Capítulo 18
-Então... Nada de sexo?
Bruce lançou um olhar nada
encorajador a ela.
-Mas sério? Nem uma mão boba
ali ou uma...
-Não, Toni! –Bruce bufou
–Nós só nos beijamos.
-Bruce, como eu vou me
divertir com a sua vida sexual se ela não existe? –Toni perguntou frustrada.
Bruce ainda estava tentando
acreditar que ela tivera a cara de pau de falar isso.
-Por que você não se
preocupa com a sua vida sexual? –ele sugeriu seco.
-Porque ela está quase
negativa. –Toni resmungou.
-Então nada aconteceu com o
Capitão ontem? –Bruce provocou de leve.
-Não. –Toni falou baixinho.
Isso pareceu interessar
Bruce imensamente.
-Nada? –ele repetiu
incrédulo.
-Não. –Toni quase rosnou
–Steve foi um perfeito cavalheiro, como sempre.
Obviamente não era um
elogio.
-Por que você não avançou
nele ou algo do tipo? –Bruce perguntou.
Toni comprimiu os lábios e
não respondeu.
-Toni?
-Porque eu não quis, ta?
–ela estourou por fim –Eu estava me divertindo, estava tudo bem, nós
conversamos, rimos e dançamos. Satisfeito?
-Muito. –era óbvio pela cara
dele.
-Senhorita, Coronel Rhodes
está no telefone. –a voz de Jarvis informou.
-Pode passar, Jarv. Oi,
Rhodey!
-Toni, eu preciso falar com você. –a voz dele era super séria.
-Eu juro que não fiz nada.
–ela falou automaticamente.
-Não é isso. –ele suspirou –Onde
você está?
-No laboratório com o Bruce.
–ela falou, começando a ficar preocupada –O que aconteceu?
-Que bom que você não está sozinha. –ele pausou –Toni... Trevor Slattery fugiu da prisão.
-Slattery? O homem mal
conseguia amarrar os próprios sapatos. Como ele conseguiu isso?
-Na verdade ele foi tirado de lá por um time de profissionais.
-Rhodey...
-Toni, eles acham que o Mandarim, o verdadeiro, capturou Trevor.
-Não! –Toni gritou na hora
–Killian está morto!
-Nós não achamos que Killian seja o verdadeiro Mandarim. –Rhodes
falou na hora –Nós achamos que existe uma
pessoa que...
Toni não estava mais
ouvindo, porque o sangue estava pulsando em suas orelhas, era como se um apito
estivesse cobrindo todo o resto dos sons ao seu redor e sua cabeça estivesse
girando. Bruce parecia estar chamando seu nome de tão longe.
Não podia ser. Killian
estava morto e toda aquela história do Mandarim tinha acabado! Não ia passar
por aquilo tudo de novo. Não ia!
Não sabia quanto tempo
passou ali, caída no chão, alheia a todo o resto, até ouvir a voz de Steve.
-Toni?
-Ele não pode existir. –ela
falou mais para si.
-Está tudo bem. –Steve
garantiu pegando-a no colo –Eu estou aqui.
-Eu não quero passar por
tudo aquilo de novo. –ela praticamente sussurrou.
-Você não vai. –Steve falou
de forma firme –Isso eu te prometo.
Mais tarde, Toni ia refletir
em como as horas pareceram sumir naquele dia, como se ela tivesse caído em um
buraco negro e tudo tivesse deixado de existir. Ia refletir em como a primeira
coisa que desejara era uma garrafa (ou uma dúzia) de algo alcoolico, qualquer
coisa. Achava que todos os ataques de pânico que podia ter já tinham passado.
Tudo o que acontecera com
Killian fora um inferno. Um que ela esperava ter deixado para trás, porque ele
estava morto. Porém a ideia de que existia alguem la fora que realmente fosse o
Mandarim...
Não, Toni não podia viver
com esse conhecimento.
Pareceu ser um século depois
que ela começou a voltar a si, perceber que estava em um quarto que nunca vira
em sua vida, envolta em calor. Envolta em Steve.
