que eu. Nada contra começar a faculdade mais tarde, mas ele não quis me contar exatamente porque demorara tanto.

Daí eu descobri a história toda.

Foi na quarta vez que nós nos vimos, num domingo a tarde. Nós tínhamos tomado café e decidimos andar pelo Hyde Park. George tinha feito uma gracinha sobre um casal jovem ter que andar em lugar público para preservar meu bom nome e me ofereceu o braço.

Ele era fantástico.

Nós estávamos andando e rindo quando eu ouvi alguém gritar meu nome.

Eu me virei a tempo de ver Charlie e Darcy correndo na nossa direção. No sentido que os dois estavam realmente correndo e devem ter me visto por acaso.

-Oi, Charlie. –eu sorri para ele –Darcy.

Mas os olhos de Darcy não estavam em mim, estava em George. E se olhares pudessem matar George estaria apodrecendo ja.

-Darcy. –George falou nervosamente

O outro nem respondeu, apenas saiu correndo de novo, deixando Bingley para trás, inclusive.

-Eu te vejo na minha festa, Lizzie? –ele perguntou desconcertado.

-Não perderia por nada. –respondi sorrindo.

Charlie soltou um sorriso de desculpas para George e correu para tentar alcançar o amigo. Eu mal esperei os dois terem saído de vista, antes de virar-me para Geogre.

-O que foi isso? –eu perguntei.

-Você conhece Darcy? –George perguntou ao invés de me responder, olhando por sobre o ombro, como se esperasse que Darcy voltasse.

-Obviamente, do mesmo jeito que você. –cutuquei.

George bufou.

-Desculpa, Lizzie. Não queria que você tivesse visto essa cena.

-Ei, não foi culpa sua. –eu coloquei a mão no ombro dele –O que aconteceu entre vocês?

-Eu não quero falar disso, você é amiga dele...

-Ah espera ai. –eu cortei na hora –Eu não sou amiga dele não. Minha amiga namora o Bingley. Isso é tudo.

George suspirou, parecendo relutante em falar sobre o assunto.

-Você pode me contar. –insisti de leve.

-É uma história bem chata. –ele falou por fim –Meu pai trabalhou por muitos anos com o pai do Darcy no escritório da família deles. Eu e Darcy crescemos juntos, brincando e nos metendo em várias confusões. Nós fomos crescendo e nos separando meio naturalmente. O Darcy começou a frequentar aquelas escolas frescas e ter os amigos de lá. O Bingley é um deles, eu imagino. Naturalmente, conhecendo pessoas com o mesmo “sangue azul” dele, Darcy não queria mais brincar com o filho do empregado.

Eu sabia que esse homem era um babaca, mas isso?

-Mas o pai dele gostava muito de mim e tinha o desejo de me ver fazer Direito, para poder trabalhar na firma. Por acaso a firma que Darcy comanda hoje em dia.

Eu não estava gostando de onde essa história estava indo.

-Ele prometeu meu pai que pagaria minha faculdade e eu teria um emprego garantido na firma quando tivesse terminado. Meu pai morreu novo e o pai do Darcy também. –George suspirou –Obviamente, com os dois mortos Darcy não se sentiu na obrigação de honrar esse acordo.

-Você está brincando? –eu perguntei passada.

-Claro, era um acordo verbal e eu não podia força-lo a nada. –George falou –Mas como meu pai tinha morrido não havia dinheiro sobrando para muita coisa, então eu tive que que adiar a faculdade por vários anos. –o sorriso dele continha um orgulho de si mesmo –Eu finalmente consegui ter condições para fazer a faculdade sozinho, sem a ajuda dele.

Eu abracei George, porque ele precisava. Que homem maravilhoso.

-Me impressiona que você possa falar dele sem ressentimento. –comentei apertando-o contra mim –Eu não seria tão generosa assim. E a cara de pau dele! Te olhar como se você tivesse chutado o cachorro dele!

-Darcy sempre foi certo de sua superioridade. Não é tanto ele, mas um reflexo do jeito que ele foi criado. –ele falou de forma simples.

-Sinceramente, George, você é bom demais. Eu ainda não acredito nisso. –bufei –Eu sabia que o cara era um babaca, mas a esse ponto!

-É passado, Lizzie. Guardar rancor só faria mal para mim mesmo.

