sábado, 24 de janeiro de 2015

Nove Meses - Segundo Mês



Segundo mês

Curiosamente o anúncio de Toni foi seguido por uma cena coletiva: todos os olhos voltando-se para Bruce.

-O que? –o doutor perguntou exasperado –Por que vocês estão olhando para mim? Eu não tenho nada com isso.

Então todo mundo olhou para Steve.

-Muito menos eu! –ele protestou corando.

Dai todos olharam para Loki.

-Isso nem merece comentário. –o deus falou de forma fria.

-Não tem pai. –Toni informou tranquilamente -Foi concepção divina.

Era óbvio que ninguém achava isso engraçado.

-Fertilização em laboratório? –ela ofereceu.

-Quem é o pai, Toni? –Steve perguntou de forma paciente.

-Não é da conta de vocês. –ela falou de forma simples, mas firme –E sim, eu sei quem é, antes que alguem pergunte.

Thor ja estava levantando e parabenizando Toni por essa grande bênção, mas foi quando a bilionária saiu que todos se juntaram.

-Pepper...

-Eu não sei quem é o pai, Steve. –a ruiva cortou –Ela não quer me contar e, sinceramente, nós temos outros problemas mais sérios.

-Por exemplo? –Clint perguntou –Porque a Stark reproduzindo, seja la com a ajuda de quem for, é um problema bem grande na minha opinião.

Natasha deu um tapa na nuca dele.

-Ela não quer ir no médico. –Pepper suspirou –Disse que mulheres vem fazendo isso por séculos sem ajuda de ninguem e ela não precisa ir em lugar nenhum.

-Você ta brincando né? –Jane perguntou chocada.

-Eu bem que queria. –Pepper falou –Mas acho que a Toni ainda está tentando se convencer de que é um erro e, que se ela ignorar, vai passar.

-Ela vai fazer passar? –Steve perguntou sério.

-Não. –dessa vez a ruiva foi categórica –Isso não.

-Menos mal...

-Não que não seja um direito e uma escolha dela. –Jane falou fuzilando Steve com os olhos.

-Sim, senhora. –o Capitão respondeu na hora.

-Isso ainda nos deixa com a questão do médico. –Natasha indicou.

Mais uma vez, todos os olhares foram parar em Bruce.

-Não. –ele falou na hora –De jeito nenhum.

XxX

A missão de Bruce não era ser o médico de Toni, apenas convence-la a ir em um.

Natasha contou a notícia para Fury e Coulson. Os dois ficaram em choque por um minuto inteiro, então Fury começou a praguejar sobre mais Starks correndo pelo mundo.

SHIELD checou centenas de obstetras pelo país até escolherem uma que consideravam segura e boa.

O problema estava sendo convencer Toni a ir até la.

A bilionária insistia em manter a gravidez em segredo e tinha medo que um médico acabasse dando com a língua nos dentes.

Embora todos soubessem que era porque ela estava querendo esconder do responsável a gravidez, Natasha indicou que era um risco para o grupo também, ja que inimigos tentariam usa-la como alvo mais frequentemente.

Então, decidido que a gravidez de Toni era segredo nível 9 na SHIELD, Natasha foi até o consultório da médica explicar como as coisas iam ser.

A ruiva saiu expressando um grande respeito pela doutora.

Mesmo assim, Toni estava com 10 semanas quando Bruce finalmente convenceu-a a ir até o consultório da Doutora Dafny Fontenele para o primeiro ultrassom.

Tudo tinha sido feito no maior segredo, durante a noite e a bilionária estava usando uma peruca loira. Bruce achava que ia ter uma enxaqueca.

Ele perguntara a Toni milhares de vezes como estava indo, mas tudo o que ela respondia era “bem”. Não estava falando de enjoos, desejos, emoções, peso... Nada. Era como se ela realmente estivesse tentando esquecer que estava grávida.

Doutora Fontenele era uma mulher de sorriso gentil e bondosos olhos de chocolate.

-Bem vinda, senhorita Stark. –ela falou sorrindo ao receber Toni –Pode entrar.

Toni resmungou algo e entrou no consultório seguida por Bruce.

-Eu sou Bruce Banner. –Bruce ofereceu a mão para a doutora.

-Doutora Fontenele. –ela sorriu de novo –Você é o pai?

-Não. –foi Toni quem respondeu de forma curta.

A doutora não disse nada, apenas virou-se sorrindo para Toni.

-Você pode se trocar no banheiro. –ela falou oferecendo uma camisola de exame para Toni –Nós vamos começar com o básico.

Toni saiu resmungando e Bruce lançou um olhar desconfortável a médica.

-Me desculpe por isso.

-Eu ja vi pior. –ela assegurou.