-Steve? –chamou com cuidado.
-Ei. –sentiu os lábios dele
roçarem sua testa –Eu estou aqui.
Sim, ela podia perceber isso
agora. Não sabia como não tinha visto nada, mas Steve obviamente a carregara
para o apartamento dele. Os dois estavam na cama, ela praticamente no colo
dele, seu ombro contra o peito do Capitão, que a envolvia em seus braços.
-Eu apaguei? –ela quis
saber.
-Acho que você...
Desconectou. –ele falou com cuidado.
-Quanto tempo?
Steve hesitou por um minuto.
-Duas horas. –ele falou por
fim.
Toni afastou-se dele,
olhando-o em choque.
-Eu fiquei desse jeito por
duas horas? E você ficou aqui me aguentando?
-Eu não ia te deixar, Toni.
–ele falou como se fosse óbvio –Você estava muito abalada.
-Steve...
-Eu sei que você fica brava
e se faz de durona, mas eu gosto de
você. –ele falou sério –A não ser que você diga que não me quer por perto, a
não ser que você me mande embora, eu não vou sair do seu lado. Eu vou estar
aqui.
-O que? Me protegendo? –ela
soltou seca.
-Você sabe se proteger,
Toni. –ele falou com calma –Eu sei que não tenho que cuidar de você. Mas eu me
importo, porque eu... –respirou fundo –Eu me importo e quero estar do seu lado,
mesmo que não seja para nada mais do que segurar sua mão.
Toni afastou-se um pouco
mais, o bastante para poder se virar e ficar frente a frente com ele.
-Por que você tem que ser
tão perfeito? –ela falou exasperada –Eu não sei o que faço com você.
-Eu tenho a impressão de que
você não está me elogiando. –Steve suspirou –Eu não sou perfeito, Toni, nem
quero você pense que eu sou.
Toni estava olhando para ele
de forma desconfiada.
-Você quer me contar o que
aconteceu? –ele falou suavemente, sem pressão.
A bilionária suspirou.
-Bruce não disse nada?
-Ele me disse o que Rhodes
disse. –Steve admitiu –Mas eu quero saber o que você sentiu.
-Quando Killian morreu...
–Toni respirou fundo –Eu achei que tinha acabado. Eu descobri que tudo isso me
deixa tensa, me assusta, me faz ter ataques de pânico. Não me leve a mal, eu
não vou parar de lutar pelo o que é certo e parar de defender quem precisa. Só
que toda vez que eu volto para casa, a única coisa que quero é me afogar numa
garrafa. E eu sei que isso não é saúdavel.
Ela passou a mão pelos
cabelos.
-Killian me assustou demais.
O poder, a loucura... De certa forma foi quase pior do que com Loki. Talvez por
ele ter chegado tão perto de destruir tudo e todos que eu amava. Pepper... –ela
bufou –Eu não quero passar por tudo isso de novo. E a ideia de que exista outro
Mandariam a solta por ai...
Steve envolveu o rosto dela
com as suas mãos.
-Você não está sozinha,
Toni. Não tem porque você lutar como se estivesse. –ele falou sério –Nós
estamos aqui, para cuidar de tudo e todos que você ama.
Toni esticou a mão para
tocar o rosto de Steve.
-Você ainda é perfeito
demais. –ela informou, antes de inclinar-se para beija-lo.
XxX
Pepper não estava tendo um
dia fácil. Aliás, seu dia parecia estar querendo virar uma catástrofe a
qualquer momento.
Rhodey ligara para ela no
dia anterior, logo depois de falar com Toni. Pepper sentira-se mal com a
notícia, porém bem menos do que Toni. Killian era o louco que a queria como
troféu. Além do mais ela tinha fé nos Vingadores. Agora eles eram um verdadeiro
time: unidos, companheiros. Podiam lidar com o verdadeiro Mandarim.
Ela tentou falar com Toni,
saber como ela estava. Bruce informou que Steve tinha vindo ao laboratório e
estava cuidando dela. Pepper sentiu-se aliviada de saber que Steve estava com
Toni. Os dois tinham muito potencial, a bilionária só precisava admitir.