-Você tem razão. –eu bufei –Mas ainda assim não é justo. -parei e pensei –Mas que droga. Eu queria que você fosse na festa do Bingley comigo, mas agora...

-Ei, eu não vou deixar de passar tempo com você por causa dele. –George revirou os olhos –Eu adoraria te levar nessa festa.

Eu abri um enorme sorriso. George era mesmo incrível.

XxX

Jane, como toda mulher ridiculamente linda, tinha namorados ridiculamente lindos. Assim, Charlie estava mais pra fofo com aquele sorriso e jeito doce (e eu não estou falando que ele é feio, porque claro que não), mas ela ja namorou uns caras nível modelo da Calvin Klein. Um deles era o irmão caçula de Charlotte.

Richard Lucas namorou Jane por alguns meses. Charlotte é uma amiga muito querida, mas não dá para negar que ela é absolutamente comum no quesito aparência. O que nos faz pensar que os pais guardaram toda a boa genética deles para Richard, porque é ridículo o quanto ele é bonito. Tipo, ridículo.

Ele também é gay. Tipo, mega gay. Gay engajado, que luta por direitos e tudo mais. Claro, quando ele e Jane namoraram ele não era assumido, mas foi a amizade dela que o ajudou a falar o que realmente sentia. Os dois terminaram, mas eram grandes amigos.

Aliás Ricky era uma das melhores companhias do mundo para compras. Então, na véspera da festa do Charlie, era o que estávamos fazendo ele, Charlotte, Jane e eu.

-Eu não sei, Lizzie. –Jane falou mordicando o lábio inferior –Darcy não parece ser uma pessoa desse tipo.

-Mas ele é sim cheio de dinheiro. –Charlotte informou –E ele é sobrinho da chefe do Collins, a De Bourgh. Aquela mulher é um terror.

-Só eu acho estranho você chamar aquela coisa do seu noivo de Collins? –Ricky falou de trás de uma arara.

Charlotte ignorou o irmão.

-Ele sempre foi desagradável, Jane. –eu insisti –Eu acho que isso só prova o quanto.

-Eu não acredito que Charlie seria amigo de alguém assim. –ela falou.

Eu bufei. Obviamente eu tinha colocado a história do George na roda, pelo menos com Jane e Charlotte. Alguém mais tinha que saber o crápula que Darcy era.

-Lizzie, tesouro esse vai ficar show com esse cabelo e esses olhos seus! –Richard gritou balançando um vestido azul royal para mim.

-Eu vou experimentar. –concordei.

Charlie tinha oferecido convites extras para nós e eu acabei convidando a Charlotte, que ia levar aquela coisa do Collins junto. Jane convidara Ricky, mas ele tinha um encontro marcado para o dia e não podia ir.

Mesmo assim ele estava empenhado em nos ajudar a fazer compras porque a noite da festa seria –de acordo com ele –a noite de dar uma para Jane e eu.

Eu estava super nervosa com a festa, já que ainda não tinha apresentado George as meninas. Jane o conhecia brevemente, porque ele foi me buscar em casa um dia, mas nenhuma das outras o vira ainda.

Para mim apresentar um cara para as meninas era coisa séria. Primeiro porque era importante o cara que saía gostar das minhas amigas, segundo porque se elas não gostassem dele nem adiantava eu continuar gostando do ser.

O coitado que eu namorei no primeiro ano de faculdade que o diga.

-Isso tem que ser um mau entendido. –Jane insistiu.

-Eu não vejo mau entendido nenhum. –eu falei com finalidade –George é um cara decente que teve o azar de desagradar Darcy.

Jane ainda parecia incerta. Eu nunca estive mais certa em toda minha vida.


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N/A: Ai ai Lizzie...

E agora, o que será que vai rolar?

Espero que tenham curtido!

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B-jão

O Contato - Capítulo 7

Capítulo 7

Darcy não estava entendendo muito bem onde estava indo, porém, seguia as direções que Phil dava. Se o seu Terno preferido a mandava para uma loja qualquer em Londres, era para uma loja qualquer que ia.

Principalmente porque era uma loja de ternos. Ah desculpa aí, um alfaiate.

Darcy checou a informação que tinha em seu celular mais uma vez, riu de novo com os nomes e entrou.

-Posso ajudar, senhorita? –o cara atrás do balcão perguntou, super educado, provavelmente ignorando o fato de que ela não tinha cara de quem estava ali para comprar coisa alguma.

