sexta-feira, 19 de junho de 2015

Primeiras Impressões - Capítulo 2


Capítulo 2

-De jeito nenhum.

-Caso você não se lembre, Lizzie querida, não é opcional. –Lydia falou cruzando os braços –E mês passado nós tivemos que aguentar aquela leitura de poesia insuportável com você. Esse mês é minha vez de escolher!

Eu olhei para Jane, buscando apoio moral, mas a traidora apenas deu um sorriso sem graça.

-Ela está certa, Lizzie. –ela falou de forma macia –Não que a leitura de poesia mês passado não tenha sido adorável...

Pobre Jane. Sempre tão doce e preocupada com o que todas nós sentimos.

-Mas o The Regent é ridiculamente caro. –eu choraminguei –E só tem aqueles tipos engravatados.

-Por que você acha que nós estamos indo la? –Lydia perguntou, como se eu fosse idiota –Aquilo é uma mina de ouro.

Eu bufei.

Nós tínhamos um acordo: uma vez por mês todas eram obrigadas a saírem juntas para um programa de fim de semana e cada mês era a vez de uma escolher. Esse era a vez de Lydia. Os programas dela sempre pareciam envolver homens.

Aparentemente o da vez eram homens engravatados.

The Regent é um desses bares caríssimos, onde os tipos engravatados vão depois de um dia de “trabalho duro” para pagarem 50 libras numa dose de whisky e falar de trabalho. Ele fica perto da “Cidade”, o distrito financeiro que fica dentro de Londres.

-Eu nem tenho roupas para entrar num lugar desses. –eu falei.

-Você não tem roupa para nada. –Lydia falou como se fosse óbvio –Eu te empresto alguma coisa! Nós estaremos todas disfarçadas de executivas!

Eu revirei os olhos.

-Isso é ridículo.

-Soa divertido. –Jane ofereceu.

Jane não contava. Para ela até as “exposições de arte” que a Mary gostava eram divertidas. Eu nunca, em toda minha vida, ouvi Jane reclamar de qualquer coisa.

-Kitty adorou a ideia! –Lydia insistiu –Ela até foi comprar um terninho.

-A Kitty não conta. –eu falei –Ela concorda com tudo o que você quer. O que a Mary disse?

-A Mary nunca concorda com nenhuma de nós! –Lydia protestou.

-Isso é porque todas vocês tem gostos vulgares, que são apenas reflexos da...

-Ta, Mary, que seja. –Lydia cortou.

Mary bufou de sua posição no sofá.

-The Regent, amanhã, depois do expediente. –Lydia falou com ar de finalidade –Sem desculpas. E Lizzie, vista algo decente!

XxX

-De jeito nenhum!

-Lydia, qual é! –eu bufei impaciente –Eu estou aqui, da pra gente ir?

-De jeito nenhum! –a voz dela estava atingindo um tom esganiçado bem singular –Você não vai a lugar algum comigo vestida assim!

-Ótimo, eu vou pra casa então. –eu declarei, mas Jane arruinou minha saída me segurando pelo braço.

Todas nós tínhamos combinado de nos encontrar na saída do escritório onde Jane trabalhava. Kitty e Lydia estavam realmente fantasiadas (verdadeiramente, não havia palavra que definisse melhor) de executivas, embora nenhum escritório fosse permitir que Lydia trabalhasse com uma saia daquele tamanho.

Até a Mary tinha se esforçado (para os parâmetros de Mary), mas eu não entendia o que tinha de errado com a minha roupa.

-Ja não basta você estar usando uma calça marrom com uma blusa bege, você ainda tem a pachorra de estar de sapatilha e rabo de cavalo!

Sinceramente, Lydia estava fazendo dessa conversa toda um drama desnecessário, como se eu tivesse escolhido me vestir assim para irrita-la. Eu juro que não é o caso.

Dessa vez.

-Eu estive trabalhando o dia inteiro, Lydia. –eu retruquei –Não sei se você está familiarizada com o conceito, mas não da pra fazer isso de salto.

-Jane trabalha de salto! –Kitty indicou.

-Jane não conta, porque ela é perfeita.

Todas nós olhamos para Jane. Ela tinha esse olhar adorável de confusão. Sinceramente, se ela não fosse um pessoa tão incrivelmente boa eu a odiaria por princípio. Ela é simplesmente linda, do tipo de mulher que devia ser Angel da Victoria Secrets, e parece que nem precisa se esforçar para isso! É como se Jane acordasse perfeita todos os dias, com seus cintilantes olhos verdes, sua pele de chocolate e seus lindos cachos. Como previamente dito, se ela não fosse tão maravilhosa eu seria obrigada a odia-la.

Agora ela estava ali parada, usando um vestido branco e humilhando todo o resto da humanidade só por existir.

-Meu ponto é... –Lydia falou respirando fundo, como se eu estivesse testando a paciência dela de propósito –Você poderia ter se esforçado mais.

Quando eu escuto esse tipo de besteira vindo de alguem, um discurso inteiro sobre liberdade de escolha feminina se forma na minha cabeça e minha vontade é chacoalhar dito alguem até bom senso entrar na cabeça dele.

Jane foi mais rápida e esperta dessa vez.

-Eu tenho a solução aqui. –ela mostrou uma sacola que estivera carregando desde hoje de manhã.

De lá ela tirou um par de scarpins azul turquesa altissimos, que eu sei muito bem que são dela, e me entregou.

-Resolvido. –declarou satisfeita.

Eu bufei, mas eu sei quando perdi. Coloquei os sapatos de forma obediente e coloquei minhas sapatilhas na sacola de Jane.

-Eu tenho uma coisa aqui que pode ajudar... –Mary resmungou remexendo na própria bolsa –Aqui!

Era um lenço de seda predonimantemente azul turquesa, mas que tinha alguns detalhes em marrom e dourado.

Eu estreitei os olhos.

-Se eu não conhecesse vocês melhor, eu diria que isso foi armação.

As meninas apenas sorriram para mim. Eu amarrei o lenço em volta do meu pescoço e nós finalmente pudemos ir.