Toni voltou e eles partiram para as partes realmente básicas: peso, altura, amostras de sangue, dieta... A doutora não ficou muito feliz com o que Toni andava comendo e fez toda uma dieta nova para ela.

-Vamos ao ultrassom? –a doutora perguntou ja dirigindo-se para a maca.

-Hum, não. –Toni falou de repente –Ta ficando tarde, é melhor eu ir descansar ou sei la.

Dafny revirou os olhos.

-Na maca, senhorita Stark. –falou de forma firme.

Toni bufou, mas deitou-se na maca ainda resmungando.

-Eu nem sei porque eu to fazendo isso. –a bilionária começou a falar –Até onde eu sei essa coisa toda pode ser só uma falha no sistema do Jarvis. Eu nem cheguei a fazer exame de sangue! Nem aquele de farmácia e... Ai, isso é gelado! –Toni reclamou para a doutora que acabara de colocar um gel na barriga dela.

-Desculpa. –a mulher falou, sem soar nem um pouco sincera.

-E como eu estava dizendo, pode ser tudo um engano e vocês criaram esse pânico por nada. –Toni concluiu satisfeita.

-Hum... –a doutora soltou de forma curiosa.

-O que foi? –o olhar de Toni virou-se na hora para tela –Alguma coisa errada?

-Não exatamente. –Dafny falou –Você está vendo esses dois grãozinhos que parecem feijões? –ela apontou ditos grãozinhos e Toni fez que sim com a cabeça –Você devia ter um, mas tem dois.

Toni olhou confusa para a doutora, então, finalmente, a ficha caiu.

-Não. Não, não, não! Eu não posso...

-Você está grávida de gêmeos, senhorita Stark. Parabéns. –Dafny tinha um sorriso enorme.

Bruce parecia chocado além de palavras.

-Não, eu não posso ter dois bebês ai! –Toni protestou –Eu nem sei se dou conta de um! Não, não, não! Bruce faz alguma coisa.

Bruce ainda estava em choque.

Dafny estava ignorando o chilique da mulher.

-E assim, vocês podem ouvir os coraçõezinhos deles. –ela declarou.

Toni estava abrindo a boca de novo quando o som preencheu a sala. Duas batidas, perfeitamente sincronizadas, fortes, nitídas, vivas.

Os olhos dela se arregalaram.

-Esses são...

-Seus bebês. –a doutora completou.

-Dentro de mim? –ela continuou em choque.

-Por mais alguns meses, sim. –ela sorriu.

Os olhos da bilionária, gênia, filântropa e socialite se encheram de lágrimas.

-Eu to grávida. –ela falou como se só então se desse conta.

Lágrimas gordas começaram a escorrer dos olhos dela.

-Eu vou ser mãe.


Ela começou a chorar no ombro de Bruce, chocada, encantada, assustada. Mas sobre todo o resto, maravilhada.

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N/A: E a saga continua. Imagina a Toni de mãe. Problemas virão, com toda certeza! hahaha

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B-jão

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Senhora de Nárnia - Capítulo 7


N/A: E eu sumi, mas eu voltei! Como prometido aqui estamos com mais um capítulo de "Senhora".

Obrigada pelos comentários!

Os diálogos em itálico seriam em élfico. Eu reprovei nessa matéria na escola, então temos que improvisar... hahahah

Algumas notas serão adcionadas ao fim do capítulo com algumas explicações de coisas que vão acontecer nesse capítulo. Mas qualquer dúvida é só me gritar e eu respondo ;)

****

Capítulo 7

Susan se perguntava se em algum momento eles parariam de correr, embora duvidasse muito.

Eles finalmente chegaram a Floresta de Lothlórien, pouco antes do cair da noite.

-Fiquem perto, jovens hobbits! –ela ouviu Gimli dizer -Dizem que uma grande feiticeira vive nessa floresta. Uma bruxa élfica de poder tremendo. Todos os que olham para ela são enfeitiçados. E nunca mais são vistos.

Susan sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Feiticeiras nunca foram boas para Nárnia.

-Bem, aqui está um anão que ela não envolverá tão facilmente. Eu tenho os olhos de um falcão e ouvidos de raposa.

De repente Susan sentiu a lâmina gelada de uma flecha contra sua bochecha. Nem vira de onde os elfos saíram.

-O anão respira tão alto... –um elfo declarou aproximando-se -Que podíamos tê-lo flechado no escuro.

-Haldir de Lórien. –Aragorn falou de forma respeitosa, em élfico -Viemos pedir socorro. Precisamos de sua proteção.

-Aragorn! Essa floresta é perigosa! É melhor voltarmos! –Gimli estava falando.

-Vocês adentraram os domínios da Senhora da Floresta. –Haldir falou sério -Não podem voltar. Ela os espera.

Os elfos os levaram até uma plataforma que ficava no topo das árvores majestosas.