-Eu to procurando um tal de Arthur e todo o resto da mesa redonda. –ela falou com um sorriso.

A reação do homem foi bem pequena: um leve arregalar de olhos, mas para Darcy foi o bastante. Sabia que estava no lugar certo.

-Eu acho que você veio ao lugar errado, senhorita. –ele falou com calma.

-Moço, não me enrola. –ela revirou os olhos –Eu sei muito bem o que vocês aprontam por aqui. Eu vim em nome de Phil Coulson e alguma coisa a ver com oxfords, sem brogues.

Dessa vez o homem arregalou os olhos.

-Um minuto, senhorita.

Darcy apenas fez que sim com a cabeça e começou a xeretar em volta da loja até o engomadinho voltar.

-Por aqui. -ele falou assim que voltou, alguns bons minutos depois.

Darcy seguiu o homem por uma escada até entrar numa sala, onde um careca de óculos e dois adolescentes esperavam por ela.

Ela não podia deixar de reparar nos ternos lindos e perfeitos. Ia se mudar para alguma agência britânica! Também queria estar linda de terno com canetas que explodiam e o escambau! Ser americana nessas horas não tinha graça.

-O que é isso? High School Musical? –ela perguntou, olhando para os dois.

-Licença? –a garota perguntou de forma seca.

-Relaxa, Sharpay. –Darcy falou.

O moleque de terno pareceu engolir uma risada.

-Quem é você? –o careca quis saber.

-Darcy Lewis, contato da SHIELD, ao seu dispor. –ela falou acenando –Ei, meus óculos são iguais aos seus!

-Eu duvido. –o careca falou apertando a ponte do seu nariz –Você disse que conhece Coulson.

-Sim, ele é o novo diretor da SHIELD e meu chefinho querido.

-Coulson é o novo diretor da SHIELD? –o careca perguntou interessado.

-Sim, senhor. Eu vim por causa do rolo com o Valentine e seu chefe. –ela explicou –Kingsman é uma das agências que nós mais confiamos. Só que eu preciso saber quem está ocupando o lugar de Arthur agora.

-Eu estou. –o careca informou –Eu costumava ser Merlin, agora eu sou Arthur.

-Cara, pra que esses nomes? –Darcy revirou os olhos –Mas é bom saber. Hill me disse que você era de confiança.

-Hill? Maria Hill?

-A própria.

Ele limpou a garganta e olhou em volta. Era impressão dela ou ele estava corando?

-Como está a Hill? –ele perguntou por fim.

-Bem. –Darcy arqueou uma sobrancelha.

Agora até os dois outros pareciam interessados na conversa, seus olhares indo para o tal ex-Merlin, atual Arthur.

-Na SHIELD? –ele quis saber.

-Na verdade ela saiu e foi trabalhar para o Stark. –Darcy abriu um sorriso maldoso –Ta arrasando nos terninhos, Lamboutins, olhos azuis cintilantes... Ela também está solteira.

Sim, definitivamente ele estava...

-Você ta corando, Arthur? –o garoto perguntou, obviamente sem conseguir se conter.

-Não seja ridículo, Galahad. –Arthur limpou a garganta –O que você queria falar sobre a SHIELD?

-Ainda somos amigos? –Darcy ofereceu.

-Nós sempre seremos amigos da SHIELD. –Arthur falou com simplicidade.

-Ah como você é fofo! Posso tirar uma foto pra mandar pro Phil? Posso por um terno?


O tal Galahad tinha desistido de se fazer de sério e estava rolando de rir. Arthur parecia estar pedindo paciência aos céus.

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N/A: Aí está!

O capítulo de hoje trouxe o que eu considero o melhor filme de espiões que saiu esse ano "Kingsman: O Serviço Secreto" que conta com um elenco incrível que tem, entre outros, Mark Strong (o novo amor da minha vida) e Colin Firth.


Espero que vocês tenham curtido!!!

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B-jão

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A Senhora de Nárnia - Capítulo 16


Capítulo 16

Pippin não conseguira mais dormir depois que Gandalf declarara que estavam no reino de Gondor. Não tinha ideia de há quanto tempo cavalgavam, mas mal podia sentir seu traseiro.

Então se viu diante da cidade.

-Minas Tirith. Cidade dos Reis. –Gandalf declarou.