The Regent era um bar como outro qualquer, na minha opinião. Era ridículo o que eles cobravam por um drink la dentro só porque a maioria dos clientes deles usavam gravatas.

A vantagem de andar com uma mulher do calibre da Jane é que as portas se abrem, literalmente. Claro, não vou desvalorizar Lydia. Apesar de ser pentelha e sempre beirar no lado piriguete de ser, ela é bonita. Nós dificilmente esperamos por mesas ou em filas.

Nós fomos levadas para uma mesa. Era o vestido branco de Jane, eu tenho certeza. Um garçom veio pegar nossos pedidos e estava anotando o meu (appletini, ta no inferno abraça o capeta), quando Lydia puxou o elástico do meu cabelo.

-Lydia!

-Tarde demais, ja era! –ela falou arremessando o elástico pra longe.

-Você acha que, depois de um dia inteiro preso, meu cabelo vai ficar decente solto? –eu perguntei irritada.

-Qualquer coisa é melhor que esse rabo de cavalo. –Lydia falou sem um pingo de vergonha na cara.

O garçom afastou-se sorrindo da situação. Isso era normal para nós.

-Quem é aquele? –Jane falou de repente.

Eu me virei para acompanhar o olhar dela. Pode contar com Jane para entrar num bar e encontrar algum cara lindo dentro de dois minutos.

Esse era mesmo uma graça, como seus cabelos loiros curtos, olhos azuis e barba por fazer. Quando eu me virei para olhar, ele estava olhando para Jane e corou ao se ver observado. Que... Juvenil.

-Ele é mesmo uma graça. –eu admiti –Mas é praticamente impossível saber quem ele é, Jane.

-Não se você conhecer as pessoas certas. –Lydia falou, então olhou para Kitty –Ao trabalho.

A outra garota concordou e as duas se levantaram.

Dez minutos depois elas estavam de volta e o Senhor Olhos Azuis ainda não tinha parado de olhar para Jane.

-O nome dele é Charles Bingley. –Kitty informou –Ele é diretor da Netherfield, uma empresa de computador ou coisa do tipo. Ele é o futuro CEO, porque a empresa é de família e o papai dele que é dono no momento. Ele vem aqui quase sempre e hoje ele está com as irmãs e alguns amigos celebrando um negócio que deu certo.

-Como você conseguiu descobrir tudo isso em dez minutos? –Mary perguntou chocada.

-Twitter, Facebook e Instagram. –Kitty falou como se fosse óbvio.

-Ele é podre de rico, Jane. Investe. –Lydia falou.

Jane revirou os olhos, mas logo voltou a olhar para o rapaz. Eu bufei.

-Vamos dar a chance ao mocinho de te conhecer. –eu disse me levantando –Vamos fazer de conta que vamos retocar nossas maquiagens.

Jane riu sem graça, mas aceitou a sugestão.

Nós fomos ao banheiro, Jane retocou sua maquiagem e eu chequei minhas mensagens, então nós saímos.

E bingo, nosso caro Charles estava tentando parecer casual inclinado no bar. Assim que ele nos avistou um sorriso enorme apareceu no rosto dele e ele veio a nosso encontro.

-Oi. –ele falou, olhos fixos em Jane –Charles Bingley. –ofereceu a mão para ela.

-Jane Benett.

E daí eles tiveram um momento meio comédia romântica, em que o Bingley ainda não tinha largado a mão dela e os dois estavam sorrindo como idiotas um para o outro.

Eu estava considerando sair dali de fininho, quando a Jane lembrou-se de mim.

-Essa é minha amiga Elizabeth Bennet. –ela falou.

-Parentes? –Charles perguntou curioso, apertando minha mão.

-Grande coincidência na verdade. –eu falei para ele –A Lydia está me procurando. Licença.

E abandonei a Jane, porque ela sabe se virar e o nível de açúcar tava ficando meio excessivo para essa hora da tarde.

Já que eu estava de pé resolvi pegar uma pint no bar. Appletinis eram finos e tal, mas não eram do meu gosto.

-Uma Guiness. –eu pedi ao bartender.

-E para você, boneca?

Eu acompanhei o olhar dele e vi que havia uma garota ao meu lado que eu não percebera antes. Ela parecia ter 17 anos, mas não devia ter, já que do contrário, não estaria la dentro.

-Um martini, por favor. –ela pediu, sua voz tímida e baixa –Com muitas azeitonas.

O bartender piscou para ela. Então o olhar dela caiu em mim.

-Sou só eu que quero fugir daqui? –ela soltou com uma risada sem graça.

-Não. –eu falei sem hesitar –Por que você não vai?

-Eu estou aqui com amigos e meu irmão. –ela falou com um sorriso sem graça –Eu não posso ir embora. Por que você não vai?

Ela tinha olhos verdes enormes e uma cara de boneca. Na minha opinião era a franja caída na testa que a fazia parecer tão jovem, mas ela era muito bonita.

-Tradição de amigas, eu sou obrigada a ficar. –eu falei de forma resumida –Mas você... Tem a chave da sua casa?

-Sim. –ela respondeu confusa pela pergunta.

-Dinheiro para o táxi?

-Sim. –ela falou com um pequeno sorriso.

-Corra por sua vida. Manda uma mensagem pro seu irmão quando chegar em casa.

Ela parecia indecisa, mas tentada.

-Aqui estão as bebidas, meninas. –o bartender voltou.

Eu fui pegar o meu dinheiro, mas minha nova amiga se adiantou, entregando um cartão.

-Eu pago como agradecimento. –ela falou, tirando o palito com três azeitonas de sua bebida e levando-o a boca –Você me salvou de muita culpa e muito sofrimento desnecessário.

Ah, ela era uma dessas que tentava agradar a todos, menos a si mesma.

-Sempre um prazer. –eu falei levatando minha pint –Obrigada pela bebida.

Ela deu uma golada rápida em seu drink.

-Eu vou fugir antes que me achem. Obrigada de novo.

Eu acenei e vi minha nova amiga indo embora. Que inveja.