Vindo de Toni essa era a
parte mais difícil.
Enfim, o problema do dia
anterior parecera resolvido. Até Pepper deitar-se para dormir. Daí vieram os
pesadelos, todos aqueles que ela pensava ja não ter mais. A ruiva não dormira
nada a noite inteira.
E, porque o karma é uma
merda, tudo deu errado no escritório. Por ter dormido mal ela perdeu hora, sua
assistente pessoal estava doente e não pôde comparecer, ninguém sabia onde
estavam os arquivos que ela precisava para a reunião que tinha e um dos
fornecedores deles queria quebrar contrato e abrir uma batalha judicial.
E nem era hora do almoço
ainda.
Pepper queria poder ser
dessas chefes que jogava a responsabilidade para o próximo e ia embora. Porém
nunca fora assim e não começaria agora. Era a CEO das Stark Industries, tinha
responsabilidades. Não exigia nada de seus funcionários que não estivesse
disposta a fazer também.
Mas que queria poder
fugir...
Não ia ter tempo para
almoçar. Ia comer algo rapidamente em seu escritório, porque teria que se
encontrar urgente com os advogados da empresa.
Abriu a porta de sua sala,
pronta para desabar na sua cadeira.
Só para dar de cara com
Phil.
-Phil? –chamou incrédula.
Ele era a última pessoa que ela esperava ver.
-Oi, Pepper. –ele sorriu
suavemente para ela.
Cansaço esquecido a ruiva
cruzou a sala em poucos passos para poder jogar os braços em volta do pescoço
dele.
-Dia difícil? –ele perguntou
gentilmente, apertando-a contra si.
-Acabou de ficar perfeito.
–ela confessou contra o pescoço dele.
Fazia meses que os dois
sequer se viam e apenas conversavam por telefone. Tê-lo diante de si agora...
-O que você está fazendo
aqui? –ela perguntou olhando-o.
-Eu tenho boas notícias.
–ele falou, afastando-a um pouco para poder olhar melhor nos olhos dela –Pelo
menos eu espero que você veja assim.
Agora ela estava curiosa.
-Nós estamos prontos para
abrir uma base nova. –Phil falou –E escolhemos Nova York. Eu vou estar aqui
agora de novo. Permanentemente, porque não vou mais ficar saindo com times. Vou
virar o chefe que fica sentado na mesa.
Pepper arregalou os olhos.
-Você vai ficar aqui?
-Sim. –ele falou um pouco
hesitante –Eu sei que você fica muito em Malibu ainda, mas assim...
Pepper não deixou Phil
terminar de falar, porque o estava beijando.
-Isso é perfeito. –ela
admitiu –Mesmo porque... Bom, eu estou mudando para cá.
Agora era a vez dele ficar
chocado.
-Vai ser mais fácil, eu
tenho viajado muito. –ela falou por fim –Ja estou com apartamento e tudo.
-Você não vai morar na
Torre? –ele perguntou levemente confuso.
-Não. –Pepper falou de forma
macia –Eu e a Toni decidimos que, apesar de ainda sermos boas amigas, a gente
precisa de um pouco de distância para cada uma seguir com a sua vida.
-Hum... Bom, isso faz a
próxima parte até mais fácil então...
-Que parte?
-Eu sei que nós não
estivemos exatamente juntos esse tempo todo. E também sei que a culpa é mais
minha por não ter parado num lugar só, mas você... Você é diferente, você é
especial, Pepper. Você é a pessoa com quem eu quero ficar. –ele respirou fundo
–É cedo demais para pensarmos em morar?
Ela estava de queixo caído.
-Claro que se você não achar
que está pronta...
Pepper pulou nele meio que
literalmente. É, não foi um almoço rápido.
XxX
O dia estava lindo: o céu
estava azul, o tempo agradável e o trânsito estava mais do que decente para
Nova York.
Talvez esse devesse ter sido
o sinal para eles. O sinal de que algo estava para acontecer.