A cidade mais parecia uma fortaleza e brilhava como um diamante puro ao sol.

Gandalf apressou Scadufax, fazendo o animal correr pela cidade, gritando as pessoas para saírem de seu caminho. Minas Tirith era formada de níveis e o palácio do rei ficava no último deles.

Pippin eventualmente se viu em um pátio, todo branco como o resto da cidade, onde guardas estavam parados e uma árvore branca repousava.

-É a árvore. –Pippin falou, reconhecendo-a de sua visão –Gandalf! Gandalf.

-Sim, a Árvore Branca de Gondor. A árvore do rei. –Gandalf explicou –Lorde Denethor, entretanto, não é o rei. Ele é apenas o regente, um guardião do trono.

Gandalf parou quando eles atingiram as portas.

-Preste atenção. –pediu sério –Lorde Denethor é o pai de Boromir. Ele não precisa saber quão perto da morte seu amado filho esteve. E não mencione o Anel ou Frodo. –pareceu parar e pensar melhor –E não mencione Aragorn também. –outra pausa –Na verdade, é melhor que você não fale nada, Peregrin Tuk.

Pippin apenas fez que sim com a cabeça e juntos adentraram o salão.

A sala do trono era o único lugar que Pippin vira até então que não era completamente branco. Colunas de mármore negro se erguiam até o teto e, entre elas, estátuas brancas de reis passados estavam.

Havia um trono branco vazio e, abaixo dele, um outro trono, onde um homem estava sentado.

-Salve Denethor, filho de Ecthelion, senhor e regente de Gondor. –Gandalf falou com respeito, embora o homem não tivesse levantado sua cabeça, ou sequer parecera ouvi-lo.

Os olhos de Pippin foram atraídos para três figuras que estavam paradas no fundo da sala, dois rapazes e uma jovem. Reconheceu imediatamente Rei Edmund, que parecera também reconhece-lo. Logo, podia deduzir que aqueles eram a Rainha Lucy e o Rei Caspian.

-Eu venho com notícias nesses tempos negros. –Gandalf continuou –E conselhos.

-Talvez... –Denethor começou –Você tenha vindo para explicar isso. –ele apontou para algo do lado de seu trono.

Pippin viu, em espanto, o escudo de Boromir, rachado ao meio manchado de sangue.

-Talvez você tenha vindo para me contar que meu filho está morto. –Denethor continuou.

-Boromir não está morto. –Gandalf falou imediatamente –Eu estive com ele em Rohan há menos de uma semana.

-Mentiras! –o homem bradou levantando-se –Se eles está vivo, por que não está aqui? Se meu filho está vivo, por que seu escudo está despedaçado?

-Boromir lutou para nos salvar. –Pippin falou de repente –Aos meus amigos e a mim. Porém, eu juro, por minha honra, que ele não morreu.

A verdade era que Boromir deixara o escudo para trás quando ele e os demais partiram para buscar os hobbits. Era um peso desnecessário numa hora de pressa. Pippin não entendia como tinha ido parar ali.

Gandalf, por outro lado, podia imaginar. Os orcs devem tê-lo encontrado, Saruman teria mandado o escudo para fragilizar Denethor, faze-lo acreditar que seu filho preferido jazia morto em algum lugar distante.

-Mentiras, eu só ouço mentiras! –Denethor bradou.

Gandalf apenas não contava com o fato da mente de Denethor estar perturbada demais pelo fato. Errara ao não trazer Boromir consigo.

Pippin ajoelhou-se diante do trono, embora Gandalf tivesse tentado impedi-lo. Os forasteiros estavam observando de longe, olhares de preocupação em seus rostos.

-Eu não minto, meu senhor. –Pippin assegurou –Como prova disso, eu lhe ofereço meus serviços até que Lorde Boromir retorne a sua casa.

Denethor estava analisando o jovem hobbit.

-Esse é meu primeiro comando a você. –ele falou por fim –Como eu devo acreditar que meu filho está vivo, quando seu escudo e sua corneta foram enviados a mim, cobertos por seu sangue?

Pippin não tinha explicação para isso. Gandalf acertou-o com seu cajado.