Haldir não parecia nada interessado nos demais e ficou falando em élfico com Aragorn e Legolas, até Gimli reclamar.

-Tanto para a lendária cortesia dos elfos! Fale palavras que também podemos entender! –ele exigiu.

-Nós não temos relações com anões desde os Dias Negros. –Haldir falou de forma fria.

-Sabe o que esse anão diz sobre isso? –Gimli desafiou. -Ishkhaqwi ai durugnul!

-Isso não foi nada cortês. –Aragorn censurou o anão.

Haldir ignorou os dois e seu olhar buscou Frodo.

-Você traz grande mal com você. –falou para o hobbit, então virou-se para Aragorn –Vocês não podem seguir adiante.

Aragorn começou a discutir com Haldir em élfico mais uma vez, mas era óbvio que o assunto ainda era Frodo. Todos os demais estavam lançando olhares pesarososo ao hobbit, mas Reepicheep foi o único que aproximou-se.

-Não se preocupe com as palavras rudes desse elfo. –o rato falou, colocando a pata sobre a mão de Frodo –Está bem claro que eles são criaturas sem finesse alguma. Eu sei que parece desesperador agora, mestre Frodo, mas lembre-se que estamos todos aqui por você e nós não iremos abandona-lo.

-Mas Gandalf...

-A morte de Gandalf não foi em vão. –Boromir, que estava ali perto declarou -E ele não ia querer que você perdesse as esperanças. Você já carrega um fardo pesado, Frodo. Não queira carregar o peso dos mortos.

-Agora já chega! –Susan entrou entre Haldir e Aragorn –Suas maneiras são repugnantes e o jeito como você está tratando todos nós, mas principalmente Frodo, é uma vergonha para toda sua raça! Nós exigimos ver a sua Senhora e eu acho bom você começar a se mover!

Todos haviam virado-se para a Rainha e a olhavam em choque.

-Por que você ainda está parado? –ela exigiu.

Haldir olhou entre ela e Aragorn.

-Vocês irão me seguir. –ele falou por fim.

-Você fala élfico. –Aragorn comentou encantado.

-Na verdade eu falo a língua que as árvores de Nárnia falam. –ela deu de ombros –Se isso é chamado de élfico aqui, o que eu posso fazer?

XxX

 A Terra Média continuava maravilhando Susan.

Caras Galadhon, chamado por Haldir de o coração do Reinado Elfico na Terra, era de fato uma coisa maravilhosa: as luzes, as árvores, as escadas...

Os elfos eram criaturas incrivelmente belas e tudo o que faziam refletia isso. Mas, a cada dia que passava, a rainha começava a duvidar mais e mais da capacidade de empatia deles.

Eles foram parados em um dos terraços.

Havia essa pequena voz na cabeça de Susan que continuava a chama-la. Podia ver nos outros a inquietação e imaginava que todos ouviam o mesmo.

Alguém ali gostava de fazer joguinhos e ela não apreciava isso.

Uma luz intensa pareceu surgir diante deles, finalmente revelando Lorde Celeborn e Lady Galadriel. Os dois eram tão magníficos quanto se esperaria dos senhores daquele lugar, mas havia algo ainda mais intenso na Senhora da Luz. Algo que fazia Susan desconfiar dela imediatamente, porque lembrava perfeitamente de Edmund descrevendo Jadis.

-Quando eu a vi da primeira vez... –um suspiro –Eu a achei tão bela. Eu sei que pode parecer estranho, mas havia essa aura de poder ao redor dela... Eu me vi atraído, como uma mariposa para as chamas.

Galadriel parecia ter exatamente o mesmo efeito em todos os outros, porém Celeborn foi quem falou primeiro.

-O Inimigo sabe que vocês entraram aqui. –ele falou sem rodeios -Qualquer esperança em segredo que vocês tinham foi desperdiçada. Oito estão aqui, mas nove saíram de Rivendell. Digam-me onde está Gandalf, pois desejo muito falar com ele. Não consigo mais vê-lo de longe.

Antes que algum deles pudesse responder, os olhos de Galadriel foram parar em Aragorn.

-Gandalf, o Cinzento não passou as fronteiras dessa terra. –ela falou -Ele caiu nas Sombras.

-Ele foi tomado por Sombra e Chama: um Balrog de Morgoth. –Legolas falou -Pois entramos desnecessariamente nas redes de Moria.

As palavras tiveram efeito imediato em Gimli, fazendo seus ombros pesarem. Susan deu uma cotovelada no elfo ao seu lado.

-Nenhum dos feitos de Gandalf em vida foi desnecessários. –Galadriel falou de forma calma -Nós ainda não sabemos seu propósito inteiramente. –o olhar dela foi parar em Gimli -Não deixe o grande vazio de Khazad-Dûm preencher seu coração, Gimli, filho de Glóin. Pois o mundo tornou-se cheio de perigos. –ela sorriu gentilmente para o anão -E em todas as terras, amor agora se mistura com dor.

