Capítulo 3
Não sei dizer se foi um mês
ou uma hora depois que eu me vi deitada na cama de James, enrolada no lençol
enquanto o dito maroto estava deitado de bruços me deixando traçar as linhas da
tatuagem dele com a unha. Se James fosse um gato tenho certeza de que ele
estaria ronronando.
-De onde você tirou a ideia
de fazer uma tatuagem desse tamanho? – eu perguntei ainda encantada pelo
desenho.
-É vergonhoso. – ele admitiu
sem graça.
-Agora sim eu quero ouvir. –
insisti rindo.
-Bom, no fim do ano passado
você estava falando para a Marlene que ia fazer uma tatuagem a qualquer custo.
– ele começou. De fato eu falara e de fato eu fizera a tatuagem – Ela perguntou
porque essa tara com tatuagem e ficou te zoando.
-É eu me lembro desse dia.
–resmunguei.
- Aquilo me deixou encanado.
Para os bruxos tatuagens são coisas de criminosos. –ele ignorou meu protesto
indignado – Eu convenci os meninos a irem comigo a um estúdio trouxa em Londres
durante as férias para ver exatamente o que era tão interessante. Nós ficamos
bem chocados de ver essa cultura tão gigante. Sirius quis fazer uma na hora.
-O Black tem uma tatuagem? –
eu perguntei chocada.
James levantou a cabeça
brevemente do travesseiro e me jogou um olhar bem sério.
-Batata da perna esquerda e
acho bom você não ir la manda-lo arrancar a calça pra você ver. – ele avisou.
-Eu não tenho interesse
nenhum no Black sem calças. –eu informei – Continue a história.
-Mandona. – disse sorrindo –
Sirius foi tatuado ali mesmo. Remus queria mata-lo e eu ainda não tinha certeza
do que achava de tudo aquilo. Foi aí que eu vi o desenho do cervo.
-É o seu Patronus. – eu me
toquei.
James me lançou um olhar
curioso.
-Eu não sabia que você
sabia. –ele falou.
-Eu nunca esqueci, porque na
aula que aprendemos você criou um e todos estavam maravilhados com a sua
capacidade, até o Sirius falar...
-“Eu sempre soube que havia
um viado dentro de você, louco para sair”. –James revirou os olhos – Eu me
pergunto porque ainda somos amigos.
-Porque ninguém mais
aguentaria você. –eu falei impaciente – Continue a história!
James riu.
-Eu vi o cervo e gostei do
desenho, então resolvi falar com o cara que tinha feito. Nós trocamos algumas
ideias e de algum jeito Sirius me convenceu a fazer uma gigante tatuagem, ele disse
que já que você gostava ia achar uma grande extra sexy.
-Você fez uma tatuagem só
pra me impressionar? – eu perguntei incrédula.
-Não, não! –James garantiu
virando-se para poder me olhar melhor – Eu realmente gostei e quis fazer. Te
impressionar foi só um bônus. –falou convencido.
Eu dei um tapa no ombro
dele.
-Eu to falando sério, Lily.
–ele assegurou enlaçando nossos dedos – Eu gostei da ideia e quis investir
nela. Se eu só quisesse te impressionar eu teria tirado a camisa no primeiro
dia! E tatuado um buquê de lírios.
Isso me fez rir.
-E de onde saiu esse lírio
ai?
-O cara perguntou se eu
queria algo entre as linhas, que desse um toque pessoal. Ele disse que algumas
pessoas faziam coração, símbolos ou escreviam nomes de pessoas. Na hora eu
pensei em você.
O olhar que ele estava me
lançando ia me matar. De verdade, sem exagero. Eu nunca imaginei que fosse
digna de receber um olhar tão cheio de carinho, principalmente vindo de James,
depois de todos esses anos que eu o tratei tão mal. (Mas eu não vou esquecer
que ele também foi um babaca comigo por um bom tempo! É que no momento eu
estava derretendo, então não me lembrei disso.)
-James... –eu não sabia o
que dizer.
-Eu sei que é um pouco
demais. –ele falou de repente, o nervosismo tomando conta do seu rosto – Mas eu
disse a verdade, pra mim você sempre foi a única.
Tinha uma parte muita chata
de mim que queria arquear uma sobrancelha e perguntar “A única depois de
quantas?”, mas pra ser bem sincera eu não ligava muito pra isso. Pelo menos não
no momento. James tinha um lírio tatuado, porque o tatuador perguntou de algo
especial e ele pensou em mim.