-Levante-se. –ordenou azedo –Meu senhor, Boromir estará aqui logo e provará que dizemos a verdade. Mas não será agora. A guerra está chegando. O inimigo está na sua porta. Seu dever de regente é defender a cidade. Onde está o exército de Gondor? Você ainda tem amigos, não está sozinho nessa luta. Até os narnianos estão aqui, com batalhões para ajudar. Avise Théoden de Rohan. Acenda os faróis.

-Você se julga sábio, Mithrandir. –Denethor falou com desprezo –Mas mesmo com toda sua sutileza você não tem sabedoria. Você acha que os olhos da Torre Branca são cegos? Eu tenho visto mais do que você sabe. Com sua mão esquerda você nos usaria de escudo contra Mordor e com a direita, procuraria me derrubar. Eu sei quem cavalga com Théoden de Rohan.

Gandalf parecia chocado.

-Ah sim. –Denethor prosseguiu –Eu ouvi notícias sobre esse tal Aragorn, filho de Arathorn. E eu digo a você agora que não me curvarei a esse Guardião do Norte! O último de uma casa de maltrapilhos cuja nobreza se foi há tempos.

-Você não tem autoridade para negar o retorno do rei, regente! –Gandalf falou, aparentemente cansado de diplomacia.

-O domínio de Gondor é meu! E de mais ninguem! –Denethor proclamou.

Gandalf ficou encarando o homem em choque por um minuto, antes de virar-se e começar a sair.

-Venha. –ordenou a Pippin.

O hobbit começou a segui-lo, mas não sem antes ver Rei Edmund esgueirar-se para fazer o mesmo.

-Tudo se tornou uma vaidade ambiciosa. –o mago esbravejou –Ele até usaria o luto pela suposta morte do filho como desculpa!

-Gandalf! –Edmund alcançou-os assim que chegaram a porta –Espere.

-Rei Edmund. –Gandalf cumprimentou-o –Um certo conforto pode ser tirado do fato que vocês estão aqui. –resmungou.

-Esse homem é instável. –ele sussurrou –Agarrou-se a Lucy como se ela pertencesse a ele. Agora mesmo a fez ir para o lado de seu trono, como se para consola-lo. Nós não sabemos o que fazer.

Gandalf suspirou.

-Há milhares de anos esta cidade está de pé. –ele falou –Agora, por capricho de um louco, caíra.

Ao longe eles podiam ver o céu negro e as chamas de Mordor. Edmund e Pippin o seguiram de volta para o pátio.

-E a Árvore Branca, a árvore do rei, jamais voltará a florecer. –o mago continuou.

-Por que ainda a protegem? –Pippin quis saber.

-A protegem porque têm esperanças. –Gandalf falou –Uma esperança tola e fraca, de que um dia floreça. De que chegará o rei e esta cidade voltará a ser o que foi, antes de sua decadência.

Os três caminharam mais afastando-se dos olhos dos guardas.

-A velha sabedoria do Ocidente foi esquecida. –Gandalf prosseguiu –Reis fizeram tumbas mais esplêndidas que as casas dos vivos, dando mais valor aos nomes de seus ancestrais do que aos nomes de seus filhos. Os senhores sem filhos viviam em antigos palácios meditando sobre heráldica ou em altas torres frias, interrogando as estrelas. E assim, o povo de Gondor caiu em ruínas. A linhagem dos reis fracassou. A Árvore Branca morreu. O comando de Gondor passou às mãos de homens fracos

Eles pararam perto do mureta que dava para uma grande queda. Dali a montanha de fogo e cinzas parecia estar ainda mais perto, ser ainda mais aterrorizante.

-Mordor. –Pippin murmurou.

-Sim, lá está. –Gandalf suspirou –Essa cidade sempre habitou nas sombras de sua visão.

-Uma tempestade se aproxima. –o hobbit observou.

-Esse não é um tempo desse mundo. É um truque criado por Sauron. –Gandalf falou –Uma nuvem de fumaça que ele manda na frente de seu exército. Os orcs de Mordor não gostam da luz do sol. Então ele cobre a face do sol para facilitar sua passagem no caminho para a guerra. Quando a sombra de Mordor alcançar essa cidade, começará.

-Bem.. –Pippin começou –Minas Tirith... Muito impressionante. Para onde vamos agora? –perguntou movendo-se, como se pretendesse partir agora mesmo.

-É tarde demais para isso, Peregrin Tuk. –Gandalf falou sério –Não sairemos dessa cidade. O socorro deverá vir até nós.