O olhar da mulher foi parar em Boromir, que não aguentou encara-la.

-O que acontecerá com a Sociedade? Sem Gandalf, a esperança está perdida. –Celeborn falou.

-A demanda está por um fio. Desviem um pouco do caminho e falharão, para a ruína de todos. 

-Rainha Gentil, vinda de tão longe... –agora Susan podia reconhecer perfeitamente a voz da mulher em sua cabeça. Galadriel ainda falava com todos, mas a voz ainda soava em sua mente. –Lutando desesperadamente por um lugar seu, algo que reconheça. Sua fé no Grande Leão é forte, mas será testada mil vezes durante essa jornada.

Susan virou os olhos para a mulher. Se ela achava que podia desafia-la ou colocar sua fé em Aslan em dúvida, Galadriel nunca tinha realmente lidado com uma narniana.

Galadriel terminou seu discurso com um sorriso gentil e fez um gesto quase imperceptível com as mãos. Uma elfa que parecia muito jovem aproximou-se de Susan.

-Majestade? Venha comigo.

XxX

Susan foi levada pela elfa para um tipo de quarto, onde uma banheira com água quente e aromatizada esperava por ela.

Perguntava-se porque a hospitalidade repentina, apenas algumas horas atrás Haldir nem queria deixa-los entrar ali, mas deixou a garota ajuda-la a tirar sua armadura e banhar-se.

A garota fazia perguntas curiosas sobre Nárnia e deleitou-se com o fato da Rainha saber falar élfico.

Quando Susan deixou o banho havia um vestido esperando por ela. Pelo menos suas armas e sua corneta ainda estavam ali.

-Suas roupas vão estar prontas para quando você partir amanhã. –ela foi assegurada pela elfa.

A Rainha aceitou ajuda com seu vestido e sentou-se para que a garota a ajudasse a pentear o cabelo.

Foi então que Galadriel entrou no quarto. Ela dispensou a garota com palavras rápidas.

-Majestade. –Galadriel falou.

-Senhora. –Susan inclinou a cabeça levemente.

Sem dizer uma palavra sequer e sem tirar os olhos da jovem, Galadriel sentou-se na cadeira em frente a Susan. E ficou encarando-a.

Estava na hora de descobrir o que a outra queria.

-Eu agradeço sua hospitalidade. –Susan falou de forma cordial.

-Vocês têm um longo caminho pela frente. Tribulações, dúvidas... –um gesto delicado com a cabeça –Oportunidades para descansar serão raras daqui para frente.

Susan não respondeu nada. Galadriel pareceu analisa-la.

-Você não confia em mim. –ela concluiu.

-Nem por um segundo. –Susan falou sem piedade, mas sem grosseria –Você se sente no direito de falar dentro da minha mente, tenta por dúvidas dentro de mim, adoçando-as com cortesias. Então não, eu não confio em você e me sentirei melhor quando estivermos fora de suas terras.

Galadriel abriu um pequeno sorriso.

-Você é forte, Rainha Gentil. –ela falou –Tente manter-se assim até o fim da jornada. Medo, dúvida e cobiça ja brotam dentro de sua sociedade. Um movimento em falso e tudo estará perdido. Um de vocês é o elo fraco. E nós duas sabemos quem é.

Susan levantou-se.

-Você está errada. –ela declarou, pegando suas coisas –Eu vou dormir com meus companheiros.

XxX

Legolas estava voltando para o acampamento quando viu Susan descendo as escadas.

Ela trocara de roupa e estava usando um vestido com renda branca na parte de cima e uma saia que parecia ser feita de água, de tão fluida, com um cinto prateado em volta do cintura e a corneta de Nárnia presa a ele. A cor clara parecia acentuar a cor dos olhos dela, além do rosa de sua face e de sua boca. Embora o vestido fosse uma obra de delicadeza, o arco e as flechas presos as costas dela mostravam que ela não era indefesa.

Porém o que mais lhe chamava a atenção no momento eram os cabelos dela. O castanho deles era uma cor rica, mas era a primeira vez que o elfo os via soltos e eles caíam em cachos até abaixo do quadril dela.

Ela era uma das mulheres mais belas que o elfo ja vira em seus milênios de vida. Sua beleza certamente ofuscaria a de várias elfas.

-O que você está olhando? –ela desafiou quando se aproximou, uma das sobrancelhas dela arqueada.

-Apreciando sua beleza, minha rainha. –ele falou sinceramente.

Ela revirou os olhos.

-Claro. –pura ironia em sua voz ao passar por ele.

Ele deu alguns passos para segui-la, mas a Rainha abaixou-se para pegar Reepicheep, que ela abraçou contra si, em um pedido de conforto.

