-Lily... Você está muito
bonita hoje.
-Hum... Obrigada. Eu acho.
-Sua pele está reluzente.
-Hum... Valeu, mas...
-Pra quem você deu?
-MARLENE!
De verdade, por que eu
aguento isso? Eu devo ter grandes problemas de autoestima para permanecer numa
relação destrutiva como essa. Sério. Eu não estou sendo dramática.
Muito.
-Não tente me enrolar, Lily
Evans! –Marlene me segurou quando eu tentei em afastar dela –Eu reconheço muito
bem essa cara de bem comida.
Eu podia sentir meu rosto
queimar.
Eu e o James tínhamos saído
separados do nosso dormitório hoje de manhã. Ele estava com um sorriso maníaco
no rosto, dizendo que tinha que contar para os Marotos que estávamos juntos,
mas tinha que ser de um jeito... Diferente. Eu fiquei seriamente preocupada.
Ele também pediu pra guardar
segredo da Marlene um pouquinho, só até a hora do almoço. Com esse pedido foi
fácil de concordar. Eu não quero nem imaginar a reação dela quando ficar
sabendo. Tenho certeza de que vai ser algo do tipo “eu sabia”, misturado com
“já tava na hora” e muito provavelmente “então foi pra ele que você deu”.
Surpreendentemente, eu não
estava muito ansiosa por esse momento.
Então eu concordei com os
planos malucos do James mesmo porque eu também tenho planos: achar Sirius
Black.
O Potter, aquele maldito,
não quis me contar qual era a tatuagem do Black. Mesmo depois que eu ameacei ir
atrás dele e faze-lo arrancar as calças, porque James não acredita que eu faria
algo desse tipo. O que ele não sabe é que eu não gosto de ser desafiada, que me
faz ter ainda mais vontade de fazer alguma coisa.
Ou seja: eu vou encurralar o
Black e faze-lo me mostrar a tal tatuagem a qualquer custo. E eu não sou tonta.
Claro que eu não vou arrancar as calças dele, principalmente pelo fato de que
eu não tenho um pingo de vontade de ver aquele mala sem calça. Mas eu tenho
muita vontade de ver a tatuagem.
Como já foi citado
anteriormente eu realmente gosto de tatuagens.
Eu tenho quase certeza de
que James não está com Sirius. Isso eu deduzi porque vi Peter e Remus passando
sozinhos e todo mundo sabe que onde um Maroto vai, todos vão. Claro que James
podia estar só com Sirius por aí, mas eu lembro de ter ouvido que o Black tinha
um encontro com alguma Corvinal hoje de manhã. (Nem me pergunte como eu sei
disso. As pessoas esquecem que a biblioteca é um lugar quieto e vão fazer
fofoca lá).
Procurar alguém em Hogwarts
as vezes é como procurar uma agulha num palheiro, porém, conhecendo aquele
calhorda do Black, ele deve estar em algum armário de vassoura com a iludida da
vez. Claro que Hogwarts tem milhares desses, então isso não ajuda muito, na
verdade.
Eu já tinha varrido quase
todo o primeiro andar quando eu escutei risadinhas vindas de uma sala de aula.
-Para, Sirius...
É, se ela quer que ele pare
eu sou a Madre Teresa. Aliás, essa deve ser especial, já que valeu uma sala de
aula ao invés de um armário...
Agora a questão é:
interrompo ou não? Sabe Merlin o que está acontecendo atrás daquela porta e tem
coisas que eu não preciso (e não quero) ver.
Essa seria a hora de
empregar a mesma técnica que eu uso quando estou fazendo patrulhas de noite:
dar uma batida leve na porta, dar um tempo para os dois ficarem descentes e daí
entrar. E foi exatamente o que eu fiz.
Antes mesmo que eu abrisse a
porta ela se abriu sozinha e uma menina passou correndo por mim. Eu tenho a
leve impressão de que essa aí é a Kelly Stein e ela tem namorado. Isso explica
a pressa.
Entrando na sala dei de cara
com Sirius encostado na mesa do professor, braços cruzados e cara de poucos
amigos.
-Olha, Evans, só porque você
não ta pegando ninguém... –ele começa praticamente rosnando, mas para de
repente. O olhar de Sirius escorrega por mim, seus olhos ficando cada segundo
mais arregalados em choque –PRA QUEM VOCÊ DEU?
Isso só pode ser uma piada.