Pelo menos eu fiz minha boa ação do dia.

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N/A: E aí está! Espero que vocês gostem de mais esse pedacinho! Semana que vem teremos "O Contato"!!

COMENTEM!

B-jão

terça-feira, 16 de junho de 2015

Nove Meses - Sétimo Mês - parte 2



Sétimo Mês – parte 2

-Marjorie e Lucan? Sério? Natasha e Clint eram opções tão melhores!

Toni revirou os olhos.

-Quem teve os filhos mesmo? –resmungou.

-Todos nós, caso você não tenha percebido.  –Clint retrucou.

Toni não conseguiu conter o sorriso.

Pouco depois que ela e Bucky voltaram da maternidade os demais Vingadores chegaram.

A princípio doutora Fontenele não ficou nada feliz com aquela invasão do quarto. Ela insistira que Toni passara por um susto grande e precisava de descanso. Mas deixar os Vingadores no corredor do hospital estava causando uma comoção ainda maior no hospital inteiro.

Eles tinham permissão para ficar exatos 30 minutos. Depois iam ver os feijõezinhos nascidos e Steve prometera passar na ala pediátrica para algumas fotos.

-Você está se sentindo bem, Toni? –Jane perguntou preocupada.

-Está tudo bem. –a bilionária assegurou –Os pontos estão incomodando um pouco. Mas eu ja tive ressacas piores que isso.

-Claro que já. –Bruce revirou os olhos –Mas nós estamos felizes por tudo ter dado certo.

-Mais tarde a doutora vai me deixar ficar um pouco mais com os dois. –Toni continuou animada –Amamentação. Aí está uma experiência para a qual eu não estou pronta.

-Você vai tirar de letra, Toni. Não é possível que seja um grande mistério. –Bucky falou.

-Mas eu devo admitir que estou chocado. –Clint anunciou –Eu esperava que eles nascessem azuis e tal... –o olhar dele foi parar em Loki, que revirou os olhos e ignorou-o.

-Eu também esperava notícias do tipo, amigo Barton. –Thor soltou um muxoxo.

Toni bufou.

-Muitos repórteres la fora? –ela quis saber.

-Um verdadeiro circo. –Pepper bufou –Meu telefone não parou um segundo. Está ficando ridículo.

-Muitas... Pessoas interessadas nos bebês? –ela perguntou olhando para as próprias mãos.

Um silêncio tomou o quarto.

-Isso quer dizer que nós não somos o bastante para você? –Loki falou com seu jeito afetado –Depois eu sou o megalomaniáco.

Toni deu uma pequena risada.

-Vocês são mais que o bastante. –ela falou –Vocês são perfeitos.

-Eu deveria montar um esquema de segurança? –Natasha falou séria.

-Tanto faz. –Toni deu de ombros –Se ele quiser entrar nada menor do que uma guerra vai para-lo.

XxX

E agora, meras horas depois, lá estava ele.

-O que você está fazendo aqui? –Toni sibilou.

-Eu acho que é meio óbvio o que eu estou fazendo aqui, Toni! –ele esbravejou levantando –Quando você pretendia me contar que eu tenho filhos?

-Eles não são seus. –ela falou de forma firme.

-Você acha que eu sou o que? Idiota? –ele parecia furioso com ela –Eu li o prontuário médico e eu sei fazer contas, Toni. Ou você estava com mais alguém além de mim?

-Eu vou fingir que não ouvi isso. –ela avisou por entre os dentes.

Ele bufou frustrado.

-Você não vai se fazer de vitíma nessa, Stark. Quando você pretendia me contar? –ele exigiu.

-Nunca! Nunca. –repetiu de forma mais suave.

-Como você pôde, Toni? –perguntou quase cansado –Agora faz sentido. Porque você sumiu sem deixar rastro, porque você não atendeu minhas ligações...

-Sem querer estragar seu drama, eu sumi antes de saber que estava grávida. –ela cortou –Eu não te queria mais.

Ele se aproximou da cama, até estar nariz a nariz com ela.

-Essa é uma mentira deslavada e você sabe disso. –ele falou baixo.

-Como você entrou aqui? –ela mudou de assunto.

-Seus amigos deixaram. –ele falou afastando-se um pouco –Depois de uma longa lista de ameaças. Se você apertar o botão que chama a enfermeira eu serei atacado.

-Seria merecido.


XxX

No corredor...

-Algum de vocês imaginava essa? –Clint perguntou, ainda em estado de choque.

-Eu nem sabia que os dois estavam juntos. –Pepper falou totalmente chocada.

-Ela escondeu bem a coisa toda. –Bruce comentou.

De repente Jane começou a rir e todos olharam chocados para ela.

-Desculpa. –a cientista pediu –Mas sério... Vocês já pensaram no ego dessas crianças?

Todos fizeram caretas.

XxX

-Então você ia me negar o direito de conhecer meus filhos?

-Você é mais problemático que eu, colega! –ela falou irritada –Você é depressivo, cheio de traumas e não-me-toques! Como eu posso querer que você crie meus filhos?

-Nossos filhos! –ele falou furioso –E você, alcoólatra, é muito melhor?

Ele não estava longe o bastante. Toni conseguiu acertar um tapa nele, bem no meio da cara.

-Toni...

-Sai daqui agora. –ela falou por entre os dentes.

-Você não pode...

-Agora você só fala comigo através do seu time de advogados. –ela continuou –E nem pense em chegar perto dos meus filhos, eu tenho os Vingadores do meu lado.

-Toni...

-SAI DAQUI, WAYNE!

Foi aí que Bucky e Loki praticamente atravessaram a parede para tirar o bilionário de Gotham de la.


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N/A: Ah acharam que eu ia deixar vocês na mão né???hahahahah

COMENTEM!

Post em "Senhora" ja esta no ar e sexta teremos em "Primeiras Impressões"!!

B-jão

A Senhora de Nárnia - Capítulo 12



Capítulo 12

Gandalf já participara de batalhas demais, já partira em dúzias de jornadas e missões que pareciam impossíveis.

Nunca realmente se acostumara a algumas dessas coisas.