Foi quando o elfo ouviu a música no ar.

-Uma elegia para Gandalf. –falou.

Todos pararam para ouvir.

-O que dizem sobre ele? –Merry quis saber.

-Não ouso dizer. Para mim, a dor ainda está próxima demais. –Legolas falou, um peso em sua alma.

Apenas agora puderam parar o bastante e a dor do luto finalmente encontrara um espaço para crescer em seus corações.

-Aposto que não falam dos seus fogos de artificio. –Sam falou -Deveria haver um verso sobre eles. –levantou-se decidido –Os melhores foguetes já vistos / Eles explodem em estrelas de azul e verde / Ou depois do trovão prata chove / Vem caindo como uma chuva... De flores.

Os ombros deles desabaram e ele caiu sentado.

-Ah, isso não os faz justiça nem de longe. –Sam murmurou.

Susan agachou-se ao lado do hobbit e abraçou-o.

-Não, Sam. Isso foi lindo e sincero. –ela beijou o rosto dele –Eu adoraria ter visto esse fogos.

-Alguém deveria falar da coragem do mago! – Reepicheep falou subindo no tronco ao lado de Sam e tirando sua espada da cintura –Diante do maior desafio...

Susan deixou os dois trocando versos e andou um pouco a frente, fazendo um gesto para Aragorn segui-la.

-Minha Rainha? –ele perguntou ao aproximar-se.

-Eu gostaria de me desculpar, Aragorn. –ela falou sem rodeios –Eu não tinha direito algum de te tratar como se você não estivesse ligando para a morte de Gandalf, quando você estava fazendo decisões para proteger todos nós.

-Eu sei que suas ações também foram consequência do luto, Susan. –ele falou –Não há nada a ser perdoado.

Ela parecia estar estudando-o.

-Sabe, Aragorn, nós todos te respeitamos, mas também sabemos que Gandalf era um companheiro seu, de longa data. –ela falou –Você não precisa ser forte o tempo todo. Você também pode lamentar a perda dele.

Os olhos do guardião foram parar no chão.

-E por isso, eu quero dizer que você deve me abraçar, porque eu preciso. –ela falou, algumas lágrimas escapando de seus olhos.

-Ah Susan...

Aragorn puxou a garota para seus braços, apoiando o queixo no topo da cabeça dela, enquanto ela escondeu o rosto contra o peito dele.

-Vai ficar tudo bem. –ele garantiu –Nós vamos nos manter unidos.

-Então você precisa fazer algo por mim.

Aragorn afastou-a um pouco de si, pegou o rosto dela entre suas mãos e encostou sua testa a dela.

-Qualquer coisa, minha Rainha Gentil. –ele prometeu.

Ela olhou nos olhos dele.

-Você tem que falar com Boromir. –ela falou séria –Ele está estremecido, ele precisa de ajuda.

-Susan...

-Você é o Rei dele, Aragorn. Por mais que você fuja disso. –ela falou séria –Mas não se pode fugir de quem você é. Acredite, você vai estar sempre preso a esse destino. Está na hora de aceita-lo. Fale com ele. Por nós, pela Sociedade.

Aragorn suspirou, mas fez que sim com a cabeça.

Susan virou-se para voltar ao acampamento ao ver Aragorn aproximando-se de Boromir e deu de cara com Legolas.

Ela passou a mão pelo rosto, limpando as lágrimas.

-Posso ajuda-lo, elfo? –ela perguntou.

Legolas parecia estar segurando-se para não dizer algo, então ele olhou para o arco dela.

-Eu a vi lutando em Moria, Majestade. –ele falou por fim –E eu devo admitir que fiquei impressionado, mas também curioso. Eu vi você defendendo golpes e desferindo-os com seu arco. Como isso é possível?

Susan abriu um pequeno sorriso e tirou o arco de suas costas.

-Veja por você mesmo. Mas cuidado. –advertiu –É afiado.

A madeira do arco da Rainha era algo fascinante, era prateada como as estrelas, sem parecer ser pintada, por isso mesmo era impossível ver que as pontas dele eram na verdade lâminas.

-Esse arco é especial. A madeira dele é praticamente inquebrável, por isso eu o uso para me defender de golpes. As lâminas fazem possível eu usa-lo como uma “espada”. –ela falou orgulhosa –Assim eu não preciso me distrair trocando de armas.

-Impressionante. –o tom dele era maravilhado –Eu nunca vi nada desse tipo. –ele ofereceu o arco de volta a ela.

-Isso, mestre elfo, é porque você nunca esteve em Nárnia. –ela falou com um sorriso, pegando sua arma de volta.

-Majestade, eu mal posso esperar pela minha chance de conhecer sua terra. –ele também sorria –A essa altura estou apenas esperando por um convite.