Ele virou-se para Edmund, que estivera calado até então.

-Quantos homens você tem? –ele quis saber.

-Homens? Nenhum. –ele respondeu –Porém, entre centauros, faunos, minotauros e os demais, por volta de mil. Não acho que seja o suficiente.

-Onde eles estão? –Pippin perguntou, olhando em volta.

-Denethor nos fez esconde-los. –Edmund rosnou –Para não assustarmos as boas pessoas de Minas Tirith. Eu imagino que ele queira apenas nos controlar e impedir-nos de lutar. Mas nós não respondemos a Gondor.

-Bom rapaz. –Gandalf pôs a mão sobre o ombro dele –Traga os demais. Nós precisamos conversar.

XxX

Quase uma semana passou sem notícias e sem sinal dos faróis. Susan estava preocupada com seus irmãos, Gandalf e Pippin. Tinha medo do que podia estar acontecendo, embora tentasse se manter esperançosa.

Nunca vira um mal como aquele, tão corruptivo. O poder da Jadis parecia insignificante diante de tanta malícia e corrupção. Era como se a Terra-Média apodrecesse um pouco mais a cada dia, apenas pelo poder de Sauron.

Tinha tanto medo do que podia estar acontecendo com Sam e Frodo.

E, olhando o céu agora, era como se até as estrelas se cobrissem em medo.

-Susan.

-Éomer. –ela sorriu para o cavaleiro que se aproximou –Boa noite.

-Boa noite. –ele ofereceu a ela uma flor azul –Infelizmente não é um azul tão belo quanto o dos seus olhos.

Susan revirou os olhos e riu.

-Essa seria sua nova tática para me conquistar? –ela brincou.

Éomer deu um pequeno sorriso triste.

-Muito pelo contrário, Majestade. Na verdade, é uma oferta de amizade.

-Aconteceu algo? –ela perguntou levemente preocupada.

-Eu estava falando com meu tio mais cedo. –ele falou, seus olhos no céu –Eu não tinha realmente entendido até agora o que a morte do meu primo significava. Ou talvez não tivesse querido entender. Eu sou o herdeiro do trono de Rohan. Se nós sobrevivermos a tudo isso, eu serei o rei, eventualmente.

Susan deixou-o falar, apenas ouvindo em silêncio.

-Você disse que seu lugar era em Nárnia. –ele falou, finalmente olhando para ela –Meu lugar será aqui. Talvez se eu ainda fosse apenas um soldado, eu a seguiria a qualquer lugar.

Susan não queria dizer nada, para não encoraja-lo da forma errada. Porém, tivera a impressão de que se Éomer continuasse a corteja-la, cedo ou tarde era capaz de conquista-la. Ele era carismático, dedicado, leal e bonito. Porém, entendia a situação dele.

-Você é um grande homem, Éomer. –ela falou tocando o ombro dele –E eu sei que será um rei ainda melhor. Um dia a mulher certa vai aparecer e ela será afortunada de ter seu coração.

-Eu esperava que essa mulher fosse você. –ele falou com um pequeno sorriso.

-Ela será melhor que eu. –ela garantiu –Ela terá o coração aberto e vai se encantar por você ser valente e leal, não um rei.

-Eu esperarei por ela ansiosamente. –ele sorriu ainda mais –Espero não te-la ofendido, Susan.

-De forma alguma, Éomer. –ela sorriu –Algumas coisas estão fora do nosso controle, mas isso não significa que sejam negativas.

-Eu imagino que um certo elfo vai ficar aliviado de ter ficado sem concorrência. –ele provocou.

Susan revirou os olhos.

-Ele não tem nada a ver com isso.

-Eu tenho minhas dúvidas. –Éomer pegou a mão de Susan e depositou um beijo nas costas dela –Boa noite, Susan.

-Boa noite, Éomer.

Ela ficou observando o cavaleiro se afastar. Provavelmente por isso não viu Legolas se aproximar.

-Ele estava se declarando? –ele perguntou.

Susan tinha a impressão de que ele estava tentando parecer desinteressado. Bom, o elfo estava falhando miseravelmente.

-Você está atrasado. Ele ja fez isso no dia da festa. –ela informou –Agora ele veio dizer que sabe que não seria possível.

Legolas arqueou uma sobrancelha.

-Desistiu fácil assim?

-Ele percebeu que será o rei daqui. Eu sou rainha de Nárnia. Acho que é auto explicativo.