Lutar, matar, guerrear... Não são estados normais. São pesos grandes demais para o coração e alma de qualquer um.

A alma de Gandalf estava sobrecarregada de batalhas.

Porém, mais uma vez, la estava ele, marchando para o que provavelmente seria um massacre, esperando chegar a tempo, temendo não chegar.

Encontrara Éomer como planejara e juntos estavam cavalgando o mais depressa que podiam em direção ao Abismo de Helm. Tinham que chegar a tempo. As defesas tinham que resistir.

Gritos começaram a vir dos últimos homens do grupo e  todos tiveram que parar.

-O que está acontecendo? –Éomer exigiu.

-Meu lorde, um exército se aproxima. –um dos guardas falou.

-Aliados? –ele quis saber.

-Não sabemos dizer. –foi a resposta –Mas eu não apostaria nisso.

Era só o que precisavam. Mais problemas.

-Preparem-se para batalha, mas esperem meu comando. –Éomer instruiu.

Gandalf sacou sua espada, enquanto amaldiçoava a demora. Saruman obviamente enviara alguém atrás de Éomer. Era uma decisão lógica e óbvia.

Mas eles tinham que continuar.

Logo.

XxX

Chegara.

Aragorn finalmente chegara.

Quando caíra do penhasco achara que era o fim. Ao ouvir a voz de Arwen teve certeza de que estava morto. Mal pôde acreditar quando seus olhos abriram e percebeu-se vivo.

Não fora fácil chegar até o Abismo, principalmente sem ser visto pelas tropas que marchavam em direção a fortaleza, mas estava la.

-Onde ele está? Onde ele está? Saiam do meu caminho! Eu vou mata-lo.

Aragorn viu Gimli abrir caminho por entre a multidão, até estar frente a ele.

-Você é o mais sortudo, mais sagaz, mais descuidado homem que eu já conheci! –o anão falou, obviamente emocionado, abraçando o guardião –Abençoado seja, rapaz.

-Gimli, onde está o rei? –Aragorn perguntou, porque era urgente.

Gimli indicou com a cabeça as escadas e o homem apressou-se. No topo delas deu de cara com Legolas.

-Você está atrasado. –o elfo falou, então analisou-o –Você está terrível.

Aragorn riu. Legolas deu-lhe algo. O pingente de Arwen, a Estrela Vespertina.

Aragorn achara que estivera perdida para sempre, acordar e não te-la foi doloroso. Ve-la agora em sua mão era um milagre.

-Obrigado. –falou sincero.

-Aragorn!

O guardião virou-se bem a tempo de pegar Susan, que jogara os braços em volta do pescoço dele.

-Minha Rainha.

-Como você ousa fazer isso comigo? –ela estava falando, mas podia ouvir o tom choroso de sua voz.

-Eu peço mil perdões. –ele falou abraçando-a de volta.

-Aragorn. –Boromir aproximou-se –É bom ve-lo, amigo.

-Infelizmente eu trago apenas más notícias.

XxX

-Um grande exército, você diz? –Théoden perguntou.

-Isengard está totalmente deserta. –Aragorn afirmou.

-Quantos? –o rei quis saber.

-Pelo menos dez mil.

-Dez mil? –Théoden repetiu incrédulo.

-É um exército criado com um único propósito: destruir o mundo dos Homens. –o guardião falou –Eles estarão aqui ao anoitecer.

XxX

Susan não gostava do rei Théoden. O homem era orgulhoso e teimoso demais para o próprio bem. Porém o maior pecado de seu temperamento era que afetava seu povo e arriscava a vida de todos eles.

Porém, embora Aragorn tivesse insistido em pedir ajuda, Susan sabia que ninguém chegaria ali a tempo. Tinham poucas horas até o anoitecer e a chegada das tropas inimigas.

Estava tão acostumada a essas situações, ao desespero de enfretar uma exército maior que o seu, de estar cercada e sem esperança de sair, que não devia sentir o medo, o pânico. Sentia assim mesmo.

Sua mão foi parar em sua corneta. E se...

-Susan.

Sorriu para Boromir.

-Ei.

-Você já pensou em ir para as cavernas com as outras mulheres?

Ela arqueou uma sobrancelha em resposta.

-Valeu a tentiva. –ele falou com um pequeno sorriso.

-Eowyn foi para as cavernas? –ela quis saber.

-Depois de uma cena muito desconfortável com Aragorn. –Boromir admitiu.

-Eu o avisei. –Susan suspirou –Era óbvio que ela se apaixonaria pelo primeiro homem forte que a respeitasse como mulher forte.

-Você está sendo um pouco dura, Susan. –Boromir indicou.

-Eu estou sendo realista. –ela falou.

-Majestade, Mestre Boromir! –Reepicheep apareceu correndo –Venham depressa.

Os dois trocaram olhares e seguiram o rato.

Entraram na sala das armas bem a tempo de pegar Aragorn gritando.

-Então eu morrerei como um deles!

Susan brecou, olhando chocada para o guardião. Aparentemente Aragorn estivera discutindo com Legolas e a conversa chegara a esse ponto.

Os olhos do guardião varreram a sala e então ele saiu. Legolas pareceu pronto para ir atrás dele, mas Gimli o segurou.

-Deixe-o ir, rapaz. –ele falou –Deixe-o.

Susan virou as costas e saiu dali também.

XxX

Aragorn não queria entrar em desespero. Queria ser aquele que manteria a calma durante toda a batalha, porque sabia que poucos deles o fariam. Queria ser o que acreditava que tudo ia dar certo.

Estava perdendo a luta contra si mesmo.

Quem era ele para exigir algo de Théoden? Para dizer o que era certo ou errado? Estava se enganando e muito provavelmente enganando a todos no processo.

-Você parece preocupado, amigo. –Boromir falou, sentando-se ao lado dele na escada.

-Eu não devia estar?

-Todos nós devíamos estar. –Boromir admitiu –Não leve a mal o que Legolas disse.

-Eu não levo. Ele está assustado, como todos nós.

Os dois ficaram em silêncio por um minuto.