-Certo. –ela revirou os olhos, mas ainda sorria.

Era curioso como ela ficava confortável perto de todos, menos dele. Além disso, parecia decidida a levar qualquer elogio dele como uma brincadeira.

-O que aconteceu na guerra com os Calormanos? –ele perguntou de repente.

Os olhos dela foram parar nos dele num segundo.

-Por que você insiste nessa questão? –ela perguntou angustiada.

-Quando você disse que a culpa dessa guerra era sua, eu pude ver que você realmente acredita nisso. Mas, honestamente, não consigo ver como poderia ser. –ele falou sincero –E eu sinto que, de certa forma, essa guerra é uma peça importante no quebra cabeça que você é, minha Rainha. Então eu gostaria de saber o que aconteceu. E por que você acha que a culpa é sua.

Susan supirou e começou a enrolar uma mecha do cabelo em volta do dedo indicador.

-Eu não acho, mestre elfo, eu sei. Se não fosse por mim, aquela guerra nunca teria começado.

Ela ficou em silêncio e Legolas deu a ela tempo para organizar seus pensamentos.

-Há pouco mais de dois anos atrás... –ela suspirou –Eu conheci o Princípe Rabadash de Calormen durante um dos torneios anuais de Nárnia. Ele era gentil, inteligente e charmoso e eu acabei passando muito tempo com ele. Talvez eu tenha dado a impressão errada. Logo após o torneio ele me convidou para visitar Tashbaan, a capital deles. Eu sabia que era com a ideia de me pedir em casamento. Eu não tinha intenção alguma de aceitar o pedido, mas não podia simplesmente recusar a visita, seria extremamente indelicado. Então eu pedi para Edmund vir comigo, para ter certeza de que tudo correria de forma diplomática. Da mesma forma, o Princípe Corin de Archenland também viria. Nós somos muito próximos, quase irmãos.

A mão dela começou a mexer no pingente em volta de seu pescoço. Legolas reparou que era um hábito comum nela e revelava que o assunto a deixava desconfortável.

-Mas, assim que chegamos la, ficou claro que algo não estava certo. –ela continuou –Rabadash parecia extremamente incomodado com a presença de Edmund e Corin. E ele já não era a mesma pessoa que eu conhecera nos torneios: era tirânico e bruto no próprio reino. Embora nunca houvesse dúvidas de que esse seria o resultado, eu estava mais certa do que nunca a dizer não.

-Eu estava conversando com Edmund uma noite, decidindo que partiríamos no dia seguinte, quando Reepicheep veio até nós. Ele tinha ficado incomodado com o princípe e pedira a um dos seus soldados para segui-lo. E, aparentemente, minha opinião não era realmente relevante para Rabadash. Ele estava decidido a me ter, eu querendo ou não.

Os olhos de Legolas se arregalaram, mas ele segurou o comentário. Esse era o tipo mais repulsivo de homem que existia e pensar que Susan...

-Eu entrei em pânico e implorei a Edmund que me tirasse dali imediatamente. –ela continuou, sem nem olhar para ele –Então nós juntamos todos e fugimos na calada da noite. Foi assim que conhecemos Shasta, que eventualmente descobrimos que era irmão gêmeo de Corin, mas isso é outra história.

Ela fez um gesto de dispensa com uma mão, enquanto a outra ainda mexia na sua corrente.

-Obviamente Rabadash não ficou feliz com isso. Ele convenceu o pai a deixa-lo atacar Archenland e Nárnia. Peter, meu irmão mais velho, estava ocupado com um problema com gigantes ao Norte, Edmund e eu não sabíamos de nada. Archenland estava em paz com Cormalen e nunca estaria esperando um ataque. Eles nos pegariam todos de surpresa e teriam chances maiores de vencer.

Covardes, todos eles.

-Felizmente Shasta ouviu os planos e foi até Archenland para dar o alerta. O exército deles se preparou o máximo possível. Então ele partiu para nos avisar em Nárnia. Edmund e Lucy se preparam para ir para a batalha e quiseram me deixar para trás, mas eu não aceitei. Nós fomos até Archenland e a chegada do nosso exército foi decisiva na batalha.

Ela finalmente parou de falar, mas também ainda não estava olhando para ele.

-Eu ainda não entendi como qualquer parte disso foi culpa sua. –ele falou por fim.

Os olhos dela viraram-se para ele na hora, afiados como as lâminas no arco dela. Bem melhor assim.

-Você não prestou atenção em nada do que eu disse? –ela perguntou de forma ácida.

-Cada palavra, Majestade. –ele informou –Você fez o que qualquer pessoa teria feito naquela situação: lutou. Não há nada errado com isso.

-Nós não deveríamos ter fugido. –ela retrucou –Nós devíamos ter ficado, conversado. Eu não deveria ter envolvido Corin e Archenland, porque Colarmen não tinha razão para ataca-los até então!