As outras que explodissem em
milhares de pedaços. Dolorosamente, de preferência.
E não é como se não tivessem
existido outros e tal... Enfim, não
relevante no momento.
Mas a dura verdade é que no
momento...
-Eu não sei o que dizer.
–admiti num muxoxo.
Era um pouco demais e rápido
demais. Eu tinha medo de decepcionar James. Ele estava pondo muita esperança em
mim e, ao contrário do que algumas pessoas pareciam pensar, eu não sou
perfeita, nem perto. E quanto mais perto a gente chegasse e quanto mais nós
convivêssemos mais ele ia perceber isso. E então, será que eu ia continuar
sendo “a única”?
-Por enquanto você não
precisa dizer nada. –ele falou de forma suave, trazendo a minha mão para perto
de sua boca e depositando um beijo ali – Só “sim” pra minha próxima pergunta.
-Que seria? –eu perguntei
desconfiada.
-Que tal Hogsmeade amanhã a
noite? –ele abriu um enorme sorriso maroto.
-Não tem nenhuma visita
agendada para amanhã. –eu falei estreitando os olhos.
-Detalhes. –James dispensou
com facilidade.
-James, eu não sei se...
Ele colocou um dentro contra
meus lábios, facilmente me silenciando.
-Lily, no momento eu não
estou te pedindo em casamento. –ele provocou suavemente – Eu só quero uma
chance de conversar com você, te mostrar que nós podemos ser um casal. E você
me deve uma. –um sorriso divertido apareceu no rosto dele – Depois de ter
abusado tanto de mim.
Isso me fez explodir em
risadas.
-OK. –eu cedi – Um encontro.
Se você me responder essa... –um leve mistério... –O que você mais gosta em
mim?
James me lançou um olhar
cheio de pânico. Eu podia ver pelos olhos dele que ele sabia que essa era um
daquelas perguntas filhas da puta que mulher tem mania de fazer e que
dificilmente ele se sairia bem dessa, não importasse o que ele respondesse. O
maroto olhou em volta do quarto, tentando ganhar tempo, então soltou um
suspiro. Acho que ele decidiu ser sincero e estava esperando um porrada, porque
ele parecia estar sentindo dor para falar.
-Eu gosto do fato de você
ser louca. –ele falou bem sinceramente, mas cheio de medo – Eu não tinha
percebido direito até ano passado, mas ouvindo conversas e histórias eu fui
percebendo que sua cabeça é um circo. Com todo respeito! –ele falou rapidamente
quando me viu arqueando a sobrancelha – Você fala sozinha, dá nome a objetos
inanimados... –COMO ELE SABE DISSO? –Tem teorias estranhas sobre praticamente
tudo, é tarada por tatuagens...
-Não é tara, é admiração.
–eu cortei corada – Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
James riu.
-O que eu mais gosto em você
é o fato de que você não é a santinha que todo mundo pensa. –ele falou sorrindo
– Você é na verdade verdadeira completamente louca.
Eu olhei par James em choque
por um segundo, antes de começar a rir incontrolavelmente. E dai eu comecei a
beija-lo rindo, o que foi bonitinho, mas desajeitado. Principalmente quando ele
começou a rir também.
-Ok, podemos ir pra
Hogsmeade. – eu falei finalmente me acalmando um pouco – Mas se formos pegos e
eu perder minha posição de Monitora-Chefe eu vou te matar, arrancar sua pele e
fazer um abajur.
-Sim, senhora. –James falou
absurdamente feliz com a coisa toda.
Nós nos beijamos mais um
pouco e eu estava pronta para abusar do James de novo quando ele parou tudo.
-E a sua tatuagem? –ele quis
saber – Qual a história?
Eu suspirei e me sentei. Não
era justo eu ter feito o menino me contar todos os detalhes da escolha dele e
não querer contar da minha, mesmo assim não era uma história que eu tinha muita
vontade de ficar divulgando.
Mas justo é justo.
Eu puxei um travesseiro e
coloquei na frente do meu peito, porque meu sutiã de estrelinhas ainda estava
na porta do quarto do James e conversar pelada seria estranho. Principalmente
sobre isso.