-Eu não sei do que você está
falando, Black. –eu falei da forma mais firme possível. E coloquei as mãos na
cintura, para parecer mais intimidadora. Só porque eu meço 1,59 não quer dizer
que não posso me impor.
-Ah sabe sim! –Sirius protestou
–Você ta com uma cara de bem-comida.
Eu senti meu rosto queimar.
Sério, qual o problema desse povo?
-Minha cara não tem nada a
ver com isso. –eu falei, meio que histérica eu admito –E eu nunca te dei
intimidade pra falar assim comigo!
-Evans, você acabou de
interromper meu encontro e eu não te dei intimidade para isso. –ele revirou os
olhos –E não muda de assunto! Quem você está namorando?
-Não é da sua conta! –eu estava
ficando um pouco mais do que irritada com ele. Quem o Black pensa que é? Nós
nunca fomos nem amigos e agora ele acha que pode exigir respostas de mim?
-É da minha conta sim! –ele continuou
–Porque quando o Pontas ficar sabendo ele vai ficar arrasado e eu vou ter que
consolar o imbecil.
Opa, essa é nova. E interessante.
OK, talvez não exatamente
nova, mas é uma informação e tanto, mesmo assim. Se bem que me deixou com um
pouco de peso na consciência. Será que já acontecera várias vezes? O Black
consolando o James por minha causa?
Cara, eu sou mesmo uma...
-Olha, isso não importa
agora. –eu disse, mesmo porque eu não devia contar pro Black que eu estava com
o Potter. Eu tinha prometido –Eu só estou aqui por um motivo. Eu quero ver sua
tatuagem! –falei antes que Sirius conseguisse me cortar de novo.
Foi bem engraçado ver o
queixo dele cair daquele jeito.
-Como você sabe disso? –ele exigiu.
Fingi analisar minhas unhas.
-E eu achando que você ia
pelo menos tentar negar...
-Sem enrolar, Evans. –ele quase
rosnou –Como você sabe?
-Não relevante. –eu falei
cantarolando –Mas eu quero saber o que é e ver.
-Eu tatuei o escudo da
Grifinória na minha bunda. –ele falou sarcástico –Quer ver? –as mãos dele foram
parar no cinto de sua calça como se realmente fosse abrir.
-Corta essa, Black. –eu bufei
–Eu sei que é na batata esquerda da perna.
Isso pareceu deixar Sirius
escandalizado.
-Como você sabe? –dessa vez
ele estava exigindo mesmo, bem irritadinho por sinal –O Pontas te contou! –ele pareceu
perceber de repente –Só pode ter sido.
-Para de me enrolar, Black. –eu
protestei, tentando enrola-lo –Eu quero saber o que é! Eu quero ver!
-Merlin amado, a Marlene não
estava exagerando. Você é tarada por tatuagens. –ele falou chocado.
Claro que a Marlene tinha
falado essa pro Sirius. Pra que preservar os segredos de sua melhor amiga das
pessoas que ela menos gosta? Lealdade não existe mais.
-Eu não sou tarada. –bufei –Eu
aprecio a arte, é diferente.
-É, e eu não sou mulherengo,
só aprecio as mulheres. –foi a resposta sarcástica dele.
Hum... Boa resposta.
-Black, qual é! –eu choraminguei
–Me deixa ver. Eu não conto pra ninguém.
-Não. –ele declarou de forma
simples.
Eu cruzei os braços e
respirei fundo.
-Você não me deixa escolha. –falei
de forma pesarosa, sacando minha varinha –Accio
varinha do Sirius.
A varinha de Sirius veio
diretamente do casaco que tinha ficado jogado no chão para a minha mão. Ele não
pareceu muito feliz com isso. Depois disso pode ser que eu tenha ameaçado fazer
a calça dele desaparecer (eu não admito nada disso) e ele me falou que não
usava cueca (ECA!!!). Então eu comecei a persegui-lo pela sala. Eu sei que é ridículo,
mas ninguém manda ele ser tão infantil! O que custa me mostrar a bendita tatuagem?
Em certo ponto eu usei minha
varinha pra por uma cadeira no caminho dele, mas isso fez o Black brecar de
repente e eu esbarrei nele e nós dois caímos no chão. Porém eu sou uma pessoa
adaptável e continuei tentando segura-lo. Não estava funcionando muito bem,
porque além de ser quase 40 centímetros mais alto que eu ele também pesa uns
200 kilos a mais.
Eu não to exagerando.
