Pedras
voaram quando o carro brecou e derrapou levemente antes de parar.
-Eu
devo dizer, Ayla, que eu nunca achei que você fosse aprender, mas você me
surpreendeu.
Ayla
revirou os olhos e desligou o motor do carro.
-Eu
sempre fui a melhor aluna. –ela falou.
-Comparada
com as outras, com certeza. –ele falou –Não que isso seja muito difícil.
A
morena riu e inclinou-se no banco do carro, seu olhar fixo no teto.
-Logo
logo a gente vai poder voltar para a Inglaterra, né?
-Sim.
Vocês nunca vão estar mais prontas do que vocês estão agora a não ser que
comecem a ganhar experiência. –Lee confirmou.
-Experiência
como caçadoras de recompensa? –ela arqueou a sobrancelha de forma duvidosa.
-Ei,
é uma profissão digna e legalizada. –ele argumentou –E a Michelle vai ajudar
vocês. Ela é levemente psicótica, mas faz um bom trabalho.
-Reconfortante,
japônes.
-Eu
já falei que eu sou chinês. –Lee retrucou.
Ayla
riu porque Lee trocava de nacionalidade com uma cara de pau impressionante.
Toda vez que elas usavam a ultima que ele tinha falado o imbecil aparecia com
outra, cheio de ultraje.
-Quando
você vai contar pra gente sua verdadeira nacionalidade? –ela perguntou,
virando-se no banco do carro para poder encara-lo.
-Eu
já falei.–dessa vez ele nem escondeu o sorriso divertido - Tailandesa.
Ayla
revirou os olhos, mas acabou sorrindo também. Tinha essa intimidade com Lee,
sentia-se bem quando estava com ele. Até quando o homem agia como um babaca
sarcástico, como era a maior parte do tempo.
Ele
treinara todas elas bem e sem dó nenhum. Cada sessão era um roxo novo, uma
queimadura nova, músculos que doíam muito, mas tudo valia a pena. Elas iam
voltar para casa agora.
O
olhar de Ayla caiu em Lee e percebeu que ele também a olhava fixamente.
-O
que foi? Nunca viu? –perguntou, levantando o queixo.
Ele
abriu um sorriso divertido.
-Já
deu uns amassos no banco de trás do carro? –perguntou arqueando a sobrancelha
de forma sugestiva.
Ayla
arqueou a sua.
-Não
desde que eu tinha 17 anos. –foi a resposta dela.
-Relembrar
é viver, ex-loira. –ele retrucou pulando para o banco de trás do carro.
Ayla
olhou em choque para Lee.
-Essa
foi a proposta mais não-romântica da minha vida. –declarou.
-Eu
duvido. –foi a única resposta que ele deu, seu sorriso ainda la.
-Você
ta mesmo achando que eu vou pular pro banco de trás pra você poder abusar de
mim? –ela perguntou incrédula, mas rindo.
-Você
pode abusar de mim, se preferir. –ele ofereceu solícito.
Ayla
sabia que não ia se fazer de difícil por muito mais tempo. Gostava bastante de
Lee. Além do mais, a última pessoa com quem estivera fora o Black e estava na
hora de tirar a zica. Pulou para o banco de trás direto no colo de Lee.
-Você
é muito cara de pau. –ela comentou, ajeitando-se de forma a ficar de frente
para ele, cada joelho de um lado do quadril dele.
-Eu
sempre prefiro ser honesto. –ele falou com um sorriso.
Ayla
olhou nos olhos dele.
-Por
que você largou a Yakuza? –perguntou de repente.
Não
tinha nada pior para cortar o clima e Ayla nem sabia de onde tinha vindo a
pergunta. Lee nunca falava sobre seu passado, principalmente seu tempo com a
máfia. Porém algo naquele momento era intimo demais para que existisse segredos
entre eles. Lee já sabia tudo sobre ela. Ayla não sabia nada sobre ele.
Ele
desviou o olhar do dela e fixou-o na janela do carro. Ayla já desistira de
ouvir uma resposta, quando ele suspirou e puxou-a para mais perto, colando seus
quadris.
-Quando
você é novo e acha que tem o mundo a seu dispor tudo é divertido. –ele começou,
ainda sem encara-la –Até as coisas “erradas”. E era tudo muito divertido no
começo: as drogas, as brigas, as mulheres. A coisa que eu mais gostava de fazer
era cobrança. –uma risada cheia de amargura –Ter uma desculpa para entrar na
casa de alguém e acabar com essa pessoa de tanto bater. Uma vez, eu bati tanto
em um homem que trinquei os dedos das mãos. E mesmo assim foi muito
“divertido”.