James se sentou
imediatamente, percebendo o estado que a pergunta dele tinha me deixado.
-Se você não quiser falar...
-Não. Tudo bem. –eu garanti
–Eu só não sei por onde começar.
James sorriu gentilmente
para mim, dando tempo para que eu organizasse minhas ideias e começasse a
falar.
-Quando eu era pequena tinha
mania de falar as coisas erradas. –eu falei por fim – Acho que eu entendia de
um jeito e insistia em usar esse jeito. –dei de ombros – Eu não falava
“beija-flor”. Eu sempre falava “cheira-flor”.
James abriu um sorriso
carinhoso, como se estivesse imaginando uma mini-ruiva falando “cheira-flor”.
-Várias crianças me zoavam
por isso e às vezes me faziam chorar, falando que eu era ou burra ou surda. – James
franziu a testa com essa – Mas minha irmã mais velha, a Petúnia, sempre me
defendia. Ela até começou a falar “cheira-flor” também. Isso fazia minha mãe
sorrir e ela começou a nos chamar de “cheira-flores da mamãe”.
James estava em silêncio, só
ouvindo minha explicação.
-O dia em que a minha carta
de Hogwarts chegou, eu e a Petunia estávamos brincando do lado de fora, vendo
beija-flores voando. Papai tinha colocado aqueles bebedouros específicos para
eles, só para nós podermos ver os passarinhos. – eu olhei para minhas mãos – Foi
a última vez que a Petunia brincou comigo.
James estendeu a mão e
segurou as minhas, mas não disse nada.
-Eu sinto muito falta dela.
–admiti baixo – Ela nunca mais falou “cheira-flor”, mas para mim ainda escapa
de vez em quando.
-A tatuagem... São vocês
duas, né? Os cheira-flores da mamãe. – James falou suavemente, um sorriso
gentil no rosto.
-É, é isso. – eu olhei para
o teto, tentando me recompor, antes que eu começasse a chorar que nem uma
idiota – E eu destruí o clima totalmente, né?
James soltou outra daquelas
risadas que eu amo. De verdade, como uma pessoa pode rir e sorrir tanto? Ele
parece um depósito de felicidade e faz você ter vontade de se afogar nele.
-Não. –ele falou com
simplicidade, me puxando para seu colo. Adeus travesseiro!
E daí muito tempo depois...
-Casamento. –James declarou
numa risada sem fôlego – Depois de tudo isso você tem que casar comigo. Só
assim minha pureza será salva.
-Você não tem pureza,
Potter. –eu declarei, afundando meu rosto na curva do pescoço dele – E a gente
pode discutir casamento mais tarde. Tipo, daqui uns 10 anos.
James soltou um som de
concordância.
Eu fiquei em silêncio,
simplesmente contente de estar ali, tão próxima dele, sentindo seu calor e seu
cheiro. Acho que eu nunca imaginei estar numa situação dessas com Potter (mesmo
tendo fantasiado algumas vezes). No momento não conseguia pensar em um lugar
onde quisesse mais estar.
Então provando que era louca
e era por isso que ele gostava de mim...
- Qual a tatuagem do Sirius?
Ou eu vou ter mesmo que pedir pra ele tirar a calça?
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N/A: Demorei um pouquinho mais que o previsto, maaaas aqui estamos! O último capítulo!
A imagem é mais ou menos como eu imagino a tattoo do James. Linda né?
Muito obrigada pro todos os comentários! Eu fiquei super feliz de saber o quanto vocês curtiram a ideia e me fez ter vontade de escrever novas aventuras da Lily Louca! hahahaha
Muito obrigada a Sulene por ser um xuxu e betar para mim!
Comentários? *-* Por favor.
A Sulene acha que eu devia escrever um capítulo extra com o Sirius... O que vocês acham?
B-jão
A imagem é mais ou menos como eu imagino a tattoo do James. Linda né?
Muito obrigada pro todos os comentários! Eu fiquei super feliz de saber o quanto vocês curtiram a ideia e me fez ter vontade de escrever novas aventuras da Lily Louca! hahahaha
Muito obrigada a Sulene por ser um xuxu e betar para mim!
Comentários? *-* Por favor.
A Sulene acha que eu devia escrever um capítulo extra com o Sirius... O que vocês acham?
B-jão
acho super justo um capitulo contandoo dia que eles foram fazer a tatuagem ... Adoreii
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