-Pela última vez, Lewis,
minha capacidade vai muito além de fazer um taser para você. –Toni revirou os
olhos.
-Então, Alteza. –Darcy
insistiu –Você faz um taser para mim em dois minutos! Nem vai te dar trabalho.
-Darcy, eu tenho a impressão
de que tasers são ilegais em Nova York. –Jane comentou.
-Seu ponto é? –a garota quis
saber.
Jane revirou os olhos.
Toni abriu a boca para
retrucar quando alarmes começaram a soar pela Torre.
-JARVIS! –a bilionária
gritou.
-O senhor Barnes parece
estar tentando fugir. –o IA informou.
-Oi? –Toni não podia
acreditar no que ouvia.
-Ele parece estar em algum
tipo de transe. Estava tendo um sono agitado, acordou e começou a esmurrar a
parede. –o IA informou –Como se estivesse tentando abrir um buraco para fugir.
–silêncio –Agora ele está tentando forçar a porta do elevador aberto. Nenhuma
resposta quando tento falar com ele.
-Chame o Steve e a Natasha
agora. –Toni ordenou, então virou-se para Darcy e Jane, que pareciam assustadas
–Vocês duas esperem aqui. Chamem Thor e Sam e peçam para eles ficarem com
vocês.
As duas apenas fizeram que
sim com a cabeça, enquanto Toni correu para o elevador. Natasha, que surgira
sabem os deuses de onde, estava esperando por ela na porta.
-Jarvis falou que Barnes
está agitado. –ela falou tão logo viu Toni.
-Esse é um eufemismo. –Toni
falou, entrando no elevador.
-Você não devia ir sem
proteção. –Natasha indicou.
-Eu tenho uma la. –Toni
garantiu.
O elevador parou no andar da
academia, onde Steve entrou, parecendo agitado. Ele estava com roupas normais,
mas carregava seu escudo.
-O que está acontecendo?
–ele perguntou preocupado.
-Bucky teve algum tipo de
ataque. –Natasha falou seca –Ele pode ter “voltado” a ser o Soldado. Eu não
quero soar pessimista, mas talvez nós não possamos simplesmente falar com ele.
-Você sugere o que, Natasha?
–Toni retrucou irritada –Que nós o sacrifiquemos como um cachorro raivoso?
-Eu só estou dizendo que
vocês dois têm que estar prontos para tomarem decisões difíceis. –ela falou
calma.
Steve não falou nada, mas
Toni viu a mão dele apertar em volta do escudo.
-Jarvis, nós precisamos que
você afaste Barnes da porta para podermos entrar. –Toni falou.
-De algum jeito que não seja
agressivo. –Steve falou na hora –Algo que não vá aumentar o nível de agressão
dele.
-Não há muitas opções. –o IA
informou.
-Improvisa, Jarvis. –Toni
rebateu impaciente.
Silêncio por alguns
segundos, então Jarvis declarou que era seguro sair.
Barnes estivera destruindo a
televisão, mas quando a porta do elevador abriu-se ele virou para ela
imediatamente. Os olhos dele estavam vazios, como se não houvesse ninguem
dentro da casca oca que era seu corpo.
Steve nem abrira a boca, o
Soldado ja partira para cima dele.
Natasha e Toni pularam para
fora do caminho, enquanto o Capitão tentava se defender sem machucar o outro
homem.
A ex-espiã foi para cima de
Barnes, tentando ajudar Steve, mas era como se o Soldado estivesse possuído por
alguma força maior. Juntos os dois ainda estavam tendo dificuldade em conte-lo,
faze-lo se acalmar.
-Bucky! –Steve falou, mal
defendendo um soco –Bucky, você tem que parar!
O nome não causou reação
alguma, muito menos fez o Soldado pausar seu ataque.
-James! –Toni gritou, ainda
mantendo-se afastada –Para, por favor!
Ela não queria colocar a
armadura. Não queria parecer mais uma ameaça para ele, mas não teria opção se
James não se acalmasse logo. Steve e Natasha não estava conseguindo conte-lo.