-Eu ainda acredito em você, Aragorn. –Boromir falou –Mais do que acredito em mim mesmo. Você nos trouxe até aqui e eu o seguirei até o fim dessa guerra. Nem que ela nos leve aos portões de Mordor.

-Nós teremos que sobreviver a essa noite antes disso acontecer, meu amigo.

-Quando estivermos no portão de Mordor, eu direi: “eu avisei”.

Aragorn deu uma risada rouca, então seus olhos caíram em um garoto tão jovem, que carregava uma espada e parecia não ter ideia do que fazer com ela.

-Dê-me sua espada. –Aragorn falou para o garoto.

Ele pareceu olhar para os lados, como se quisesse ter certeza de que era com ele que Aragorn falava. Então aproximou-se e ofereceu a arma.

-Qual seu nome? –Aragorn perguntou ao aceitar a espada.

-Haleth, filho de Háma, meu senhor. Os homens estão dizendo que não passaremos dessa noite. Eles dizem que não há esperança.

Aragorn trocou um olhar com Boromir, então levantou-se e analisou a espada, dando alguns golpes no ar com ela.

-Essa é uma boa espada. –ele declarou –Haleth, filho de Háma... –devolveu a espada ao garoto –Sempre há esperança.

-Bem dito. –Boromir falou –Acho que está na hora de você se armar, Aragorn.

XxX

A batalha era inevitável. Desistir ou lutar eram as escolhas.

Aragorn nunca desistiria.

Então fez o que Boromir disse e foi armar-se. E la encontrou Legolas.

-Nós confiamos em você até aqui. Você não nos decepcionou. Perdoe-me. Eu errei ao me desesperar. –o elfo falou.

-Não há o que ser perdoado, Legolas. –Aragorn falou sinceramente.

Os dois trocam sorrisos.

-Se nós tivéssemos tempo eu ajustaria isso. –Gimli resmungou colocando uma malha de ferro que caiu por seu corpo até alcançar o chão –Está um pouco apertado no peito. –ele falou diante dos olhares dos outros homens.

Os três sorriram, mas o som de cornetas fez todos pararem.

-Essa corneta não é de Orcs. –Legolas falou.

Os quatro saíram correndo de lá.

XxX

Susan ouviu as cornetas e viu os elfos se aproximando.

Desceu as escadas das muralhas e alcançou-os ao mesmo tempo que o rei.

-Como isso é possível? –Théoden perguntou chocado.

-Eu trago palavras de Elrond de Rivendell. –Haldir, que obviamente liderava a tropa inteira, falou –Uma aliança uma vez existiu, entre Homens e Elfos. Há muito tempo nós lutamos e morremos juntos. Nós viemos para honrar essa aliança.

Aragorn chegara agora e descera os degraus com pressa, parou para cumprimentar Haldir a distância, mas desistiu e abraçou o elfo, que pareceu surpreso por um minuto, mas então retornou o gesto.

Legolas aproximou-se para fazer o mesmo.

O olhar de Haldir foi parar em Susan.

-Majestade, é um prazer reve-la.

-Eu digo o mesmo, Haldir de Lórien. –ela sorriu –Seus modos melhoraram. Quem diria?

Ele sorriu de volta para a Rainha, então olhou para Théoden.


-Nós estamos orgulhosos de lutar ao lado dos Homens mais uma vez. –Haldir falou ao rei.

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N/A: Eu demorei demais!!! T.T
Gente, mil perdões mesmo. Espero que vocês não tenham desistido de mim. Eu sei que tinha prometido isso pra um tempão, mas eu to enrolada pra caramba... u.u

So sorry!

Próximo capítulo: A Batalha do Abismo!
Comentem e aguardem!

Eu esotu indo postar em "Nove Meses" agora mesmo! E sexta feira teremos post em "Primeiras Impressões".

B-jão

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Todos Os Cordões Que Nos Ligam - Pós Epílogo de "Damas Grifinórias"

ATENÇÃO!!! NÃO COMECEM A LER SEM LER ISSO ANTES! SÉRIO!!!

N/A: Bom, faz muito tempo desde que eu me aventurei em escrever algo relacionado as Damas originais. Eu mesma ja tinha me prometido, depois de "Juventude Transtornada", nunca mais escrever um pós epílogo, porque todos nós sabemos que não foram anos felizes. Coisas horríveis aconteceram e uma guerra devastou muitas vidas.

Mas eu fiz uma aposta com a Ayla, Ully, Laryssa e Jade e elas ganharam e quiseram. Se vocês quiserem agradecer (ou culpar) alguem, falem com elas.

ALERTA!!! Isso vai ser triste. Muito triste, deprimente. Teremos muitas menções de violência, mas nada foi descrito graficamente. Eu estou deixando bem avisado, isso é triste! Eu não vou querer ouvir reclamação depois.

Como sempre, foi um prazer escrever para vocês.

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Paloma

Se alguém um dia dissese a Paloma que ela seria a primeira das amigas a casar, a morena nunca teria acreditado. Sempre apostara que seria uma das últimas, isso se chegasse a se casar. Houvera uma época em que ela entretera o plano de não casar nunca e ser uma cinquentona gostosa que saía com mocinhos de vinte.

Então viera a guerra.

Eles não tinham visto quão terrível era de verdade, até saírem de Hogwarts para o mundo real. Lá fora tudo estava pior do que imaginaram. O Profeta não estivera sendo honesto em suas descrições do que acontecia.

Havia muito mais pessoas morrendo, muito mais pessoas sofrendo com o preconceito e o medo se espalhava como um vírus. O mundo bruxo estava desmoronando e levando o mundo dos trouxas consigo.

Não havia sete meses que eles se formaram quando Dimitri pediu que Paloma apressasse a data do casamento. Ela nem piscou antes de dizer sim. Só pediu um favor: seu sonho sempre fora casar na praia, será que podia ser?

Para Dimitri, podia ser qualquer coisa, contanto que os dois se casassem.