Legolas ficou em silêncio, como se estivesse pensando.

-Você está... Decepcionada? –ele perguntou com cuidado.

-Não. –ela falou sincera –Eu sinto um pouco de pena de Éomer. Não dele, mas da situação. Ele não cresceu esperando por isso. Ele tinha uma liberdade como soldado que nunca mais terá.

-Eu não achei que ele ia se declarar tão rápido. –Legolas resmungou.

-Você ficaria surpreso. –ela riu de leve –Éomer é um homem charmoso, mas se fosse só isso que eu estou a procura, Caspian também é charmoso e está mais próximo.

Legolas cruzou os braços.

-O que você procura então, Majestade?

-O que todo mundo procura. –ela falou como se fosse óbvio –Amor. Eu ja tinha me decidido que não casaria, mas se for para casar, tem que ser por amor e nada mais.

-Então no fundo você ainda é uma romântica. –ele abriu um pequeno sorriso.

-Olha quem fala. –ela virou-se para encara-lo totalmente –Eu tenho a impressão de que você também é, bem no fundo.

Ele se aproximou um passo dela.

-Talvez não seja tão no fundo assim.

-PERTO DEMAIS! VOCÊ ESTÁ PERTO DEMAIS!

Reepicheep surgiu sabe-se de onde e pulou no ombro de Susan.

-Você está perto demais da minha rainha, elfo. –ele falou sacando sua espada –Afaste-se dez passos.

-Reepicheep. –Susan riu –Você está exagerando.

Legolas bufou.

-Boa noite, Susan. Boa noite, Reepicheep. -e saiu.

-Essa noite estava ficando estranha. –Susan suspirou –Eu acho que devo agradecer pela interrupção, Reep.

-De nada, Majestade. –o rato falou satisfeito.

Embora Susan não estivesse agradecendo pela razão que ele pensava...

XxX

Pippin encontrava-se diante de uma cama, observando as coisas que tinha recebido naquela tarde de um dos vassalos do Denethor: um pequeno uniforme da guarda real, com uma espada e a malha de ferro.

-Eu imagino que esse seja um cargo mais simbólico. –ele estava comentando com Gandalf –Quero dizer, eles não esperam que eu realmente lute. –uma pausa -Esperam?

-Você está a serviço do regente agora. –Gandalf falou sem caridade alguma –Você terá que fazer o que lhe for dito, Peregrin Tuk.

O mago começou a tossir em meio as baforadas em seu cachimbo e resmungar. Pippin ofereceu um copo de água a ele. Então ouviram alguem bater a porta.

-Devem ser nossos convidados. –Gandalf falou –Abra depressa.

Pippin correu para a porta e abriu-a, deixando Edmund, Lucy e Caspian entrarem.

-Nós não fomos seguidos. –Edmund garantiu.

-Gandalf, é um prazer finalmente conhece-lo. –Rainha Lucy falou, curvando-se delicadamente.

Ela tinha um rosto bonito, embora sua irmã mais velha fosse imensamente mais bela. Havia algo delicado nela, gentil. Provavelmente enfatizado pelo nariz pequenino e as sardas que o cobriam.

-O prazer é todo meu, Rainha Lucy, a Destemida. –ele sorriu suavemente –Eu ouvi grandes coisas a seu respeito.

Ela sorriu para o mago.

-Permita-me apresenta-lo. Esse é o Rei Caspian. –ela indicou o rapaz, que acenou suavemente com a cabeça para o mago.

-Eu sou Gandalf, o Branco. Esse é Peregrin Tuk, do Condado. –Gandalf indicou o hobbit.

-Encantado, Majestades. –o hobbit falou sorrindo.

-Denethor? –Gandalf quis saber.

-Dormindo. –Lucy falou –Ele tomou vinho o bastante para ficar assim até amanhã.

-Edmund disse que ele se agarra a você como se fosse filha dele. –o mago quis confirmar.

-Mais como se fosse propriedade. –Caspian falou, obviamente incomodado com a coisa toda.

-Eu temo pela sanidade do regente. –Gandalf falou –Eu esperava estar em estado delicado, mas o que eu vejo aqui realmente me preocupa.

-Perdoe-me a interrupção... –Lucy começou gentilmente –Mas como estão meus irmãos?