-Você acha mesmo que conversar teria resolvido algo? –Legolas rebateu com paciência -Um homem que tinha intenções de te ter contra sua vontade, que começou uma guerra para te conseguir... Você acha realmente que poderia ter conversado com ele?

Ela comprimiu os lábios, mas não respondeu, aparentemente decidida a segurar sua culpa. Uma suspeita formou-se na cabeça de Legolas.

-Seus irmãos te acusaram de ter começado a guerra? –ele exigiu, talvez com firmeza demais.

-Não seja ridículo. –ela falou ofendida –Peter e Edmund nunca fariam isso.

Ah, aí estava...

-E sua irmã Lucy? –ele perguntou.

Dessa vez ela não disse nada.

-Ela te acusou, não foi? –ele insistiu.

-Meu relacionamento com a minha irmã não é da sua conta. Lucy é uma mulher incrível. –ela defendeu com vêemencia.

Legolas não duvidasse que ela fosse. Havia um grande carinho na voz de Susan quando ela mencionava sua família. Porém, esse era o maior problema de família: as vezes eles nos machucavam e marcavam mesmo sem ter a intenção.

Talvez Lucy não quisesse ter acusado Susan de algo, mas falara alguma coisa que fizera parecer exatamente isso. E Susan vinha acreditando nisso há dois anos.

-Você não fez nada de errado, Majestade. –ele falou com calma –E seu irmão fez o certo ao te tirar daquele lugar o mais rápido possível. Se eu tivesse uma irmã nessa situação, eu ainda teria atravessado a garganta desse Rabadash com uma flecha.

Ela ficou em silêncio mais uma vez. Então soltou sua corrente de repente.

-Bom, agora você sabe o que aconteceu com os Calormanos, mestre elfo. –ela falou por fim –Boa noite.


Legolas observou-a se afastando. Sim, agora ele sabia. E, infelizmente, a achava ainda mais fascinante.

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 N/A: Então... Eu dei uma mexida na história de Nárnia e da batalha, para explicar a relação de Susan com os irmãos e o que a faz ser do jeito que é. Legolas ta ficando bobo, tadinho... hahahaha

Como vocês podem perceber eu não sou muito chegada na Galadriel. Acho que ficou meio óbvio nesse capítulo... hahaha

Na minha casa eu ja escrevi até o fim de "Duas Torres", então vou tentar dar uma apressada nos post ;)

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B-jão

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Senhora de Nárnia - Capítulo 6



Capítulo 6

-Majestade... –Reepicheep chamou assustado.

-Você vai sair daqui e vai encontrar Edmund. –ela ordenou –Ele precisa saber o que aconteceu.

-Nada aconteceu ainda! –o rato protestou veementemente.

Porém tinha tudo para acontecer. Estavam cercados, havia milhares de orcs e apenas alguns deles. Não havia sequer um caminho pelo qual eles pudessem correr.

Não que eles fossem cair sem lutar até o último suspiro.

Então um rugido soou na escuridão.

Os orcs começaram a olhar em volta, aterrorizados, soltando barulhos de pânico. Quando o som pareceu mais próximo as criaturas começaram a dispersar e logo apenas a Sociedade ficara para trás no sação, o cajado de Gandalf a única luz.

Um novo rugido soou e uma luz que parecia puro fogo iluminou uma parte da caverna.

-Que nova bruxaria é essa? –Boromir perguntou num sussurro, como se tivesse medo de ser ouvido.

Gandalf parecia congelado. O mago respirou fundo, fechou os olhos.

-Um balrog. –ele declarou por fim -Um demônio do Mundo Antigo. Esse inimigo está além de qualquer um de vocês. Corram! –ele ordenou.

Todos começaram a correr, mas o medo do novo perigo era palpável. Gandalf estava assustado demais para aquilo não ser algo terrível.

Eles correram até um novo salão, que era um precipício com escadas. Boromir, que estava na frente, quase caiu ao perder o equílibrio, mas foi salvo por Legolas.

-Gandalf! –Aragorn virou-se para o mago, que parecia estar exausto.

-Lidere-os, Aragorn. A ponte está perto. –ele falou indicando dita ponte -Faça o que eu digo! –bradou quando o guardião não se moveu -Espadas sãos inúteis aqui!

Eles continuaram a descer as escadas, até chegarem em uma parte delas com um vão. Legolas pulou primeiro.

-Susan. –ele chamou.

-Segure-se, Reepicheep. –ela pediu ao rato, então pulou.

-Gandalf. –Legolas chamou, pois o mago estava olhando para trás.

O Balrog devia estar aproximando-se, pois toda a caverna parecia tremer.