Eles juntaram um grupo pequeno, apenas os familiares e amigos mais próximos, não mais que cinquenta pessoas e foram para Bali. Era ali que Paloma queria casar, com o sol se pondo no oceano e os pés na areia.

As amigas a abraçaram e desejaram felicidades. Marizza brincara que a vez dela estava chegando, para os dois não esquecerem da vida na lua de mel e nunca voltarem para a Inglaterra. Lily lembrou que era a próxima.

Naquela noite ela e Dimitri fizeram amor na varando do hotel, sob a luz das estrelas.

Paloma queria ficar ali para sempre, longe da guerra que consumia cada vez mais da vida deles, mas tinham que voltar. Dimitri estava preocupado com seus pais.

Eles voltaram em segredo no meio da noite. Os pais de Dimitri estavam bem, mas assustados. Paloma preocupou-se com os dela.

Esse foi seu maior erro. Devia ter lembrado que seus pais eram sangue puros e orgulhosos disso.

Pediu a Dimitri que fosse com ela à casa dos pais para ver se eles estavam bem. Eles estavam e receberam os dois com um carinho que Paloma nunca sentira antes. Talvez ela devesse ter desconfiado que algo estava errado ali. O vinho era doce demais e deu sono demais.

Quando Paloma finalmente acordou, estava cercada de Comensais da Morte de Dimitri já não respirava.

Os pais dela tinham que provar que não estavam do lado dos trouxas. Podiam não ser Comensais da Morte, mas acreditavam em manter a pureza do sangue bruxo. Paloma era contra tudo o que eles realmente acreditavam.

O Lorde tinha dado a eles uma escolha: entregar a filha traidora ou perecer com ela. Aparentemente, a escolha tinha sido fácil para eles.

Eles queriam saber sobre a Ordem da Fênix. Paloma não sabia nada disso, nem imaginava o que podia ser. Soava como algo que Dumbledore organizaria, ela nunca saberia.

Não importava o quanto eles a machucassem e exigissem saber. Paloma não podia contar o que não sabia.

Eles já tinham perdido a paciência com ela.

Marizza

Remus estava fora de novo. Desde que Paloma e Dimitri desapareceram, a Ordem estivera caçando qualquer pista que pudesse levar ao paradeiro dos dois. James estava destruído.

Marizza queria manter a esperança, mas Nora e Olivia acreditavam que era tarde demais. Hoje em dia ninguém simplesmente desaparecia e meses já haviam passado.

Remus quisera casar cedo como Paloma e Dimitri, mas ela queria esperar. Porque casar correndo significava que ela acreditava que essa guerra ia durar para sempre, que eles não iam sair dela com vida. E Marizza ainda acreditava que isso ia terminar. Ela tinha que acreditar, porque o amor da sua vida estava lá fora, lutando.

Quando saía, Remus pedia para Marizza ficar com um dos irmãos. Fazia ele sentir-se melhor saber que alguem estava cuidando dela.

Então, lá estava ela na casa de seu irmão mais velho, Rico. A esposa dele estava colocando o bebê para dormir, então Marizza resolveu ser útil e lavar a louça.

Ouviu passos atrás de si.

-O bebê ja dormiu? –ela perguntou, imaginando que seria seu irmão ou a cunhada.

-Não sei. Por que você não vai checar, Lestrange?

-Com prazer.

Marizza virou-se de repente, dando de cara com três Comensais.

-Como vocês entraram aqui? –ela exigiu.

-Pela porta. –um deles informou de forma educada.

-Ricco! –ela gritou.

-Seu irmão está... Incapacitado no momento. –o outro informou.

-E eu imagino que essa adorável varinha seja sua. –o último falou, rodando a varinha dela entre os dentes.

-O que vocês querem? –ela exigiu.

-Deixar um recadinho para seu namoradinho lobisomem e a Ordem deles. –um deles falou, se aproximando –O nosso Lorde vai acabar com a raça de todos eles. Lutar é inútil.

-Se vocês machucarem meu irmão...

-Seu irmão vai ficar bem. Por enquanto. –um deles falou –Ele é o filho de uma boa família, honrando o nome deles, casando com uma boa noiva... Agora você, Marizza, é uma vagabunda que está se misturando com traidores de sangue, sangue-sujos e lobisomens. O que você acha que nós devíamos fazer com você?

Marizza tinha estado lavando louça, sua mão estava perto da pia, onde as coisas estavam secando. Sentiu o cabo de madeira e fechou os dedos em volta dele.

-Você não me assusta, Lestrange. –ela falou –Por que você não mostra a cara?

Rodolphus fez exatamente isso, tirando sua máscara. Ele era o que estava mais próximo dela e continuou avançando.

-Quando nós tivermos terminado, você vai estar implorando para morrer. –ele informou.

-Eu nunca imploro. –ela falou por entre os dentes, puxando a faca e afundando-a no ombro de Rodolphus.

Marizza sentiu um feitiço atingindo-a.

-Vagabunda! –Rodolphus bradou, lançando outro feitiço nela, enquanto Marizza ja estava caída –Eu não acho que seu namoradinho precisa achar seu corpo. Para que dar a ele algo para enterrar?

Quando a mão de Rodolphus tocou-a Marizza ficou feliz por saber que eles sumiriam com seu corpo. Assim Remus nunca precisaria sofrer com o conhecimento do que acontecera a ela.

Olivia

A vida tinha sido miserável desde que Paloma e Marizza desapareceram. Era como se seguir em frente fosse impossível. Remus torturava-se diariamente com culpa.

Claro que, a essa  altura, eles já não esperavam mais encontrar Paloma e Dimitri, mas com Marizza, sabiam desde o começo que ela estava morta.

Os Comensais que a mataram deixaram uma mensagem em sangue na parede da casa do irmão dela. Marizza estava morta, eles só nunca encontrariam o corpo.

Meses ja tinham passado, mas a dor ainda era muito intensa. Talvez por isso mesmo Olivia estivesse ignorando o risco que ela mesma corria: Rabastan.

Ele deixara bem claro que ela não ia livrar-se tão facilmente dele. Agora que as coisas estavam ficando mais intensas, a guerra mais óbvia era um questão de tempo até ele vir atrás dela.