Ele
parou de novo e Ayla deu-lhe tempo. Lee virou-se e começou a encara-la.
-A
organização que eu fazia parte trabalhava mais com tráfico de drogas, jogatina
e prostituição. –ele explicou –Outras famílias têm outros interesses, como estelionato,
falsificações e até assaltos e sequestros. Nós nunca entrávamos nesses negócios
e mantínhamos nossa distância das outras famílias que trabalhavam com os crimes
mais pesados. Até que eles resolveram... Diversificar os negócios.
As
mãos dele apertaram a cintura de Ayla, como se estivesse tentando conter sua
fúria. Ela levou as mãos do ombro dele, em apoio.
-Havia
uma máfia das Filipinas que queria fazer um acordo de comércio com o nosso
grupo. Eu fui mandado com outros membros para ajudar na segurança. –ele fechou
os olhos.
-O
que eles queriam comercializar, Lee? –Ayla perguntou gentilmente.
-Mulheres.
–ele falou sem conseguir encara-la –O tráfico estava ficando muito lucrativo no
Norte do país e eles queriam uma parcela disso. No começo ainda pareceu
“divertido”, mas... –ele respirou fundo –Por algum motivo me colocaram para
ajudar no transporte das mulheres e na supervisão das casas. Eu nunca tinha me
envolvido com a parte de prostituição, preferia era brigar e ficar louco mesmo,
mas os outros achavam que ia ser interessante e eu acabei entrando na deles.
A
voz dele era carregada de nojo por si mesmo.
-Não
foi divertido, nem por um minuto. –ele suspirou –Eu sei que parece hipócrita da
minha parte achar que bater em pessoas por dinheiro era legal, mas isso não.
Mas na minha cabeça todos aqueles caras que perdiam dinheiro jogando ou por causa
de drogas mereciam apanhar por serem burros. O que aquelas meninas tinham feito
para merecer aquilo? Quando elas chegavam nas casas muitas choravam e gritavam
e os homens se divertiam. Estupros, surras, drogas... Era um circo de horrores.
Eu não podia viver com aquilo. Eu não podia fazer parte daquilo.
-Então
você pediu para sair? –ela adivinhou.
-Eu
fui um pouco mais dramático que isso. –ele admitiu –Uma noite, quando a grande
maioria dos homens estava bêbado, eu matei todos eles e soltei as garotas. Eu
já tinha arrumado um homem bom que tinha um caminhão para pega-las e levar
todas para a delegacia mais próxima. Eu achei que ia morrer aquela noite, porque
tive que ficar segurando os outros até elas fugirem. Por um milagre eu saí
também.
-Por
isso você tem tantas cicatrizes.
-É.
A grande maioria delas é daquela noite. –ele confirmou.
-Lee,
o que você fez...
-Não
foi nada, Ayla. –ele falou frustrado -15 meninas não são nada para o tanto que
eles levam para o país todo mês.
-Você
não pode querer salvar o mundo, Lee. –ela falou gentilmente.
-É,
mas eu posso tentar. –ele falou de forma teimosa.
Então
a ficha caiu.
-É
por isso que você vive aqui isolado no meio dessa floresta! –ela falou –Você
ainda está brigando com eles.
-É.
–ele admitiu –A facção tailandesa é forte, mas mal organizada. Eu consigo
cuidar deles sozinho.
-É
isso que você faz quando sai e não fala para onde. –não era uma pergunta, mas
ele fez que sim com a cabeça –Por que você não pede ajuda pra gente?
-Essa
briga é minha. Além do mais, vocês precisam voltar vivas pra Inglaterra pra
resolver o problema de vocês. –ele falou quando ela abriu a boca para protestar
–Mas esse vai ser meu preço, Ayla.
-Como
assim?
-Quando
vocês matarem os inimigos de vocês, eu quero que vocês voltem pra me ajudar.
–ele falou sério.
-Ah
pode deixar. –Ayla falou séria –Nós vamos cuidar disso.
-Obrigado.
–ele encostou a testa na dela.
Os
dois passaram um longo minuto em silêncio.
-Eu
destruí o clima, né? –ela perguntou rindo envergonhada.
Lee
fingiu pensar.
-Eu
tenho uma mulher bonita no meu colo. –ele refletiu –Para mim, o clima ta
perfeito.
Ayla
riu e pressionou o quadril contra o dele, fazendo Lee soltar um gemido.