Gandalf pulou. Logo em seguida flechas começaram a voar na direção deles. Os orcs tinham voltado e aparentemente não queriam que eles escapassem dali com vida.

-Ajude os outros, eu cuido deles. –Susan falou para Legolas, atirando flechas contra os orcs.

-Merry! Pippin! –Boromir pegou os dois hobbits e pulou.

Os tremores fizeram outro pedaço da escadaria desabar, deixando ainda maior o vão que precisavam pular.

Aragorn arremassou Sam e voltou-se para Gimli.

-Ninguém arremessa um anão. –ele declarou antes de pular.

Legolas teve que agarra-lo pela barba, ou ele teria caído.

Flechas não paravam de vir na direção deles. Parecia que a cada orc que Susan derrubava mais três apareciam.

Mais um pedaços das escadas desabam deixando Frodo e Aragorn para trás e um espaço enorme entre eles. O Balrog se fez ouvir de novo e pedras começaram a cair, destruindo ainda mais a estrutura. Assim, o pedaço em que Frodo e Aragorn estavam começou a ruir.

-ARAGORN!

O guardião e o hobbit conseguiram equilibrar-se e, jogando o corpo para frente, fizeram o pedaço de pedra em que ainda estavam chegar até os companheiros. Boromir e Legolas ampararam os dois e mais uma vez todos se puseram a correr.

-Para a ponte! Fujam! –Gandalf ordenou.

O demônio surgiu das sombras: puro fogo, fumaça, cinzas e desespero. Era algo enorme, como Susan nunca havia visto antes. A visão dele era o bastante para gelar seu coração.

Todos seguiram correndo para a ponte, mas o calor as suas costas denunciava o quão perto aquela abominação estava deles.

-Gandalf! – foi a voz de Frodo chamando o mago que fez Susan parar.

Todos tinham atravessado, menos Gandalf que estava parado no meio da ponte, frente a frente com o Balrog. A criatura abriu as asas e pareceu queimar de forma ainda mais intensa. Era o espetáculo mais aterrorizante que todos já tinham presenciado.

-Sou um servidor do Fogo Secreto, que controla a Chama de Anor. –Gandalf proclamou levantando o cajado e a espada –Fogo Negro não vai lhe ajudar em nada, Chama de Udûn! –o Balrog levantou uma espada incandescente e abaixou-a contra o cajado do mago, que o rechaçou.

–Volte para a Sombra! –Gandalf falou para a criatura.

O Balrog pisou na ponte, estralando o chicote de fogo, mas Gandalf não recuou.

–VOCÊ NÃO VAI PASSAR!

Ele bateu o cajado contra a pedra ao mesmo tempo que o Balrog avançou mais um passo. A estrutra desabou, levando o monstro consigo.

Gandalf virou-se para partir, quando o chicote de fogo surgiu do precipício no qual o demônio caíra e pegou o mago pelo tornozelo, fazendo cair.

-GANDALF! –Frodo gritou e tentou correr para ele, mas Boromir o segurou.

O mago ainda pareceu tentar segurar-se, então olhou para o grupo, ainda parado ali em choque.

-Fujam, seus tolos! –ordenou antes de cair na escuridão.

-Não! –Frodo gritou e quase correu para a ponte.

Boromir pegou-o como uma criança e saiu carregando-o de la e chamando nome de Aragorn que estava imóvel. Alguém puxou Susan para fora, mas ela não tinha ideia de quem tinha sido.

Eles não pararam de correr até saírem do outro lado onde o céu estava azul e o dia lindo. Como se não tivessem passado dias trancados dentro de uma mina, como se um deles não estivesse agora preso na escuridão para sempre.

-Legolas, erga-os. –Aragorn ordenou, guardando sua espada.

-Dê-lhes um minuto, por misericórdia! –Boromir pediu, provavelmente tão arrasado quanto os demais.

-Ao anoitecer essas colinas estarão infestadas de orcs. –Aragorn falou sério -Precisamos chegar à Floresta de Lothlórien. Vamos, Boromir, Legolas, Gimli, ergam-os! Susan.

Ele colocou a mão sobre o ombro da rainha, que estava ajoelhada no chão. Susan imediatamente deu um tapa na mão do guardião, afastando-se sem olhar para ele e indo até Sam, para ajuda-lo a levantar-se.

Aragorn tentou não sentir-se magoado pela ação, mas não estava agindo com crueldade. Ela não precisava fazer parecer que era o caso.

-Frodo? –Aragorn chamou. Olhando em volta vu o hobbit andando sem rumo mais a frente –Frodo!

Frodo parou e virou-se para ele. Nos olhos do pequeno hobbit toda a dor, desespero e medo que todos sentiam refletia-se com uma clareza assustadora.


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N/A: E aí está!

Comentem, por favor.

Nos veremos todos de novo depois do dia 20/01 ;)

B-jão