De repente James conseguiu
segurar Natasha e arremessa-la contra uma das paredes e a ruiva ficou caída no
chão. Os olhos dele viraram-se para Toni.
-Antonella Stark. –ele falou
olhando para ela –Você é o alvo.
Steve gritou algo e usou seu
ombro para tentar desestabilizar James, mas o esforço foi inútil. O soldado
agarrou o Capitão pelo braço e arremessou contra o chão, então pegou o escudo
que estivera caído no chão e acertou Steve duas vezes: uma no rosto e uma
segunda na base do pescoço.
Steve desmanchou contra o
chão.
-STEVE!
Satisfeito que seu
adversário não estava tentando levantar, James virou-se para Toni.
-Acionar, Jarvis. –ela
ordenou e os pedaços de armadura começaram a voar na direção dela.
Apenas a perna e o braço
esquerdo estavam no lugar quando James alcançou Toni e pegou-a pelo pescoço.
Ele rebateu os pedaços seguintes que vieram e derrubou-a no chão.
-James, não! –ela gritou
–Você não quer fazer isso!
-Você é a minha missão. –ele
falou com sua voz vazia, olhos que não viam nada além do próximo alvo.
Toni conseguiu colocar a
perna entre eles, tentando fazer os propulsores empurra-lo para longe. Porém
ele era forte demais e ela não estava totalmente protegida.
Sentiu as mãos dele se
fecharem em volta do seu pescoço e sabia que era uma questão de segundos até
ele quebra-lo. Tentou empurra-lo com mais força, mas o soldado apenas soltou
uma mão de seu pescoço e segurou o tornozelo de Toni. O grito que ela soltou
diante do som de algo quebrando foi mais reflexo do que outra coisa.
Foi quando o tiro soou pela
sala. A mão dele folgaram levemente.
Natasha estava de pé, arma
na mão. Bucky virou levemente a cabeça para olha-la, sem parecer preocupado.
-O próximo não vai ser no
ombro. –ela avisou.
Toni sentiu o sangue dele
escorrendo pelo braço e pingando nela.
-Natasha, espera! –Toni
pediu.
Mas a voz dela voltou a
atenção de Bucky para o fato de ela ainda estar viva.
-Você é minha missão. –ele
falou mais uma vez, suas mãos apertando de novo.
Toni não teve escolha. Só
tinha essa chance, então disparou uma rajada da sua luva diretamente contra o
rosto dele. Infelizmente a mão de Bucky ja estava apertada demais em volta de
seu pescoço.
Ela apagou sem saber se o
segundo tiro que ouviu matou Bucky. Sem saber se sua rajada o machucou. Apagou
sem saber se acordaria.
XxX
Foi o bip que a acordou na
verdade. Era um dos barulhos que ela mais odiava em hospitais, era deprimente.
Toni abriu os olhos, mas a
luz os feriu, fazendo-a fecha-los de novo.
-Toni.
Era a voz de Bruce, tão
preocupada e cuidadosa. De repente foi como se tudo voltasse de repente:
Natasha, Bucky...
-Steve! –ela tentou
sentar-se, mas sua cabeça ainda estava rodando.
-Toni, vamos com calma.
–Bruce tocou no ombro dela.
-Onde está o Steve? E o
Barnes? –ela exigiu.
-Toni, você precisa se acalmar
e me deixar te olhar. –ele insistiu.
-Eu não vou me acalmar até
você me dizer onde estão todos! –ela protestou se debatendo.
A tontura e a dor que sentia
não eram nada perto do desespero de não saber.
-Eles estão vivos. –Bruce
falou de forma curta.
-Bruce...
-Eu não vou te dizer mais
nada se você não me deixar te examinar. –ele falou com finalidade.
Toni comprimiu os lábios,
mas deixou Bruce encosta-la contra os travesseiros.
-Natasha está melhor que
todos vocês. –ele falou depois de um minuto de examinação em silêncio –Ela só
deslocou o ombro e nós já colocamos no lugar.