Lily estava grávida, quase para ter seu nenê, Olivia queria estar ali para vê-lo, principalmente agora que, de quatro tias, só duas estavam vivas. Queria ficar, mas tinha que partir.

Porém, não conseguiria ir sozinha.

Tocou a campainha e esperou a porta abrir-se. Nora estivera escondida desde o começo da guerra toda. Encontrá-la era quase impossível. Só Olivia e Lily sabiam onde a morena se escondia, ela não falava com Sirius desde o sumiço de Paloma e Dimitri.

-Não me diz que mais alguem morreu. –Nora pediu exausta.

-Eu tenho que ir embora. –Olivia declarou.

Nora arqueou uma sobrancelha, mas deixou a amiga entrar.

-O que houve? –ela quis saber.

-Rabastan me mandou flores. –ela falou –Rosas negras. Ele está vindo me buscar.

-Para onde estamos indo? –Nora perguntou, sem hesitação alguma.

-Nora...

-Olivia, não me enrola. Você veio aqui porque não quer ir sozinha, eu entendo. –ela falou sem enrolação –Lily está casada com James e os dois são idealistas demais para pular fora enquanto ainda podem. Eu prefiro continuar viva.

-Os rapazes vão cuidar dela. –Olivia falou cheia de certeza.

-Vão. –Nora concordou –Agora... Eu e você, para onde?

-Japão. –Olivia falou na hora –Uma tia minha que foi deserdada pela família foi morar la. Nós vamos temporariamente. Provavelmente teremos que sair de lá logo. Eu não sei se alguem lembra dessa história o bastante para nos rastrear até la.

-Como nós vamos? –Nora perguntou calma.

-Nós vamos pegar um avião saindo de Paris. Nós vamos chegar em Paris de trem.

-Quando nós estamos indo?

Olivia mordiscou o lábio e respirou fundo.

-Agora.

Nora passou a mão pelos cabelos.

-Eu estarei pronta em 15 minutos.

Lily

Olivia e Nora não estavam mais ali. Agora sim, Lily sentia-se totalmente abandonada. Não julgava nenhuma das duas e acreditava que elas fizeram o certo.

Apenas queria que suas amigas tivessem conhecido Harry.

Na maior parte do tempo, ela tinha esperanças de que tudo ia dar certo, que eles conseguiriam destruir Voldemort e que seu filho viveria num mundo bom. Em outros momentos...

Harry era tão pequeno. Lily não queria acreditar que havia profecia alguma ligada a seu filho, que havia um preço em sua cabeça tão delicada, que havia uma sentença de morte ligada a sua vida.

Queria ser egoísta e desejar que essa criança fosse o filho dos Longbottom, mas Alice não merecia isso. Ela sempre fora frágil. A guerra podia te-la feito um pouco mais forte, mas ela nunca suportaria perder o filho.

Não que Lily pretendesse perder mais alguém. James e Harry eram tudo o que restara a ela. Morreria antes de deixar qualquer um dos dois morrer.

Aproximou-se do quarto dos dois e parou na porta para observar o homem de sua vida e o filho deles. James tinha o pequeno Harry em seus braços, o gato dormindo encostado em seu lado esquerdo. Harry tinha os lindos olhos arregalados, como se prestasse atenção intensamente na história que seu pai contava.

-Naquele momento eu estava sozinho, com os dois batedores Sonserinos vindo na minha direção e ninguém para me socorrer.

-Eu acho que seu pai está exagerando, Harry. –Lily informou com um sorriso, entrando no quarto –Como sempre.

-Aquele jogo foi um clássico! –James defendeu.

-Meu amor, eu não sei a diferença de um jogo para o outro. –ela admitiu, sentando-se do outro lado dele, depositando um beijo na testa do filho.

James fez uma cara de ultraje.

-Não diga essas blasfêmias na frente do nosso filho!

Lily revirou os olhos e sorriu.

-Amanhã é Halloween. –ela lembrou –Eu sei que somos só nós três, mas talvez nós pudêssemos fazer algo para Harry. Passar os dias trancado nessa casa não é bom para ele.

-Isso vai acabar logo, Lily. –James tocou a testa dela com a sua –Nós vamos lutar até o fim.

-James... –Lily respirou fundo –Talvez... Talvez nós devessemos ir embora também.

Os olhos dele se arregalaram.

-Por que isso agora, Lily? Eu sei que as coisas não estão fáceis, mas eu...

-Eu estou grávida, James. –ela falou, fazendo-o calar-se –Uma criança nessa guerra ja não é fácil, imagine duas.

-Você está...

-Você é incrivelmente eficiente em...

James tinha passado a mão pela nuca dela e puxado-a para um beijo.

-Ei! –Harry reclamou rindo.

Os dois se separaram e riram para o seu bebê.

-Nós ficamos até o fim do ano. –James prometeu –Se as coisas realmente não estiverem melhorando até la eu sei para onde posso levar todos vocês, onde estaremos seguros.

-Obrigada. –Lily agradeceu aliviada.

-Ei, eu acho que tem uma abóbora la embaixo. Vamos fazer uma laterna para o Harry?

-Vamos.

Nora

Ela não sentia saudades do clima ou da comida. Mal sentia saudades dos prédios e do chá. O que doía era a saudade das lembranças, de todas as pessoas que nunca mais veria.

Elas saíram achando que voltariam em cinco anos no máximo. Mais de quarenta tinham passado.

Todos estavam mortos, todos. Nenhuma das pessoas que elas amaram estava lá.

Quando James e Lily morreram... Olivia quis voltar, Nora recusou-se. Não quando Sirius era o culpado, quando ele matara seu melhor amigo, não quando ele matara a Lily delas.

Nora devia ter esperado por essa. Sirius nunca gostara de Lily, mal tolerara a ruiva pelo bem do amigo. Devia ter esperado esse tipo de atitude baixa e covarde vinda dele. Revoltou-se por muito tempo, tivera nojo de pensar que algum dia fora tocada por ele. Olivia foi uma grande ajuda durante esse tempo, uma rocha ao seu lado.