Foi bem nessa hora, com nós
dois meio que brigando no chão, que a porta da sala abriu e revelou Marlene e
os demais Marotos.
Um silêncio muito estranho
caiu entre todos. Remus, Peter e Marlene pareciam chocados além de qualquer
reação. James pareceu chocado por um segundo, até ele soltar uma bufada de
frustração.
-Pelo amor de Merlin, Lily!
–ele falou –Eu disse que ia te contar!
-Você demorou demais. –eu
argumentei, sem sair de cima do Sirius –Eu queria saber o que era.
James jogou um olhar sofrido
para cima e resmungou algo como “por que eu, Merlin?”, mas eu ignorei
totalmente.
-Pontas! –Sirius reclamou
–Caso você não tenha percebido, essa louca está tentando abusar sexualmente de
mim! Dá pra você fazer alguma coisa?
James revirou os olhos mais
uma vez, fez charminho, mas caminhou até onde nós estávamos, abaixou um pouco,
me pegou pela cintura e me tirou de cima de Sirius.
-Ei! –eu protestei de novo.
Não era justo! Eu não tinha feito nada demais.
James me ignorou e virou-se
para Sirius.
-Mostra logo a maldita
tatuagem. –ele falou.
Sirius pareceu ainda mais
chocado do que quando eu pedira.
-Mas Pontas...
-Por favor. –James quase
suplicou –Ela é impossível. Você vai estar me fazendo um super favor.
Sirius ainda rosnou,
reclamou e choramingou, mas acabou puxando a barra da calça até o joelho.
-Merlin! –eu suspirei
encantada.
Sirius tinha a cabeça de um
leão tatuada na batata da perna. O animal era incrivelmente realista e parecia
estar rugindo naquele exato momento. Muito bonito. O artista era incrível.
-Isso que é amor a própria
casa. –eu falei ainda encantada.
Um sorriso relutante
apareceu no rosto dele.
-É, bem por ai.
Então eu me virei para
James.
-O que você ta fazendo aqui?
-Eu estava a caminho de
Hogsmeade e dai lembrei que você era um perigo para pessoas tatuadas e eu tinha
te deixado sozinha com o Sirius. –ela falou sorrindo sem um pingo de vergonha
–Então eu voltei pra te procurar e no caminho achei os três. –ele indicou
Peter, Marlene e Remus, que ainda pareciam chocados além de qualquer
comentário.
Eu estreitei meus olhos.
-O que você estava indo
fazer em Hogsmeade? E como você me achou tão rápido?
-Coisas e coisas. –ele falou
com uma jogada casual de ombros.
Eu já ia falar exatamente
minha opinião dessa coisa toda quando Sirius começou a fazer escândalo...
-Pera aí! –ele gritou se
levantando –Que intimidade toda é essa? Você percebeu que ele ta te tocando,
Evans?
Sim, eu tinha percebido.
Depois que ele me pôs de pé James não tinha soltado o abraço que estava dando a
minha cintura. E eu não tinha falado nada.
-E? –eu perguntei como se
fosse perfeitamente normal.
Pela minha visão periférica
eu vi James abrir um sorriso satisfeito e então pousar o queixo no meu ombro. Um
silêncio sufocante caiu na sala e então...
-FOI RPA ELE QUE VOCÊ DEU! –vindo
da Marlene e do Sirius, exatamente ao mesmo tempo. Se eles não são almas gêmeas
eu não sei de mais nada.
-Olha o respeito. –James pediu
endireitando-se –A Lily é minha namorada. Eu ia contar na hora do almoço, a
hora que eu voltasse com as flores, o chocolate...
-O anel de noivado. –Sirius falou
de forma seca.
-Nós concordamos que esse é
só daqui dez anos. –eu falei sem pensar.
Com essa todos explodiram,
falando ao mesmo tempo e fazendo milhares de perguntas. Eu olhei para o James e
revirei os olhos.
-A gente devia ter mantido o
segredo.
-Claro que não. Eu quero que
todo mundo saiba que você é minha. –ele falou fazendo uma cara de ofendido.
Isso me deixou pensativa.
-Quer dizer que eu posso
tatuar um pomo de ouro no meu quadril?
O beijo do James depois
dessa fez a sala toda desaparecer.
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N/A: Feliz ano novo a todos!
Ai está a tatto do Sirius!
Desculpa a demora com o capítulo extra, mas ai está, como prometido!
Sexta tem post em "Você Sabe Que Me Ama". Aguardem e comentem!
B-jão