Toni finalmente começou a
perceber as coisas com mais calma. Estava na ala médica da Torre, a que fora
criada unicamente para os Vingadores. Tinha um colar servical, seu punho estava
enfaixado e sua perna engessada.
-Você, por um milagre, não
está pior. –Bruce continuou –Seu pescoço está machucado, mas nada tão sério
quanto nós temíamos a princípio. Você torceu o pulso quando Barnes caiu sobre
você, mas ele quebrou seu tornozelo. Com uma mão.
-Como ele está? –Toni
pressionou.
-Steve está... Se
recuperando. –Bruce ignorou totalmente a pergunta de Toni –A pancada que ele
tomou com o próprio escudo na coluna foi forte demais. Por um momento nós
tivemos medo que ele ter sequelas permanentes. Pepper nos arrumou um cirurgião
e ele teve que operar Steve, mas o soro dele é mais incrível do que
imaginávamos. Ele vai se recuperar totalmente.
-Bruce, cadê o Barnes? –ela
exigiu.
Bruce suspirou.
-Ele está em coma. –ele
falou por fim –Natasha mirou para acerta-lo na cabeça, mas quando você soltou
aquela rajada no rosto dele, a cabeça dele se moveu e o tirou acabou acertando
no pescoço. Fora isso, a distância que você atirou nele causou queimaduras
graves no rosto dele.
Toni levou as mãos a boca.
-Ele vai ficar bem?
-Eu não acredito que você
está realmente preocupada, Toni. –Bruce falou um tanto frustrado –Ele tentou
matar você, machucou Steve e Natasha. Deus sabe o que teria acontecido se
Natasha não tivesse atirado nele.
-Não é culpa dele, Bruce!
–Toni protestou.
-Nunca vai ser, Toni! Mas
ele também nunca vai estar estável. –Bruce bradou irritado -Nós nunca vamos
saber o que pode desengatilhar uma reação nele, quando ele vai voltar a pensar
que a missão dele é te matar, matar Steve, quem sabe quem mais! Nós nunca vamos
poder confiar nele, ele nunca vai poder ficar sozinho ou sem supervisão. Você
está mesmo disposta a arriscar a segurança da Torre inteira por um homem?
Os olhos de Toni se encheram
de lágrimas e ela caiu contra os travesseiros...
-Toni...
-O Steve vai ficar arrasado.
–ela falou –Ele não está pronto para desistir do Barnes.
-Você está... Fazendo tudo
isso pelo Steve? –Bruce perguntou chocado.
-Sim. –ela admitiu –Eu até
curto o Barnes quando ele não está tentando me matar, mas... Todo esse tempo,
eu estive cuidando dele, sendo paciente com ele, pedindo ajuda por ele porque
eu posso, tenho os recursos e Steve não. Eu tenho cuidado dele pelo Steve.
Bruce sentou-se na cama e
pegou a mão de Toni.
-Toni... –ele suspirou
–Steve, melhor do que ninguem, vai entender a que ponto as coisas chegaram.
Você acha que ele vai ficar feliz de te ver desse jeito, sabendo que Bucky te
atacou? Sabendo que pode acontecer de novo? Toni, ele te chamou de “missão”,
ele queria te matar ao custo da própria vida. Você acha que ele valhe mais para
Steve do que você?
-E se ele valer, Bruce? E
daí?
-Ah Toni... –o doutor
abraçou a bilionária enquanto ela chorou em seu ombro.
XxX
Toni conseguiu, no final do
dia, escapar de Bruce e Pepper (que estivera la mais cedo e chorara muito) e ir
procurar Steve.
Havia um par de muletas
perto de sua cama, mas com o pulso machucado não era fácil usa-las. Felizmente
localizou uma cadeira de rodas no corredor que ajudou-a.
Sam estava lendo um livro ao
lado da cama de Steve quando ela entrou no quarto.
-Ei. –Sam sorriu para ela
–Que bom ver você circulando por ai.
-Oi, Wilson. –ela sorriu
–Como ele está?
-Dormindo. –ele falou –Ele
está se recuperando muito bem, considerando o que aconteceu.