-To
percebendo. –ela comentou, então começou a desabotoar a camisa dele –Então...
Sobre aqueles amassos no banco de trás...
-Eu
achei que você nunca fosse pedir. –ele falou beijando-a.
Realmente
ficar no banco de trás do carro trazia lembranças de tempo onde não havia
preocupações e tudo era uma festa. Ali, naquele momento, Ayla voltou a ser Mary
Jane, antes de toda aquela confusão, focada só na pessoa com quem estava e no
momento.
Ela
deslizou a mão para dentro da camisa de Lee, parando sobre o coração dele,
enquanto sua boca se moldava a dele. Sem pressa, nem desespero. Era bom assim,
com calma, como se tivessem todo o tempo do mundo.
Ayla
terminou de desabotoar a camisa de Lee e empurrou-a pelo ombro e braços do
homem, livrando-o da peça. As mãos dele, que estiveram em sua cintura até
então, subiram por dentro da regata que ela usava, tocando pele. Ela pressionou
mais o corpo contra o dele, oferecendo mais do seu beijo.
Lee
puxou a camiseta dela e os dois se separaram o bastante para descartarem a
peça. A boca dele deslizou para o pescoço e então para o colo dela, fazendo uma
trilha de beijos e, ocasionalmente, mordidas. Ayla ondulou o quadril contra o
de Lee, causando gemidos em ambos.
A
morena sentiu a mão dele subir para suas costas e vagar pelo seu sutiã e
começou a rir.
-Fecho
na frente, Ligeirinho. –ela informou.
-Não
tem graça. –Lee resmungou, mas suas mãos resumiram a tarefa com o fecho.
E
quando o sutiã caiu no chão começou a chover. Não que um deles tivesse
percebido.
***
Ully
estava ansiosa. Amanhã era o grande dia.
-Quer
cerveja, pentelha?
A
morena revirou os olhos, mas aceitou a garrafa que Lee lhe ofereceu. Deu um
gole em silêncio, sem tirar os olhos da mata a sua frente. Como já tinha
anoitecido era praticamente impossível ver muito longe, mas gostava de fixar-se
no nada.
-Então...
A gente ta indo embora amanhã. –ela comentou, ainda sem olhar para ele.
-Sim.
Graças a Deus. –ele falou reverente.
Ully
bufou, mas não acreditou no alivio dele. Por mais que Lee reclamasse, o
japa/coreano/o que fosse, até ia com a cara delas. A maior parte do tempo.
-Você
vai sentir a nossa falta, admita. –ela provocou.
-Só
porque eu já me acostumei a ter casa, comida e roupa lavada. –ele insistiu.
Ela
arqueou a sobrancelha.
-Você
ta pegando a Ayla? –perguntou direta.
-Não
sei porque isso seria da sua conta. –ele falou, cruzando os braços.
-Porque
dai você estaria ganhando um tiquinho mais que casa, comida e roupa lavada. –ela
falou, já rindo.
Lee
bufou.
-É,
é... Eu talvez sinta falta de vocês. –ele falou por fim –Pelo menos vocês
servem para algumas coisas.
-No
caso da Ayla, para mais do que só algumas né? –ela falou com um sorriso
maldoso.
-Você
é impossível, Ully. –ele declarou, mas estava sorrindo –Se cuidem, ok? Eu
preciso de vocês vivas.
Ayla
contara as outras porque Lee realmente as ajudara e todas concordaram que
voltariam para ajuda-lo assim que possível.
-Não
tema, meu tesouro do Oriente. –ela falou –Nós vamos ficar de boa.
Lee
caiu na risada.
-Você
é mesmo uma chata. –ele concluiu.
-E
você me ama mesmo assim, fazer o que né?
Os
dois trocaram sorrisos.
-Boa
sorte na aventura. –ele falou, levantando a própria garrafa de cerveja em
brinde.
-Amém.
–Ully bateu a sua na dele.
No
dia seguinte começaria a jornada delas de volta para a Inglaterra. Com sorte
retomariam suas vidas e sua paz de espirito. Se tivessem azar... Bom, dai não
teriam mesmo com que se preocupar. Afinal, garotas mortas não contam histórias.
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N/A: Ai está, meus amores!
Acabou não rolando lemon, porque senão eu ia demorar ainda mais para postar... u.u Eu quero ver se posto na Cho em Strani Amori logo. O capítulo ta quase terminado. Finalmente u.u
COMENTEM, PLEASE!
Tenho um comunicado importante, mas vou segurar até a postagem da Cho.
B-jão