Capítulo 11
-Inacreditável! –Susan
estava esbravejando –Homem teimoso e ignorante!
Estavam seguindo Gandalf
para os estábulos, logo após a decisão do rei.
-Por ordem do rei, a cidade
deve ser evacuada. –Hamá estava declarando, logo atrás deles, chocando e
assustando todas as pessoas dali –Nós iremos para o refúgio do Abismo de Helm.
Não levem tesouros, só os mantimentos que precisarem.
-Abismo de Helm! –Gimli
falou com escárnio –Eles fogem para as montanhas quando deviam ficar e lutar.
Quem os defenderá, se não seu rei?
-Ele só está fazendo o que
pensa ser o melhor para seu povo. –Aragorn defendeu suavemente –O Abismo de
Helm os salvou no passado.
-Não há saída naquele
desfiladeiro. –Gandalf falou –Théoden está indo para uma armadilha. Pensa que
os está levando para segurança. O que eles terão será um massacre.
Aragorn abriu a porta do
coche para o mago, que suspirou.
-Théoden tem força de
vontade, mas eu temo por ele. –ele falou –Eu temo pela sobrevivência de Roham.
Ele precisará de você, Aragorn, antes do fim. O povo de Roham precisará de
você. As defesas têm que aguentar.
-Elas vão aguentar. –o
guardião prometeu.
Gandalf aproximou-se de
Scadufax e passou a mão pelo pescoço do cavalo.
-O Peregrino Cinzento. É
disso que costumavam me chamar. Por trezentas vidas de homens eu caminhei essa
terra, e agora não tenho tempo.
Ele montou e Aragorn mais
uma vez abriu o coche para ele.
-Com sorte, minha busca não
será em vão. –Gandalf prosseguiu –Espere por mim na primeira luz do quinto dia.
Ao amanhecer, olhe para o leste.
Aragorn fez que sim com a
cabeça.
-Vá. –ele urgiu.
Gandalf partiu em galope,
deixando os demais ali.
-Temos que nos preparar para
partirmos, Susan. –Boromir falou para a garota.
Susan assentiu e estava para
sair com o capitão quando um cavalo começou a lutar contra as cordas que o
seguravam. Ela deu um passo para frente, apenas para ver Aragorn tomar contar
da situação.
Viu o guardião acalmar o
cavalo com palavras em élfico.
Então viu Eowyn aproximar-se
dele e os dois conversarem.
-Oh não... –ela murmurou.
-O que foi, Susan? –Boromir
perguntou confuso.
-Nada. –ela falou –Nada.
XxX
E eles começaram a andar. De
novo.
Susan sentia-a que era tudo
o que fazia nesse lugar: andar de um lugar para o outro, aparentemente sem um
destino real em mente.
Essa caminhada, porém, era
diferente das demais. O povo de Edoras tinha sido evacudado e seguia em uma
linha para onde quer que o rei os estivesse levando.
Muitas crianças, mulheres e
velhos faziam parte do grupo. Havia poucos soldados. Isso nunca era bom.
Gandalf tinha dito que
estavam indo para uma armadilha. Susan não duvidava. Sua dúvida era como iam
sair dela, ja que Théoden era teimoso demais.
A marcha duraria alguns dias
e era sedada, para acomodar a todos.
Hoje Susan estava cavalgando
com Aragorn. Logo a frente deles Gimli conversava com Lady Éowyn, fazendo a
mulher rir. Inclusive gargalhar quando o cavalo do anão disparou, derrubando-o.
O sorriso dela era reluzente.
-Eu não via minha sobrinha
sorrir há muito tempo. –Théoden comentou, seu cavalo ao lado do deles –Ela era
uma menina quando trouxeram seu pai morto, retalhado por orcs. Ela assistiu sua
mãe sucumbir á dor. Então foi deixada só, para ver seu rei amedrontado,
condenada a servir a mesa de um homem velho que devia te-la amado como um pai.
Théoden obviamente
recriminava-se por não ter cuidado melhor da sobrinha, protegido-a. Talvez
Éowyn não tivesse precisado de proteção. Talvez apenas de liberdade e amor.
Susan viu a mulher virar-se
mais uma vez para olhar para Aragorn.
-Cuidado. –ela murmurou para
ele quando Théoden se afastou.
-Com o que? –o guardião
perguntou confuso.
-Não seja muito gentil com
ela. –Susan falou suavemente –Ou você pode se ver dono de um coração que não
deseja.
E Aragorn não respondeu.
XxX
Havia algo de mágico em
Aragorn. Ele tinha um carisma e uma força fascinantes. Apenas de olhar em seus
olhos Éowyn queria confiar a ele todos seus segredos e até sua vida.
Conversar com ele era
reconfortante.
E o homem era educado a
ponto de comer sua comida só para ser gentil.
Éowyn não era estúpida,
sabia que cozinhava mal.
E mesmo assim, lá estava
ele, conversando gentilmente com ela e comendo sua comida. Pobre nobre homem...
O olhar dela percorreu o
acampamento e foi parar na Rainha Susan. Aquela sim era um mistério.
Olhando para ela era fácil
de ver, e bem óbvio, que a mulher era realeza. Havia uma nobreza, uma confiança
e um poder nela.
Éowyn obersvou a rainha
sorrir e conversar com o capitão da guarda de Gondor.
-A Rainha Susan está
prometida a Boromir? –perguntou a Aragorn.
O guardião seguiu o olhar de
Éowyn e viu os dois conversando.
-Não. –ele falou de forma
sincera –Eu imagino que Boromir não a veja dessa forma. E também não acho que
ela pense nele assim. A verdade é que Susan salvou a vida de Boromir e, muito
possivelmente, sua alma também. Ele será eternamente leal a ela agora.