-Todos passaram da primeira batalha sem grandes danos. –Gandalf garantiu –Sua irmã, especialmente. Eu vou admitir que tive minhas dúvidas em relação a ela, mas a Rainha Gentil não foi nada, senão uma grande aliada e uma pessoa leal.

-Susan é incrível assim. –Lucy falou com um sorriso orgulhoso.

-É bom saber que nossa Rainha está bem. –Caspian concordou –Todos nós ansiamos por ve-la de novo.

Gandalf abriu a boca, então pareceu mudar de ideia.

-Aquela é nossa ameaça, não? –Edmund falou, caminhando até a varanda do aposento, os olhos fixos em Mordor.

-Não há mais estrelas. –Pippin observou preocupado –Chegou a hora? –ele perguntou a Gandalf.

-Sim. –o mago confirmou de forma solene.

-Está tão calmo. –Pippin falou, os olhos fixos na montanha de fogo.

-É o respirar fundo antes do mergulho. –Gandalf profetizou.

-Eu não quero estar numa batalha. –o hobbit admitiu –Mas esperar às vésperas de uma da qual eu não posso escapar é ainda pior.

-Existe alguma esperança para os seus amigos? –Lucy quis saber –Para o hobbit que carrega o Anel?

-Nunca houve muita esperança. –Gandalf admitiu, apoiando-se na sacada ao lado do hobbit –Apenas a esperança dos tolos.

Ele virou-se para os Reis que estavam parados como estátuas, seriedade tornando suas faces tão mais velhas do que realmente eram.

-Nosso inimigo está pronto. Suas forças estão reunidas. –ele declarou –Não apenas orcs, mas homens também. Legiões de Haradrim do sul, mercenários da costa, todos atenderão o chamado de Mordor. Esse será o fim de Gondor como a conhecemos. Aqui o martelo baterá mais forte. Se o rio for tomado, se as forças de Osgiliath sucumbirem, a última defesa dessa cidade cairá.

Os dois irmãso trocaram olhares.

-Mas nós temos o Mago Branco. –Pippin falou com um sorriso –Deve contar para alguma coisa.

Porém Gandalf não estava sorrindo.

-Gandalf? –o hobbit chamou preocupado.

-Sauron ainda não revelou seu servo mais mortífero. –o mago falou –Aquele que liderará os exércitos de Mordor nessa guerra. Aquele que dizem que nenhum homem vivo pode matar. O Rei dos Bruxos de Angmar. Você ja o encontrou antes. –seu olhar foi para Pippin –Ele apunhalou Frodo em Wheathertop.

Era possível ver que Pippin lembrava-se muito bem de que o mago falava e a memória lhe trazia medo.

-Ele é o senhor dos Nazgul. O mais poderoso dos Nove. –Gandalf explicou aos Reis –Minas Morgul é sua toca.

-Gandalf... –Lucy suspirou pesarosa –O que podemos fazer?

-Seus exércitos têm que estar prontos. –o mago falou de forma firme –Temos que segurar as defesas da cidade o máximo possível. Até ajuda vir.

-E ela virá? –Caspian quis saber.

-Rainha Susan e Rei Peter são o socorro. –ele falou de forma seca –Vocês acham que eles virão?

Edmund abriu a boca para responder quando um raio verde pareceu sair de trás das montanhas e atingir o céu.

Todos olharam em choque para aquilo, algo tão obviamente mal e vil. Gandalf colocou a mão no ombro de Pippin.

-Enfim chegamos a isso. –ele falou, olhos pregados no céu –A maior batalha de nosso tempo.

-Nós vamos lutar até o fim. –Lucy garantiu –Nós só precisamos saber que há esperança.

Gandalf não parecia estar prestando atenção neles.

-O tabuleiro está armado. As peças estão se movendo.

-Ele me assusta. –Caspian comentou.

-Nós devemos ir. –Lucy decidiu –Não podemos arriscar sermos vistos aqui. Vamos preparar os exércitos. Eu vou mandar uma mensagem para Susan por meio de um dos nossos falcões.

-Não será necessário, Rainha Lucy. –Gandalf falou virando-se para a garota –Eles vão receber uma mensagem dentro em breve. Ja que o Regente se recusa a proteger essa cidade, nós faremos no lugar dele.


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N/A: As coisas estão ficando sérias de verdade agora, cada vez mais perto da batalha.

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B-jão