-Ele acordou? –ela perguntou
mordiscando o lábio inferior.
-Duas vezes. – Sam confirmou
–Nas duas ele perguntou por você.
Toni passou a mão pelos
cabelos.
-Você poderia...
-Eu vou buscar um café e
distrair o Bruce para você. –ele falou com um sorriso levantando-se –Que bom
que você veio, Toni. –falou sinceramente colocando a mão no ombro dela –Ele
precisa te ver.
Ela apenas fez que sim com a
cabeça e esperou Sam sair antes de se aproximar da cama.
-Picolé, para de frescura e
acorda. –ela falou firme –Você não acha que 70 anos são mais do que suficientes
para um soninho de beleza? Mesmo porque, se você ficar mais gostoso o mundo não
vai saber lidar. Então, larga de ser mala e acorda.
O único som da sala eram os
malditos bips das máquinas.
-Se você não acordar, quem
vai brigar comigo? Com quem eu vou implicar? De quem eu vou tentar abusar? –ela
bufou –Eu preciso que você acorde, Steve. Eu preciso que você me leve em
encontros que só não são idiotas porque você está la. Eu ainda nem te contei
todos os meus sonhos e expectativas ou traumas de infância. Não sei os seus!
Como pode isso? Eu não sei de que lado da cama você prefere dormir. Você ainda
não terminou de ver Star Wars. E nem vamos falar de Star Trek!
Ela agarrou a mão dele.
-Você tem que acordar porque
eu preciso ver seus olhos, seu sorriso. –colocou sua testa contra a mão dele
–Eu quero ver você bufando porque eu disse alguma coisa que você acha
imprópria. Eu não te zoei o bastante por ser uma relíquia. Não disse quanto
gosto da sua risada, do som da sua voz. Que eu reclamo, mas fico esperando você
me chamar para sair, porque quero passar mais tempo com você. Não te contei que
eu adoro seu jeito de me beijar, o tempo todo, todas as vezes.
Droga, ela ia chorar de
novo.
-Você tem que acordar pra eu
continuar fingindo que não estou me apaixonando por você! –ela falou,
finalmente olhando para ele –Para eu continuar me fazendo de durona e você
continuar se fazendo de virgem inocente, porque é assim que nós somos e é assim
que eu quero que nós continuemos. Eu quero que você tente me por na linha, na
mesma medida que eu tento te tirar dela. Eu quero você do meu lado, Rogers. Só
você! Agora você tem que acordar para isso.
-Por que você não disse
antes?
Toni quase tombou a cadeira
de rodas. Os olhos dele –aqueles azuis brilhantes como um céu de verão – abriram-se
junto com um sorriso de gato que pegou o canário.
-Eu não acredito que você...
-Eu só estava te deixando
terminar de falar. –ele falou, embora sua voz estivesse fraca e rouca –Sendo um
cavalheiro, sabe?
-Seu maldito! –Toni
esbravejou.
-Não foi de propósito. –ele
garantiu –Eu acordei na parte da relíquia.
-Eu te odeio, Rogers. –ela
resmungou.
-Não. –ele falou ainda
sorrindo –Você está se apaixonando por mim, como eu estou por você.
Ela cruzou os braços e olhou
para o lado oposto, mas não conseguiu evitar de olhar para ele de novo.
-Você está bem? –ela quis
saber.
-Eu estou ótimo. –ele
garantiu –Como você está?
-Eu sinceramente não sei.
–ela admitiu –Eu queria dizer bem, mas...
Steve esticou a mão na
direção dela.
-Tudo bem. –garantiu –A
gente resolve tudo.
-Mais tarde. –Toni
completou, pegando a mão dele e voltando a se aproximar da cama.
-Mais tarde. –ele concordou.
Juntos.
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N/A: Aí está! Dama está chegando ao fim e parecendo cada vez mais uma novela da Globo... hahaha
Próximo capítulo é o último, onde teremos muitas emoções. Preparem-se.
Quarta teremos post em O Contato.
COMENTEM
B-jão