Éowyn continuou observando
os dois, então percebeu que Aragorn estava certo. Os dois estavam conversando e
rindo, mas parecia algo tão amigo, companheiro. Nada romântico. Ou como Éowyn
imaginava que romântico fosse.
-Além do mais... –Aragorn
falou com um pequeno sorriso –Eu acho que Legolas teria um sério problema com
Boromir cortejando a Rainha.
Éowyn pareceu confusa por um
momento, então o queixo dela caiu.
-Você quer dizer que o elfo
e a rainha...
-Mais como o elfo está um
pouco encantado demais com a rainha.
E Éowyn disparou a rir.
XxX
Legolas não tinha um bom
pressentimento.
Estava sendo fácil demais.
Estivera pensando nisso desde que acordara.
A trajetória deles para o
Abismo de Helm estava calma demais para o gosto do elfo. Saruman queria
destruir o povo de Rohan. Aquela marcha era uma oportunidade perfeita: eles
estavam vulneráveis e cansados.
Que um ataque ainda não
tivesse acontecido preocupava Legolas. Queria dizer que o inimigo preparava
algo grande.
Eles não teriam como lidar
com algo grande.
Gamling e Hama passaram por
ele a cavalo, foi logo depois que ele ouviu o grito.
-Wargs!
Quando ele correu para os
dois Gamling estava enfrentando o orc e Hama estava largado ao chão. O elfo
eliminou o warg a distância com as flechas e então cortou a garganta do orc.
-Batedor! –ele gritou para
Aragorn que também viera correndo.
O guardião voltou correndo
para onde os demais estavam.
-O que houve? –Théoden quis
saber –O que você viu?
-Warg! Nós estamos sob
ataque. –Aragorn gritou.
Ambos começaram a gritar
comandos, enquanto as pessoas entravam em pânico e mães abarçavam seus filhos.
-Você deve levar as pessoas
para o Abismo de Helm. –Théoden falou, aproximando-se de Éowyn –E vá depressa.
-Eu posso lutar! –ela
protestou.
-Não. –Théoden falou com
firmeza, então suavizou seu tom –Você deve fazer isso, por mim.
-Susan! –Boromir
aproximou-se –Você e Reepicheep podem acompanhar Lady Éowyn?
-Sim, não se preocupe. –ela
garantiu. Ao fundo podia ouvir a outra mulher pedindo a todos para ficarem
juntos –Cuidado.
-Eu terei, minha senhora.
Boromir apressou-se para
juntar-se aos demais. Susan não olhou para trás, pois tinha medo do que veria.
XxX
-Como você pode deixa-los de
excluir da batalha? –Éowyn perguntou de repente, após mais de meia hora de
caminhada.
Susan olhou para Éowyn como
se precisasse ter certeza de que a mulher falava com ela.
-Eu não fui excluída da
luta. –Susan falou como se fosse óbvio –Eu fui incumbida de acompanhar você.
-Mas você poderia ter
lutado. –Éowyn insistiu.
-Sim, mas daí quem ficaria
aqui? –Susan falou, como se a resposta fosse óbvia –Se seu tio morrer em
batalha, quem vai guiar essas pessoas, Éowyn? –falou, porque sabia qual era o
problema da outra –Só batalhas dão a glória que você deseja, mas o que não vê é
que isso também é importante. Cuidar do seu povo, manter uma linha de liderança
forte, esses são deveres sem glória, mas alguém tem que faze-los, Éowyn. Eu sou
confiante o bastante em mim mesma e no meu valor para saber que isso não me
desvaloriza. Muito pelo contrário.
Éowyn abriu a boca para
retrucar quando alguem a frente gritou.
-O Abismo de Helm!
Elas tinham chegado.
XxX
Boromir não ansiava ver
Susan.
Percebera pelos olhares de
Legolas e Gimli que ambos esperavam que ele desse a ela a notícia de que
Aragorn caíra.
Até entendia porque
esperavam isso dele, mas temia a reação da Rainha. Susan tinha um coração
gentil demais e se apegara a todos eles.
Assim que entraram Éowyn
aproximou-se, perguntando dos soldados, mas obviamente procurando por Aragorn.
Gimli estava dando as más
notícias a ela quando Boromir avistou Susan. Ela estivera na muralha, esperando
pela chegada deles e agora descia as escadas.
Viu os olhos da Rainha
passar pelos três em alivio e brecar quando não encontraram Aragorn. Susan
virou-se imediatamente para ele.
-Onde está Aragorn? –ela
exigiu.
-Susan... –Boromir começou.
-Onde está Aragorn? –ela
perguntou, dessa vez mais preocupada.
-Ele caiu. –Boromir falou
com simplicidade.
-Não. –ela banlançou a
cabeça –Ele não pode...
De coração quebrado por
vê-la daquele jeito, Boromir puxou-a para um abraço. A Rainha foi sem
resistência alguma, afundando o rosto contra o peito dele e chorando. Era
tocante como ela não sentia necessidade de fazer-se de forte quando estava
magoada. E era de partir o coração.
Boromir soube, no momento em
que seu coração voltou a bater por ela, que seguiria a Rainha onde ela fosse,
mesmo que isso quisesse dizer que um dia estaria em Nárnia.
Só esperava ter a chance de
implorar a Frodo por seu perdão.
Mais do que seguir a Rainha
de Nárnia, esse era seu maior desejo.
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N/A: Mais Boromir e Susan sendo besties, porque eles nasceram para isso!
Eu sei que a grande maioria de vocês quer ver logo mais amor entre a Susan e o Legolas, e eu prometo que vai chegar a hora, mas ainda não é agora. Aguentem firme, porque ainda temos muito filme pela frente!
B-jão