Por muito tempo, pensaram em voltar, mas nunca viram motivo. Tudo o que amavam sobre a Inglaterra, sobre Londres, tinha sido destruído.

Então Harry voltou. Dessa vez Nora quisera ir. Olivia achara melhor não. O que elas iam fazer la? Harry sequer devia saber quem elas eram.

Então Sirius escapou de Azkaban. Nora quis voltar de novo, matar o desgraçado, acabar com a raça dele. Olivia segurou-a, deixou-a gritar e destruir a casa na qual estavam morando há sete anos. Quando Nora finalmente acalmou-se Olivia recolheu-a e a levou para a Turquia.

Era como se a vida não quisesse dar uma brecha para elas. Sempre que elas se recuperavam um pouco o passado batia na porta e fazia com que elas sentissem toda a dor de novo.

A guerra voltou, Voldemort voltou, Hogwarts virou um campo de batalha e, então, o pior golpe veio. Após o fim da guerra, quase um ano depois, alguém lançou uma matéria que ficou conhecida em todo o mundo bruxo, onde Harry Potter explicou muitas coisas.

Entre elas que o verdadeiro traidor dos Potter nunca fora Sirius Black, que morrera um herói. Fora Peter Pettigrew, o covarde.

Nora fora quem vira a notícia primeiro. Agonizou por um hora, mas sabia que não podia esconder isso de Olivia. Então mostrou o jornal a ela.

No começo Olivia ficou parada em choque. Nora não saberia dizer se foram minutos ou horas, mas era como se a outra tivesse virado pedra. Então veio a negação, a raiva, as lágrimas. Olivia não queria acreditar. Lily estava morta e a culpa era só dela.

Ela sequer lembrava-se que jogara Peter para os Comensais da escola. Peter era um rato, não valia nada, nunca seria nada. Olivia o entregou a Rabastan com essa ideia na cabeça. Não achava que Peter tinha o que era necessário para levar algo desse tipo adiante, muito menos para...

Ela nunca contou para ninguem, só Nora sabia.

Lily estava morta por culpa dela. Porque Olivia deu Peter de bandeja para os Comensais e nunca mais pensou no assunto.

Dessa vez foi Olivia quem destruiu a casa. Nora levou-a para a China.

Ela gostaria de dizer que as coisas melhoraram, mas elas só pioraram.

No primeiro ano Olivia ficou obcecada com a ideia de que aquilo era mentira, sensacionalismo da mídia. Nora, que faria qualquer coisa para ajuda-la, até tentou ajudar, mas todas as informações conferiam.

Então veio um ano de silêncio, onde Olivia não falava absolutamente nada. Na metade desse ano, ela começou a recusar-se a comer e Nora começou a usar Imperius nela. E não sentia um pingo de remorso por isso, porque não ia deixar a amiga definhar.

Tentou fazer Olivia receber ajuda, mas nada adiantava.

Vieram os pesadelos, os surtos... Ela só piorou nos anos que vieram depois, começou a definhar, era como se não estivesse lá na maior parte do tempo. Os pesadelos não paravam, ela ora negava que Peter tinha sido responsável pela morte dos Potter, ora culpava-se sem parar.

Foram anos terríveis e pareciam que não ia terminar nunca.

Nora tirou a varinha dela e cuidou dela em casa. As duas mudaram-se muito nessa época, porque quando Olivia tinha surtos a casa inteira podia vir abaixo.

Foram anos que Nora passou sem paz, que pareceram séculos, que não acabavam nunca e não havia nada que pudesse ser feito.

Ela considerou, mais de uma vez, apagar a memória de Olivia. Faze-la esquecer de tudo, inclusive quem ela fora um dia. Mas nunca teve coragem. Nora preferiria morrer miserável como Nora Carter do que viver feliz como uma sombra e sabia que Olivia sentia o mesmo.

Ela teria que superar isso.

Então um dia, anos depois, um jornal chegou a porta delas. Nora mantinha-se informada das notícias na Inglaterra pelo Profeta Diário, embora as vezes o jornal chegasse uma semana atrasado. Dependia da coruja.

Nora vira Harry transformar-se num tipo de celebridade no mundo bruxo, com direito a participação em colunas de fofoca e perseguição de papparazzi mágicos. Rita Skeeter, particularmente, parecia ter um certo desejo de acabar com a família Potter.

Dessa vez o mundo bruxo devia estar num período de marasmo intenso, porque alguem fotografara a família Potter indo levar os filhos para pegar o Expresso de Hogwarts. Então os olhos de Nora arregalaram-se.

Era o primeiro ano de Lily Luna, a filha de Harry. Rita estava zombando que a garota parecia vestir-se melhor que a mãe e a tia.

Lily Luna era ruiva como a Lily delas fora. Elas não era exatamente parecidas, havia alguma coisa que lembrava, mas no geral eram duas pessoas diferentes. Porém essa Lily estava usando o uniforme de Hogwarts ja na plataforma, obviamente ansiosa pelas aulas.

A saia do uniforme dela era mais curta e tinha renda na barra. As unhas dela estavam pintadas de preto. Lily Luna era uma Dama.

Nora levou o jornal para Olivia e deixou-o na beirada da cama dela.

Uma semana passou. Olivia quis saber que dia era.

Dois meses depois ela comentou que estava calor. Onde moravam agora?

Quatro meses mais tarde, disse que estava com vontade de comer bolo de morango, o preferido dela.

Foi como se um feitiço tivesse se quebrado.

Um dia, cinco anos depois de ter mostrado aquele artigo a Olivia, Nora entrou no quarto da amiga e encontrou-a sentada em sua cama, penteando o cabelo.

-Olivia?

-Está na hora de voltarmos para a Inglaterra. –ela falou calmamente.


-Eu vou arrumar as nossas malas.

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N/A: Ai está.

Espero que vocês gostem. Não me matem. COMENTEM!

Obrigada ao Quarteto do Terror por ter me forçado a escrever isso. Foi tétrico, mas foi bom.

B-jão